domingo, 11 de julho de 2010

PEREGRINAÇÕES - Montemor-o-Velho

DIOGO ZEIMOTO

Em 1539 por incumbência do capitão de Malaca, Pêro de Faria, fez contactos diplomáticos com o rei das Batas e Aarú. Poucos anos depois (1542) fez a primeira viagem ao Japão acompanhado por outros portugueses (entre eles esteve Diogo Zeimoto) que ali introduziram as armas de fogo. Porém, segundo a Peregrinação esta teve lugar em 1546, mas também quando depôs muitos anos depois em Almada sobre Francisco Xavier, situou essa viagem em 1541, mas como era de certa idade pode ter sido enganado pela memória.
Ora, esta primeira chegada de Fernão e mais alguns companheiros portugueses ao Japão é dada como inteiramente ocasional, pois eles estavam na ilha de Lampacau, quando um corsário que navegava para a China os levou no seu navio, mas uma tempestade levou-os para a ilha de Tanixumá, do arquipélago nipónico, onde se apresentaram como mercadores. Como não tinham nada para negociar observaram os costumes e usos daquela gente. Na verdade, depois de muitas peripécias, andando um grupo de portugueses pelo Japão, entre os quais Mendes Pinto e vários outros companheiros, entre eles Diogo Zeimoto, amigo de Fernão, que possuía uma espingarda com a qual se entretinha a caçar, o governador teve conhecimento deste facto, e mandou chamar os portugueses ao seu palácio, cumulando-os de benesses e sentando-os à sua mesa. Diogo Zeimoto retribuiu oferecendo a sua espingarda ao chefe da região, que mandou fazer outras iguais e em pouco tempo. Assim, o Japão recebeu de mãos portuguesas a primeira arma de fogo.

Começo este meu artigo dedicado a este espectáculo inserido no âmbito das comemorações dos 500 anos sobre o nascimento de Fernão Mendes Pinto, falando sobre a figura do seu grande amigo e companheiro Diogo Zeimoto.
Foi esta a personagem que personifiquei neste espectáculo e é por essa razão que assim iniciei este trabalho.
Um dos onze grupos de teatro que participaram nestas comemorações nos dias 8, 9 e 10 de Julho de 2010, foi o da Sociedade de Instrução Tavaredense, na qual me coube representar esta figura histórica e de grande relevo no livro das “Peregrinações”.
Quero aqui manifestar o meu desagrado e ao mesmo tempo tirar dúvidas, para quem leu as notícias sobre este evento e que foram publicadas em alguns órgãos de comunicação social escrita, onde se dizia que o único grupo de teatro participante fora do concelho de Montemor-o-Velho era da Figueira da Foz. Pois é para mim de grande importância dar a conhecer a quem leu as notícias e se interrogou sobre quem era esse grupo de teatro referido como sendo da Figueira. Esse grupo foi o da Sociedade de Instrução Tavaredense, de Tavarede. É importante para mim e para todos os meus colegas amadores deste teatro que todos tenham esta informação e que muito nos orgulhamos de termos sido convidados e ter participado nestas comemorações.
Mais um marco importante para nós que vivemos intensamente durante alguns meses os ensaios do VII Quadro, Portugueses no Japão, encenados por Deolindo Pessoa.
Deolindo Pessoa, para nós foi um companheiro desenvolvendo uma forte ligação com todos os participantes, que aceitaram sempre todas os suas orientações, mas também é de salientar a sua predisposição para solicitar e também sempre disposto a aceitar opiniões. Aprendemos bastante com Deolindo Pessoa. Obrigado Deolindo!
E foi ontem no último dos três dias (8, 9 e 10 de Julho de 2010) que os onze grupos de teatro recriaram, as diversas passagens de uma das mais emblemáticas obras de Fernão Mendes Pinto – “Peregrinação”, por um percurso teatral na zona histórica da vila.
Este espectáculo de rua foi promovido pela Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, tendo a colaboração da companhia de teatro “O Teatrão”, e como responsável pela sua direcção e concepção de Deolindo Pessoa.
Este é um dos eventos que integra o programa comemorativo dos 500 anos sobre o nascimento de Fernão Mendes Pinto, que a autarquia de Montemor-o-Velho está a promover em conjunto com várias entidades de dimensão nacional e internacional.
Fernão Mendes Pinto, nasceu em Montemor-o-Velho em 1510 e faleceu em Almada em 1583, é um vulto da história portuguesa conhecido mundialmente, não só pelo seu livro “Peregrinação”, mas também porque se confunde com o período em que Portugal “deu novos mundos ao mundo”, encontrando-se este viajante indelevelmente ligado aos primeiros contactos ocorridos entre o Oriente e o Ocidente.