terça-feira, 22 de setembro de 2009

A FOTO DO ANO E A FRASE DE GABRIEL GARCIA MÁRQUEZ

'Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se'.

(Gabriel Garcia Márquez)



Enviaram-me esta para a minha caixa de correio e não resisti em partilhar...

MACAMBÚZIO

Estava um dia destes a ouvir a Rádio Comercial, quando em conversa “fiada”, mas numa de diversão os locutores perguntavam o que quereria dizer MACAMBÚZIO. Será, que existe esta palavra no dicionário? – perguntavam eles. Passados alguns minutos a resposta de um dos seus colaboradores, veio afirmativa. Que sim!
E o que queria dizer? Perguntaram eles.


(Antes de eles responderem surgiu-me a ideia de tentar dividir a palavra, também numa de brincadeira:
MACAMBÚZIO = MACA + BÚZIO = MACACO + BÚZIO


Bom, mas vamos à resposta dos assistentes dos locutores:

MACAMBÚZIO


Adjectivo: Carrancudo, sorumbático, taciturno, triste, melancólico, hipocondríaco…


Substantivo masculino: Moçambique - Jovem pastor, guardador de gado.

Outros significados: Pouco expressivo, pouco comunicativo.

É isso mesmo! Esta palavra dizia-me qualquer coisa. Define bem o meu ego, o dia a dia em que tenho vivido. Por vezes tenho estado assim. E o que me deixa macambúzio? Perguntei-me a mim próprio. Pensei um bocado, não muito, e tudo aquilo que tenho lido e ouvido há meses me passou numa vertigem pela cabeça.

A desigualdade social, a violência, a corrupção, etc., etc., etc….
Isto é o resultado da incompetência dos governos desde o 25 de Abril. A democracia parlamentar criada após o 25 de Abril foi um tacho criado para malandros e corruptos políticos. E se não se acabar com as muitas mordomias e regalias dos políticos, dos administradores das empresas públicas, dos muitos empregos dos “boys”, dos gastos exorbitantes que se fazem nos casos da justiça (que nunca mais acabam), das muitas (grandes) indemnizações que se pagam a todos os que foram arguidos e nunca foram dados como culpados, etc., etc., o estado abre falência. São estas situações que estão a criar grandes gastos ao estado e não os ordenados que se pagam aos funcionários públicos, como o governo quer fazer crer ao país.

Não gosto de ser enganado, injustiçado e eu como professor, fui.

Estive o mês de Agosto em férias (Só posso tirar férias em Agosto).
Foi um mês de uma calma introspectiva que me fez muito bem.
Descansei muito, mesmo muito.
Arrumei as minhas ideias.
Preparei-me para mais um ano de trabalho.
Para mais um ano a leccionar as minhas disciplinas.
Mas, acabaram as férias!

E estas semanas e principalmente esta última foi… de loucos … Os políticos andam loucos e põe as pessoas loucas, à maneira deles, como eles querem… transportam as pessoas em autocarros de terra em terra, de longe em longe…
Agora é que me apetece dizer: “Eles falam, falam mas não dizem nada!”
Tenho lido alguns artigos de opinião, principalmente na net, e o que tenho constactado é que o nosso país não está assim tão bom e não é assim tão bem visto como os nossos políticos pintam. Há quem ainda acredita nas pseudo-reformas em curso que mais não são do que uma campanha de desinformação por parte dos principais orgãos de comunicação social dependentes e/ou controlados pelo Governo.
A imagem que têm do nosso país, o resto da Europa, chega a ser humilhante! Os portugueses são considerados incompetentes, incapazes, ignorantes, irresponsáveis, corruptos, vigaristas, aproveitadores... Não é agradável ouvir isso, mas também é muito difícil contestar. Os políticos são mal vistos em todo o lado, mas a imagem que têm dos políticos portugueses é indescritível.

Poderia dizer mais mas… era só o mesmo blá, blá, blá, que toda a gente já conhece.
Não quero usar o meu blogue com política. Esta é a primeira vez que uma “migalha” sobre este tema aqui deixo cair. Não quero dizer que não voltarei a este assunto, mas não é para mim muito atractivo. Vou fazer os possíveis para ficar por aqui… agora.
Por vezes andamos tão cheios, tão fartos, tão desencantados, que temos de fazer alguns desabafos. É esta agora a minha intenção…


Este texto foi escrito pelo escritor português Guerra Junqueiro há 113 anos criticando a situação política de Portugal no final do século XIX.
Pela situação actual…

Texto de Guerra Junqueiro - Pátria - 1896
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
[.] Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."

Guerra Junqueiro, "Pátria", 1896.


A má imagem sobre nós é geral: o país, os políticos e as gentes. Isto custa. Muito.
Os nossos "parceiros" europeus têm mais dinheiro, estão mais satisfeitos com a vida e gostam de conviver uns com os outros. Divertem-se, cultivam-se, estudam e investem na sua formação. E nós não o fazemos. Estamos cada vez mais "macambúzios" e mais dependentes da "coltura" dos futebóis, das telenovelas, dos "glorificadores" reality-shows e de outras porcarias que consumimos como se fossem boas. O que muito convém a quem nos governa: quanto mais estúpidos estivermos, mais manipuláveis seremos!
E não posso deixar de tocar ao de leve na área onde pertenço, a EDUCAÇÃO.
Temos um sistema de ensino estupidificante em que se tem vindo a "nivelar por baixo" com a criação de uma cultura de facilitismo em que ninguém "chumba".
Não me orgulho da educação, não!

Mas posso e devo orgulhar-me da família que tenho, de ser sério, honesto, trabalhador, de procurar ser competente, ser sincero, frontal, recto, justo, de pensar e ter opinião, de exercer a cidadania e de ter participação cívica, de me preocupar com os outros e ser solidário, de ser independente e de não dever nada aos partidos!

Gostaria de me orgulhar do meu País! Mas não consigo… e tenho vergonha disso.
Tenho a certeza que não sou culpado! Pensando melhor tinha…
Pois houve um político que há alguns anos disse que nós, o povo, temos tantas culpas como os políticos por isto estar mal. Porque somos nós que os pomos lá (aos políticos)!
Afinal depois desta “bochechada” e pensando bem, até tenho culpa!

Que cambada de macacos e de… búzios!

É por estas e outras do género que há dias (felizmente não são todos) que me sinto MACAMBÚZIO.

Nota: O texto de Guerra Junqueiro e as fotos foram retirados da net.

Homenagem à Dra. Maria Almira Medina

No próximo Sábado, dia 26 de Setembro, pelas 15h30m, realizar-se-á no auditório do Museu Municipal da Figueira da Foz, uma homenagem à Dra. Maria Almira Medina e a seu pai António Medina Júnior, levada a cabo pela Câmara Municipal da Figueira da Foz em colaboração com o Museu Municipal Dr. Santos Rocha.


Entre outros, da homenagem farão parte momentos de poesia escrita pela homenageada, dispersa pelos vários livros por si editados. Mais uma vez, a Sociedade de Instrução Tavaredense colaborará na homenagem com alguns dos amadores do seu grupo cénico e os seus grupo de dança "Dance4U" e grupo coral "Cantigas de Tavarede".
Haverá também uma pequena exposição de artes plásticas da autoria da Dra. Maria Almira (caricatura, trapologia, entre outras) onde se evocará igualmente a figura de seu pai, o jornalista António Medina Júnior.


A pedido da Inês, do Cházinho de Limonete, aqui transcrevo a notícia que me enviou na qual incluí as fotos.