quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

CARNAVAL 2010

CARNAVAL, ENGUIAS & COMPANHIA

No passado domingo, dia 14 de Fevereiro, um grupo de admiradores do Entrudo reuniu-se para um convívio gastronómico, onde foram postos à prova os seus dotes ‘garfais’. Claro que o Carnaval foi um pretexto, já que o prazer foi mesmo uma boa caldeirada de enguias.
Cerca das 13 horas estávamos no local previsto para o almoço, o apartamento da minha prima Lita situado na avenida do Brasil, onde nos aguardava a dita caldeirada de enguias, não disfarçada, mas muito saborosa e real.
É claro que essa caldeirada, que estava divinal, foi confeccionada pelo nosso amigo Tónis Barbosa, “um aventureiro do fogão”.
Os felizardos comensais deste pitéu para além do Tónis, o nosso mestre cozinheiro, e da dona da casa, foram também o meu tio José Cordeiro, o Carlos Matoso e eu.
Juntamente connosco, almoçaram também a esposa do Carlos Matoso, a Guida, a minha esposa Mirita, as minhas tias Otília e Bita. Para estas companheiras que têm alergias a enguias, ou que gostam mais delas ao vivo, ou nem uma coisa nem outra, havia alguns outros pratos à escolha, tais como:
- Orelheira;
- Bacalhau Albardado ou Aldrabado;
- Coelho à Caçador;
- Vários Quiches;
- Diversos Salgadinhos;
- Algumas Sobremesas;
- Café;
- Digestivos…
Tudo isto regado com vinho do Douro, da Bairrada e do Alentejo, ou outros líquidos, para os que não apreciam vinho.
Mais tarde apareceram outras pessoas amigas, que vieram confraternizar connosco, não só gastronomicamente, como também no que respeit
a ao Carnaval.

Foto de A. Flórido


Recomendo o local do almoço, pela bela paisagem que se pode desfrutar da nossa Praia da Claridade, bem como por toda a área envolvente, onde o espaço de lazer carnavalesco foi excelente.
Depois do êxito do dia 14, voltámo-nos a encontrar no mesmo local no dia 16, terça-feira de Carnaval, onde as sobras gastronómicas foram acompanhadas por outros sabores e por uma soberba Sopa da Pedra, cozinhada pela Lita.

O Carnaval
Não quero porém deixar passar a oportunidade para escrever algo sobre o Carnaval, porque este acontecimento tem a sua importância.
É que o carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo. A sua origem vem do passado, onde as pessoas jogavam uma nas outras, água, ovos e farinha. O Entrudo acontece num período anterior à quaresma e, portanto, tinha um significado ligado à liberdade, sentido que permanece até aos dias de hoje no Carnaval.
O Carnaval, para surpresa de muitos, é um fenómeno social anterior à era cristã. Assim como actualmente ela é uma tradição em vários países, na antiguidade, o Carnaval também foi praticado por várias civilizações. No Egipto, na Grécia e em Roma, pessoas de diversas classes sociais reuniam-se em praça pública com máscaras e enfeites para desfilarem, beberem vinho, dançarem, cantarem e entregarem-se às mais diversas libertinagens.
A diferença entre o Carnaval da antiguidade e o de hoje é que, no primeiro, as pessoas participavam das festas conscientes de que estavam a adorar os deuses. O Carnaval era uma prática religiosa ligada à fertilidade do solo.
Com a expansão do cristianismo a partir do século IV de nossa era, várias tradições pagãs foram combatidas. A Igreja foi forçada a consentir com a prática de certos costumes pagãos, muitos dos quais, cristianizados para evitar transtornos. O Carnaval acabou por ser permitido, o que serviu como “válvula de escape” diante das exigências impostas no período da Quaresma.
Com a chegada da Idade Moderna, a “Festa dos Loucos” espalhou-se pelo mundo e transformou-se numa das maiores manifestações populares do mundo e numa das maiores adorações aos deuses pagãos do planeta.
Hoje em dia, o Carnaval ocorre em diversos países e regiões católicas. Embora centrado no disfarce, na música, na dança e em gestos, a folia apresenta características distintas nas cidades em que se popularizou.
O termo Carnaval é de origem incerta, embora seja encontrado já no latim medieval, como carnem levare ou carnelevarium, palavra dos séculos XI e XII, que significava a véspera da quarta-feira de cinzas, isto é, a hora em que começava a abstinência da carne durante os quarenta dias nos quais, no passado, os católicos eram proibidos pela igreja de comer carne.
A palavra "carnaval" está, desse modo, relacionada com a ideia de "afastamento" dos prazeres da carne marcado pela expressão "carne vale", que, acabou por formar a palavra "carnaval".
Em geral, o Carnaval tem a duração de três dias, os dias que antecedem a Quarta-feira de Cinzas. Em contraste com a Quaresma, tempo de penitência e privação, estes dias são chamados "gordos", em especial a terça-feira, último dia antes da Quaresma.
Ao carácter de festa popular e desorganizada juntaram-se outros tipos de comemoração e progressivamente a festa foi tomando o formato actual.
Cálculo do dia de Carnaval
Todos os feriados eclesiásticos são calculados em função da data da Páscoa, com excepção do Natal. Como o domingo de Páscoa ocorre no primeiro domingo após a primeira lua cheia que se verificar a partir do equinócio da primavera (no hemisfério norte) ou do equinócio do Outono (no hemisfério sul), e a sexta-feira da Paixão é a que antecede o Domingo de Páscoa, então a terça-feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

QUEM FAZ ANOS?

Salvé o dia 17 de Fevereiro de 2010
Sei que não gostas muito do teu nome.
Gostas, por isso, que te chamem MIRITA.
Sei também que não gostas de fazer anos e nem tão pouco de dizeres os quantos tens.
Respeito essa tua vontade.
Mas sinto-me feliz por estar vivo e por estar junto de ti.
E sei também que tens o mesmo sentimento.
Sei muitas coisas tuas e sei que também sabes…
Um aniversário significa apenas que mais um ano se passou.
Os anos passam e somos pessoas que vivemos já alguns anos, o que provoca desgaste.
Mas neste dia em que mais um ano passou sobre ti, sobre nós, deves-te sentir alegre e feliz por aquilo que já vives-te, pelas pessoas que já conheces-te, pelos amigos que tens, pela tua família e pelo teu netinho Tiago.
Cada segundo, cada minuto, cada hora que passa estás a somar para mais um aniversário.
Um de cada vez!

E aqui vai um pouco de poesia:

A vida é para viver!
É uma lição que precisamos de aprender,
para conseguirmos viver um dia de cada vez.
Sem atropelos, ansiedades, angústias e vaidades...
E por muitos anos, talvez…
Mesmo que eles se tornem monótonos, iguais…
O ontem já é passado.
Não tornará mais a estar presente, nunca mais.
Mas hoje ainda é hoje, é o agora.
É o inebriante instante que passa.
E por mais que se faça
O amanhã será sempre o futuro.
Virá consigo os seus medos, cuidados e inquietações…
Incertezas!
É um caminho que será feito
Também com carinho, alegria e emoções.
Vive o teu dia, hoje!
Porque hoje é o teu dia!
Não queiras viver o teu amanhã, hoje,
Nem o teu ontem, agora.
Este é o teu dia, a tua hora,
Cada minuto e cada dia que passa!
Vive um dia de cada vez.
E já é muito, e já é suficiente.
Também sei que tens isso presente.
E por muito que se pense e se faça
Os sonhos renascem sempre neste dia!
Comemora a maravilha de seres alguém especial...
Repara como o tempo quase sempre faz magia...
És uma pessoa única, maravilhosa, sem igual!
Pensa nos velhos tempos
e vira uma página na tua vida...
Eu ajudo-te a fazer essa transição!
Hoje é o teu dia,
Agarra-te a ele com alegria...
Ontem, hoje, e amanhã.
Dias, momentos e tempos bem diferentes.
O ontem já se foi…
O hoje uma certeza e estamos presentes…
O amanhã sempre, mas talvez…
Tudo de uma enorme valia.
Este, hoje, é o teu dia!

Mas sempre um dia de cada vez...
E como alguém escreveu…
FELIZ ANIVERSÁRIO É:
FELICIDADE: ao máximo!
SERENIDADE: em cada amanhecer!
ÊXITO: em cada fase da tua vida!
BONS AMIGOS: para todas as horas!
AMOR: que nunca termine!
BOAS LEMBRANÇAS: de tudo o que foi vivido!
UM BONITO HOJE: com muito para agradecer!
UM CAMINHO: que te guie até a um grandioso futuro!
SONHOS: convertendo-se em realidade!
Que Deus te ilumine sempre, sempre parabéns felicidades mil!”

E eu também repito:
Que Deus te ilumine sempre,
E sempre parabéns e mil felicidades!
Mas…
Eu sei que é pouco, afinal mereces muito mais que uns simples parabéns!
Deste teu marido sempre presente…

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O ARAGUAIA DO CEARÁ

Uma história que ninguém conhece porque jamais foi contada...

Recebi esta mensagem da SOS DIREITOS HUMANOS, como comentário da minha mensagem “Faz Hoje 65 Anos ... Holocausto Nazi“, pedindo que lesse e também que a divulgasse. É um assunto que considero muito sério e gostaria que todos os meus visitantes também a lessem, assim como também a divulgassem.
Estou chocado com o que acabo de ler.
Esta denúncia do Dr. Otoniel Ajala Dourado é muito séria e relevante pois são estas práticas históricas, arbitrárias e violentas, que dificultam a construção de uma democracia plena, concreta e de direito em qualquer país do mundo.

Sem comentários, pois nem sequer dá para comentar!

Passo a transcrever a dita denúncia, tal como a recebi:

ACÇÃO BUSCA A VALA DOS CAMPONESES MORTOS

DENÚNCIA: SÍTIO CALDEIRÃO, O ARAGUAIA DO CEARÁ – UMA HISTÓRIA QUE NINGUÉM CONHECE PORQUE JAMAIS FOI CONTADA...

"As Vítimas do Massacre do Sítio Caldeirão têm direito inalienável à Verdade,
Memória, História e Justiça!"
Otoniel Ajala Dourado

O MASSACRE APAGADO DOS LIVROS DE HISTÓRIA
No município de CRATO, interior do CEARÁ, BRASIL, houve um crime idêntico ao do “Araguaia”, foi o MASSACRE praticado por forças do Exército e da Polícia Militar do Ceará em 10.05.1937, contra a comunidade de camponeses católicos do Sítio da Santa Cruz do Deserto ou Sítio Caldeirão, que tinha como líder religioso o beato "JOSÉ LOURENÇO", paraibano de Pilões de Dentro, seguidor do padre Cícero Romão Batista, encarados como “socialistas periculosos”.

O CRIME DE LESA HUMANIDADE
O crime iniciou-se com um bombardeio aéreo, e depois, no solo, os militares usando armas diversas, como metralhadoras, fuzis, revólveres, pistolas, facas e facões, assassinaram na “MATA CAVALOS”, SERRA DO CRUZEIRO, mulheres, crianças, adolescentes, idosos, doentes e todo o ser vivo que estivesse ao alcance de suas armas, agindo como juízes e algozes. Meses após, JOSÉ GERALDO DA CRUZ, ex-prefeito de Juazeiro do Norte, encontrou num local da Chapada do Araripe, 16 crânios de crianças.
A AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA PELA SOS DIREITOS HUMANOS
Como o crime praticado pelo Exército e pela Polícia Militar do Ceará É de LESA HUMANIDADE / GENOCÍDIO é IMPRESCRITÍVEL pela legislação brasileira e pelos Acordos e Convenções internacionais, por isto a SOS - DIREITOS HUMANOS, ONG com sede em Fortaleza - CE, ajuizou em 2008 uma Acção Civil Pública na Justiça Federal contra a União Federal e o Estado do Ceará, requerendo que: a) seja informada a localização da COVA COLETIVA, b) sejam os restos mortais exumados e identificados através de DNA e enterrados com dignidade, c) os documentos do massacre sejam liberados para o público e o crime seja incluído nos livros de história, d) os descendentes das vítimas e sobreviventes sejam indemnizados no valor de R$500 mil reais, e) outros pedidos.
A EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO DA AÇÃO
A Acção Civil Pública foi distribuída para o Juiz substituto da 1ª Vara Federal em Fortaleza/CE e depois, redistribuída para a 16ª Vara Federal em Juazeiro do Norte/CE, e lá foi extinta sem julgamento do mérito em 16.09.2009.
AS RAZÕES DO RECURSO DA SOS DIREITOS HUMANOS PERANTE O TRF5
A SOS DIREITOS HUMANOS apelou para o Tribunal Regional da 5ª Região em Recife/PE, argumentando que: a) não há prescrição porque o massacre do Sítio Caldeirão é um crime de LESA HUMANIDADE, b) os restos mortais das vítimas do Sítio Caldeirão não desapareceram da Chapada do Araripe a exemplo da família do CZAR ROMANOV, que foi morta no ano de 1918 e a ossada encontrada nos anos de 1991 e 2007;
A SOS DIREITOS HUMANOS DENUNCIA O BRASIL PERANTE A OEA
A SOS DIREITOS HUMANOS, igualmente aos familiares das vítimas da GUERRILHA DO ARAGUAIA, denunciou no ano de 2009, o governo brasileiro na Organização dos Estados Americanos – OEA, pelo desaparecimento forçado de 1000 pessoas do Sítio Caldeirão.
QUEM PODE ENCONTRAR A COVA COLECTIVA
A “URCA” e a “UFC” com seu RADAR DE PENETRAÇÃO NO SOLO (GPR) podem encontrar a cova colectiva, e por que não a procuram? Serão os fósseis de peixes procurados no "Geopark Araripe" mais importantes que os restos mortais das vítimas do SÍTIO CALDEIRÃO?

A COMISSÃO DA VERDADE
A SOS DIREITOS HUMANOS busca apoio técnico para encontrar a COVA COLETIVA, e que o internauta divulgue esta notícia em seu blog, e a envie para seus representantes na Câmara municipal, Assembleia Legislativa, Câmara e Senado Federal, solicitando um pronunciamento exigindo do Governo Federal que informe o local da COVA COLETIVA das vítimas do Sítio Caldeirão.
Paz e Solidariedade,
Dr. OTONIEL AJALA DOURADO
OAB/CE 9288 – 55 85 8613.1197
Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS
Membro da CDAA da OAB/CE
www.sosdireitoshumanos.org.br
__________________________________________________________________
E porque é necessário saber mais algo sobre este crime, fui procurar na NET e aquilo que encontrei é chocante.
Em seguida transcrevo o que achei mais relevante e que encontrei na Wikipédia:
Caldeirão de Santa Cruz do Deserto
O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto foi um dos movimentos messiânicos que surgiu nas terras no Crato, Ceará. A comunidade era liderada pelo paraibano de Pilões de Dentro, José Lourenço Gomes da Silva, mais conhecido por beato José Lourenço.
No Caldeirão, os romeiros e imigrantes trabalhavam todos em favor da comunidade e recebiam uma quota da produção. A comunidade era pautada no trabalho, na igualdade e na Religião.

História
Sítio Baixa Dantas
José Lourenço trabalhava com sua família em latifúndios no sertão da Paraíba. Decidiu migrar para Juazeiro do Norte, onde conheceu Padre Cícero e ganhou sua simpatia e confiança. Em Juazeiro conseguiu arrendar um lote de terra no sítio Baixa Dantas, no município do Crato. Com bastante esforço de José Lourenço e os demais romeiros, em pouco tempo a terra prosperou, e eles produziram bastantes cereais e frutas. Diferente das fazendas vizinhas, na comunidade toda a produção era dividida igualmente.
José Lourenço tornou-se líder daquele povoado, e se dedicou à religião, à caridade e a servir ao próximo. Mesmo analfabeto, era ele quem dividia as tarefas e ensinava agricultura e medicina popular. Para o sítio Baixa Dantas eram enviados, por Padre Cícero, assassinos, ladrões e miseráveis, enfim, pessoas que precisavam de ajuda para trabalhar e obter sua fé. Após o surgimento da Sedição de Juazeiro, da qual José Lourenço não participou, suas terras foram invadidas por jagunços. Com o fim da revolta, José Lourenço e seus seguidores reconstruíram o povoado.
Em 1921, Delmiro Gouveia presenteou Padre Cícero com um boi, chamado Mansinho, e o entregou aos cuidados de José Lourenço. Os inimigos de Padre Cícero, se aproveitaram disso espalhando boatos de que as pessoas estariam adorando o boi como a um Deus. Por conta disso, o boi foi morto e José Lourenço foi preso a mando de Floro Bartolomeu, tendo sido solto por influência de Padre Cícero alguns dias depois.

Caldeirão de Santa Cruz do Deserto
Em 1926, o sítio Baixa Dantas foi vendido e o novo proprietário exigiu que os membros da comunidade saíssem das terras. Com isso, Padre Cícero resolveu alojar o beato e os romeiros numa grande fazenda denominada Caldeirão dos Jesuítas, situada no Crato, onde recomeçaram o trabalho comunitário, criando uma sociedade igualitária que tinha como base a religião. Toda a produção do Caldeirão era dividida igualmente, o excedente era vendido e, com o lucro, investia-se em remédios e querosene.
No Caldeirão cada família tinha sua casa e órfãos eram afilhados do beato. Na fazenda também havia um cemitério e uma igreja, construídos pelos próprios membros. A comunidade chegou a ter mais de mil habitantes. Com a grande seca de 1932, esse número aumentou, pois lá chegaram muitos flagelados. Após a morte de Padre Cícero, muitos nordestinos passaram a considerar o beato José Lourenço como seu sucessor.
Devido a muitos grupos de pessoas começarem a ir para o Caldeirão e deixarem seus trabalhos árduos, pois viam aquela sociedade como um paraíso, os poderosos, a classe dominante, começaram a temer aquilo que consideravam ser uma má influência.

Balas caindo do céu
Sobreviventes do ataque ao Caldeirão.

Em 1937, sem a protecção de Padre Cícero, que falecera em 1934, a fazenda foi invadida, destruída, e os sertanejos divididos, ressurgindo novamente pela mata em uma nova comunidade, a qual em 11 de Maio foi invadida novamente, mas dessa vez por terra e pelo ar, quando aconteceu um grande massacre, com o número oficial de 400 mortos. Foi a primeira acção de extermínio do Exército Brasileiro, e Polícia Militar do Estado do Ceará. Acontecera o primeiro ataque aéreo da história do Brasil. Os familiares e descendentes dos mortos nunca souberam onde encontra-se os corpos, pois o Exército Brasileiro e a Polícia Militar do Ceará nunca informaram o local da vala colectiva na qual os seguidores do Beato foram enterrados. Presume-se que a vala colectiva encontra-se no Caldeirão ou na Mata dos Cavalos, na Serra do Cruzeiro (região do Cariri).

O Beato
José Lourenço fugiu para Pernambuco, onde morreu aos 74 anos, de peste bubónica, tendo sido levado por uma multidão para Juazeiro, onde foi enterrado no cemitério do Socorro.

Caldeirão hoje
Da época da Irmandade do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, existem ainda a capela branca, que tem como padroeiro Santo Inácio de Loyola, ao lado da ermida, duas casas, um muro de laje de um velho cemitério, um cruzeiro e no alto as ruínas da residência do beato José Lourenço.
Actualmente, 47 famílias revivem o sonho colectivo de produção idealizado por José Lourenço, num sítio denominado Assentamento 10 de Abril, a 37 km do centro do Crato. No local encontram-se 47 casas, sendo que 44 de alvenaria e uma escola, porém sem ostentar a grandeza atingida pelo então Caldeirão do beato José Lourenço.
As famílias residentes mantêm uma horticultura orgânica (couve, coentro, cenoura, macaxeira, alface, pimentão e espinafre estão entre as hortaliças cultivadas) e uma lavoura para auto-abastecimento. Parte dos homens também mantém um produtivo apiário, que contribui para os rendimentos do grupo.
A ONG SOS Direitos Humanos entrou com uma Acção Civil Pública no ano de 2008 na Justiça Federal do Ceará, contra o Governo Federal do Brasil e Governo do Estado do Ceará, requerendo que o Exército Brasileiro:
a) torne público o local da vala colectiva, b) realize a exumação dos corpos, c) identifique as vítimas via exames de DNA, d) enterre os restos mortais de forma digna, e) indemnize no valor de R$ 500 mil, todos os familiares das vítimas e os remanescentes, f) inclua na história oficial, à título pedagógico, a história do massacre / chacina / genocídio do Sítio da Santa Cruz do Deserto, ou Sítio Caldeirão. A ONG "SOS DIREITOS HUMANOS" no ano de 2009, denunciou o Brasil à OEA - Organização dos Estados Americanos, por crime de desaparecimento forçado de pessoas e para que seja obrigada a informar a localização da COVA COLETIVA com as 1000 vítimas do Sítio Caldeirão. A ONG "SOS DIREITOS HUMANOS" está pedindo auxílio à entidades internacionais para que a COVA COLETIVA seja encontrada, bem como, de geólogos, geofísicos e arqueólogos para identificar a localização da cova colectiva.
Em 1986 o cineasta Rosemberg Cariry, realizou um documentário rico em depoimentos de sobreviventes do massacre. Caldeirão é um movimento considerado como uma outra Canudos.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

LAMPREIA

O Primeiro dia das Petromyzontidas

As lampreias são peixes de água doce ou anádromas com forma de enguias, mas sem maxilas. A boca está transformada numa ventosa circular com o próprio diâmetro do corpo, reforçada por um anel de cartilagem e armada com uma língua-raspadora igualmente cartilaginosa. Várias espécies de lampreia são consumidas como alimento.
As lampreias são classificadas no clade Hyperoartia, dentro do filo Chordata, por oposição aos Gnathostomata, que incluem os animais com maxilas. Todas as espécies conhecidas são agrupadas na classe Petromyzontida ou Cephalaspidomorphi, na ordem Petromyzontiformes e na família Petromyzontidae.Em Portugal, a lampreia é comida sobretudo em arroz de lampreia, com uma confecção próxima da cabidela, e à bordalesa, um guisado normalmente acompanhado de arroz. Alguns restaurantes e casas fazem-na também assada no espeto, e outros ainda fazem-na de escabeche. Em Portugal, a lampreia é comida de finais de Janeiro a meados de Abril.
Este ciclóstomo que sobe contra a corrente desde o Atlântico até aos rios portugueses e que, segundo alguns, "não é carne nem é peixe" por pertencer a uma classe rara de animais. Tem um aspecto estranho e nasce nos rios, vivendo no mar até à altura de se reproduzir, quando regressa ao rio.

A minha temporada gastronómica no que respeita a LAMPREIA, começou hoje no Restaurante “A Cantarinha”, situada na Travessa da Rua das Tamargueiras, 3, 3080-389 Buarcos; Telf.: +351 233 432 801; Email: geral@restauranteacantarinha.com.
Este Restaurante existe há vinte anos em Buarcos, mas nos últimos dez anos tem estado à sua frente o amigo Vitor Almeida, cujo espaço, segundo ele, revela muito da sua maneira de ser e de estar na vida. Tenho a certeza que isto é verdade.

O restaurante é um local muito agradável, com uma decoração onde podemos encontrar dois grandes aquários, criando um ambiente prazenteiro e requintado.
O atendimento é extraordinário. A simpatia dos funcionários e do patrão que não é excessiva nem importuna, mas natural e espontânea, fazem para além das iguarias também o sucesso do restaurante.
E foi numa destas minhas idas com a minha mulher ao restaurante, que surgiu um convite gentilíssimo do amigo Vitor e que me proporcionou a degustação desta iguaria sazonal, a que chamam “Lampreia”.
Para me acompanhar neste repasto esteve o meu amigo Álvaro Azenha, o qual como eu a lampreia está há muito tempo na nossa lista de pratos favoritos!
Depois dos dias conturbados que estamos a passar, nós os portugueses, nada melhor do que um “Arroz de Lampreia” para acalmar as hostes.
Adorada ou até mesmo idolatrada, por uns, e odiada por outros tantos, a lampreia faz parte da boa gastronomia tradicional portuguesa.
Foi um óptimo começo para celebrar a chegada da época da lampreia, este delicioso prato regado com um bom néctar dos deuses, da Bairrada.

Antes porém, quero salientar que esta nossa refeição, foi optimamente completada com:
- Entradas: constituídas pelo seu agradável “paté” e camarão;
- Uma sopa de peixe, divinal;
- As sobremesas das quais nós escolhemos uma fresca salada de fruta;
- O café da praxe;
- Finalizando com um cálice de vinho do Porto, caseiro, como se diz: “p’rá sossega”.

A lampreia só se deixa comer e cozer por quem sabe e só quem gosta é que a merece comer. É assim também que eu vejo as pessoas que nos acompanham a comer a Lampreia. Uma vez amigas, amigas para a vida e para sempre.

Quero agradecer do fundo do coração, ao amigo Vitor, o maravilhoso almoço que nos proporcionou.
Desejo muitas felicidades ao Restaurante "A Cantarinha”, na figura do seu proprietário, para que continue a dar-nos estas alegrias culinárias.

Em nota de rodapé, quero ainda aqui deixar estes provérbios que encontrei e que são dedicados à LAMPREIA:

- Mulher magra sem ser de fome, foge dela que te come.
- Não assines sem ler, nem bebas sem comer
- Não comas lampreia, que tem a boca feia.
- Depois de Maio a lampreia e o sável dai-o

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

ATÉ QUALQUER DIA

DIOMAR

Há já alguns bons anos que calcorreámos aquela estrada que nos levava para a vila de Soure, para dar aulas, naquele tempo de Trabalhos Manuais.
Recordo os anos 1980 e 1981, estávamos os dois a começar a nossa vida profissional.
Durante a minha vida, já muitas pessoas passaram por mim, dia após dia.
Mas apenas algumas dessas pessoas, ficaram e ficarão para sempre em minha memória.
Essas pessoas são aquelas a quem eu chamo de amigas e vou levá-las para sempre no meu coração.
Tu foste (és) uma delas!
Desde então que nos conhecemos, nunca mais deixámos de ser amigos.
E não foi apenas pelo facto de termos cruzado os nossos caminhos.
Foi porque trocámos algumas confidências.
Porque conversámos muito acerca da vida, da nossa vida.
Porque às vezes algumas palavras eram de conforto e ânimo, quando ambos necessitávamos.
Porque dávamos alguns minutos de atenção quando algum de nós precisava.
Porque nos ouvíamos mutuamente, quando falávamos nas nossas angústias, vitórias e derrotas.
Pedíamos a opinião e confiávamos um no outro.
Até conheci e falei muito com a tua mãe.
Ela gostava de mim e eu gostava dela.
Coisas que ficam para sempre em nossos corações.
E mesmo depois de seguires a tua vida, tanto profissional como pessoal na cidade de Leiria, onde vivias com a tua mulher e a tua filha, nunca deixámos de nos contactar.
E às vezes até nos encontrávamos…
A tua amizade para mim tinha (tem) um valor enorme.
Os amigos entram na nossa vida e deixam sinais como o som do vento no final da tarde.
Foi pelo Natal que falámos pelo telemóvel e não sabíamos que era pela última vez.
Foi no dia 30 de Janeiro de 2010, às 17:13, que recebi aquele que depois vim a saber que seria o teu último mail.
Foi hoje dia 02 de Fevereiro de 2010, que recebi na escola a notícia da tua partida…
E como custou…
Tinhas 54 anos!
Partiste quando menos esperava.
Quando ninguém esperava.
Sem nenhum aviso.


Até qualquer dia, Diomar.



“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós.
Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”
Antoine de Saint-Exupery