segunda-feira, 15 de junho de 2009

ESCAPADINHA AO SANTO ANTÓNIO DE LISBOA

ESCAPADINHA AO SANTO ANTÓNIO DE LISBOA

Esta escapadinha que fiz até Lisboa, ficou marcada não só pelo desfile das Marchas Populares, que assisti, como também por duas visitas que fiz. A primeira ao Museu do Design e da Moda e a segunda à Exposição sobre o Titanic.

O MUDE – Museu de Design e da Moda, abriu as portas depois da adaptação definitiva da antiga sede do BNU – Caixa Geral de Depósitos, na rua Augusta nº 24, em plena baixa pombalina. O interior do edifício ainda se encontra completamente descarnado e apesar de ali se encontrarem expostas pouco mais de centena e meia de peças, achei interessante a exposição e não dei como tempo perdido os cerca de 45 minutos que levei a fazer a visita. Ali percepcionamos uma organização histórica com determinadas concordâncias das peças com as épocas e os designers presentes. É possível apreciar vestidos criados por Dior, Jean Paul Gaultier, Chanel, ou Givenchy, mas também peças de mobiliário concebidas por nomes como Charlotte Pérriand, Piero Fornassetti ou Shiro Kuramata. Também deixo aqui a informação de que até 1 de Julho de 2009 esta exposição é de entrada gratuita.

TITANIC – The Artifact Exhibition, encontra-se desde 9 de Maio de 2009 aberta esta exposição, todos os dias das 10:00 às 21:00, no ESPAÇO ROSSIO, Estação do Rossio. Lisboa acolhe, 97 anos depois do naufrágio do transatlântico Titanic, uma extraordinária exposição dedicada à história trágica deste barco que se afundou no Atlântico Norte, na viagem inaugural. Conta a história do Titanic duma maneira comovedora e apaixonante tal como os objectos apresentados nesta exposição. Recuperados com enorme esforço da área dos escombros que rodeia os restos do naufrágio e cuidadosamente conservados, estes objectos reais, melhor que as palavras e as imagens, representam o navio e as 2.228 pessoas (1517 mortos e 711 sobreviventes) que passaram junto a ele a formar parte da história. Os objectos apresentados nesta exposição estiveram aí. Pertenceram ao navio e às pessoas que nele navegaram.
Uma curiosidade interessante é a oferta a cada visitante da réplica de um bilhete de um passageiro com os seus dados individuais. No final da exposição estão as listas de todos os passageiros que sobreviveram e que morreram no naufrágio. Ali podemos procurar o nome daquele que tínhamos na réplica do nosso bilhete. Nos dois bilhetes que nos ofereceram, a mim e à minha esposa, os nomes eram:
- Mr. Johan H. Nysveen, 61 anos, nascido em Oyer, Noruega, viajava sozinho em 3ª classe. Motivo da viagem: Depois de viver em Dakota no Norte durante 27 anos, Johan regressou para a Noruega e voltou a casar-se. O Sr. Johan voltava aos Estados Unidos uma última vez para fechar o negócio que aí tinha e para dar parte da sua fazenda a um dos seus filhos. Voltaria depois disso para a Noruega para estar com a sua segunda mulher, Pauline, que deu à luz gémeos em 1911. Confirmei que este senhor não tinha sobrevivido.
- Mrs. Isidor Straus (Ida Blun), 63 anos, nascida em Nova Iorque, viajava acompanhada pelo se marido Mr. Isidor Straus e criados Ellen Bird e John Farthing, em 1ª classe. Motivo da viagem: Os Straus tinham viajado até à Europa com a sua filha Beatrice e estavam de regresso a casa. Beatrice não acompanhava os seus pais nesta viagem. Os Straus eram donos do Centro Comercial Macy, em Nova Iorque. Confirmei que o casal e o criado tinham sobrevivido, mas a criada Ellen Bird morreu.
O Titanic era incrível. É uma exposição fantástica e comovente que superou as minhas expectativas. Foi com grande emoção que fiz esta visita. Poder visualizar todos aqueles objectos que pertenceram um dia a alguém e deste modo voltarmos no tempo e fazer reviver todos aqueles que perderam a vida nesta tragédia. E ainda o poder tocar no fragmento do casco do Titanic… é emocionante!

E as Marchas Populares de Lisboa – Santo António…
Lisboa possui um feriado municipal, o 13 de Junho, Dia de Santo António. As festas em honra de Santo António de Lisboa, acontecem em toda a cidade e bairros típicos, como Alfama, Madragoa, Mouraria, Castelo e outros, são enfeitados com balões e arcos decorativos. Neles há arraiais populares, locais engalanados onde se comem sardinhas assadas na brasa, Caldo Verde e bebe-se vinho tinto e sangria. A Noite de Santo António, como é popularmente designada, é a festa que começa logo na noite do dia 12. Todos os anos a cidade organiza nesta noite as marchas populares, grande desfile alegórico que desce a Avenida da Liberdade, no qual competem os diferentes bairros. As pessoas compram um manjerico num pequeno vaso, o qual traz uma bandeirinha com uma quadra popular, por vezes brejeira ou jocosa. Santo António é conhecido como santo casamenteiro, por isso a Câmara Municipal de Lisboa costuma organizar, na Sé Patriarcal de Lisboa, o casamento de jovens noivos de origem modesta, todos os anos no dia 12 de Junho. São conhecidos por “noivos de Santo António”, recebem ofertas do município e também de diversas empresas, como forma de auxiliar a nova família. Esta tradição dos casamentos de Santo António, começou em 1958. Já as marchas surgiram em 1932. E mais uma vez, este ano, a tradição aconteceu com os casamentos de Santo António e com o desfile das marchas populares, pela Avenida da Liberdade na noite de 12 de Junho de 2009, véspera do dia de Santo António, festa da cidade de Lisboa. Os clubes e as associações recreativas de cada bairro de Lisboa desfilaram na avenida competindo pela melhor marcha, música, vestuário e coreografia. Este ano desfilaram 23 marchas pela ordem seguinte:

1º- Marcha Oficial das Sanjoaninas 2009 (não foi a concurso); 2º- Marcha Infantil “A Voz do Operário” (não foi a concurso); 3º- Marcha dos Mercados (não foi a concurso); 4º- Marcha da Bela Flor; 5º- Marcha do Beato; 6º- Marcha dos Olivais; 7º- Marcha do Bairro Alto; 8º- Marcha da Graça; 9º- Marcha de Alfama; 10º- Marcha de Carnide; 11º- Marcha da Madragoa; 12º- Marcha de Campolide; 13º- Marcha da Bica; 14º- Marcha do Lumiar; 15º- Marcha do Castelo; 16º- Marcha de Stª. Engracia; 17º- Marcha do Alto Pina; 18º- Marcha de Belém; 19º- Marcha de Marvila; 20º- Marcha de S. Vicente; 21º- Marcha da Baixa; 22º- Marcha da Mouraria; 23º- Marcha de Alcântara.

É assim que se mantém (dizem) viva a tradição, com as marchas participantes que apresentam numa manifestação da cultura popular portuguesa. Alfama e Castelo foram os bairros vencedores "ex-aequo" do Concurso das Marchas Populares de Lisboa 2009, anunciou o júri. Madragoa e Marvila ficaram em segundo. Foram várias as classificações "ex-aequo", facto que foi salientado com satisfação pelo júri como sinal da "qualidade global sempre crescente" das marchas.

Classificação final:
1.º lugar - Alfama e Castelo; 2.º lugar - Madragoa e Marvila; 3.º lugar - Bairro Alto; 4.º lugar - Bica; 5.º lugar - Alcântara; 6.º lugar - Olivais; 7.º lugar - Mouraria; 8.º lugar - Beato; 9.º lugar - Alto do Pina, Carnide, Graça e Santa Engrácia; 10.º lugar - Baixa e Lumiar; 11.º lugar - S. Vicente; 12.º lugar - Bela Flor; 13.º lugar - Belém; 14.º lugar - Campolide. Melhor figurino - Beato, Castelo e Madragoa. Melhor coreografia - Bairro Alto e Castelo. Melhor cenografia - Alcântara e Castelo. Melhor letra - Beato, Madragoa, Marvila e Mouraria. Melhor musicalidade - Alfama. Desfile na Avenida - Alfama. Melhor composição - Bica ("À espera de uma fragata").

Sem dúvida que a criatividade de cada marcha concorrente foi grande. Quanto aos trajes revelaram uma imaginação bem concretizada. Não posso é deixar de salientar a componente: arcos. Algumas marchas levavam arcos, lindos, coloridos e decorados com criatividade. Mas como disse e repito, só algumas. Na minha modesta opinião está a perder-se um dos elementos mais característicos que marcavam uma marcha popular, os arcos. Os arcos enfeitados são para mim um dos elementos fundamentais que não se pode perder numa marcha. A sua decoração, a cor e a luz, fazem parte de um todo. Até a sua iluminação deixou de ser feita. Estive a ver este desfile e os poucos arcos que desfilaram, nem um tinha iluminação. É incrível. Depois há alguns acessórios (para mim são apenas acessórios não são arcos) que já não lhes colocam os paus para os levantar ou em outros apenas colocam rodas. Para além de nas marcações pousarem os (poucos) arcos e irem dançar sem eles...

Num Regulamento do Concurso das Marchas Populares de Lisboa, de alguns atrás que consultei, havia um dos artigos que tinha o título “Cenografia”, do qual transcrevo de entre outros os seguintes pontos:
“- Os arcos e os demais elementos cenográficos devem ser originais e reflectir o tema escolhido.
- São elementos cenográficos obrigatórios doze arcos e as figuras.
- A decoração dos arcos e elementos cenográficos deve obrigatoriamente incluir um dos três elementos tradicionais seguintes: festão, balão ou manjerico.
- As Marchas podem utilizar iluminação nos trajes, nos adereços e nos arcos.”

Lembram-se do filme “A Canção de Lisboa”, protagonizada pelo saudoso Vasco Santana? Lembram-se dos arcos simples e coloridos, tradicionais? Devemos manter e tentar recriar a alegria e simplicidade dos arraiais. Acredito que as marchas são populares e não lhe podemos tirar esse sentido, tornando-as carnavalescas.

Ainda ouço o grito dos apoiantes das marchas. Mas como não apoio nenhuma em particular apenas digo:
- Lisboa é linda!
Fico-me por aqui. Aconteceram outras coisas mas não as quero contar, nem cabem neste sítio, nem fica bem no título que escolhi para este texto.
Lisboa é uma cidade que continua sempre com uma vibrante vida cultural. É por isso que gosto muito de Lisboa e gosto de a visitar quando posso.
Assim foi a minha escapadinha ao Santo António de Lisboa.

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