Por isso toda a gente das terras ao derredor da linda e risonha aldeia, se agrupa e junta na praxista manhã, no largo onde a bica rumoreja num fio cristalino. Não há moça de trabalho, que não consuma a derradeira noite de Abril, a florir o seu pote de barro vermelho - que é grande o despique em apresentar, caprichosamente enfeitadas, as cântaras airosas.
Ainda o céu é um crivo de estrelas e mal se laiva o nascente de uma ténue e branda claridade, já descem dos píncaros do cruzeiro, das azinhagas do Robim, da estrada de Mira - seguindo o caminho fácil e jeitoso da Várzea de Tavarede - ranchadas de gente moça e gárrula, cantando e bailando, entre risos e folgares."
Eu e a Mirita, na altura minha namorada
Nos dias de hoje a tradição já não é o que era…
O ar já não está impregnado com as cores e os perfumes das flores e com o cheiro do limonete.
Já não se ouvem os risos das raparigas que passavam a noite a enfeitar os seus potes!
Hoje em dia há apenas um ou outro grupo de pessoas que tentam juntar meia dúzia de pares formando um pequeno rancho e com ele dar a volta à Figueira.
Estes pequenos ranchos que ainda se vão formando para este dia, aproveitam a oportunidade para angariar algumas dádivas que irão ajudar nas despesas que sempre se fazem.
Há quem diga que é em nome da tradição que ainda se organizam estes ranchos.
Mas a minha opinião é contrária, a tradição verdadeira perdeu-se!
A primeira paragem do rancho era na fonte. Mesmo depois de desaparecer a Fonte da Várzea, o rancho passou a ir à Fonte de Tavarede, que ainda hoje existe. Hoje já ninguém se lembra de passar por ali.
Sinto saudades de ver os potes floridos a bailar nas cabeças das raparigas.
Tenho orgulho de ter também participado na década de 60, nos Ranchos do 1º de Maio de Tavarede.
Ainda tenho nos ouvidos as vozes das pessoas que diziam:
“Lá vai! Lá vai o Rancho do 1º de Maio, lá vão os potes floridos da Terra do Limonete!...”
Rancho do 1º de Maio do GMIT
Marcha do 1º de Maio
Só vós, ó belas, sabeis cantar!
Vossas gargantas trinando enfim
Ao longe, ao longe vão imitar
As lindas notas do bandolim…
O vosso canto suspira, alegre,
Alegres vossas canções,
Enquanto a orquestra entoa o canto
Para alegrar os nossos corações.
Viva o Maio! Viva o Maio!
Viva o Maio, trema o chão.
Vivam os quatro rapazes
Na manhã de S. João.
Viva a bela mocidade
Que festeja este dia!
Sede unidos p’ró futuro
P’ra gozar com alegria!
Sem comentários:
Enviar um comentário