08 e 09
de Novembro de 2014
Sábado, 08
Às 08H00, saímos do Largo da Igreja de
Tavarede. Iniciamos esta viagem, após termos comemorado 20 anos a passear
juntos, o que aconteceu no passeio Mistério realizado no pretérito dia 05 de
Outubro do presente ano.
Este passeio foi orientado pela esposa
do organizador, Ilda Simões, já que o Tó Simões se encontrava doente.
Junto à Barragem da Aguieira, num café
ali perto, fizemos a primeira paragem para uma primeira confraternização com
todos os companheiros, aproveitando para um café e uma ida ao wc…
A seguir o nosso destino foi Vila Pouca de Aguiar, vila do Distrito
de Vila Real. Conhecidas nos primórdios da nacionalidade como as terras de Aguiar de
Pena, nome tirado do velho castelo roqueiro, assente
num penedo colossal que seria uma das referências da região, com o
nome de Aguiar advinha-lhe do facto de ser um povoado de águias.
Património: Antas da Serra do Alvão,
Castelo de Aguiar, Pelourinho de Alfarela de Jales, Estátua–Estela de Jales,
Minas Romanas de Covas de Jales (Freguesia de Tresminas), Covas de Jales,
Cidadelha de Aguiar, Igreja de Santa Eulália, Barragem da
Falperra – Alvão, Ponte do Arco – Barrela, Ponte da Ôla – Bragado, Ponte Românica – Cidadelha, Ponte de Arame –
Monteiros, Sepulturas Medievais, Moinhos, Relógios de Sol, Fontes de Mergulho,
Alminhas, Canastros.
Fizemos um pequeno passeio que nos levou até à feira
do cogumelo no Mercado Municipal, integrada na XIII Mostra Gastronómica. Pouco
mais deu para ver já que começou a chover bastante e assim embarcamos no
autocarro para seguir o passeio.
O nosso objetivo então foi Carrazedo de Montenegro, freguesia do concelho de Valpaços. Carrazedo vem de carrasco, espécie de carvalho. O
motivo do determinativo «Montenegro» dado a Carrazedo será devido ao escuro da
vegetação da serra da Padrela (monte negro).
Património: Igreja de S. Nicolau, Capela
do Mártir S. Sebastião, Solar do Coronel Tito Lívio Barreira e outras casas
brasonadas, Capela de S. João Baptista, Capela de Santa Luzia, Cruzeiro da
Torre, Capela e Cruzeiro de S. Sebastião, Capela de N.ª Senhora da Natividade,
Santuário de N.ª Senhora dos Milagres, Cerco da Avarenta (Avarenta), Casa
senhorial de Argemil., Gravuras rupestres do lugar de “As Portas”, Fontes
(Fonte da Rua, Fonte do Prado, Fonte da Urze, Fonte da Portela).
A chegada a Carrazedo de Montenegro foi feita debaixo
de um grande temporal: muita chuva, vento e frio. O nosso almoço foi combinado pelo Tó Simões e
o Presidente da Junta de Freguesia. O repasto foi num pavilhão muito grande não
totalmente fechado onde para além do piso estar totalmente molhado, o frio
fazia-se sentir com bastante intensidade. O comer estava razoável e fomos
servidos com muita simpatia, amenizando assim o nosso desconforto.
Após o almoço num pavilhão vizinho encontravam-se
barraquinhas que vendiam produtos da região, onde fizemos compras.
Foi assim a nossa visita à XVIII Castmonte - Feira da Castanha 2014,
com animação musical: banda de música, rancho folclórico, conjuntos musicais,
grupo de bombos e concertinas serão uma constante, assim como a vertente
desportiva, donde se destaca a montaria ao javali. Para este ano o Bolo de
Castanha com 600 kg, a ser distribuído ao público na tarde de domingo, bem como
o Concurso da Castanha e da Jeropiga.
Como novidade, haverá o Concurso de Doçaria da
Castanha, que irá premiar quem inovar na produção de doces em que faça parte da
composição o fruto que brota dos centenários soutos da região. Beynat, cidade
francesa com a qual a vila de Carrazedo de Montenegro possui um protocolo de
geminação, também estará representada no evento, por uma equipa que dará a
conhecer vários outros produtos que poderão ter a castanha como base da sua
confeção. Os visitantes poderão adquirir, além da castanha, produtos e doces
confecionados com este fruto, vinho, azeite, folar, bolo podre, maçã, entre
outros. Mais de uma dezena de restaurantes aderentes, irão servir o lombo de
porco com castanhas, o bolo de castanha, entre outras especialidades
gastronómicas deste concelho.
Então deixou de chover e foi assim que
deixamos Carrazedo de Montenegro um pouco mais cedo do que estava previsto.
Continuamos o nosso passeio até terras de Valpaços, cidade
sede de município, criado em 1836 por desmembramento de Chaves. Os primeiros documentos escritos
que citam Valpaços datam do séc. XII. Guerra da Patuleia, é o nome dado à
guerra civil entre Cartistas e Setembristas na sequência da Revolução da Maria da Fonte. Foi
desencadeada na sequência do golpe palaciano de 6 de Outubro de 1846,
conhecido pela Emboscada, de um
governo claramente cartista presidido pelo marechal João Oliveira e Daun, Duque de
Saldanha.
A 16 de
Novembro, aconteceu a Ação de Valpaços, onde as forças governamentais do conde de Casal
venceram as de Sá da Bandeira, comandante das forças da Junta. Esta guerra civil teve uma duração de
cerca de oito meses. Segundo a lenda, participou neste conflito o famoso Zé do Telhado, que inclusivamente teria
salvo a vida ao visconde de Sá da Bandeira, ele que até fora lanceiro da rainha
antes de se tornar salteador!
Património: a igreja paroquial, muito ampla e de uma só nave. No interior, pode
observar-se o arco cruzeiro que separa a capela-mor (onde se pode ver uma
bonita imagem de Santa Maria Maior) do restante corpo do edifício; os solares
da vila, dos quais o mais antigo é o solar dos Morgados da Fonte ou de "S.
Francisco de Valpassos. Gastronomia: o Folar de Valpaços, o presunto, o salpicão, as linguiças, as alheiras, o cabrito assado ou estufado, o cozido à transmontana, a feijoada
à transmontana, os milhos,
o Pão de centeio, Couve
penca, Batata de Trás-os-Montes, o mel as deliciosas amêndoas, a sopa de
castanhas e o seu apreciado vinho.
Aqui já não chovia mas fazia um
pouco de frio, mas podemos conhecer um pouco esta cidade.
A tarde já começava a cair ou melhor já anoitecia mais
depressa do que era necessário.
Dirigimo-nos até a Mirandela, cidade do
distrito de Bragança, situada nas margens do rio Tua e é chamada de Princesa
do Tua. Caladunum era o antigo nome da atual cidade de Mirandela. Património: Ponte sobre o rio Tua; Ponte de
pedra sobre o rio Tuela ou Ponte Românica sobre o rio Tuela ou Ponte de Torre de Dona Chama; Pelourinhos: Abreiro, Frechas, Lamas de Orelhão, Mirandela e Torre de Dona Chama; Igrejas: de São Tomé de Abambres, de Santo André de Avantos, da
Misericórdia de Mirandela e a de Guide; Paço
dos Távoras, Solar dos Condes de Vinhais, Castelo
de Mirandela, Castro
de São Juzenda, Abrigos rupestres do Regato das Bouças ou o Castro de São Brás em Torre de
Dona Chama. Gastronomia: Situada na
Terra Quente, agricolamente rica, o azeite é produto chave na economia do concelho.
Mas a alheira tem um papel preponderante no setor industrial da região,
conhecida em todo o mundo e votada uma das Sete Maravilhas Gastronómicas de
Portugal. Queijo de cabra transmontano (DOP), Queijo Terrincho (DOP), Carne de porco Bísaro Transmontano (DOP), Butelo de
Vinhais (IGP), Alheira de Vinhais (IGP), Alheira de Mirandela (IG).
A chegada a esta cidade deu-se sem chuva. O frio continuava a estar
presente.
O
Grande Hotel D. Dinis ***, onde dormimos, está situado no coração da cidade
de Mirandela e oferece vistas sobre o Rio Tua. Com uma localização conveniente,
o hotel oferece acesso fácil para os destinos imperdível da cidade e fornece o
melhor em serviços e amenidades. Com 129 (120 quartos + 9 Suites) quartos de
alta qualidade e cada quarto é climatizado e dispõe de uma televisão. Tomamos conta dos nossos quartos no hotel.
Descansamos um pouco e ainda antes do jantar tivemos tempo para dar uma volta
pelas redondezas.
O jantar incluiu entradas (não faltou
alheira), pão, sopa de legumes, prato principal de carne, sobremesa, bebidas;
tudo estava muito bom. O serviço dos funcionários foi ótima.
Após uma noite bem repousada, acordámos
com uma manhã fria mas sem chuva.
O pequeno-almoço
foi diversificado substancial e saboroso.
Saímos do hotel, arrumamos as malas no
autocarro e assim começamos o 2º dia de viagem.
Domingo, 09
Após pararmos no caminho
para um café, o que aconteceu perto da barragem do Pocinho, com o rio Douro aos
nossos pés.
Chegamos à Guarda, cidade situada no último contraforte Nordeste
da Serra da Estrela, a 1056 metros de altitude, sendo a cidade mais alta
de Portugal. A Guarda é conhecida como «A
cidade dos 5 F's», a explicação mais conhecida e consensual (entre outras) diz
que estes significam Forte, Farta, Fria, Fiel
e Formosa. A explicação destes efes é simples: Forte:
a torre do castelo, as muralhas e a posição geográfica demonstram a sua força; Farta:
devido à riqueza do vale do Mondego; Fria: a proximidade
à Serra da Estrela; Fiel: porque Álvaro Gil Cabral – que
foi Alcaide-Mor do Castelo da Guarda e trisavô de Pedro Álvares
Cabral – recusou entregar as chaves da cidade ao Rei de Castela durante a
crise de 1383-85; Formosa: pela sua natural beleza.
Iniciamos a nossa visita à cidade dos 5 F’s, onde
comprovamos um dos F – fria. Digo
eu, horrorosamente fria.
Apesar disso
visitamos a Sé Catedral da Guarda, erguida
no seguimento do pedido de D. Sancho I ao Papa Inocêncio III para transferir a
diocese de Egitânia para a nova cidade da Guarda. Da original
construção, de estilo romântico, nada
resta. Seria mandada construir por D. Sancho II uma segunda catedral, no
local onde se situa a atual Igreja da Misericórdia, concluída no séc.
XIV, mas mais tarde destruída.
A Sé da Guarda é um imponente edifício,
que esmaga a Praça de Camões. Começou a ser construída por ordem de D. João I, em
1390, mas as obras só terminaram no século XVI. A imponência da Sé provém das
duas torres, que fazem lembrar um castelo. As gárgulas são todas curiosas, com as
suas grandes bocas escancaradas, viradas cá para baixo.
Mas o chamado “Cu
da Guarda” bate-as a todas! É uma gárgula colocada num local recôndito,
de difícil visão, na absidiola Sul, reflete uma atitude provocatória e de
escárnio para com o reino vizinho, relembrando a histórica animosidade existente
entre os dois reinos de Portugal e Castela.
“Cú da Guarda”, é uma gárgula que exibe
um enorme ânus virado para Espanha. Embora existindo outros exemplares
semelhantes no território português, esta é pelo seu realismo uma das mais
interessantes de todo o conjunto e, à semelhança de outras gárgulas
rabo-ao-léu, também aqui são visíveis os órgãos sexuais masculinos entre uns
pormenorizados dedos dos pés. O autor é anónimo, mas sabendo-se da inimizade
entre os reinos de Portugal e de Castela, não admira que o próprio bispo tenha
aprovado a ideia - embora a Sé talvez não fosse o local ideal para esta
brincadeira...
Em seguida visitamos a Igreja da Misericórdia é marcada pela sua verticalidade, evidenciada
pelo contraste das paredes brancas com o volumoso e animado trabalho de
cantaria - nos portais, janelas, baldaquino e cunhais. A frontaria da igreja é
delimitada por duas esbeltas torres sineiras terminadas em balaustradas, com
fogaréus nos ângulos, envolvendo os coruchéus moldurados de perfil bojudo e
coroados por cataventos. Destacam-se ainda nas torres as suas altas ventanas,
em arco de volta perfeita, seguidas inferiormente por dois óculos elipsoidais e
duas janelas, sendo a última de pequenas dimensões e a primeira de sacada.
Como ainda faltava um pouco para a
hora do almoço, passeamos pelas ruas da judiaria. O centro
histórico da cidade da Guarda ainda conserva traços do antigo bairro judeu. As
casas tinham, em tempos mais remotos, apenas um andar. A partir do século XIV,
as casas dos comerciantes tinham duas portas: uma mais ampla que conduzia à
loja e uma menor que era a porta da residência.
Porta do Sol era a porta de entrada para a antiga
judiaria, marcada pela vivência de uma comunidade judaica do séc. XIII, onde os
simbolos mágico-religiosos nas ombreiras das portas são uma presença constante.
Gastronomia: Caldo de Grão, Bacalhau à Conde da Guarda, Bacalhau
à Lagareiro, Cabrito Assado, Morcelas da Guarda e Arroz Doce. Património: Igreja de São Vicente,
Igreja da Misericórdia, Portas da cidade (do Sol, da Erva, Del Rei e Falsa),
Torre dos Ferreiros, Torre de Menagem (Castelo da Guarda), Muralhas da cidade,
Capela de Nossa Senhora do Mileu, Estação arqueológica da Póvoa de Mileu,
Capela de São Pedro de Verona, Paço Episcopal, Paços do Concelho, Solar do
Alarcão, Solar dos Póvoas, Antigos Paços do Concelho, Pelourinho da Guarda ou
Cruzeiro da Guarda, Judiaria da Guarda, Casa do Alpendre, Casas dos
Magistrados, Hotel Turismo da Guarda, Convento de São Francisco da
Guarda ou Convento do Espírito Santo, Antigo Colégio do Roseiral, Complexo
do ex-Sanatório Sousa Martins ou Hospital da Guarda, Chafariz de Santo
André, Castro do Jarmelo, Castro de Tintinolho, Solar da Rua do Encontro,
Cabeço das Fráguas, Anta de Pêra do Moço, Ponte antiga de Valhelhas, Pelourinho
de Valhelhas, Igreja Matriz de Aldeia Viçosa.
Chegou então a hora do almoço. Dirigimo-nos para o Restaurante Aliança localizado no centro da Guarda, num
edifício com 50 anos de idade, a 3 minutos a pé da Sé da Guarda e a 100 metros
da Igreja da Misericórdia.
A ementa foi excelente: Entradas
- Strudel de alheira, Chamusas, Rodelas de chouriço, etc.; Sopa de peixe; Naco de novilho; Arroz doce, Doce de castanha,
etc….
Após este ótimo
almoço, como ainda faltava algum tempo para partirmos e como o frio continuava
a atrapalhar fomos até ao “Centro
Comercial Vivaci”, local muito mais agradável em termos de temperatura.
Partimos então para o regresso a casa,
mas ainda parámos no caminho para uma visita com “prova de queijos e compotas”
na Quinta da Lagoa. Situada na vila de Canas de Senhorim,
concelho de Nelas, a Quinta da Lagoa integra-se no Planalto Beirão, sendo
constituída por áreas de pastagens envolvidas por floresta de pinheiros e
carvalhos.
Atravessam-na ribeiros afluentes do rio Mondego
e dela avista-se, em grande plano, a Serra da Estrela. Para a
produção do Queijo Serra da Estrela Quinta da Lagoa só é utilizada a produção
das suas ovelhas, da raça Serra da Estrela. O Requeijão Serra da Estrela D.O. é
excelente acompanhado por diversos doces, mel ou simplesmente acompanhado por
pão caseiro.
A Marca de Certificação permite
identificar um Queijo Serra da Estrela quando este não é adquirido no produtor,
evitando que o consumidor seja enganado. A D.O.P. identifica um produto originário da
sua Região de Produção, por isso apenas o Queijo Serra da Estrela pode ostentar
esta designação no seu rótulo.
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