No rasto da Chanfana
16 de Março de 2016
Itinerário:
distância entre Figueira da Foz e Lousã
(52,35 km - distância
em linha reta ↔ 92 km - distância de condução)
Saída de Tavarede às 10H00; Montemor-o-Velho;
Coimbra.
Lousã
A
vila da Lousã conserva o encanto próprio das coisas simples. Hospitaleira, o
seu ar é puro, a sua gente acolhedora e a sua gastronomia um eterno pretexto
para festejar. Situada no sopé da montanha, a vila possui um charme muito
próprio, com uma quantidade surpreendente de antigas casas nobres a integrar o
cenário de várias das suas ruas. O Castelo Medieval, as Piscinas Naturais e as
Ermidas da Sra. da Piedade seriam só por si razão suficiente para visitar esta
vila tão acolhedora. A Lousã possui uma quantidade surpreendente de palácios e
solares, sobretudo atendendo à sua pequena dimensão. A vila prosperou
particularmente durante o séc. XVIII, época em que muitas famílias nobres
edificaram as suas moradias no sopé ensolarado da serra; construções de traço
fino em estilo barroco ou neoclássico, caraterizadas pelas amplas fachadas, com
belas cantarias e portais trabalhados, onde se destacam os brasões de família.
Estas quintas com solares, revelam a forma de vida adotada pela fidalguia rural
da época. Marcam presença nos arredores da vila e em particular no seu centro
histórico. Destacam-se entre elas o palácio dos Salazares ou do Visconde de
Espinhal, o solar dos Montenegro, o palácio dos condes de Foz de Arouce, o
solar dos Quaresma ou a Quinta de Sta. Rita entre tantas outras. A Capela da
Misericórdia, é o edifício mais antigo do núcleo histórico remontando à era
quinhentista.
O almoço
foi na Churrasqueira Borges, Lda.,
na Lousã, onde o principal prato foi o motivo do nosso passeio a estas
paragens: CHANFANA.
Receita de Chanfana
Ingredientes: 2K. Carne de Cabra; 1dl Azeite; 50 gr. Banha; 1 Cebola; 2 D. Alho; 6
Carvinhos; 1 F. Louro; 1,5 L. Vinho tinto maduro; Q.B sal e pimenta.
Preparação: 1º Cortar 2 Kg carne de cabra em pedaços; 2º Colocar em tacho de barro típico; 3º Juntar azeite, banha e cebola
cortada em 1/2 luas, alho, carvinhos, louro, sal e pimenta; 4º Deitar vinho tinto até cobrir; 5º Tapar o tacho; 6º Levar ao forno bem quente; 7º
Juntar mais vinho se necessário; 8º
Deixar cozer 3 a 4 horas; 9º Servir
com batata cozida em rodelas.
Depois
do almoço subimos à Serra da Lousã.
A
Serra da Lousã é um local mágico onde podemos aproveitar duma vegetação
exuberante e uma paisagem deslumbrante, rica em vida selvagem e povoada de regatos
e fontes. Ali também podemos descobrir as encantadoras aldeias de xisto que se
escondem no seu interior. De fato, tal como alguns textos locais afirmam, na
serra o tempo perde o seu valor e apenas o espaço impera. Existem inúmeros
percursos pedestres que percorrem a serra fazendo a ligação às diversas
aldeias. Desfrutamos de paisagens abertas e majestosas, sentido a brisa que
atravessava as ramagens de Carvalhos e Castanheiros. Descobrimos o murmúrio dos
ribeiros que saltitavam entre as pedras e serpenteavam pelas encostas.
O
Castelo que se situa a poucos quilómetros do centro da vila,
com mais de 2000 anos de história, é um dos mais belos de Portugal. Localiza-se
num vale que se diz encantado, num cenário digno de um romance de cavalaria.
Tem uma configuração de aspeto bélico, que se pode vislumbrar por entre
arvoredos e que trazem à memória os primórdios da nacionalidade. As suas
origens estão envoltas em lendas.
Lenda
do Castelo da Lousã ou da princesa Peralta
Reinava em Conímbriga o rei mouro
Arunce, rodeado por opulenta corte, na companhia de sua filha a princesa
Peralta. O rei mandou construir, como refúgio, na serra da Lousã, um castelo
embrenhado na floresta. O príncipe cristão Lausus invade Conímbriga e o Rei
Arunce é obrigado a fugir para o castelo da Lousã, levando consigo a sua filha
Peralta e todas as suas riquezas. No momento da retirada, a Princesa Peralta e
o Príncipe Lausus entreolham-se por breves instantes e enamoram-se. Lausus
procura desesperadamente a sua amada, percorrendo as serranias da região. O
velho rei Arunce, sabendo das intenções do príncipe Lausus, parte ao seu
encontro, deixando a princesa Peralta e as riquezas fechadas no Castelo da
Lousã. Travam violento combate e acabam ambos por sucumbir. Não havendo ninguém
conhecedor do refúgio da Princesa, esta fica aprisionada no castelo. Ainda hoje
se ouve o soluçar apaixonado da jovem Peralta, aguardando pelo seu Príncipe.
Visitamos
duas das Aldeias do Xisto, um conjunto constituído por pequenas
aldeias onde predomina o xisto ou o quartzito: Aigra Nova - Aigra Velha - Candal
- Casal de São Simão - Casal Novo - Cerdeira - Chiqueiro - Comareira - Ferraria
de São João - Gondramaz - Pena – Talasnal.
A
primeira visita foi à aldeia de Candal e
que segundo a transcrição de alguns textos turísticos, “é
um reconfortante porto de abrigo para quem sobe ou desce a serra. Na bacia
hidrográfica da Ribeira de S. João encaixa, entre outros, este anfiteatro onde
se alojou o Candal e a sua ribeira. Está aninhada na Serra da Lousã, numa
colina voltada a Sul. Estrategicamente colocada junto à Estrada Nacional, que
liga Lousã a Castanheira de Pera, esta aldeia está habituada a receber
visitantes. Estes são recompensados por subir as suas ruas inclinadas pois,
chegados ao miradouro, uma belíssima vista sobre o vale se apresenta,
refrescada pela Ribeira do Candal. E quando voltam a descer, a Loja Aldeias do
Xisto aguarda-os. Beneficiado pela acessibilidade privilegiada que lhe
proporciona a Estrada Nacional, Candal é muitas vezes considerada a mais
desenvolvida das aldeias serranas e uma das mais visitadas. Aos seus habitantes
de sempre é comum juntarem-se ocupantes de férias e fins-de-semana que aqui
acorrem em busca de ar puro e boa companhia.”
A
segunda aldeia que visitamos foi a de Cerdeira,
também transcrevo um texto turístico que a descreve na perfeição: “percorrer
a aldeia é um exercício físico e sensorial. A cada passo há um recanto, um
beco, um elemento que não se sabe se ali foi colocado pelo Homem ou pela
Natureza. Não há dissonâncias. Há o som da tranquilidade. Ao entrarmos na
Cerdeira, descendo até ao pequeno regato, deparamos com o perfil desalinhado
das construções. O tom dominante do xisto sobrepõe-se ao verde das encostas, ao
azul do céu ou ao branco das nuvens. Os habitantes desta e de outras aldeias
deverão ter frequentado a universidade da serra. Os edifícios foram implantados
sobre um morro rochoso, não ocupando as escassas áreas mais planas que
dedicaram à agricultura. Uma obra de engenharia rodeou a aldeia com uma
escadaria de socalcos que seguram a terra que as chuvas e a erosão levavam
encosta abaixo. A implantação e a arquitetura das construções parece que
obedeceu a um plano que teve como objetivo maravilhar os visitantes no séc.
XXI. A Cerdeira é um local mágico. Logo à entrada, uma pequena ponte
convida-nos a conhecer um punhado de casas que espreitam por entre a folhagem.
Parece que atravessamos um portal para um mundo fantástico. Tudo parece
perfeito neste cenário profundamente romântico. O chão de ardósia guia-nos por
um caminho até uma fonte no meio de uma frondosa vegetação. Entre encostas
declivosas rasgadas por linhas de água que se precipitam lá do cimo, a Cerdeira
aninha-se, na mais bucólica envolvente. Esta é uma aldeia que a arte e a
criatividade ajudaram a refundar. Aliás, em certos momentos do ano, esta aldeia
é animada por encontros temáticos que juntam arte e botânica.”
E assim passamos juntos um dia de convívio,
desfrutando também de sítios cheios de romantismo e de paisagens deslumbrantes
desta Serra da Lousã.
Parabéns pelo excelente trabalho!
ResponderEliminarTivemos um dia espectacular em óptima companhia e por locais muito bonitos e desconhecidos da maior parte das pessoas. Só é pena que o fotografo de serviço não tenha ficado em nenhuma imagem...
Bem podemos aplicar o slogan " Vá para fora cá dentro..."
Parabéns para todos nós porque ainda somos capazes de confraternizar e assim concretizar a amizade.
EliminarQuanto ao fotógrafo, ao participar no passeio sente-se também dentro da fotografia... apesar de estar atrás da máquina.
Votos de continuarmos em breve a sairmos cá por dentro deste nosso país.
Penso que isso acontecerá em breve...