20, 21 e 22 de Junho de
2017
DIA 20
O
grupo dos “MUSKETEYRUS”, saiu de Tavarede pelas 08H00, em “miniautocarro” conduzido pelo Rui.
Passamos
por Marinha das Ondas, vila do
concelho da Figueira da Foz. Foi elevada a vila em 12 de Junho de 2009.
O
nosso passeio continuou por Pombal,
cidade do distrito de Leiria que foi elevada a cidade em 16 de Agosto de 1991.
Na
continuação da nossa viajem encontramos Ansião, vila do distrito de Leiria.
Entretanto
fizemos a nossa primeira paragem para um cafezinho e outras necessidades… em Alvaiázere, vila do distrito de Leiria, limitada a norte
por Ansião, a nordeste e leste por Figueiró dos Vinhos, a sueste por Ferreira
do Zêzere, a sudoeste por Ourém e a oeste por Pombal. O
termo "Alvaiázere" derivará do árabe Al-Baiaz
(o falcoeiro); terras do falcoeiro.
Aproveitamos a paragem para ver algum Património como o Pelourinho e o Coreto. Como curiosidade salienta-se a Gastronomia: Chícharo de Alvaiázere, Azeites do Ribatejo, Queijo Rabaçal.
Continuamos
o nosso passeio e a próxima paragem foi a linda
cidade de Tomar, do distrito
de Santarém. A cidade foi construída de acordo com as regras dos
Cavaleiros Templários, com quatro monumentos religiosos construídos em torno da
cidade formando um crucifixo perfeito. O mais impressionante destes monumentos
é o conjunto do Castelo de Tomar e o Convento de Cristo, Património Mundial da
UNESCO, construído pelos Templários no século XII.
Os
Templários, homens simultaneamente Cavaleiros, Guerreiros e Monges, tiveram um
papel importante em todas as grandes épocas e batalhas de Portugal, desde a
fundação do país com D. Afonso Henriques até aos Descobrimentos. Visitamos o belíssimo
Convento de Cristo, fundado em 1160 pelo Grão-Mestre da Ordem
dos Cavaleiros Templários, D. Gualdim Pais, e ainda conserva memórias desses monges cavaleiros e
dos herdeiros do seu cargo, a Ordem de Cristo, os quais fizeram deste
edifício a sua sede. A Charola, oratório templário, transformada
em Capela-Mor aquando da reconstrução ordenada por D. Manuel I, no séc. XVI. Valeu
a pena ver o Convento apreciando as representações no portal renascentista, a simbologia
da Janela Manuelina da Sala do Capítulo, os pormenores de arquitetura do
Claustro Principal e as dependências ligadas aos rituais templários.
Acabamos
esta visita maravilhados, mas um pouco cansados e desejosos de uma bebida
fresca. Com uma temperatura a passar os 40ºC,
retemperamos as forças na “Cafetaria do
Castelo”, localizada no Terreiro
Dom Gualdim Pais, junto ao Convento de Cristo. Na cafetaria há a venda de
produtos como saladas, salgados, bolos e bebidas, mas também produtos tradicionais
da região. Disponíveis aos visitantes estão vinhos das adegas do concelho, os
doces e licores conventuais e ainda o artesanato ligado à cidade e aos
templários. É claro que com estas alternativas saímos daquele local mais
animados para continuarmos o nosso passeio.
E foi o que fizemos passando junto ao Parque do Mouchão, onde podemos
ver a Roda do Mouchão, uma roda hidráulica em madeira, ex-libris da cidade que
evoca os tempos em que os moinhos, os lagares e as áreas de cultivo ao longo do
rio contribuíam para a prosperidade económica de Tomar.
Mas
há ainda motivos de passeio nas proximidades, como Castelo de Bode, uma das
maiores albufeiras do país, para onde nos direcionamos.
Chegados junto à albufeira eram já horas do
almoço. A albufeira
estende-se por muitos quilómetros, mas não foi por mero acaso que escolhemos
para almoçar o Restaurante “O Sabor da Pedra”, que fica na localidade de
Alverangel - São Pedro de Tomar. Foi numa pesquisa de restaurantes que descobrimos
este espaço gastronómico.
Não foi fácil chegar ao restaurante situado nas imediações
(cerca de 3 km) da barragem de Castelo de Bode, pois que apesar de as
indicações colocadas na estrada ajudarem, para quem não conhece a região se
torna mesmo assim complicado. Mas vale a pena pois quando chegamos encontramos
um espaço muito acolhedor num ambiente pleno de natureza.
A decoração é de muito bom gosto, é bonita e
com carisma. Junto às janelas da
varanda envidraçada, podemos apreciar uma vista panorâmica para as águas do rio
Zêzere e da barragem que é sem dúvida deslumbrante. Trata-se de um lugar
diferente, a visitar sem hesitações.
A
equipa Ana e Aristides, que nos recebeu foi excecional e com uma constante simpatia no atendimento, que nos
marcou efetivamente de forma extremamente positiva.
Tal como nos
é transmitido pela própria definição deste restaurante - A origem do nome “O Sabor da Pedra” significa a união entre a Natureza,
a excelência dos produtos nacionais e a forma genuína de os confecionar.
Foi
isso que sentimos com a gastronomia tradicional portuguesa que nos foi
proporcionado experimentar.
Como
entradas e por serem
constituídas por vários sabores, penso que com as fotos que a seguir se podem
visualizar melhor podemos perceber dos vários sabores que tivemos o privilégio
de apreciar.
Dos
diversos pratos principais escolhemos os seguintes:
Sável frito e açorda de ovas
Lúcio escalado na grelha,
aromatizados com ervas e azeite, com migas e batata murro
Tranche de bacalhau na
grelha com migas e bata a murro
As
sobremesas escolhidas recaíram em melão fresco da região, seguido dos
cafés e alguns digestivos.
Saímos
confortados deste maravilhoso restaurante que dispõe de outros diversos espaços, jardim lounge,
sala e salão rústicos com a presença de lareiras, garrafeira com loja de
vinhos, parque privativo.
O
nosso destino então, foi a Barragem do
Castelo de Bode, para uma pequena visita. Estavam 44ºC em plena barragem.
Não
foi por isso muito longa, como será de imaginar, a nossa presença na mesma. A barragem
está situada nos concelhos de Tomar e Abrantes e pertence ao conjunto de
barragens da bacia do rio Zêzere, constituindo uma das mais importantes e
maiores do País. A sua albufeira estende-se ao longo de 60 quilómetros, numa
paisagem de vales, serras, pinhais, com uma beleza cheia de natureza, onde se
praticam diversas atividades náuticas, desportivas, de lazer e turísticas. Esta
gigantesca reserva de água abastece a região de Lisboa num total de
aproximadamente 3 milhões de pessoas. No meio da albufeira podemos ver a bonita
Ilha do Lombo, onde se situa uma estalagem. Na área circundante existem outras
estruturas turísticas e hoteleiras, como o Restaurante
“O Sabor da Pedra”, onde acabamos de almoçar.
Após
esta rápida paragem para tirar umas fotos seguimos o nosso caminho agora com
destino a Abrantes.
Antes,
porém, passamos por Mouriscas, uma aldeia inserida no meio de
figueirais e olivais, freguesia do concelho de Abrantes. Mouriscas é ainda conhecida pela “terra da passa e da uva”, pela
quantidade de figos secos e uvas de latada, características de todas as
varandas frontais das casas. É considerada
uma das aldeias mais rurais do concelho de Abrantes, onde predominam pequenos
aglomerados populacionais de entre os quais se destacam: Carreira
e Cascalhos. O lugar de Cascalhos
é conhecido possuir uma das maiores oliveiras do país!
Estivemos aqui neste lugar para testemunharmos esta oliveira conhecida
na aldeia por ter um tronco enorme e oco. É tão larga que os mais idosos costumam
lá colocar uma mesa e jogar uma boa sueca dentro da árvore.
É conhecida de acordo com o Instituto para a
Conservação da Natureza e das Florestas, como
a árvore mais antiga de Portugal, com 3.359 anos, fazendo em Janeiro
mais um aninho. Tem um perímetro de 11,2 metros na base e a cerca de 1,5m de
altura chega a ter 6,5 metros de largura. Do tronco aos primeiros ramos
vão mais de 3 metros. É uma árvore de interesse público, com uma classificação atribuída em
Janeiro de 2007.
A
oliveira mais antiga do país fica em Mouriscas, Cascalhos e nós estivemos junto
dela. Para constar e comprovar a nossa presença tiramos fotografias que guardaremos
com muita emoção.
Também
nos vamos lembrar de que a temperatura ultrapassava os 40ºC, mas que com a ajuda de umas bebidas frescas que nos serviram
no “café Dalila”, o café deste
pequeno lugar de Cascalhos, nos
deixou com mais força para continuarmos o nosso passeio.
O
nosso destino foi Abrantes, cidade município
limitada a norte por Vila de Rei, Sardoal e Mação, a leste por Gavião, a sul
por Ponte de Sor e a oeste por Chamusca, Constância, Vila Nova da Barquinha e
Tomar.
Já
a tarde estava quase no fim, apesar de ainda haver muita luz do dia, quando
chegamos a Abrantes.
Fizemos
uma pequena paragem, apenas para descansarmos da temperatura que continuava
muito perto dos 40ºC, no Aquapólis - Parque Urbano Ribeirinho, com amplos espaços verdes, campo de
jogos, esplanadas, parque infantil, ciclovias e parque de merendas, mas que
àquela hora se encontrava deserto.
Continuamos
a viagem passando por Rio de Moinhos, Praia do Ribatejo, Constância e Tancos.
Chegamos
a Vila nova da Barquinha, vila do
Distrito de Santarém, limitada a norte por Tomar e Abrantes, a leste por
Constância, a sul pela Chamusca, a sudoeste pela Golegã, a oeste pelo
Entroncamento e a noroeste por Torres Novas. O concelho foi criado em 1836 por
desmembramento do antigo concelho da Atalaia.
Foi
nesta vila que reservamos o Hotel
SOLTEJO, para pernoitar neste dia. Localizado numa área elevada de Vila Nova da Barquinha
e proporciona uma vista única sobre a cidade, Rio Tejo e parque ribeirinho.
Apesar de
possuir alguns serviços razoáveis, tivemos de imediato o desconforto de saber
que não havia ar condicionado, o que indiciava uma noite mal dormida. A noite
apresentou-se muito quente, na casa dos 20 e tais graus... dormimos muito mal…
DIA 21
Tomamos
o pequeno-almoço (muito fraco) ainda no Hotel Soltejo, mas pedimos para
fazermos as contas e anularmos a segunda noite.
Pelas
10H00 iniciámos o nosso passeio no “miniautocarro”,
conduzido hoje pelo Zé Manel.
Na
véspera já tínhamos contatado outro alojamento, que por acaso já conhecíamos há
alguns anos atrás: A Casa do Patriarca,
em Atalaia.
Antes
de sairmos verdadeiramente para o nosso passeio do dia, fomos tomar conta dos
respetivos quartos nesta casa de turismo rural. Este dia começou com altas
temperaturas: 35ºC.
Saímos
então de Vila Nova da Barquinha até
à Golegã, vila do Distrito de Santarém, famosa pela Feira Nacional do
Cavalo, que ocorre anualmente durante o mês de novembro. É sede de um município
limitado a nordeste por Vila Nova da Barquinha, a leste e sueste pela Chamusca,
a oeste por Santarém e a noroeste por Torres Novas e pelo Entroncamento. É rico o seu Património: Igreja Matriz ou Igreja de Nossa Senhora da
Conceição; Quinta da Cardiga; Casa-Museu
Carlos Relvas ou Casa-Estúdio de Carlos Relvas; Museu Martins Correia -
Equuspolis; Paul Boquilobo.
Optamos
pela visita à Casa-Museu Carlos Relvas
ou Casa-Estúdio de Carlos Relvas, um espaço construído entre 1870 e 1875 para ser estúdio
fotográfico - o primeiro do país, naquela época uma arte pioneira em Portugal.
O Chalet, como é conhecido na Golegã, apresenta caraterísticas únicas
a nível mundial. O
palacete foi doado à câmara da Golegã
pela família de Carlos Relvas, onde
o próprio fez adaptações no imóvel, transformando-o também em sua habitação e
atualmente com o seu restauro a traça respeitou a casa original, quando
funcionava apenas como estúdio.
A Casa-Museu
é um monumento importante da arquitetura do ferro, com a presença de estilos
como o gótico e o mourisco.
A visita foi guiada por uma senhora/guia que mostrou
muita segurança e saber em todas explicações que deu ao longo de todo o
percurso, mas com excessivos pormenores das informações. Quando os conteúdos
são muito exaustivos, a assimilação dos conhecimentos torna-se mais difícil de
adquirir. O que na minha opinião não é totalmente negativo, mas pode esgotar a
nossa paciência, ao ser tão minuciosa nas suas explicações.
Iniciamos a visita pelo primeiro piso onde nos foram
mostradas amostras do laboratório; ali ao lado numa pequena sala assistimos a
um pequeno filme que conta a história da casa e do seu proprietário.
Subimos ao piso superior, por uma escada vertical em
caracol, de cobertura e paredes envidraçadas, numa galeria de ferro trabalhado,
encontramos um espetacular estúdio onde a entrada de luz natural se regula
através de cortinas brancas controlados por meio de fios e roldanas. Ali
podemos apreciar vários espécimes de máquinas fotográficas, e o estúdio do
autor.
Descemos novamente pela escada em caracol, agora até
ao piso inferior, onde encontramos uma galeria para exposições, na altura
estavam fotografias de paisagens.
Acabamos a visita no jardim, um espaço de
grande beleza natural, com árvores de grande porte, onde podemos encontrar
diversas espécies exóticas.
Gostamos imenso da visita que é única no género.
A nossa guia ainda nos fez o desafio de visitarmos a Casa dos Patudos, em Alpiarça, propriedade do filho de Carlos Relvas, o José Relvas.
O desafio foi aceite…
Curiosidades da história desta família extraordinária,
com pequenos retalhos que fui descobrindo na net:
“Carlos Relvas (na
Golegã) e José Relvas (em Alpiarça), pai e filho, têm uma história familiar que
daria um extraordinário filme. A casa-ateliê de fotografia de Carlos
Relvas, na Golegã, é um edifício lindíssimo de conteúdo relevante
para a história da fotografia mundial. O lado escandaloso, porém, nunca é
referido, o que está certo para a memória dos mortos que já não podem justificar-se,
mas deixa a salivar o instinto mórbido do visitante. Carlos Relvas e os
filhos existiram, sim, e um deles, José Relvas, foi o célebre republicano que
viveu na Casa dos Patudos de Alpiarça, que fez parte do Diretório que
preparou a implantação da República, e que a proclamou à varanda do
Município de Lisboa, em 5 de Outubro de 1910.
Na coleção de milhares
de negativos existentes na Casa-Museu da Fotografia da Golegã há muitas fotos
da família Relvas. Realmente é verdade
essa história triste. Felizmente Carlos Relvas é mais conhecido pelo seu legado
artístico que por ter sido um assassino, ter deserdado a filha mais velha e
tê-la deixado a apodrecer a pedir numa igreja de Lisboa lá para os lados do
Chiado. Clementina pagou caro o seu amor pelo Costa.”
“Há uma espécie de
lenda sobre os amores da outra filha Clementina, algumas apontando para o facto
de um servidor da Casa Relvas ter sido morto a seu mando por se ter relacionado
com a infeliz rapariga. Parece que a sua vida não terá sido muito normal,
contando-se a história de ser vista a pedir em Lisboa, mas são histórias que
nunca foram confirmadas. O que parece ter de facto acontecido foi esta menina
ter sido repudiada por seu marido.”
“Quanto aos nomes
Relvas, há muitos... Mas de Carlos Relvas não há descendentes diretos. Os 3
netos filhos do Homem da República morreram todos uns menores, o maior pelo
suicídio. A haver descendentes seriam apenas os seus netos filhos da filha mais
nova Margarida Relvas Navarro (pelo casamento com Alberto Navarro, um médico do
norte) que herdou todas as propriedades para os lados de Riachos/Torres Novas.
José Relvas o republicano, separou-se do pai e saiu da Golegã para Alpiarça
devido ao segundo casamento do pai. Carlos Relvas casou pela segunda vez a
pouco mais de um ano da morte da sua mulher Dona Margarida Relvas, adorada pelo
povo da Golegã. Esse 2º casamento odiado, com uma mulher já também viúva de
outros casamentos, obrigou a partilhas em vida e a mais separações... Carlos
Relvas transforma então a Casa-Estúdio em habitação e passa lá a viver com a
segunda mulher. Finalmente essa mulher novamente viúva depois da morte de
Carlos Relvas, destrói, vende ou faz desaparecer a maior parte do património
fotográfico, nomeadamente os nus femininos de Relvas que deveriam ser
numerosíssimos. Salva-se finalmente a ação da filha (apenas filha dessa segunda
mulher) que herdou a Casa-Estúdio de Relvas e depois de anos de destruição e
abandono, fez então uma doação do edifício à Câmara.”
Saímos
da Golegã, passamos por Chamusca
e Alpiarça e fomos
almoçar a Almeirim, cidade do Distrito de
Santarém, limitada a norte por Alpiarça, a leste e nordeste pela Chamusca, a
sul por Coruche e Salvaterra de Magos, a oeste pelo Cartaxo e a noroeste por
Santarém.
Tem
um Património e Artesanato
muito rico, mas foi por causa da Gastronomia
que nos deslocamos até aqui. Não podia deixar de integrar o nosso almoço a Sopa
da pedra, sopa típica em particular da cidade de Almeirim. Foi no restaurante Minhoto, que aconteceu o
nosso almoço, que para além da célebre sopa também foi composto por sopa de
peixe, chocos grelhados e chocos de coentrada.
Findo
o repasto voltamos a Alpiarça, vila do Distrito de Santarém,
que tem como Património: Casa-Museu dos Patudos, Estações arqueológicas
da Quinta dos Patudos ou Tanchoal dos Patudos, Estação arqueológica do Cabeço
da Bruxa, Quinta da Gouxa, Reserva Natural do Cavalo do Sorraia.
Visitamos
então a Casa-Museu dos Patudos, rodeada de jardins, cujo fundador foi José Mascarenhas Relvas, que nasceu a 5 de Março de 1858 e faleceu a 31 de Outubro de
1929. José Relvas mandou edificar a Casa dos Patudos para dar uma morada
condigna à sua coleção de arte e todas as artes tiveram o seu espaço neste
“palácio”. Colecionador esclarecido e compulsivo José Relvas reuniu uma coleção eclética com destaque para a
pintura, a azulejaria, as artes decorativas e têxteis.
Iniciamos
a visita guiada pelo andar térreo onde apreciámos a cozinha e todos os
utensílios que a compunham. Durante cerca duas horas visitamos inúmeras salas,
recheadas/decoradas com imensas obras de arte. Entramos por um átrio com uma escadaria onde as paredes estão forradas de azulejos
recortados, que ilustram a vida rural:
-
sala Carlos Relvas: dedicada à figura do pai de José relvas, artista e
cavaleiro, retratado numa tela de José Malhoa, ainda podemos ver peças de
mobiliário, uma colcha de castelo Branco, pintura barroca e faianças, bem como
exemplares em madeira estofada de anjos ou esculturas em talha.
- sala de arte sacra: é
preenchida por diversas telas de assuntos religiosos, vários bustos, réplicas
de esculturas em madeira policromada, figuras em barro pintado de presépios e
uma maquete de um presépio.
Subimos depois ao segundo piso onde
se encontram:
- salas dedicadas à família de
José Relvas, com mobiliário, painéis de azulejos, porcelanas da companhia
da Índias, arraiolos, sedas, e pinturas.
- sala de música, com
exposições temáticas da escola italiana e espanhola.
- sala de aguarelas podemos
apreciar obras de Rafael Bordalo Pinheiro, Alberto Sousa e Roque Gameiro.
Acabamos a visita um pouco cansados pela extensão desta casa, mas
maravilhados e deslumbrados pela quantidade e qualidade das obras de arte que
tivemos o prazer de apreciar e que enchem todo aquele espaço.
Iniciámos
o nosso passeio de regresso a Vila Nova
da Barquinha, mas no caminho passámos e parámos por Chamusca, onde nos refrescamos, pois, o tempo continuava muito
quente.
Novamente
na estrada passamos por Golegã e já
lusco-fusco chegamos a Atalaia, onde
jantamos no restaurante Stop.
Escolhemos
para comer uns petiscos: pica-pau, moelas estufadas e lulas panadas; para
beber: sangria e cerveja.
Fomos
então descansar na Casa do Patriarca.
Este tipo de
alojamento integra-se num espaço de Turismo de Habitação num Espaço Rural e
está localizado em Atalaia, Vila Nova da Barquinha, inserido no
Caminho de Santiago de Compostela.
À chegada
fomos recebidos pelo casal proprietário de espaço, que se encontravam à
nossa espera para nos dar as boas vindas.
Também fomos
recebidos pela cadela boxer “Luna”,
que logo nos acolheu e se tornou uma grande amiga, para a brincadeira…
Eu e a minha
esposa já cá tínhamos estado há alguns anos e nunca mais nos tínhamos esquecido
do carinho e simpatia que sentimos. Já nessa altura desejamos cá voltar um dia.
O nosso desejo foi agora concretizado. Esta casa possui seis quartos e
cada um tem um nome, quer baseado na decoração, quer em algum pormenor:
Patriarca, Quinta, Namoradeiras, Saua Saua, Oriente, Almirante.
Como exemplo
ficamos no quarto do Almirante, que segundo a discrição da própria casa “é um quarto muito amplo e tem uma cama de dossel, porque
uma das janelas que possui é pequena e funda, e através dela se pode ver o
ondular das folhas das tamareiras, lembrando uma zona tropical a ser
atravessada por um navio. Toda a sua decoração é em função da marinha,
incluindo o friso de azulejos pintados à mão, com cordas manuelinas. Um dos
quadros chama-se Joana Rosa e foi oferecido pelo autor João Luís Pereira de
Castro.”
Foi com
grande satisfação e prazer que aqui pernoitamos neste espaço confortável e com
um ambiente familiar.
DIA 22
A nossa curta
estadia foi tão gratificante e acolhedora que quando saímos já sentíamos
saudades deste lugar e com muita vontade de voltarmos em futuros passeios por
estas bandas.
O passado da
Casa do Patriarca é tão extraordinário
e interessante que não posso deixar de transcrever a sua história existente no
seu site:
“A Casa do Patriarca é uma casa senhorial que pertence a família há cinco
gerações.”
Foi comprada aos Condes da Atalaia em 1892 por Dr. António Zagallo Gomes
Coelho que era médico de Vila Nova da Barquinha, quando veio morar para a
Atalaia com sua mulher Maria Luísa Covacich Lamas e alguns dos seus filhos,
após a família da mulher ter vendido a Quinta da Cardiga.
A Casa do Patriarca desde a sua construção, que data de 1669: conforme o
cronista Conde Lourenço Magalotti, a Atalaia e as suas cercanias mereceram esta
descrição:” (…)Atalaia, fora da qual se vê por acabar um grande palácio quadrado
de boa e nobre arquitetura, e que é do conde que tem por título o nome da dita
povoação. Aqui os campos circunvizinhos não estão tão cultivados, mas em troca
são maravilhosamente adequados a caçadas, sendo da esterilidade da terra
abundante recompensa a multiplicidade dos animais que aí se encontram.” até à
presente data sofreu muitas alterações. No entanto, a sua traça exterior
manteve-se sempre inalterável.
Ao criar-se o Turismo Rural nesta casa, houve o cuidado de ter em atenção
que ela continha toda uma história e tradição que não deveriam ser esquecidas,
facto pelo qual os atuais proprietários têm vindo desde o início compilando
toda a matéria referente ao historial, bem como de tudo o que com ela se
relaciona.
Deste modo querendo homenagear o segundo Cardeal Patriarca de Lisboa, D.
José Manuel da Câmara, foi escolhido, aquando da criação do Turismo Rural o
nome de Casa do Patriarca.
O Cardeal Patriarca nasceu nesta casa no início do ano da graça de 1686,
tendo sido batizado no dia seis do mês de Janeiro do mesmo ano. Era filho do
quarto Conde da Atalaia D. Luiz Manoel de Távora e de D. Francisca Leonor de
Mendonça. Foi eleito Patriarca de Lisboa em 1754. e só voltou para a Atalaia
para passar a última parte da sua vida com sua sobrinha, D. Constança Manuel,
marquesa de Tancos, que na data do seu falecimento (1758) já herdara a Casa da
Atalaia. Ficou a dever a sua sobrinha, a sua sumptuosa sepultura no lugar mais
nobre da Igreja Matriz do seu senhorio, isto é, na parede do lado do Evangelho.
Atualmente o seu túmulo encontra-se sob o altar-mor.
Foram o Cardeal Patriarca e o Marquês de Tancos Provedores alternativos da
Casa de Misericórdia (1588), que tinha um hospital anexo para os caminheiros e
uma Casa para todos os religiosos que iam de passagem e que ali quisessem
pernoitar, e que se encontra face ao palácio.
Tendo sido uma casa brasonada, um dos brasões foi entregue a D. Duarte de
Atalaya por volta de 1935, outro poder-se-á ver incrustado numa das paredes da
junta de Freguesia da Atalaia, e outro ainda, pertença de um particular, que
foi possível admirar no Museu Arqueológico de Vila Nova da Barquinha.
A Casa do Patriarca está inserida numa região privilegiada em belezas
naturais e arquitetónicas, ou não se desse o caso de pertencer a uma zona
templária, onde as demarcações dos terrenos eram feitas com marcos onde a cruz
templária estava esculpida.
Lenda ou não, a única referência templária nesta vila, é uma mina que se
encontra entre a Igreja Matriz da Atalaia e a Capela do Senhor Jesus da Ajuda,
mais propriamente no alto do Picoto onde se julga ter existido a torre
templária da Atalaia e que se diz estar ligada a Tomar (ao convento) e ao
Castelo de Almourol. No entanto, e porque esta vila não é destituída de
misticismo, por opção, aqui viveu durante alguns anos e aqui foi sepultado em
1997 um Grão Mestre da Ordem do Templo, que dedicou a sua vida ao ideal
templário.
Elaborado por Casa do Patriarca
Atalaia-1998
Pela manhã, chegamos a uma sala de
refeições bem iluminada e acolhedora e deparamo-nos com uma mesa muito bem
arranjada e com muito bom gosto, preparada para nós os seis.
Ali tomámos um excelente pequeno-almoço
com variedade de escolha: compota caseira muito boa, fiambre, queijo, manteiga,
pão, pão de ló, gelatinas diversas, seleção de chás, leite, café, chocolate em
pó, cereais, sumo de laranja, etc.
Depois do
pequeno-almoço preparamo-nos para partir e assim continuarmos o nosso passeio.
Foi com
grande prazer que pernoitamos nesta maravilhosa casa, muito confortável e com
ótimas condições de conforto e sossego.
O local é
lindíssimo cujo jardim apresenta pequenos pormenores deliciosos formados pelo
verde exuberante da relva juntamente com as diversas árvores existentes; a sua
pequena piscina bastante apetitosa, mas que infelizmente não tivemos o prazer
de usufruir. Ficará para a próxima visita.
Tanto o
casal anfitrião como o seu filho Luís Filipe (penso que é este o nome), são de
uma gentileza, amabilidade, simpatia e cortesia que hoje em dia não é comum. A
confiança que nos passaram para nos sentirmos como em nossa própria casa, ou
seja, como se fossemos família, também não queremos deixar de salientar.
Não tendo
mais adjetivos para tal receção só podemos dizer mais que tiveram uma
disponibilidade permanente e uma preocupação inexcedível para que a nossa curta
estadia fosse perfeita.
Despedimo-nos
já com o sentimento amizade que só as boas pessoas nos fazem sentir, com muita pena
de ali não permanecermos mais tempo e com o desejo de voltarmos um dia.
Saímos de Vila Nova da Barquinha no “miniautocarro”
conduzido neste dia pelo Vitor.
O nosso
passeio teve passagem por Zibreira, Minde, Mira de Aire vila do
concelho de Porto de Mós, cujo Património
faz parte o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, onde se situam as grutas naturais mais espetaculares
entre as quais as de Santo António,
que visitamos.
“Foram descobertas por acaso por dois homens
que trabalhavam na Pedra do Altar, Porto de Mós, em 1955, as Grutas de Santo
António fazem parte de um conjunto de grutas existentes na Serra de Minde, zona
tão rica neste tipo de património, inserida no Maciço Calcário Estremenho.
A gruta ocupa uma área aproximada de 6
000m2 , tendo a sala maior 80 por 50m, com uma altura máxima de 43m. A
temperatura dentro da gruta oscila entre os 16 e os 18ºC.
Ao longo da gruta está presente uma iluminação especial, para
realçar a beleza natural da gruta, com um fundo musical apropriado. Calcula-se
que as grutas de Santo António existam há 50 mil anos, crescendo as
estalactites e estalagmites à razão de um centímetro por cada século.”
Após
a visita às grutas decidimos almoçar no restaurante
A Gralha, antes de prosseguirmos viagem. E não podíamos ter feito melhor
escolha.
De entre o vasto menu escolhemos: o bacalhau à Gralha, bacalhau com natas e
o naco de vitela na pedra, que estavam muito saborosos.
Espaço é agradável e bastante acolhedor, situado no meio da
serra e numa zona envolvente de grande serenidade.
O atendimento da colaboradora que nos recebeu, foi muito
prestável e atencioso.
A boa disposição e a simpatia, deixou-nos boa impressão, pois
notou-se o cuidado em saber se estava tudo do nosso agrado.
Satisfeitos reiniciamos a nossa viagem
passando então por Porto de Mós, vila
pertencente ao distrito de Leiria, município limitado a norte por Leiria e da
Batalha, a leste por Alcanena, a sul por Santarém e Rio Maior e a oeste por
Alcobaça.
Acabada
esta visita e novamente em movimento agora o nosso objetivo era Fátima,
cidade com fama mundial devido ao relato das aparições da Virgem Maria
reportadas por três pastorinhos desde 13 de maio até 13 de outubro de 1917.
Devido
ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima,
situado no lugar da Cova da Iria, a
cidade tornou-se num dos mais importantes destinos internacionais de turismo
religioso, recebendo cerca de seis milhões de pessoas por ano.
O
recinto onde se encontra o Santuário de Nossa Senhora de Fátima é um dos mais
visitados do País, e em seu redor, podem-se ver uma série de monumentos e locais
de interesse.
Fizemos
a nossa visita ao recinto e Santuário. Cada um com a sua motivação: devoção,
promessa ou busca de um ambiente espiritual e calmo.
Qualquer
que fosse o motivo pessoal saímos todos de bem connosco e com a vida.
Passamos
por Leiria e acabamos na Figueira da Foz.
Mas, como em
tudo na vida, também esta viagem chegou ao fim.
Ainda
aproveitamos o final do dia para nos juntarmos para fazermos um balanço do
passeio.
Esta
viagem durou 3 dias, que aproveitamos e transformámos em dias bem longos, mas
as lembranças e os conhecimentos adquiridos vão durar muito mais.
Resta-nos
tentar lembrar de tudo sobre a nossa viagem, para que possamos contar
histórias.
A
narrativa, assim como a viagem, não irá acabar nunca!
FIM
Por
enquanto…
Sem comentários:
Enviar um comentário