sábado, 13 de março de 2010

SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO TAVAREDENSE


Serração da Velha
CONVITE PARA A MORTE
(da Velha)

Convida-se V. Exª. e sua Exma. Família a assistirem ao grande JULGAMENTO DA VELHA, que terá lugar no próximo dia 13 de Março de 2010, sábado, na comarca de Tavarede, em tribunal expressamente levantado para esse fim, no Teatro da SIT.
No seu TESTAMENTO, a desditosa velhinha, fará espalhar pelas pessoas da sua "amizade" o seu riquíssimo espólio, esperando assim satisfazer os desejos de alguns tavaredenses.
Na execução da infortunada velhinha, verão esta heroicamente fazer a entrega do seu tão ressequido e carunchoso corpo, às mãos brutais e cabeludas dos impiedosos e terríveis carrascos, que serrarão a RÉ, LÁ ao SOL, sem DÓ, nem outra nota de qualquer piedade.
O cortejo será acompanhado com uma salada musical executada pela desafinadíssima Orquestra Sinfónica da Outra Banda, que se fará ouvir em dois minutos de silêncio, com a Mula da Cooperativa, em desrespeito da gozada velhinha.
Às 21.30 horas, dadas pelo carrilhão do torreão do Palácio de Tavarede, dar-se-á início à representação do "AUTO DA SERRAÇÃO DA VELHA".
Tragédia em camisa pelo motivo do vestido se encontrar na barrela, escrita pelo grande dramaturgo Marrada Bruto.
A acção decorre sob um grande temporal, carregado de aguaceiros nas partes das regiões baixas e com rajadas fortes do lado do W.C.
Far-se-á sentir ventos secos e húmidos, entre o Vale dos Dois Montes Juntos, devido à descarga atmosférica influenciada pela superfície abdominal.
Esta previsão foi gentilmente fornecida pelo astronómico observatório da Ferrugenta.


A tradição foi mais uma vez cumprida e conta-se em poucas palavras: Uma Velha, uma sobrinha e a sua filha, um juiz, um regedor e uma testemunha. Um vasto conjunto de personagens que acompanhou a Velha que, antes de ter sido serrada, percorreu a vila de Tavarede deitada numa carroça transportada por alguns carrascos. O cortejo terminou junto à Sociedade de Instrução Tavaredense, onde houve um tribunal e onde foi lido o testamento que a Velha deixou aos seus “herdeiros”, e aconteceu a sua serração.

Personagens por ordem de entrada
Contra-Regra 1 ----------------------------------------- Paulo Medina
Contra-Regra 2 ----------------------------------------- Fábio Medina
Juiz -------------------------------------------------------- José Medina
Regedor -------------------------------------------------- José Alberto Cardoso
Velha ------------------------------------------------------ João Miguel Amorim
Médico ---------------------------------------------------- Manuel Lontro
Enfermeira ----------------------------------------------- Fernando Romeiro
Sobrinha -------------------------------------------------- Mané Cardoso
Criança ---------------------------------------------------- Rafael Cardoso
Advogado de Acusação ------------------------------- António Simões
Testemunha ---------------------------------------------- António Barbosa
Advogado de Defesa ----------------------------------- António Bento
Escrivão ---------------------------------------------------- José Manuel
Ajudante de Escrivão ----------------------------------- Miguel Feteira
Contra-Regra (verdadeiro) ---------------------------- João Pedro Lemos Amorim
2 Carrascos ----------------------------------------------- Artur Silva e António Louro
Acompanhantes: Bruno Melanda; César Lopes; Luís Dias; Fábio Coronel e outros
Músicos: Miguel Angelo e Arcelino Cardoso (Chiolas)

A Serração da Velha, é um festejo popular que acontece durante a Quaresma em alguns lugares de Portugal, tratando-se de um rito de expulsão da morte. É uma antiquíssima tradição pagã, simbolizando a renovação da vida.
Este acontecimento comemora-se de terra para terra. Na nossa região, esta antiga tradição ainda hoje se realiza a meio da Quaresma e consiste também na condenação de uma velha por ser rabugenta, faladora e maldizente. Trata-se de um
a brincadeira humorística, satírica e crítica que tem a intenção de apontar os defeitos ou as virtudes de pessoas socialmente conhecidas.

A representação realiza-se em dois cenários distintos. O primeiro decorre nas ruas onde um cortejo mais ou menos organizado e acompanhado de uma componente musical, se desloca a um determinado lugar, até então desconhecido para muitos, para agarrar a “velha” que se foi esconder da justiça; o segundo momento, considerado o principal, decorre no palco da SIT onde o cenário faz lembrar um tribunal. O texto desta representação consiste na leitura de um hipotético testamento feito por uma velha moribunda que deixa os seus bens às pessoas presentes ou conhecidas. No final, o juiz dá autorização ao escrivão para dar a conhecer o veredicto.
Esta tradição, que este esquecida, foi reavivada há já bastante tempo. No entanto, há algumas dezenas de anos atrás alguém pensou em actualizar o texto que até aí se representava. Assim, um texto foi escrito pelo meu grande amigo José Fernandes dos Santos, que aqui recordo com saudade, texto esse que todos os anos vamos adaptando aos tempos que correm. Mais uma vez a “Serração da Velha” contou com algumas modificações, não do texto mas em relação à encenação feita por mim e com a ajuda de todos.
Assim decidi introduzir alguns elementos novos na representação, como a presença de um ajudante do escrivão e de dois contra-regra (isto no que se refere a personagens), descentralizei o elemento principal da representação (a Velha), onde as personagens secundárias dialogam entre si e depois a seguir, falam com a Velha. Outro grande elemento que enriqueceu a récita foi a utilização música, muita música, a qual demarcava a transição entre cenas e era também utilizada para que algum texto fosse cantado pelos participantes.

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