21 e 22 de Julho de 2018
Às
08H00 partimos do Largo da Igreja de Tavarede num autocarro da AVIC,
conduzida pelo motorista Magalhães. Fizemos uma paragem “técnica” para
necessidades diversas, no Restaurante
Lagoa Azul, com vista para a barragem da Aguieira.
Em seguida fizemo-nos
à estrada cheios de boa disposição e fomos até à aldeia de Favaios, localizada na Serra do Vilarelho, no
concelho de Alijó, que é designada por aldeia vinhateira do Douro. A
história de Favaios perde-se no
tempo. O seu nome provém de "Flávius", antiga povoação romana, que
pertencia à terra de Panoías. E o seu desenvolvimento acompanhou as Dinastias. João de Barros aponta-lhe como nome
antigo Flavia: “Favaios - é uma vila na parte de Galiza, e agora em
Portugal, na comarca de Trás os Montes, chamou-se Flavia como dizem letreiros
antigos que ali vi. Parece que Ptolomeu lhe chama Flaviobriga, daqueles que
edificou el Rey Brigo.”
Recebeu
Carta de Alforria em 1211 de D. Afonso II, e seu primeiro Foral em 1270 de D.
Afonso III, o qual foi confirmado em 1284 por D. Dinis, revogado por D. Manuel
I em 1514, e restabelecido no mesmo ano. Foi vila e sede de concelho até meados
do século XIX (1853). Até ao liberalismo era constituído apenas pela vila, sendo
posteriormente anexadas ao concelho as freguesias de Casal de Loivos, Cotas,
Sanfins do Douro, Vale de Mendiz e Vilarinho de Cotas. É nesta Vila desde 1952,
na Região Demarcada do Douro, que a Adega Cooperativa de Favaios se
tornou uma das maiores e mais reconhecidas do país em particular pela qualidade
inconfundível do seu Aperitivo e Moscatel de Favaios.
Pelas
11H30 chegamos e fizemos uma visita à Quinta
da Avessada, onde fomos recebidos com música folclórica da região, por dois
artistas que tocavam gaita de foles e tambor/pandeireta.
A
Enoteca Quinta da Avessada, está
situada em pleno coração da Região Demarcada do Douro, no planalto vinhateiro
de Favaios, circunscrita por vinhedos e culturas durienses. Uma paisagem
humanizada única de valor pitoresco e patrimonial. Foi neste ambiente que nos
foi oferecido vinho de Favaios e bola regional, isto numa zona ajardinada,
muito agradável. Destes jardins da quinta podemos admirar a paisagem sobre o
Vale do Douro.
Em
seguida fizemos uma visita guiada a um armazém secular, de construção
tradicional duriense, requalificado para fins turísticos e promocionais e onde
nos foi retratada a sua história, o modo de vida, e os usos e costumes.
Ali
vimos representações etnográficas referentes aos processos vitivinícolas, e
memórias fotográficas ilustrando as diferentes épocas relacionadas com o vinho
e vinhas durienses.
Estivemos
na zona de transformação vinícola, onde são encenadas as várias fases de
produção. Deram-nos a conhecer o singular “modus vivendis” das suas gentes.
No
final desta visita fomos para uma das várias salas existentes para saborearmos
um almoço regional, cozinhado em potes de ferro, à boa maneira das antigas
tradições.
Para
entradas tivemos: pataniscas, torresmos, enchidos e pão regional; a sopa foi
retirada dum pote de ferro com três pés, à moda antiga que estava uma delícia;
o segundo prato foi constituído por rojões; tudo acompanhado com vinho branco e
tinto; sobremesa e café.
Acabado
o almoço fomos fazer uma visita à Adega Cooperativa
de Favaios, sem dúvida o sítio ideal para continuarmos a conhecer esta
fantástica região. A receção ao nosso grupo foi ótima e enriquecedora e a
visita foi excelente, conduzida pela simpática e muito profissional Maria, que
tão bem nos soube acolher e explicar com clareza todo o processo da produção do
Moscatel de Favaios, mostrando possuir um vasto conhecimento sobre a
cooperativa e o emblemático Moscatel.
Já
no final da visita deu-nos a provar um moscatel e brindou o grupo com uma canção
cujos versos alusivos a Favaios, também fomos convidados a cantar. Contribuiu
assim para uma boa disposição e para o sucesso e o prazer desta visita. Parabéns
por dar tão boa imagem da Adega de Favaios.
Em seguida
fizemos uma visita à padaria mais
antiga do concelho, cuja proprietária é a padeira D. Rosália, que não pode estar presente, mas deixou tudo preparado
para provarmos o vinho moscatel - que é de chorar por mais - e o magnífico pão
feito no forno a lenha.
Rosália Araújo tem a particularidade de ter sido a
última criada de Salazar dos 14 aos 19 anos e desde os 20 que faz o famoso pão
de quatro cantos na vila de Favaios.
No final desta visita fomos até ao Núcleo Museológico de Favaios Pão e Vinho que está instalado
na Aldeia Vinhateira de Favaios e é o
segundo Núcleo Museológico do Museu do Douro. Faz a apologia da cultura local,
apoiada nas memórias vivas e onde se evidenciam outras formas de viver e saber
fazer, ao mesmo tempo que contribui para a valorização da oferta cultural e
histórica do concelho de Alijó. Ocupando o secular edifício do
século XVIII, localmente conhecido como a “Obra”, este núcleo tem por missão
«preservar, documentar, interpretar e divulgar tradições, saberes e artefactos
intimamente relacionados com o pão e vinho Moscatel de Favaios, no sentido de
evocar e de perpetuar na memória coletiva estes produtos prevalecentes na
região duriense».
Este espaço interpreta a história do vinho moscatel e
do pão de Favaios, procurando valorizar os recursos locais e dar a conhecer
tradições e processos associados a estes produtos. As salas que compõem o núcleo
encontram-se estruturadas da seguinte forma: No Princípio… Era o Moscatel; O Pão Que
Favaios Amassou...; Favaios. Território.
Após
todas estas visitas ficamos a conhecer mais um pouco da história de Favaios, assim como das suas gentes e
suas vivências.
Um dia para
recordar, sem dúvida!
Mas
este dia de passeio e convívio ainda não tinha acabado.
Chegamos
pelas 18H00 a Lamego onde nos esperava um
lanche/jantar na Presunteca, em
modo de petisco.
Assim
neste final de tarde, degustamos um cardápio bem recheado de tapas de presunto,
enchidos, sandes de presunto, queijos e broa, tudo regado com Raposeira Rosé e outros vinhos de
qualidade, tudo com ótima apresentação e de qualidade, servido por pessoal prestável
e simpático. A Presunteca de Lamego
é um local bem conhecido na região onde se apresentam com toda a honra e
merecida atenção os “segredos de Lamego”, a saber, os melhores presuntos,
enchidos e vinhos da região de Lamego e do Alto Douro. Situada mesmo no início
do escadório (são 686 degraus) do Santuário
de Nossa Senhora dos Remédios, esta antiga tasca foi restaurada e
convertida num espaço sofisticado sem, no entanto, perder o carácter rústico
das origens.
Por
ali estivemos a conviver com todos os participantes deste passeio, aproveitando
também para descansar da jornada do dia e fazer já uma certa preparação para o
dia seguinte.
Findo
este evento fomos tratar do alojamento na Residencial
Solar da Sé.
As
pessoas foram muito simpáticas e sempre preocupadas com o nosso bem-estar. Das
várias vezes que ficamos em Lamego, sempre nos hospedamos nesta residencial. É suficiente
para quem vem conhecer Lamego e está de passagem.
Para quem gosta de se sentir uma parte da história, é o local ideal pois fica junto à catedral. Ficamos num dos quartos voltados para a Sé!
Para quem gosta de se sentir uma parte da história, é o local ideal pois fica junto à catedral. Ficamos num dos quartos voltados para a Sé!
Tomamos
conta dos respetivos quartos e depois com alguns companheiros e amigos,
deambulamos pela Avenida Visconde Guedes Teixeira, parando mais tarde num café
para nos refrescarmos e convivermos.
Lamego é uma cidade no Distrito de Viseu,
considerada uma cidade histórica e monumental, pois possui uma grande
quantidade de monumentos, igrejas e casas brasonadas, sendo também uma diocese
portuguesa. Desde sempre aqui se fez uma feira muito frequentada por múltiplas
gentes, chegando até comerciantes e feirantes Ciganos de Córdova. Foi em
Lamego que teriam decorrido as lendárias Cortes de Lamego, onde teria sido feita a aclamação de D. Afonso
Henriques como Rei de Portugal e se estabeleceram as "Regras de Sucessão
ao Trono". É sede da diocese de Lamego,
e no concelho são numerosos os monumentos religiosos, dos quais se destacam a Sé
Catedral, a Igreja de São Pedro de Balsemão e o Santuário da Nossa Senhora dos Remédios.
Conhecida também pela sua
gastronomia, nas qual se destacam os seus presuntos, o "cabrito assado com arroz de forno" e pela
produção de vinhos, nomeadamente vinho do Porto,
de cuja Região Demarcada faz parte, e pelos vinhos
espumantes. Pratos típicos: Cabrito com batatas assadas, Coelho
assado no forno, Trutas de escabeche, Milhos com carne de vinha d'alhos; Petiscos: Bolas de presunto, fiambre, vinha
d'alhos, frango, atum, sardinhas e bacalhau, Presunto, Queijo, Carnes de porco
fumadas, Enchidos, Broa de Milho; Doces: Peixinhos de chila, Doce de ovos, Pão-de-Ló, Pastéis
"Lamegos", Biscoito da Teixeira, Leite Creme; Vinhos: Brancos e tintos de mesa, Espumantes
Naturais, Vinho do Porto.
A
Bola de Lamego é uma das iguarias
mais genuínas e distintas da cozinha tradicional portuguesa, sendo um prato
típico da região que lhe dá o nome - Lamego. Existem variantes da bola, podendo
esta ser de presunto (ex-libris da gastronomia local), salpicão, sardinha,
bacalhau, carne ou fiambre, mas a receita tradicional é a de carne. A bola
consiste numa espécie de pão de massa fofa recheada com um dos ingredientes
principais e pode ser servida como entrada, petisco, lanche ou refeição
ligeira. Foi uma das candidatas às 7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal, na
categoria de entradas. Origem das Bolas
de Lamego: estas bolas de carne terão surgido em 1139, na sequência da
aclamação de D. Afonso Henriques como Rei de Portugal. A cidade não estava
preparada para a afluência de gente que se verificou, pelo que foi criado uma
iguaria, fazendo uma bola de farinha de trigo, à qual se juntaram carnes de
porco (salgadas, fumadas ou em vinho-de-alhos), cozida depois em forno de
lenha. Desta forma se criava uma receita simples, saborosa e com um bom
rendimento que mantém o seu sucesso até aos nossos dias.
Chegou
então a hora de nos recolhermos aos aposentos para uma noite descansada e
repousante.
Era
Domingo e pelas 07H30 acordamos com uma manhã radiosa a convidar para um belo
passeio. Fui até à varanda do quarto para apreciar a Sé Catedral que ali se abria para um amplo adro lajeado, do século
XVIII, com uma fachada combinada de formas do gótico e algumas formas da
Renascença.
A
Sé de Lamego, foi fundada em 1129 e mantém a torre quadrada original,
mas o resto da arquitetura reflete as modificações feitas nos séculos XVI e
XVIII, incluindo um claustro renascentista com uma dúzia de arcos bem
proporcionados. No século XII, após a restauração da diocese de Lamego, iniciou-se
a edificação de um templo maior. A sua localização efetivou-se no Rossio de
Lamego, na zona baixa da futura urbe.
Depois
de fazermos a higiene matinal, iniciamos a arrumação das malas e fomos tomar o
pequeno almoço.
Saímos
da residencial às 09H00 no autocarro para uma visita ao Santuário de Nossa
Senhora dos Remédios que se localiza no topo do monte de Santo Estêvão e desde
1984, incluindo a escadaria e parque, está classificado como Imóvel de
Interesse Público.
As
suas festas tradicionais, decorrem anualmente de seis a oito de setembro. O
templo apresenta, em sua fachada, traços do estilo barroco e rococó ("rocaille").
A fachada é ladeada por torres sineiras.
Em
sua construção foi empregada a pedra de granito. Em seu interior, destacam-se o
altar-mor com a imagem da Nossa Senhora dos Remédios esculpida em madeira, e
três vitrais com as imagens de Nossa Senhora da Conceição, do Sagrado Coração
de Jesus e da Anunciação
Acabada
esta visita viajamos até a Peso da Régua
que é uma cidade no distrito de Vila Real, situada junto ao rio Douro e que é
considerada a capital da região demarcada na qual é produzido o conhecido Vinho
do Porto. A Régua deve o seu desenvolvimento ao Marques de Pombal que em 1756
criou a Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro e que mandou delimitar com
marcos de granito as áreas de produção dos melhores vinhos. Foi assim criada a
primeira região demarcada do mundo. Desde então, e pela sua localização
central, a Régua passou a ser o centro da região, um entreposto comercial de
onde partiam e chegavam os barcos rabelo que transportavam o vinho até Vila
Nova de Gaia onde envelhecia nas caves. A paisagem envolvente da Régua é de uma
enorme beleza. O Alto Douro está classificado pela UNESCO como Património da
Humanidade. O rio Douro, as vinhas nas suas margens íngremes, a vista a partir
dos miradouros da região, são lindas paisagens que deliciam quem visita esta
região. O concelho da Régua possui um rico património onde se destacam as casas
senhoriais, as grandes quintas produtoras de vinho e os palacetes.
No
cais fluvial da Régua embarcamos
pelas 10H15 no barco de cruzeiro “Vale do
Douro”, que nos levou até ao Porto. Foi um passeio que nos encantou com as
bonitas paisagens que nos proporcionou descobrir num dos troços mais famosos e encantadores do Rio
Douro.
Foi-nos
servido um aperitivo de vinho do Porto de boas-vindas um pouco antes do almoço.
Neste
cruzeiro podemos desfrutar de paisagens incríveis como os pequenos aglomerados
que cresceram junto ao Rio, paisagens verdes e também urbanas pequenas vinhas
cultivadas em socalcos nas encostas, que nos deslumbraram à nossa passagem.
Ao
longo do passeio passamos por duas barragens, Carrapatelo e Crestuma-Lever.
A
primeira barragem por onde que passamos é a do Carrapatelo inaugurada em 1972 e foi a primeira barragem construída
no troço nacional do rio Douro. Possui
uma eclusa navegável com 12,1 m de largura e 85 m de comprimento, com o maior desnível
de 35 m, tornando esta passagem numa experiência inesquecível.
A
segunda barragem que tivemos o prazer de transpor foi a de Crestuma-Lever, inaugurada em 1985. Esta barragem é a mais próxima da foz do
Douro, de onde dista 22 kms e é a última quando descemos rio. A eclusa vence um
desnível de 14 m, sendo o menor desnível de entre as barragens do Douro.
Foi-nos
servido um almoço a bordo por funcionários que nos receberam com o maior
profissionalismo e simpatia.
Cerca das 17H30 chegamos ao Cais da Estiva, no Porto.
Já na zona da Ribeira deslocamo-nos
até à Praça do Infante D. Henrique situada em pleno Centro Histórico do Porto, que
homenageia o Infante D. Henrique - a mais importante figura do início dos
descobrimentos portugueses - que, segundo a tradição, terá nascido nas
proximidades, na chamada Casa do Infante, em 1394.
Aqui nesta praça encontra-se o Palácio
da Bolsa, ou Palácio da Associação Comercial do Porto, ponto de encontro com o nosso autocarro.
Saímos então do Porto na direção das nossas casas e durante percurso fizemos uma
paragem técnica, para diversas necessidades do momento.
Chegamos pelas 21H30 a Tavarede.
Com todas estas voltas
chegámos ao fim do passeio…
Foram dois
dias em cheio!
Enchemos a vista de paisagens
deslumbrantes.
Foram dois dias muito
enriquecedores e de grande confraternização entre os participantes.
Despedimo-nos até ao
próximo passeio.
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