quarta-feira, 1 de agosto de 2018

PASSEIO AO DOURO, QUINTA DA AVESSADA…

21 e 22 de Julho de 2018

Às 08H00 partimos do Largo da Igreja de Tavarede num autocarro da AVIC, conduzida pelo motorista Magalhães. Fizemos uma paragem “técnica” para necessidades diversas, no Restaurante Lagoa Azul, com vista para a barragem da Aguieira.

Em seguida fizemo-nos à estrada cheios de boa disposição e fomos até à aldeia de Favaios, localizada na Serra do Vilarelho, no concelho de Alijó, que é designada por aldeia vinhateira do Douro. A história de Favaios perde-se no tempo. O seu nome provém de "Flávius", antiga povoação romana, que pertencia à terra de Panoías. E o seu desenvolvimento acompanhou as Dinastias. João de Barros aponta-lhe como nome antigo Flavia: “Favaios - é uma vila na parte de Galiza, e agora em Portugal, na comarca de Trás os Montes, chamou-se Flavia como dizem letreiros antigos que ali vi. Parece que Ptolomeu lhe chama Flaviobriga, daqueles que edificou el Rey Brigo.”

Recebeu Carta de Alforria em 1211 de D. Afonso II, e seu primeiro Foral em 1270 de D. Afonso III, o qual foi confirmado em 1284 por D. Dinis, revogado por D. Manuel I em 1514, e restabelecido no mesmo ano. Foi vila e sede de concelho até meados do século XIX (1853). Até ao liberalismo era constituído apenas pela vila, sendo posteriormente anexadas ao concelho as freguesias de Casal de Loivos, Cotas, Sanfins do Douro, Vale de Mendiz e Vilarinho de Cotas. É nesta Vila desde 1952, na Região Demarcada do Douro, que a Adega Cooperativa de Favaios se tornou uma das maiores e mais reconhecidas do país em particular pela qualidade inconfundível do seu Aperitivo e Moscatel de Favaios.
Pelas 11H30 chegamos e fizemos uma visita à Quinta da Avessada, onde fomos recebidos com música folclórica da região, por dois artistas que tocavam gaita de foles e tambor/pandeireta.
A Enoteca Quinta da Avessada, está situada em pleno coração da Região Demarcada do Douro, no planalto vinhateiro de Favaios, circunscrita por vinhedos e culturas durienses. Uma paisagem humanizada única de valor pitoresco e patrimonial. Foi neste ambiente que nos foi oferecido vinho de Favaios e bola regional, isto numa zona ajardinada, muito agradável. Destes jardins da quinta podemos admirar a paisagem sobre o Vale do Douro.
Em seguida fizemos uma visita guiada a um armazém secular, de construção tradicional duriense, requalificado para fins turísticos e promocionais e onde nos foi retratada a sua história, o modo de vida, e os usos e costumes.
Ali vimos representações etnográficas referentes aos processos vitivinícolas, e memórias fotográficas ilustrando as diferentes épocas relacionadas com o vinho e vinhas durienses.
Estivemos na zona de transformação vinícola, onde são encenadas as várias fases de produção. Deram-nos a conhecer o singular “modus vivendis” das suas gentes.
No final desta visita fomos para uma das várias salas existentes para saborearmos um almoço regional, cozinhado em potes de ferro, à boa maneira das antigas tradições.
Para entradas tivemos: pataniscas, torresmos, enchidos e pão regional; a sopa foi retirada dum pote de ferro com três pés, à moda antiga que estava uma delícia; o segundo prato foi constituído por rojões; tudo acompanhado com vinho branco e tinto; sobremesa e café.
Acabado o almoço fomos fazer uma visita à Adega Cooperativa de Favaios, sem dúvida o sítio ideal para continuarmos a conhecer esta fantástica região. A receção ao nosso grupo foi ótima e enriquecedora e a visita foi excelente, conduzida pela simpática e muito profissional Maria, que tão bem nos soube acolher e explicar com clareza todo o processo da produção do Moscatel de Favaios, mostrando possuir um vasto conhecimento sobre a cooperativa e o emblemático Moscatel.
Já no final da visita deu-nos a provar um moscatel e brindou o grupo com uma canção cujos versos alusivos a Favaios, também fomos convidados a cantar. Contribuiu assim para uma boa disposição e para o sucesso e o prazer desta visita. Parabéns por dar tão boa imagem da Adega de Favaios.
Em seguida fizemos uma visita à padaria mais antiga do concelho, cuja proprietária é a padeira D. Rosália, que não pode estar presente, mas deixou tudo preparado para provarmos o vinho moscatel - que é de chorar por mais - e o magnífico pão feito no forno a lenha.
Rosália Araújo tem a particularidade de ter sido a última criada de Salazar dos 14 aos 19 anos e desde os 20 que faz o famoso pão de quatro cantos na vila de Favaios.

No final desta visita fomos até ao Núcleo Museológico de Favaios Pão e Vinho que está instalado na Aldeia Vinhateira de Favaios e é o segundo Núcleo Museológico do Museu do Douro. Faz a apologia da cultura local, apoiada nas memórias vivas e onde se evidenciam outras formas de viver e saber fazer, ao mesmo tempo que contribui para a valorização da oferta cultural e histórica do concelho de Alijó. Ocupando o secular edifício do século XVIII, localmente conhecido como a “Obra”, este núcleo tem por missão «preservar, documentar, interpretar e divulgar tradições, saberes e artefactos intimamente relacionados com o pão e vinho Moscatel de Favaios, no sentido de evocar e de perpetuar na memória coletiva estes produtos prevalecentes na região duriense».
Este espaço interpreta a história do vinho moscatel e do pão de Favaios, procurando valorizar os recursos locais e dar a conhecer tradições e processos associados a estes produtos. As salas que compõem o núcleo encontram-se estruturadas da seguinte forma: No Princípio… Era o Moscatel; O Pão Que Favaios Amassou...; Favaios. Território.

Após todas estas visitas ficamos a conhecer mais um pouco da história de Favaios, assim como das suas gentes e suas vivências.

Um dia para recordar, sem dúvida!
Mas este dia de passeio e convívio ainda não tinha acabado.

Chegamos pelas 18H00 a Lamego onde nos esperava um lanche/jantar na Presunteca, em modo de petisco.
Assim neste final de tarde, degustamos um cardápio bem recheado de tapas de presunto, enchidos, sandes de presunto, queijos e broa, tudo regado com Raposeira Rosé e outros vinhos de qualidade, tudo com ótima apresentação e de qualidade, servido por pessoal prestável e simpático. A Presunteca de Lamego é um local bem conhecido na região onde se apresentam com toda a honra e merecida atenção os “segredos de Lamego”, a saber, os melhores presuntos, enchidos e vinhos da região de Lamego e do Alto Douro. Situada mesmo no início do escadório (são 686 degraus) do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, esta antiga tasca foi restaurada e convertida num espaço sofisticado sem, no entanto, perder o carácter rústico das origens.
Por ali estivemos a conviver com todos os participantes deste passeio, aproveitando também para descansar da jornada do dia e fazer já uma certa preparação para o dia seguinte.

Findo este evento fomos tratar do alojamento na Residencial Solar da Sé.

As pessoas foram muito simpáticas e sempre preocupadas com o nosso bem-estar. Das várias vezes que ficamos em Lamego, sempre nos hospedamos nesta residencial. É suficiente para quem vem conhecer Lamego e está de passagem.
Para quem gosta de se sentir uma parte da história, é o local ideal pois fica junto à catedral. Ficamos num dos quartos voltados para a Sé!

Tomamos conta dos respetivos quartos e depois com alguns companheiros e amigos, deambulamos pela Avenida Visconde Guedes Teixeira, parando mais tarde num café para nos refrescarmos e convivermos.
Lamego é uma cidade no Distrito de Viseu, considerada uma cidade histórica e monumental, pois possui uma grande quantidade de monumentos, igrejas e casas brasonadas, sendo também uma diocese portuguesa. Desde sempre aqui se fez uma feira muito frequentada por múltiplas gentes, chegando até comerciantes e feirantes Ciganos de Córdova. Foi em Lamego que teriam decorrido as lendárias Cortes de Lamego, onde teria sido feita a aclamação de D. Afonso Henriques como Rei de Portugal e se estabeleceram as "Regras de Sucessão ao Trono". É sede da diocese de Lamego, e no concelho são numerosos os monumentos religiosos, dos quais se destacam a Sé Catedral, a Igreja de São Pedro de Balsemão e o Santuário da Nossa Senhora dos Remédios.
Conhecida também pela sua gastronomia, nas qual se destacam os seus presuntos, o "cabrito assado com arroz de forno" e pela produção de vinhos, nomeadamente vinho do Porto, de cuja Região Demarcada faz parte, e pelos vinhos espumantes. Pratos típicos: Cabrito com batatas assadas, Coelho assado no forno, Trutas de escabeche, Milhos com carne de vinha d'alhos; Petiscos: Bolas de presunto, fiambre, vinha d'alhos, frango, atum, sardinhas e bacalhau, Presunto, Queijo, Carnes de porco fumadas, Enchidos, Broa de Milho; Doces: Peixinhos de chila, Doce de ovos, Pão-de-Ló, Pastéis "Lamegos", Biscoito da Teixeira, Leite Creme; Vinhos: Brancos e tintos de mesa, Espumantes Naturais, Vinho do Porto.

A Bola de Lamego é uma das iguarias mais genuínas e distintas da cozinha tradicional portuguesa, sendo um prato típico da região que lhe dá o nome - Lamego. Existem variantes da bola, podendo esta ser de presunto (ex-libris da gastronomia local), salpicão, sardinha, bacalhau, carne ou fiambre, mas a receita tradicional é a de carne. A bola consiste numa espécie de pão de massa fofa recheada com um dos ingredientes principais e pode ser servida como entrada, petisco, lanche ou refeição ligeira. Foi uma das candidatas às 7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal, na categoria de entradas. Origem das Bolas de Lamego: estas bolas de carne terão surgido em 1139, na sequência da aclamação de D. Afonso Henriques como Rei de Portugal. A cidade não estava preparada para a afluência de gente que se verificou, pelo que foi criado uma iguaria, fazendo uma bola de farinha de trigo, à qual se juntaram carnes de porco (salgadas, fumadas ou em vinho-de-alhos), cozida depois em forno de lenha. Desta forma se criava uma receita simples, saborosa e com um bom rendimento que mantém o seu sucesso até aos nossos dias.

Chegou então a hora de nos recolhermos aos aposentos para uma noite descansada e repousante.

Era Domingo e pelas 07H30 acordamos com uma manhã radiosa a convidar para um belo passeio. Fui até à varanda do quarto para apreciar a Sé Catedral que ali se abria para um amplo adro lajeado, do século XVIII, com uma fachada combinada de formas do gótico e algumas formas da Renascença.
A Sé de Lamego, foi fundada em 1129 e mantém a torre quadrada original, mas o resto da arquitetura reflete as modificações feitas nos séculos XVI e XVIII, incluindo um claustro renascentista com uma dúzia de arcos bem proporcionados. No século XII, após a restauração da diocese de Lamego, iniciou-se a edificação de um templo maior. A sua localização efetivou-se no Rossio de Lamego, na zona baixa da futura urbe.

Depois de fazermos a higiene matinal, iniciamos a arrumação das malas e fomos tomar o pequeno almoço.

Saímos da residencial às 09H00 no autocarro para uma visita ao Santuário de Nossa Senhora dos Remédios que se localiza no topo do monte de Santo Estêvão e desde 1984, incluindo a escadaria e parque, está classificado como Imóvel de Interesse Público.
As suas festas tradicionais, decorrem anualmente de seis a oito de setembro. O templo apresenta, em sua fachada, traços do estilo barroco e rococó ("rocaille"). A fachada é ladeada por torres sineiras.
Em sua construção foi empregada a pedra de granito. Em seu interior, destacam-se o altar-mor com a imagem da Nossa Senhora dos Remédios esculpida em madeira, e três vitrais com as imagens de Nossa Senhora da Conceição, do Sagrado Coração de Jesus e da Anunciação

Acabada esta visita viajamos até a Peso da Régua que é uma cidade no distrito de Vila Real, situada junto ao rio Douro e que é considerada a capital da região demarcada na qual é produzido o conhecido Vinho do Porto. A Régua deve o seu desenvolvimento ao Marques de Pombal que em 1756 criou a Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro e que mandou delimitar com marcos de granito as áreas de produção dos melhores vinhos. Foi assim criada a primeira região demarcada do mundo. Desde então, e pela sua localização central, a Régua passou a ser o centro da região, um entreposto comercial de onde partiam e chegavam os barcos rabelo que transportavam o vinho até Vila Nova de Gaia onde envelhecia nas caves. A paisagem envolvente da Régua é de uma enorme beleza. O Alto Douro está classificado pela UNESCO como Património da Humanidade. O rio Douro, as vinhas nas suas margens íngremes, a vista a partir dos miradouros da região, são lindas paisagens que deliciam quem visita esta região. O concelho da Régua possui um rico património onde se destacam as casas senhoriais, as grandes quintas produtoras de vinho e os palacetes.

No cais fluvial da Régua embarcamos pelas 10H15 no barco de cruzeiro “Vale do Douro”, que nos levou até ao Porto. Foi um passeio que nos encantou com as bonitas paisagens que nos proporcionou descobrir num dos troços mais famosos e encantadores do Rio Douro.
Foi-nos servido um aperitivo de vinho do Porto de boas-vindas um pouco antes do almoço.
Neste cruzeiro podemos desfrutar de paisagens incríveis como os pequenos aglomerados que cresceram junto ao Rio, paisagens verdes e também urbanas pequenas vinhas cultivadas em socalcos nas encostas, que nos deslumbraram à nossa passagem.
Ao longo do passeio passamos por duas barragens, Carrapatelo e Crestuma-Lever.

A primeira barragem por onde que passamos é a do Carrapatelo inaugurada em 1972 e foi a primeira barragem construída no troço nacional do rio Douro.  Possui uma eclusa navegável com 12,1 m de largura e 85 m de comprimento, com o maior desnível de 35 m, tornando esta passagem numa experiência inesquecível.
A segunda barragem que tivemos o prazer de transpor foi a de Crestuma-Lever, inaugurada em 1985.  Esta barragem é a mais próxima da foz do Douro, de onde dista 22 kms e é a última quando descemos rio. A eclusa vence um desnível de 14 m, sendo o menor desnível de entre as barragens do Douro.
Foi-nos servido um almoço a bordo por funcionários que nos receberam com o maior profissionalismo e simpatia.
Cerca das 17H30 chegamos ao Cais da Estiva, no Porto. Já na zona da Ribeira deslocamo-nos até à Praça do Infante D. Henrique situada em pleno Centro Histórico do Porto, que homenageia o Infante D. Henrique - a mais importante figura do início dos descobrimentos portugueses - que, segundo a tradição, terá nascido nas proximidades, na chamada Casa do Infante, em 1394.

Aqui nesta praça encontra-se o Palácio da Bolsa, ou Palácio da Associação Comercial do Porto, ponto de encontro com o nosso autocarro.

Saímos então do Porto na direção das nossas casas e durante percurso fizemos uma paragem técnica, para diversas necessidades do momento.

Chegamos pelas 21H30 a Tavarede.

Com todas estas voltas chegámos ao fim do passeio…
Foram dois dias em cheio!
Enchemos a vista de paisagens deslumbrantes.
Foram dois dias muito enriquecedores e de grande confraternização entre os participantes.
Despedimo-nos até ao próximo passeio.

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