quinta-feira, 24 de abril de 2014

As Músicas que há 40 anos marcaram a Revolução dos Cravos

"E Depois do Adeus" e "Grândola, Vila Morena" são as canções emblemáticas do 25 de Abril de 1974.

A colaboração entre revoltosos e a rádio começa muito antes do dia 25 de Abril de 1974. Os contactos são feitos entre militares e jornalistas de várias emissoras, preparando-se tudo para que a revolução resultasse. 5 minutos antes das 23h, do dia 24 de Abril de 1974, na rádio Alfabeta dos Emissores Associados de Lisboa, o locutor de serviço - João Paulo Dinis - "lançou" a música "E depois do adeus" de Paulo de Carvalho.
Era o sinal para as tropas avançarem.

Na Rádio Renascença a gravação do alinhamento, que viria a ser o sinal para o desencadear das operações, foi feita na tarde do dia 24 de Abril, por Leite de Vasconcelos, para ser emitida no Programa «Limite», que era realizado em directo, mas algumas partes eram previamente gravadas. Era numa dessas gravações que estava a «senha» - a primeira quadra da música “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso.
Esta segunda senha confirmou a primeira. A partir daqui todo o movimento era irreversível. A Rádio Clube Português é transformado no posto de comando do «Movimento das Forças Armadas», por este motivo a emissora fica conhecida como a "Emissora da Liberdade".

Aos Microfones da Rádio Clube Português, Joaquim Furtado lê o primeiro comunicado às 04h26:
«Aqui posto de comando do Movimento das Forças Armadas.
As Forças Armadas portuguesas apelam para todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a suas casas, nas quais se devem conservar com a máxima calma.
Esperando sinceramente que a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente pessoal, para o que apelamos ao bom senso do comando das forças militares no sentido de serem evitados quaisquer confrontos com as Forças Armadas.
Tal confronto, além de desnecessário, só poderá conduzir a sérios prejuízos individuais, que enlutariam e criariam divisões entre portugueses, o que há que evitar a todo o custo.
Não obstante a expressa preocupação de não fazer correr a mínima gota de sangue de qualquer português, apelamos para o espírito cívico e profissional da classe médica, esperando a sua ocorrência aos hospitais, a fim de prestar a sua eventual colaboração, o que se deseja sinceramente desnecessária.»


PS: Texto e fotos retirados da net.

O 25 de Abril - há 40 anos

Na madrugada do dia 25 de Abril de 1974, Lisboa assistiu a um movimento militar fora do normal. Homens e veículos avançaram, durante a noite, pela capital ocupando, sem grande resistência, vários alvos estratégicos, com o objectivo de derrubar o regime de então.
O auto denominado Movimento das Forças Armadas – MFA – foi comandado por Otelo Saraiva de Carvalho, um dos principais impulsionadores desta acção.
Da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, comandados por Salgueiro Maia, veio o grupo de militares que teve a missão mais importante, que foi a ocupação do Terreiro do Paço e dos Ministérios ali instalados.
Ainda o dia não tinha nascido e já este grupo de homens controlava esta zona da capital. Seguidamente Salgueiro Maia, com os seus homens deslocam-se para o Quartel do Carmo, onde se tinha refugiado o chefe do governo, Marcelo Caetano, que se rendia já no fim do dia entregando a governação provisoriamente ao General António de Spínola. Marcelo Caetano partiu entretanto para o exílio no Brasil.

O 25 de Abril de 1974, que acabou um regime autoritário, que governava em ditadura reprimindo qualquer transição para um estado democrático.
Nessa época havia pobreza, fome, desemprego e a falta de oportunidades para um futuro melhor, provocando um grande fluxo de emigração, agravando as condições da economia nacional.
Passados 40 anos e com este governo, a pobreza voltou a aumentar, com ela a fome está na ordem do dia, o desemprego volta a subir como já há anos não se sentia, principalmente no que toca aos jovens e a emigração aumentou como nunca. A economia nacional está num caos.
Este governo vai ficar na História de Portugal, como aquele que nos fez regressar aos tempos de há 40 anos atrás.
Parece que estamos novamente no 24 de Abril de 1974.
Quem por lá passou sabe do que estou a falar…

O 25 de Abril de 1974 ficará, para sempre, na história como o dia em que Portugal deu os seus primeiros passos em direção à democracia.
O 25 de Abril de 1974 ficou para sempre marcado na História de Portugal.

A minha Cronologia Militar e do 25 de Abril de 1974

O meu Serviço Militar.
Fui às inspecções em que fiquei apurado, como era norma acontecer e obrigatório no Exército.
Passados três dias tive de me apresentar no Centro de Recrutamento e Mobilização em Lisboa, para a inspecção para o Serviço Aeronáutico do qual fiquei apurado para todo o serviço.
Acabei assim por ser voluntário na Força Aérea, desde 21 de Junho de 1972 até 14 de Outubro de 1976.




Entrei na Base Aérea Nº 2 – Ota, no dia 21 de Junho de 1972, onde fiz a recruta e terminei esta no dia 10 de Setembro de 1972.
Na Escola Militar de Electromecânica de Paço de Arcos, iniciei o Curso de Formação de Mecânicos de Rádio de 11 de Setembro de 1972 e terminei a 04 de Maio de 1973.

Voltei novamente à Base Aérea Nº 2 – Ota, agora para ingressar no Curso de Subespecialização de Simuladores de Voo, em 14 de Abril de 1973.
Terminado aquele curso, cheguei finamente à Base Aérea Nº 5 – Monte Real em 28 de Novembro de 1973. Fiquei nesta unidade até passar à Disponibilidade em 15 de Outubro de 1976.
Respondendo à pergunta já habitual: Onde estava no 25 de Abril de 1974?
Como se pode constatar estava a cumprir o serviço militar no 25 de Abril de 1974.
Precisamente neste dia, estava em casa com uma dispensa de serviço, quando a minha mãe me deu a notícia de que havia uma revolução. Quem lhe tinha dado a informação foi a peixeira que naquela época vendia o pescado pelas portas e vinda da Figueira onde havia muita gente que andava pelas ruas a comemorar a dita revolução.
Entretanto é claro que fui de imediato para a minha unidade em Monte Real, onde cheguei com muita dificuldade visto quase não haver transportes.

Como se pode calcular dentro da Base era uma grande confusão.
Ficámos uns dias de prevenção, sem poder ir a casa, com muita indefinição e alguma preocupação.


Foi nessa altura que comecei o meu 25 de Abril de 1974.

sábado, 12 de abril de 2014

SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO TAVAREDENSE

Auto da Serração da Velha
ou
“Auto do Violador no Telhado”

11 de Abril de 2014



Mais uma vez se cumpriu a tradição!
Realizou-se no dia 11 de Abril de 2014, pelas 21.30 horas, a tradicional Serração da Velha ou o “Auto do Violador no Telhado”, que como o nome indica, foi inspirado no musical ainda em cena “O Violinista no Telhado”.

Nota: Agradecemos aos artistas desta peça, a sua presença, os quais se disponibilizaram graciosamente (porque foram bem pagos), para abrilhantarem com grande “profissionalismo” este espectáculo muito cultural.

Como toda a tradição, esta actividade realiza-se em Tavarede, já há muitos anos. Mais uma vez notei que a comunicação social não esteve presente, para assim dar notícia à comunidade. Pode ser que para o ano… 


Mas como somos teimosos mais uma vez cumprimos a tradição e a velha foi serrada. A freguesia de Tavarede voltou a reunir-se, para ouvir o que este ano a “menina Tevyelina Castanha Pilada deixou em testamento”, aquecendo com o calor do convívio, esta noite já de Primavera. Aqueceu principalmente os ânimos das muitas pessoas que ouviram os “pertences” que a velha lhes deixou. É de recordar a essas pessoas que isto tudo não passa de uma brincadeira e que ao se sentirem “ofendidas”, mostram que a carapuça lhes assentou na perfeição.
Mas, como se costuma dizer: Siga o Cortejo!

Iniciámos esta função no Pavilhão da SIT (como todos os anos acontece) tendo seguido pela rua A Voz da Justiça, até ao Largo do Igreja Palácio de Tavarede, onde ali muito perto fica o “Retiro do Alfacevich”, onde se foi buscar (para passear!?) a “Menina Tevyelina” e foi terminar na Sala de “Audiências” do Teatro da SIT.
“EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE TEVYELINA CASTANHA PILADA
Vimos através do presente edital,
……………………………………
Convocar Tevyelina Castanha Pilada,
…………………………………….
Rapariga, entraste na porta errada,
Mordahavik, o juiz vai dá-te sermão!
És uma “menina” chanfrada
Tens de tomar uma decisão…

O “palácio da justiça” não é aqui
Alfacevich, diz-se um grande amigo,
…………………………………….
Nesta noite em primeira convocação
Vens à bruta e de livre vontade,
Visando este passeio com abnegação
Até à nossa querida colectividade.”

O cortejo foi acompanhado com uma salada musical executada pela desafinadíssima Orquestra Sinfónica da Outra Banda, que se fez ouvir em dois minutos de silêncio, com a Mula da Cooperativa, em desrespeito da gozada “menina Tevyelina”.
Durante o tribunal as personagens foram desfilando, acusando ou defendendo a “menina”, sempre com a intenção de levarem alguma coisa…

Yentevina (Contra-Regra): João “Alface” Bastos
Mordahavik (Juiz): António Dinis
Mordechaivik (Regedor): José Alberto Cardoso
Tevyelina (Velha): João Miguel Amorim
Chavalehkina (Médica): Manuel Lontro
Hodelina (Enfermeira): Rui Branco
Goldeína (Sobrinha): Miguel Feteira
Mendelina (1ª Criança): Rafael Cardoso
Tzeitelina (2ª Criança): José Nuno Rodrigues
Bielkina (3ª Criança): Tiago Feteira
Avrahmovik (Advogado de Acusação): António Simões
Lazar Wolfinovik (Testemunha): António Barbosa
Perchikovik (Advogado de Defesa): António Bento
Fruma Sarahov (Primo de Cortegaça): Daniel Santos
Cossavich (Primo de Cortegaça): Mário Viana
Rabinovik (Escrivão): José Manuel
Motelovik (Ajudante de Escrivão): Vítor Azenha
Enrebanavik (1º Carrasco): Artur Correia
Fyedkavik (2º Carrasco): Luís Pires

Já perto do final o Mordahavik - Juiz dá a última palavra à Velha:

…………………..
MORDAHAVIK
TEVYELINA CASTANHA PILADA,
Julgada por avareza,
Antes de ser condenada,
Quer fazer a sua defesa?

TEVYELINA

Peço perdão, senhor Juiz.
Eu já estou arrependida
Pois durante a vida nada fiz
Mas tenho saudades da vida.

Antes da condenação,
Só peço mais um momento,
Para que Robinovik, o escrivão,
Leia o meu TESTAMENTO.”
No seu TESTAMENTO, a desditosa velhinha, espalhou pelas pessoas da sua "amizade" o seu “riquíssimo” espólio, esperando assim satisfazer (ou não) os desejos de alguns herdeiros. Assim e finalmente o Escrivão e o seu Ajudante leram o tão aguardado Testamento:
 “Aos 11 dias do mês de Abril,
Na presença do Mordahavik, o Juiz,
Eu, TEVYELINA CASTANHA PILADA,
Meu Testamento assim fiz:”
…………………….
Acabado de ler o testamento, então o Regedor pergunta, roncando, já meio fatigado de voz:
“Que castigo ela merece
Dizei-me, senhores, meus?
Rifamo-la na quermesse,
Ó pomo-la a encher pneus?

(Dizem todos os participantes:)

Serre-se a velha
Força no serrote
Serre-se a velha
Dentro do caixote!”

Na execução da infortunada menina, foi visto esta, heroicamente fazer a entrega do seu tão maravilhoso e apetecível corpo, às mãos mimosas dos piedosos e bondosos carrascos, que serraram a RÉ, LÁ ao SOL, sem DÓ, nem outra nota de qualquer piedade.
E assim mais um ano foi cumprida esta tradição já muito antiga em Tavarede.

Após o “Julgamento, morte e fuga… da menina TEVYELINA, todos os participantes se reuniram para conviver num animado repasto composto de um variado e abundante conjunto de artigos especialmente confeccionados para dar ao dente e regado com algumas bebidas vigorosas.

Só nos resta fazer desejos de para o ano cá estarmos para cumprir mais uma vez a tradição.
Esperamos por todos o que cá estiveram e também por quem esteve ausente.

ATÉ PARA O ANO!



PS: As fotos foram retiradas da net, mais precisamente do facebook. Quero agradecer ao autor, que pode e deve comentar aqui neste sítio…

sábado, 29 de março de 2014

Aí vem a hora de Verão

É já amanhã, dia 30 de Março, que os relógios vão adiantar uma hora às 01h00 em Portugal.

A hora portuguesa será adiantada na madrugada do próximo domingo, 30 de Março, para entrar no regime de Verão, segundo o Observatório Astronómico de Lisboa.

Em Portugal Continental e na Região Autónoma da Madeira à 01h00 da manhã de domingo, os relógios portugueses adiantarão para as 02h00.

Na Região Autónoma dos Açores, a mudança horária ocorre à meia-noite (hora local, mais uma no continente) e adianta para a 01h00.

Com o horário de verão os dias tornam-se mais longos, devido à posição da Terra em relação ao Sol.



A Primavera já chegou mas com um tempo de Inverno.
A hora de Verão que vai chegar, traz-nos a esperança do bom tempo.
Ele que venha, ficamos à espera.



Nota: informações e ilustração retirados da net.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Passeio ao Museu da Chanfana e ao Parque Biológico da Serra da Lousã

23 de Março de 2014

Pelas 09H00 da manhã saímos do Largo da Igreja de Tavarede, ponto de encontro e de início dos nossos passeios.
A nossa primeira paragem aconteceu para uma confraternização entre todos os companheiros de viagem e para mais algumas necessidades pessoais, em Montemor-o-Velho.
Seguimos entretanto até Penela onde fizemos uma visita.
Penela é uma vila localizada na encosta poente de um monte, na estrada romana que ligava Coimbra a Tomar. Etimologicamente, o termo "penela" é um diminutivo de "peña", "pena" ou "penha", e significava, em baixo latim, cabeço, monte ou rochedo. Tendo em atenção estudos feitos aos vestígios existentes, é de crer que na origem do Castelo de Penela estivesse um primitivo castro lusitano, aproveitado quando da invasão romana da península Ibérica, às passagens sucessivas dos Vândalos, destruidores da fortificação construída pelos Romanos, dos muçulmanos, que tomaram o castelo no século VIII, e das tropas de Fernando I de Leão, tendo a fortificação ficado sob a responsabilidade do conde Sesnando Davides, após a conquista de Coimbra (1064). A povoação recebeu o seu primeiro foral em julho de 1137, concedido por D. Afonso Henriques, constituindo-se portanto num dos Municípios mais antigos do país. O seu castelo é, depois do Castelo de Montemor-o-Velho, o mais amplo e forte que atualmente nos resta da linha defensiva do Mondego.
Património - Castelo de Penela, Castelo de Germanelo, Igreja de S. Miguel, Pelourinho de Penela, Igreja da Misericórdia, Igreja de Santa Eufémia, Igreja Matriz de Podentes, Pelourinho de Podentes, Igreja Matriz do Rabaçal, Villa Romana do Rabaçal, Convento de Santo António, Igreja Matriz da Cumieira, Igreja Matriz do Espinhal, Aldeias Típicas, entre outros.
Em seguida, passámos por Espinhal, uma das freguesias do concelho de Penela. Esta freguesia ocupou um lugar de destaque na História de Portugal, onde encontramos diversas referências, sobretudo devido à importância da estrada que por ali passava fazendo a ligação norte-sul. Desde o século XVI que o Espinhal se encontra ligado a atividades como a fundição do ferro e do cobre e do fabrico do papel.
Atividades estas que desempenharam um papel determinante no desenvolvimento da freguesia. O Espinhal tem também algo para contar no que se refere à passagem das tropas francesas e portuguesas pela vila durante as Invasões Francesas no séc. XIX. A importância desta vila é facilmente comprovada pela existência de várias famílias nobres e das suas residências senhoriais.
Visitámos um dos edifícios mais importantes da freguesia do Espinhal, a Igreja Matriz datada do séc. XVI, a qual se destaca pela sua arquitetura e pela sua escultura.

A hora do almoço estava a aproximar-se e por isso o nosso passeio foi direcionado para o Museu da Chanfana. O Restaurante Museu da Chanfana é uma merecida homenagem à gastronomia tradicional assente na carne de cabra velha, de porco e ainda na caça e pesca. É conhecida Miranda do Corvo como Capital e Berço da Chanfana.
O Museu da Chanfana aparece associado a um conjunto de factos históricos, práticas ancestrais e artes e ofícios artesanais. O aproveitamento integral da cabra reflete a pobreza, ruralidade e a pastorícia da região.
Pratos como a Chanfana, Negalhos e Sopa de Casamento confecionados seguindo a receita genuína e os métodos mais tradicionais, são algumas das experiências gustativas disponíveis. No Restaurante, museu vivo da gastronomia regional, é dada grande importância aos pratos tradicionais de carne de porco como o sarrabulho, o bucho e os enchidos.
Desta apetecida ementa foi escolhida pelo nosso organizador Tó Simões, os seguintes pratos principais:
- Sopa de Casamento: era tradição, no dia seguinte ao casamento, servir o almoço aos convidados. Como nas caçoilas já só havia molho e restos de Chanfana aproveitavam as sobras para fazer a Sopa de Casamento. Para a sopa utiliza-se o pão alternando em camadas com a couve da época, previamente cozida. Rega-se com o molho de chanfana bem aquecido e enfeita-se com os restantes pedaços de carne.  Tal como a chanfana, este prato é cozinhado em recipiente de barro, para depois ir ao forno apurar. Estava uma delícia.
- Chanfana: Miranda do Corvo é berço da chanfana. Crê-se que tenha nascido com as monjas do Mosteiro de Santa Maria de Semide, fundado no Séc XII. A sua difusão foi favorecida pelo facto do Santuário ao Divino Senhor da Serra ser local de peregrinação de toda a região centro, tendo perdido a sua importância no Séc. XX devido ao surgimento de Fátima.
É um prato ligado à vida agro pastoril. A cabra era utilizada para produzir leite e para gerar novos animais. Os cabritos, desnecessários aos rebanhos constituídos por bodes com harém de cabras, eram abatidos e utilizados como manjar dos nobres e famílias ricas. Chegadas ao fim da vida útil as cabras velhas eram cozinhadas nos fornos de lenha também utilizados para o pão e/ou broa. A utilização do vinho garante não só o seu excelente sabor como contribui, junto com a gordura do assado, para facilitar a conservação da chanfana, nas caves do Mosteiro ou nos locais mais frescos e escuros de cada casa. Julga-se que o facto da freguesia de Lamas ser local privilegiado de produção de vinho tenha facilitado o nascimento da Chanfana, também favorecido por Miranda ser terra de oleiros, fabricantes das caçoilas. A carne de cabra é cortada às postas, colocada com os temperos a marinar nas caçoilas e coberta de vinho. A chanfana é prato obrigatório nos dias de festa e imprescindível nas ementas dos casamentos.
- Bacalhau em crosta de broa de milho, para alguns companheiros, de entre os quais para mim e para a minha esposa.
- Nabada foi uma das sobremesas que alguns experimentaram. É um doce conventual originário do Mosteiro de Santa Maria de Semide, Miranda do Corvo. O Mosteiro de Semide, edificado na primeira metade do século XII e com Carta de Couto passada por D. Afonso Henriques em 1154, albergou monges durante três décadas e passou a convento até 1896, data de afastamento da última freira da Ordem Beneditina. A Nabada era servida em recipiente de barro feito nas olarias da região. Miranda do Corvo é considerado «Museu vivo da cerâmica do barro vermelho» com artesanato e indústria de olaria existente desde a Idade Média. O Convento de Semide é conhecido por ter popularizado a receita da Chanfana, Negalhos e Sopa de Casamento, receitas que permitem o aproveitamento integral da cabra velha.
Após este almoço que estava cinco estrelas e agradou a todos os companheiros de viagem, fizemos então a visita ao Parque Biológico da Serra da Lousã está nas proximidades da vila de Miranda, situado na Quinta da Paiva, é uma proposta multifacetada na oferta turística associando a educação ambiental ao enaltecimento de valores e tradições culturais da região. Possui 12 hectares, sendo 7 de área florestal e 5 de área agrícola e social. Dos 12 hectares, apenas 5 hectares são visitáveis pelo público. O Parque Biológico da Serra da Lousã integra um Centro de Informação / Bilheteira, Parque de Vida Selvagem, Quinta Pedagógica, Labirinto de Árvores de Fruto, Roseiral, Centro Hípico, Museu Vivo de Artes e Ofícios Tradicionais com Loja de Artesanato, Museu da Tanoaria e Restaurante Museu da Chanfana.





Geologicamente a Quinta da Paiva é predominantemente formada por arenitos, conglomerados, xistos e grauvaques e constituída por solos com pouca profundidade, denominados cambissolos, que se encontram ainda em processo de desenvolvimento, apresentando uma fertilidade natural mediana. A sua flora reúne um conjunto de 88 espécies, entre árvores, arbustos e herbáceas. De salientar a vegetação ribeirinha, nomeadamente a presença de amieiros, salgueiros e freixos. A Quinta foi palco de uma economia agro-pastoril que motivou, durante séculos, o modo de vida das populações desta região, com estruturas representativas dessa vida comunitária, nomeadamente caminhos vicinais, muros de pedra xistosa, casa do caseiro, rio, açude, levada, moinho de água e engenhos de rega. Neste sentido, o espaço contempla um ecomuseu onde exemplares de engenharia agrícola, hidráulica e eólica poderão funcionar como aulas vivas de etnofísica e etnomatemática, ligando a tecnologia à história. 
Esta visita foi muito interessante e rica em conhecimentos: houve um pouco de diversão, aprofundamento da biofilia, podemos apreciar a natureza e aprender a valorizar o ambiente.

No Santuário do Divino Senhor da Serra em Miranda do Corvo, foi a nossa próxima paragem. A capela primitiva foi construída nos finais do séc. XVII, sendo depois reformada nos sécs. XIX e XX. Destaque para os retábulos colaterais e a imagem do Cristo, comprados. As origens do Santuário estão intimamente relacionadas com a imagem do Santo Cristo colocada onde hoje se ergue a cruz da serra. Foi construída pelas freiras de Semide uma capelinha, mandada fazer entre 1653 e 1663, a qual serviu ainda para albergar a imagem do Santo Cristo, cada vez mais visitada devido à fama crescente de milagres.
Foi esta afluência de romeiros conjugada com o aumento do número de habitantes que impôs a construção do atual Santuário. A capela é uma obra produto das diversas atividades artesanais que se desenvolveram em Coimbra, no fim do século XIX e no princípio do XX, em redor da Escola Livre das Artes do Desenho. O traçado é, ele próprio, uma fusão de elementos neogóticos e românicos -, com predomínio destes, inspirados nos monumentos de Coimbra. Tem uma só nave. A torre ergue-se a meio da frontaria, rasgando-se na base o portal e rematando ela em pirâmide. A capela-mor, poligonal, é de tipo nitidamente românico. Lá dentro podemos apreciar o altar-mor dourado que foi executado pelos alunos da antiga Escola Industrial Brotero em Coimbra sob orientação de João Machado, tal como os belíssimos vitrais, estes sob a direção do prof. Lapierre. Outros pormenores de enorme interesse são os azulejos que revestem as paredes, os quais constituem representações de cenas da vida de Jesus, os altares laterais, provenientes Capela da Misericórdia de Coimbra, a pintura do Tecto, obra do pintor Eliseu de Coimbra e o púlpito de pau preto, que constitui uma obra do século XVII, originário da Sé Velha de Coimbra.
Infelizmente não tivemos a oportunidade de visitar este santuário, pois estava fechado e a pessoa que nos poderia abrir a porta não se encontrava presente. Fica para uma próxima vez.

Como ainda tínhamos algum tempo e um dos nossos companheiros é natura da povoação de Ançã, mostrou vontade de nos dar a conhecer esta localidade. Foi para lá que rumámos para uma pequena visita já tardia pelo adiantar do dia que já escurecia. Foi uma pena! Deixou-nos a todos com água na boca e com vontade de lá voltar noutra altura.
Ançã é uma vila do concelho de Cantanhede, foi elevada a vila em 12 de julho de 2001. O nome Ançã é de origem romana, teriam sido os monges italianos a atribuir-lhe esse nome devido à abundância de água e de caça. O nome de Ançã proveio do italiano abbondanza que etimologicamente deriva do termo latino Anzana cuja declinação passou pelas fases de Anzam, Anzaa, até à sua grafia actual.

A hora estava a aproximar-se para regressarmos a casa. Ainda parámos em Tentúgal, na Pousadinha, onde se petiscou e também levar para casa, algumas das iguarias que ali comercializam.

Pelas 21H15, chegámos a Tavarede.