10 de Agosto de 2014
Pois é, recordo-me muito bem do “Luís Elvira”.
Até à década de 1970, a travessia fluvial do rio
Mondego entre a povoação da Gala e a Figueira da Foz foi assegurada pelo "Luís Elvira", barco de passageiros
que transportava, entre outros, estudantes e trabalhadores dos estaleiros e, no
verão, rumava também a um ancoradouro de acesso à praia do Cabedelo, junto ao
molhe sul do rio, destino que o Saramugo
pretende voltar a assegurar aos banhistas.
Esta embarcação efetua passeios turísticos no rio
Mondego, da Figueira da Foz passando pelos 5 Irmãos, zona onde se inicia a Ilha da
Morraceira, até à
Ereira, em Montemor-o-Velho. A designação dos 5 Irmãos deve-se a, segundo reza a
lenda, uma tragédia em que 5 irmãos foram esmagados por tonéis, quando se
produzia vinho na ilha, no reinado de D. Dinis.
Foi este passeio que um grupo de 38 amigos, escolheram
para passar uns momentos de convívio e boa disposição, não deixando
obrigatoriamente de apreciar a paisagem que vai aparecendo ao longo do rio.
Aconteceu no último domingo.
A
concentração foi às 12H00 junto ao cais de embarque, onde o “Saramugo”, com a capacidade para 40 pessoas nos
esperava.
A
saída foi feita à hora prevista (12H30), talvez com uns minutos de antecipação.
Assim
pelas 12h20, levantámos âncora da marina, rio acima para um passeio para
descobrirmos as margens do rio Mondego, desconhecidas para mim e seguramente se
não para todos, pelo menos para a maioria dos nossos companheiros de viagem.
Após uma pequena introdução por parte de um dos responsáveis do
barco, senhor Jorge, a subida calma do rio continuou, entre o leve ruido de
pequenas ondas que mansamente batiam no casco e o ruido abafado do motor da
embarcação.
Aproximávamo-nos entretanto da Ponte Edgar Cardoso,
conhecida como Ponte sobre o Mondego, que foi
inaugurada no ano de 1982,
desenhada pelo engenheiro português Edgar Cardoso, que a definiu como uma
ponte de tipo suspenso de tirantes inclinados, de 405 metros de extensão com um
viaduto sul de 630 metros e outro a norte de 315 metros. No seu conjunto
perfazem uma extensão de 1421 metros, se considerarmos 46 metros para o
encontro norte e 25 metros para o do lado sul.
Deixando para trás a foz do rio, este foi encurtando as suas margens,
deixando desde logo mais visíveis alguns pormenores.
Este passeio teve a particularidade de nos levar através de um
Rio Mondego com algumas curvas, pequenas
enseadas e sem elevações mas com as margens cobertas de alguma vegetação verde
e característica. Após algumas curvas eis que nos
aparecia alguns lugares calmos e tranquilos que por momentos nos transportou
para um imaginário de paz e tranquilidade.
O
local de maior interesse ornitológico é a ilha
da Morraceira. Esta ilha fica no meio do estuário e é composta principalmente por sapais e
salinas, muitas das quais ainda se encontram em atividade. Entre as aves de maior porte que frequentam
este local destacam-se os flamingos (que frequentemente excedem a centena), as garças-brancas-pequenas e as garças-reais.
Contudo, são as limícolas que mais contribuem para
a riqueza ornitológica deste local, particularmente durante os períodos de
passagem migratória. Estas
aves frequentam o estuário durante a maré-baixa e refugiam-se nas salinas quando a maré sobe. Na época de nidificação a diversidade é mais reduzida, destacando-se o pernilongo e o borrelho-de-coleira-interrompida.
aves frequentam o estuário durante a maré-baixa e refugiam-se nas salinas quando a maré sobe. Na época de nidificação a diversidade é mais reduzida, destacando-se o pernilongo e o borrelho-de-coleira-interrompida.
Também
as gaivotas preenchem o ambiente com os seus pios típicos e que nos deliciam
com as suas acrobacias aeronáuticas
junto às margens e às vezes muito perto do nosso barco.
Era
a hora de almoço e de repente foi montada uma mesa bem no centro do barco, onde
todos os participantes dispuseram o que tinham levado para um repasto gostoso
em conjunto. É claro que não faltaram as bebidas, que para além de refrescarem
também alegraram ainda mais o ambiente.
De
tal modo que ao som de algumas músicas de Quim Barreiros, a animação chegou ao
rubro criando um ambiente de alegria, boa disposição, amizade e convívio. Era
este também o grande objetivo para além da importância que tinha o nosso
passeio. Também se cantaram as canções que fazem parte do reportório do Coral
“Cantigas de Tavarede”, já que estavam presentes alguns dos elementos desse
mesmo coral.
Mas
o rio com as suas águas calmas continuava a oferecer-nos paisagens de rara
beleza, onde se podiam apreciar autênticos
espelhos que refletiam na água a paisagem envolvente. O rio ia-se revelando assim
único e fascinante, mostrando-se sempre calmo e sedutor e que nos ia deixando
com a curiosidade de saber o que mais teríamos para ver.
O final da viagem já
estava perto, mas eis que se aproximava a ponte de caminho-de-ferro, que fazia a ligação para a linha do Oeste. O rio
com as águas subidas pela influência da maré-cheia, dava-nos a sensação de que
o nosso barco não passava por baixo desta ponte de metal.
De facto quem ia na parte superior do barco, não pode ir em pé.
Foi uma sensação engraçada e mais um motivo de interesse para todos. Cheguei a
tocar com a minha mão na ponte.
Pouco
depois terminava assim este nosso passeio por este rio que muito me surpreendeu
e que aconselho a todos
que partam também á descoberta desta fabulosa zona da Figueira da Foz que muito
poucos conhecemos e que em nada fica atrás, pelo contrário, de outros locais em
Portugal e também no
estrangeiro.
Chegamos
ao cais de embarque perto das 17H00.
Obrigado
aos tripulantes da embarcação pelo ótimo atendimento, pelo dia diferente que
nos proporcionaram e sem dúvida com muito profissionalismo.
Parabéns pela excelente reportagem!Foi um dia maravilhoso de convívio, que teremos sempre presente!
ResponderEliminarUm abraço