sexta-feira, 18 de outubro de 2019

PASSEIO A SETÚBAL ENTRE GASTRONOMIA, DOCES E VINHOS

24 a 26 de Setembro de 2019

2º Dia - 25

Os quartos modernos e climatizados do Hotel Ibis Setúbal têm uma decoração simples e contemporânea que nos ofereceram uma noite descansada e relaxada. Decidimos fazer às 08H00 o check-out no Hotel IBIS Setúbal e depois tomar o pequeno-almoço num supermercado existente ali perto.
O Zé Manel teve que se agarrar ao volante da carrinha.

Iniciámos o nosso passeio passando pela rotunda das Fontaínhas, onde podemos encontrar outra das esculturas o “Choco Pessoa”, inspirada na escultura evocativa de Fernando Pessoa existente no café “A Brasileira”, em Lisboa. Aproveitamos para tirar umas fotos sentados na cadeira junto ao dito choco.
Como Setúbal é uma cidade de pescadores, nada melhor do que um passeio pelo Mercado do Livramento, na Avenida Luísa Todi, para podermos sentir o ADN da cidade.
Este mercado é muito movimentado e até já foi considerado dos melhores do mundo. Por lá encontramos peixe, fruta, queijos, pão, flores… que enchem as bancas e são um espetáculo digno de olhar. Valeu apena visitar este Mercado do Livramento não só pelo comércio variado que ali se realiza, mas também pelo edifício, inaugurado em 1930, com colunas em ferro fundido, enormes painéis de azulejos no interior das décadas de 30 e 40. Se a fachada não deixa ninguém indiferente o interior impressiona ainda mais, sobretudo pela riqueza dos retábulos trazidos do Convento de Jesus.
Também ficamos muito admirados com algumas esculturas de figuras típicas do Mercado, representado o descarregador de peixe, a vendedeira de galinhas e de ovos, o homem do talho e a vendedeira de flores, peças oferecidas pela Fundação Buehler-Brockhaus.
Mais uns motivos para umas fotografias.
Depois desta interessante e original visita, dirigimo-nos para o porto de Setúbal para fazermos a travessia de ferry entre Setúbal e a península de Tróia, onde a nossa carrinha entrou e foi divertido.
Durante o trajeto podemos sair dos veículos, percorrendo quase todos os locais do barco, incluindo até à zona mais alta para apreciar a paisagem. Durante o percurso, podemos apreciar o Rio Sado, finalmente a Serra da Arrábida, embora ao longe, já que ontem por impossibilidade atmosférica não nos foi possível e os contornos citadinos de Setúbal ou Tróia. A península de Tróia com cerca de 17 quilómetros de comprimento e 1,5 de largura, situa-se no litoral da freguesia de Carvalhal, no concelho de Grândola, entre o oceano Atlântico (a oeste) e o estuário do rio Sado (a leste).
 
O desembarque foi feito perto do Pestana Tróia Eco-Resort. Já dentro da nossa carrinha fizemos um passeio por alguns dos locais mais procurados nesta península: a marina, o campo de golfe, o casino, alojamentos e restauração, praias e na parte norte as ruínas romanas de Tróia.
Deixo aqui um pouco da história deste local, apesar de termos decidido não o fazer nesta altura. “Era conhecida por Ilha de Ácala, como era conhecida na Roma antiga, a poucos minutos da zona central de Troia. É uma viagem no tempo até às ruínas do maior centro industrial de salgas de peixe do Império Romano, ocupado até ao séc. VI. Percam-se pelas habitações, túmulos e pelos banhos quentes e frios. São seis séculos de história, entre o séc. I e o séc. VI d. C., num espaço abençoado pela natureza. Troia, a “Pompeia de Setúbal”, conforme foi referida por Hans Christian Andersen, foi pensada à escala do Império. Todos os anos são descobertos vestígios, que podem conhecer nas exposições arqueológicas, visitas guiadas e eventos temáticos que as Ruínas organizam. Comecem por se deixar levar pela beleza natural do sítio, por entre dunas junto a uma laguna e se prolonga ao longo da orla do estuário do Sado. O percurso de visita (podem optar por ir sozinhos ou com guia) convida-vos a recuar até ao séc. I d.C. e a conhecer um monumento nacional que sobreviveu mais de 2000 anos. As casas, fábricas, termas, mausoléu e necrópole, construídas à imagem de Roma e que identificam claramente a cidadania e forma de pensar romanas, são impressionantes e estão muito bem conservadas. É impossível ficar indiferente à presença dominante das oficinas e dos seus tanques onde era salgado o peixe e se faziam os emblemáticos molhos de peixe vendidos por todo o Império. A sua quantidade faz-nos pensar na imensidão de pessoas que trabalhavam o peixe, desde os pescadores aos escravos e seus senhores.”
Aqui fica um pouco da história sobre as ruínas romanas de Tróia.
Mas foi neste cenário idílico e complementado por zonas naturais de excelência como a Reserva Botânica das Dunas da Península de Tróia e o fantástico Estuário do Rio Sado, que fizemos uma paragem para um ”lanche”, constituído por artigos adquiridos na região.
A nossa mesa foi na traseira da carrinha que era enorme e ali dispusemos as nossas iguarias: Queijo de Azeitão, pão e vinho setubalense…
E como servir o Queijo de Azeitão?
Segundo informação adquirida:
Deve ser servido à temperatura ambiente. Colocar o queijo numa base. O corte deve ser feito ao meio, para que possa apreciar a pasta untuosa a deformar lentamente. Partir em pequenas fatias e servir.
Acompanhar com um bom vinho tinto da região e pão caseiro.”
Garanto termos seguido a informação à risca!

De seguida iniciamos o nosso passeio pela Costa Alentejana.
Passamos pela região da Comporta, freguesia do concelho de Alcácer do Sal. A Comporta é famosa pelas suas praias de enorme qualidade e pelo clima ameno durante o verão. A praia da Comporta tem areia branca e um mar azul, conferindo-lhe um aspeto paradisíaco. Esta praia tem sido galardoada com a Bandeira Azul ao longo dos anos, símbolo da qualidade que por aqui poderá encontrar. A Comporta está integrada na Reserva Natural do Estuário do Sado, conferindo-lhe as condições necessárias para o desenvolvimento das mais de 200 espécies de aves que por aqui existem.

Seguimos para sul pelo litoral alentejano.

Com uma localização privilegiada, depois de passarmos pela Comporta viramos em direção a Melides e depois de passar Pinheiro da Cruz e alguns parques, existe um lugar excelente para se desfrutar de uma boa refeição, à esquerda, Restaurante Tia Rosa, em Fontainhas Do Mar.
Os pratos principais são de confeção caseira e raízes alentejanas. Iniciámos por:
- uma Canja de Pato com um raminho de hortelã, que lhe deu um sabor rústico e bastante agradável;
- um dos pratos principais que destaco é o Pato Assado no Forno, com laranja e batata assada com cebola; o pato era macio por dentro e crocante por fora, uma verdadeira delícia; a acompanhar o prato, pois fazia parte do mesmo, veio um Arroz de Miúdos de Cabidela, com uma crosta de ovo que também foi ao forno, simplesmente divinal;
- outro dos pratos escolhidos foi o Borrego no Forno, acompanhado com legumes salteados com batata doce, uma boa combinação;
- tudo acompanhado por um bom vinho da casa, Breijinho da Costa;
- uma refeição desta qualidade nunca estaria completa sem o degustar de uma boa sobremesa alentejana: a Sericaia, claro acompanhada com uma boa e generosa ameixa em calda, sem palavras… 
Este é um conceito de casa típica e modesta. O ambiente é muito acolhedor, com um staff muito simpático e com serviço agradável e bastante eficiente.

Estávamos na freguesia de Melides, uma freguesia do concelho de Grândola.
Decidimos conhecer a Praia de Melides, situada no litoral alentejano é considerada a praia com a maior extensão do país.
Fizemos apenas uma visita, melhor ainda, uma passagem em andamento lento pois era nossa intensão visitarmos e demorarmos mais um pouco na Praia e Lagoa da Costa de Santo André, onde poderíamos fazer a nossa digestão ao saboroso almoço que tínhamos acabado de fazer.
Lá fomos até junto à Lagoa de Santo André, integrada na área de Reserva Natural, a Praia da Costa de Santo André é um longo areal simultaneamente banhado pelo Oceano Atlântico e pelas águas tranquilas da lagoa.
Estacionámos a carrinha num parque de estacionamento que aquela hora se encontrava praticamente vazio, mas rodeado por dunas, uma praia de mar agitado mas muito procurada pelos veraneantes, pois podem optar pelas águas mais calmas da lagoa, onde se pode praticar windsurf e canoagem ou simplesmente para passear e observar uma belíssima paisagem, que foi aquilo que fizemos.

Confraternizamos em alegre cavaqueira e amizade e não deixamos de tirar mais algumas (muitas) fotografias e também as selfies da moda.
Voltamos à nossa carrinha a caminho de Sines, no litoral do sudoeste alentejano. Só por curiosidade e também com o intuito de aprender ou recordar sempre alguma coisa, foi por volta de 1469, que nasceu em Sines, Vasco da Gama, uma das maiores figuras da história portuguesa e europeia, o descobridor do caminho marítimo para a Índia. É atualmente um importante centro de comércio e serviços, com portos, produção de polímeros, produção elétrica, combustível, pesca e turismo. Tem como principais monumentos e edifícios de interesse: o Castelo de Sines, Museu de Sines/ casa de Vasco da Gama, Igreja de Nossa Senhora das Salas, Igreja Matriz e o Centro de Artes de Sines.
A nossa proximidade desta cidade, desta fez teve de ficar mesmo apenas pela passagem e uma pequena e curta paragem na zona do porto. Ficará para outra altura uma visita que de certeza não nos arrependeremos.

Continuamos o nosso passeio para sul pois que a cerca de 16 km, encontra-se Porto Covo, um dos nossos objetivos para o dia de hoje. É uma encantadora aldeia de pescadores, como confirmámos, com um largo geométrico e regular das suas casas brancas com barras azuis, sendo um testemunho vivo da arquitetura popular do século XVIII.
Podemos admirar as suas imponentes falésias, as diversas praias de águas cristalinas e a Ilha do Pessegueiro ou a Albufeira de Morgavel. Daqui podemos olhar para norte e vislumbrar ainda a Reserva Natural da Lagoa de Santo André, onde tínhamos estado alguns minutos antes. Para Sul é já parte do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina.
Encontramos uma enseada em forma de concha, a praia dos Buizinhos, que se chama assim, dizem, porque o seu pequeníssimo areal está cheio de búzios.
Finalmente estivemos a olhar, admirados, muito felizes e pela primeira vez A Ilha do Pessegueiro (situada ao largo de Porto Covo), é um importante local a nível paisagístico e histórico. Foi local onde na época romana existiu um centro portuário e produtor de conserva de peixe, e refúgio de piratas durante séculos. No século XVII foi construído um forte na época de D. Pedro II, onde são visíveis à data atual o seu fosso e muralhas quase intactas.
Haverá algum texto sobre Porto Covo e a Ilha do Pessegueiro que não faça referência à canção de Rui Veloso? Em Portugal, a ilha ficou ainda mais conhecida através do sucesso desta música:
“Roendo uma laranja na falésia
Olhando o mundo azul à minha frente,
Ouvindo um rouxinol na redondeza,
No calmo improviso do poente

Em baixo fogos trémulos nas tendas
Ao largo as águas brilham como pratas
E a brisa vai contando velhas lendas
De portos e baías de piratas

Havia um pessegueiro na ilha
Plantado por um Vizir de Odemira
Que dizem que por amor se matou novo
Aqui, no lugar de Porto Côvo”


A lua já desceu sobre esta paz
E reina sobre todo este luzeiro
Á volta toda a vida se compraz
Enquanto um sargo assa no braseiro


Ao longe a cidadela de um navio
Acende-se no mar como um desejo
Por trás de mim o bafo do destino
Devolve-me à lembrança do Alentejo

Havia um pessegueiro na ilha
Plantado por um Vizir de Odemira
Que dizem que por amor se matou novo
Aqui, no lugar de Porto Côvo

Roendo uma laranja na falésia
Olhando à minha frente o azul escuro
Podia ser um peixe na maré
Nadando sem passado nem futuro

Havia um pessegueiro na ilha
Plantado por um Vizir de Odemira
Que dizem que por amor se matou novo
Aqui, no lugar de Porto Côvo

A seguir ainda parámos na povoação de Porto Covo num café para nos refrescarmos, antes de nos deslocarmos até Vila Nova de Milfontes.

Chegámos a Vila Nova de Milfontes, vila do concelho de Odemira, distrito de Beja, situada na margem norte da foz do rio Mira. Encontra-se inserida no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. É conhecida por Princesa do Alentejo é uma pequena vila pesqueira com uma forte ligação ao mar. No final da reconquista cristã, o litoral alentejano era um território escassamente povoado e desorganizado, como tal, o rei de Portugal D. Afonso III fez largas doações à Ordem de Santiago como recompensas pelo seu importante papel na guerra contra os mouros. Por se situar na costa, esta região era frequentemente assolada por piratas, que pilhavam e assaltavam a população e as embarcações. Para sua defesa no final do século XVI foi mandado edificar o Forte de São Clemente ou Castelo de Vila Nova de Milfontes. Esta localidade está ligada ao grande feito da aviação portuguesa que foi a primeira travessia área entre Portugal e Macau, realizada por Brito Paes, Sarmento Beires e Manuel Gouveia. Foi a 7 de Abril de 1924 que os pilotos partiram do Campo dos Coitos, junto a Milfontes, rumo ao Oriente. Em homenagem aos aviadores e ao seu feito histórico, foi erguido na Praça da Barbacã, junto ao forte, um monumento que recorda a heroica viagem. Note-se que o Comandante Brito Paes era natural do concelho de Odemira, mais concretamente de Colos.

O nosso primeiro passo foi fazermos o check-in no Hotel Pátios da Vila, Rua Eira da Pedra Lote 1, situado a 50 metros do River Inn, hotel onde tínhamos reservado os nossos quartos com varandas privadas.
Após recolhermos as chaves dos aposentos, levamos as nossas bagagens para o River Inn by AC Hospitality Management, situado na Rua D. João II. Situado numa área com uma excelente localização: Foz do Rio Mira - 200 m; Forte de São Clemente - 200 m; Praia das Furnas - 800 m; Praia do Farol Mar/oceano - 400 m; restaurantes entre os 200 e os 600 m.
Depois de já estarmos instalados e das informações recebidas pela simpática e muito competente rececionista do Hotel Pátios da Vila, decidimos por sua sugestão irmos jantar ao Restaurante A Choupana, que ficava a cerca de 600 m, mesmo junto à Praia do Farol. Como já tinha anoitecido e a temperatura tinha arrefecido um pouco, decidimos ir na carrinha.
O Restaurante A Choupana está instalado numa cabana de madeira, montada em cima da areia, com janelas abertas para o mar e uma grelha sempre acesa onde entram e saem peixes e carnes. Dali segundo informação pode-se apreciar um espetacular pôr-do-sol do litoral alentejano. O espaço é rústico. O menu é composto de peixes, bom bacalhau e ótimos frangos assados. Como a noite já estava um pouco avançada já havia pouca variedade de pratos. Mas ainda podemos apreciar uns bons robalos e sardinhas grelhadas na brasa, mesmo ali à nossa frente.
Os pratos são bem confecionados. Como o Sol já se tinha posto achei a iluminação insuficiente no interior do restaurante. Os funcionários foram simpáticos q.b.
Aconchegados, mas um pouco desiludidos, pela fama que o restaurante tinha, ficamos com um sentimento de que soube a pouco, que poderia ter sido melhor.
Entramos novamente na carrinha para a estacionarmos junto ao nosso hotel.

Acabou a condução do Zé Manel, finalmente o descanso.

Como ainda tínhamos algum folgo e vontade de conhecer Vila nova de Milfontes, fomos dar uma pequena volta pela vila. Mas estava tudo fechado e a pouca iluminação das ruas não nos deixava ver nada de interesse.

Pensamos, então, ir tomar um drink num estabelecimento hoteleiro que ainda se encontrava aberto e tinha uma esplanada, o HS Milfontes Beach - Duna Parque Hotel Group, na Avenida Marginal de Vila Nova de Milfontes, junto à Baía do rio Mira, e que mesmo de noite tinha uma vista lindíssima da sua foz. O HS Gin Bar foi uma excelente escolha para desfrutarmos de uma bebida e conversarmos um pouco. Fizemos um apanhado do nosso dia de viagem e combinámos o início do dia seguinte.
Mas o cansaço já pedia para nos recolhermos ao Hotel River Inn By AC Hospitality Management para um descanso bem merecido, ou seja, dormir.

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