segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO TAVAREDENSE

114º Aniversário

Teve inicio no dia 06 de Janeiro as comemorações do 114º Aniversário da SIT e que se vão estender até ao dia 03 de Fevereiro conforme o Programa seguinte:
Saliento o dia 21 de Janeiro, em que aconteceu a Sessão Solene, na qual a SIT distinguiu 32 elementos que atingiram 50 anos de associados.

A direção homenageou as seguintes colaboradoras: Maria da Conceição Caetano, Rosa Cação e Augusta Marques; foi entregue também menções honrosas a duas entidades externas à coletividade: ao Padre Matos e à Tuna de Tavarede.

O momento alto desta sessão foi a entrega de Diplomas de Sócios Honorários a Ilda Simões, José Manuel Cordeiro Oliveira, José Miguel Lontro e Nuno Pinto.
Ramo de flores entregue pelo meu neto mais novo Pedro

Tendo sido eu, José Manuel Cordeiro Oliveira, um dos homenageados não posso deixar passar o momento e este local sem deixar de dizer algumas palavras descrevendo o que sinto pela honra concedida.

Em primeiro lugar quero agradecer à Direção da SIT ter apreciado o trabalho que realizei ao longo dos já muitos anos que frequento esta coletividade, tal como dizem, com dedicação e amor e tenha proposto à Assembleia Geral conferir-me o título de Sócio Honorário.

Sinto-me honrado. Não é uma coisa que se recebe todos os dias.

Fiz de alguma forma parte deste percurso histórico de 114 anos da SIT, que só tem sido possível com trabalho voluntário, com a dedicação constante e abnegada dos sócios.

De facto, não existem coletividades sem sócios. Uma coletividade é feita de sócios, para os sócios mas também com os sócios. Só assim se cumpre em pleno a missão de uma coletividade. Pede-se, exige-se mais protagonismo aos sócios, com uma participação ativa, sentida e com amor na vida da SIT.

São já muitos os anos que colaboro nesta casa, tenho muitas recordações, da vivência no seio desta grande família associativa.

E que honra e orgulho eu tenho de pertencer a esta fascinante família! Com altos e baixos, como em todas as famílias.

Há cerca de 60 anos que a SIT me traz ao colo e lembro-me que com os meus 6 anos, já começava a querer imitar as pessoas que pisavam este palco e me marcaram de maneira definitiva. Que prazer e orgulho eu tenho de ter convivido e contracenado com eles.

Não posso deixar de lembrar do Mestre José Ribeiro. Vai ficar para sempre comigo, envolto em saudade e avalio aqueles momentos em que convivi com ele, como uma oportunidade única para o aprendizado constante – pintei cenários e apontamentos, fiz adereços, puxei cortinas e até cheguei a representar – sempre debaixo da sua batuta. Em 1961, tinha eu os meus 14 anos, quando um certo dia ao chegar a casa, vinha da escola, a minha mãe me disse que tinha de ir a casa do senhor José Ribeiro. Ele queria falar comigo. Fiquei em pânico, mas lá fui, não muito à vontade, não sabia o que é que ele queria. A irmã D. Teresa lá me encaminhou até ao seu escritório. Saí de lá mais calmo, mas com uma tarefa: pintar o Brasão de Tavarede. Foi o meu primeiro trabalho para o teatro da SIT.

São muitas destas histórias, muitas mesmo, que jamais vou apagar da memória, para poder reviver em cada dia um pedaço do passado – esse nosso velho hábito de dizer não ao esquecimento.

É necessário continuar na SIT a ter consciência plena do que é uma coletividade, do que é trabalhar em grupo. E, embora hoje as “coisas” sejam um pouco diferentes do que eram há alguns anos, o espírito terá que ser o mesmo, o de todos pretenderem que todos se saiam bem, que tudo aconteça na hora certa e que o espetáculo seja um êxito.

Esta riqueza artística e humana, permite, ao privilegiar o coletivo, evidenciar que fazer teatro é muito mais que estar em cena.

Tem-se revelado, também, que o princípio da divisão de tarefas e de responsabilidades propiciam um universo de possibilidades e de perspetivas com ótimos resultados finais.

Hoje como ontem o bom Teatro em Tavarede é uma realidade.

Sou de outra geração e vivo esta geração, é uma nova realidade.

Recordo assim todos os atores e outros colaboradores que passaram por mim e pelo palco – música, carpintaria, pintura e montagem de cenários, iluminação, guarda-roupa... – legando à cena teatral um trabalho que conseguiu aliar criatividade, ousadia e inteligência, mescladas ainda, com um singular talento, deixando uma história repleta de inspiração e de amor ao teatro. A história da SIT.

Obrigado a todos eles.

Viva a SIT!

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