terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A VIDA É UMA...

A VIDA É UMA…

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.”
Charles Chaplin


A Vida é uma…
Aprendizagem sempre presente
Que fica entre o sonho e a recordação.
Mas qual será o sentido da vida?
Há porém uma diferença constante,
É poder manter a cabeça erguida
Sem deixar de olhar para o chão.

A Vida é uma…
Encenação onde a cada pessoa

É possível sonhar e fazer planos…
São oportunidades perdidas
Por timidez ou por orgulho à toa,
Próprio dos humanos.
São desafios e imagens assumidas…


A Vida é uma…
Viagem no espaço e no tempo…
É uma fuga à realidade de cada dia,
Com embarques e desembarques
Nas estações do pensamento.
A própria vida é sabedoria,
É um espaço para retoques…

A Vida é uma…
Passagem doce e quente
Onde se vê nascer os filhos,
Vê, nascer e crescer os netos.
Mas um dia estarei ausente.
Estarei a percorrer outros trilhos
Suaves de mistérios secretos…

A Vida é uma…
Oportunidade onde vou usar
Todos os meus brinquedos de criança,
Que traduzam amizade, amor e emoção.
Vou arranjar um amigo para me aconselhar!
Ter duas vidas, em uma, é uma esperança!
E desfrutar a vida é uma boa razão…

A Vida é uma…
Busca para uma nova descoberta.
O mundo é o riso de crianças
Colorindo as horas com aguarelas...
O corpo é uma caixa que me aperta
E me aprisiona as lembranças.
Os sonhos de infância são janelas…

A Vida é uma…
Aventura, é uma imagem no espelho,
É um relógio que não pode parar,
É um tempo que brota num repente
E num instante, sem saber, fico velho…
Para tudo há uma razão, basta confiar!
Mas aquele último passo não se sente…

A Vida é uma…
Promessa de lembranças que enfrentamos,
Sensações da juventude resgatada,
Um caminho trilhado com saudade.
Desejos sinceros que suportamos
Num seio de inocência aconchegada…
Sentimentos que terminam numa verdade.

A Vida é uma…
Esperança que nasce todos os dias!
E há sempre o desejo de ser criança!
E uma saudade ao entardecer.
Descubro assim as minhas poesias…
Quero mudar o Tempo que traz esperança

E de novo eu quero viver!

A Vida é uma…
A Vida é (só) uma…
A Vida podia ser Diferente?
Poder, podia,
Mas não era a mesma coisa!


A Vida é uma…
Só uma!
E num instante,
Num instante,
Os fogos de artifício rebentam!
O Ano Novo aí está!
O Ano Velho ficou não sei onde.
E num instante,
Tilintam as taças de champagne.
E o vinho borbulhando
Anuncia que outro Ano Novo chegou.
E num instante,
Os homens esquecem o passado,
Fazem promessas para o futuro.
(Têm esperança para um futuro melhor)…
A vida é só uma
E como é bom vive-la!
Feliz Ano Novo!


Nota: As fotos foram retirados da net.

SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO TAVAREDENSE

Sociedade de Instrução Tavaredense
Fundada em 15 de Janeiro de 1904

Integrada no Programa Comemorativo do 106º Aniversário, o Grupo Cénico da SIT, estreia a peça O Inspector-Geral de Nicolau Gogol, no dia 16 de Janeiro de 2010, com a adaptação de Fernando Romeiro.

Personagens e intérpretes

Anton Antonovitch – governador …………………………… Fernando Romeiro
Ana Andreievna, sua mulher ………………………………… Helena Rodrigues
Maria Antonovna, sua filha …………………………………… Raquel Rodrigues
Inspector escolar …………………………………………………… Valdemar Cruz
A mulher do Inspector Escolar ……………………………………. Carla Godinho
Juiz ……………………………………………………………………… José Medina
Comissário dos Institutos de Caridade …………………..…….. António Barbosa
Chefe dos correios …………………………………………… João Miguel Amorim
Dobchinski, proprietário ……………………………………. José Manuel Cordeiro
Bobchinski, proprietário …………………………………………….. Rogério Neves
Ivan Klestakov …………………………………………………. José Miguel Pereira
Ossip, seu criado …………………………………………… José Alberto Cardoso
Médico do distrito ……………………………………………… João Pedro Amorim
Chefe da polícia ………………………………………………….. Jorge Rodrigues
Agente da polícia …………………………………………………….. Miguel Feteira
Comerciante ……………………………………………………….. Manuel Lontro
Mulher de um serralheiro ………………………………………….. Manuela Mendes
A viúva do sargento ……………………………………... Maria da Conceição Mota
Criada do governador ………………………………………………… Inês Fonseca
Um criado da estalagem ………………………………………. Jorge Filipe Oliveira

Encenação …………………………..…… Fernando Romeiro
Contra-regra ……………………….……. João Pedro Amorim
Ponto …………………………………….. Otília Cordeiro
Luz e Som ……………………………….. Nuno Pinto
Cenografia ………………………………. José Manuel Cordeiro
Costureira / Guarda-Roupa …………… Sílvia Pedrosa
Montagem ………………………………… José Alberto Cardoso
O Inspector-Geral
O governador de uma cidade do interior da Rússia czarista recebe a notícia de que um inspector do governo está prestes a chegar. Um funcionário vindo de São Petersburgo, que entretanto tinha chegado a uma estalagem da cidade, é confundido com o inspector. Esta confusão vai originar toda a acção que o espectador vai ver representada diante de si.
Estamos perante uma reflexão divertida sobre os comportamentos humanos no contexto de uma determinada sociedade, tendo como pano de fundo o exercício do Poder e da Corrupção, temas tão actuais agora, como o eram no século XIX e como o foram sempre.

domingo, 13 de dezembro de 2009

PODIA SER NATAL TODOS OS DIAS!

O Natal é uma época tradicionalmente festiva.
Estamos em plena época natalícia. É uma época mágica onde as pessoas são contagiadas com um pouco de tudo.As ruas iluminadas em muitas localidades fazem com que as pessoas se sintam envoltas no espírito de Natal. E as lojas das grandes superfícies e até as mais modestas de bairro e quiosques, estão cheias de tudo o que se possa imaginar. As condições para a grande festa do consumo estão preparadas. É difícil ficar indiferente aos apelos comerciais, que nos convidam e incentivam à compra. Os anúncios e as publicidades têm neste tempo o condão de fazer esquecer as desigualdades que acontecem em todos os lugares do mundo e a todo o momento.
As casas estão decoradas cada uma à sua maneira, consoante o gosto de cada um. Na minha casa desde sempre os meus pais me habituaram a fazer um presépio e montar uma árvore de Natal. Após o nascimento da nossa filha, eu e a minha mulher continuamos com esta tradição. Mesmo agora que ela já não vive connosco este costume mantém-se. Agora com um presépio mais simples, constituído apenas pela Sagrada Família.
As decorações e as luzes coloridas são os motivos que mais me animam e incentivam.
As compras prioritárias são as prendas, que preparo (embrulho e decoro) e guardo, umas para a noite e outras para o dia de Natal. É claro que este ano o nosso cuidado foi todo para a escolha de prendas para o nosso netinho Tiago, que irá passar o seu primeiro Natal entre nós.
E como o Natal é o nascimento de Jesus, este ano a comemoração tem outro sabor pela presença do nosso netinho.
E a nossa atitude inspira-nos à confraternização, ao desejo de felicidade e aos votos de alegria.
É urgente que o espírito do Natal contagie o ano inteiro!
Porque as pessoas só se lembram do Natal apenas na época do Natal, esquecendo-se que as desigualdades entre as pessoas duram todo o ano.
E este tempo é um óptimo momento para reflexão sobre meio ambiente.
O consumo está na ordem do dia: as comidas e as bebidas, os enfeites de Natal, as roupas novas e principalmente as que estão na moda (com as cores da moda), as decorações para a casa, as árvores de Natal enfeitadas (felizmente artificiais), os presentes (toneladas de presentes), e… Este consumismo obriga a gastos exorbitantes de papel para os embrulhos dos presentes, a rolos e bobinas de fitas decorativas sem controlo e a uma infinidade exasperante de sacos de todas as tipologias e formas.Hoje este mundo já sofre com as doenças, os malefícios do consumismo, das compras descontroladas, da não sustentabilidade de todo um processo que é também capaz de produzir a alta tecnologia, a riqueza (?), o emprego (?), os alimentos (não suficientes), a qualidade de vida (infelizmente não é para todos) e todos os benefícios de que hoje podemos dispor (mas não toda a gente).
Os recursos naturais estão-se a esgotar, principalmente as matérias-primas e a energia. O colapso ambiental está aí, a “bater-nos à porta”. Todos os dias as notícias nos fazem pensar (preocupar) cada vez mais, quando nos bombardeiam com as mudanças climáticas que ocorrem no nosso Planeta.
É preciso avaliarmos os nossos hábitos de consumo e valorizarmos mais a nossa vida e a de todos nós. O aumento desenfreado do consumo incentiva o desperdício e a grande quantidade de lixo.
A CARTA DA TERRA, diz que chegou o momento de mudarmos e para tal devemos:
“Fazer para conservar o mundo:
- respeitar a natureza e cumprir os direitos humanos,
- providenciar para que todos tenham o que necessitam para viver,
- viver sempre em paz.
Ajudar a conservarmos e melhorarmos o mundo em que vivemos.”


E sem querer estragar a festa do Natal, desejo que possamos adoptar hábitos mais sustentáveis de consumo, desistindo do que é inútil e dispensável, dando mais destaque à verdadeira mensagem do Natal, que é aquela que desvaloriza o valor das prendas e valoriza a pessoa humana.Não quero acabar sem deixar um pensamento de Dalai-Lama, que vem muito a propósito e dá para pensar e muito:
“Estamos todos aqui neste planeta, por assim dizer, como turistas... O mais importante de tudo é ser uma pessoa boa”.

Apesar de tudo o que escrevi, desejo, sinceramente, a todos um Natal Feliz e um próspero Ano Novo para todos e para todo o nosso PLANETA!Nota: As fotos e desenhos foram retirados da net.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

QUEM FAZ ANOS?

Ary dos Santos

José Carlos Ary dos Santos era filho do médico Carlos Ary dos Santos e de Maria Bárbara de Miranda e Castro Pereira da Silva. Nasceu na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, a 07 de Dezembro de 1936 e faleceu a 18 de Janeiro de 1984 na mesma cidade. Ficou conhecido no meio social e literário por Ary dos Santos.
Frequentou o Colégio de São João de Brito, em Lisboa, tendo-se encontrado entre os alunos do seu curso fundador.
A sua obra literária inicia-se no mesmo ano em que a sua mãe morre, aos 14 anos, quando vê publicados, através de familiares, alguns dos seus poemas, considerados maus pelo autor. No entanto, Ary dos Santos revelaria verdadeiramente as suas qualidades poéticas em 1954, com dezasseis anos de idade. É nessa altura que vê os seus poemas serem seleccionados para a Antologia do Prémio Almeida Garrett.
É então que Ary dos Santos abandona a casa da família, exercendo as mais variadas actividades para seu sustento económico, que passariam desde a venda de máquinas para pastilhas até à publicidade. Contudo, paralelamente, o poeta não cessa jamais de escrever e em 1963 dar-se-ia a sua estreia efectiva com a publicação do livro de poemas A Liturgia do Sangue (1963).
Em 1969 inicia-se na actividade política ao filiar-se no PCP, participando de forma activa nas sessões de poesia do então intitulado "canto livre perseguio".
Entretanto, concorre, sob pseudónimo como exigia o regulamento, ao Festival RTP da Canção com os poemas Desfolhada Portuguesa (1969), Menina do Alto da Serra (1971) e Tourada (1973), obtendo os primeiros prémios. É aliás através deste campo – o da música - que o poeta se torna conhecido entre o grande público.
Autor de mais de seiscentos poemas para canções, Ary dos Santos fez no meio muitos amigos. Gravou, ele próprio, textos ou poemas de e com muitos outros autores e intérpretes e ainda um duplo álbum contendo O Sermão de Santo António aos Peixes do Padre António Vieira.
À data da sua morte tinha em preparação um livro de poemas intitulado As Palavras das Cantigas, onde era seu propósito reunir os melhores poemas dos últimos quinze anos (publicado postumamente), e um outro intitulado Estrada da Luz - Rua da Saudade, que pretendia fosse uma autobiografia romanceada.
O poeta morre a 18 de Janeiro de 1984. O seu nome foi dado a um largo do Bairro de Alfama, descerrando-se uma lápide evocativa na casa da Rua da Saudade, onde viveu praticamente toda a sua vida.
Ainda em 1984, foi lançada a obra VIII Sonetos de Ary dos Santos, com um estudo sobre o autor de Manuel Gusmão e planeamento gráfico de Rogério Ribeiro, no decorrer de uma sessão na Sociedade Portuguesa de Autores, da qual o autor era membro.
Em 1988, Fernando Tordo editou o disco "O Menino Ary dos Santos" com os poemas escritos por Ary dos Santos na sua infância.
Bibliografia
1953 - Asas
1963 - A Liturgia do Sangue
1964 - Tempo da Lenda das Amendoeiras
1965 - Adereços, Endereços
1968 - Insofrimento In Sofrimento
1970 - Fotos-grafias
1970 - Ary por Si Próprio
1973 - Resumo
1974 - Poesia Política
1975 - Lllanto para Alfonso Sastre y Todos
1975 - As Portas que Abril Abriu
1977 - Bandeira Comunista
1979 - Ary por Ary
1979 - O Sangue das Palavras
1980 - Ary 80
1983 - Vinte Anos de Poesia
1984 - As Palavras das Cantigas
1984 - Estrada da Luz
1984 - Rua da Saudade

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Não posso deixar de aqui deixar algumas, de entre muitas, poesias que me marcaram desde sempre.

Os putos
Uma bola de pano, num charco
Um sorriso traquina, um chuto
Na ladeira a correr, um arco
O céu no olhar, dum puto.

Uma fisga que atira a esperança
Um pardal de calções, astuto
E a força de ser criança
Contra a força dum chui, que é bruto.

Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos
Mas quando a tarde cai
Vai-se a revolta
Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no a falar do homem novo
São os putos deste povo
A aprenderem a ser homens.

As caricas brilhando na mão
A vontade que salta ao eixo
Um puto que diz que não
Se a porrada vier não deixo

Um berlinde abafado na escola
Um pião na algibeira sem cor
Um puto que pede esmola
Porque a fome lhe abafa a dor.

A cidade é um chão de palavras pisadas
A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

Poeta Castrado, Não!
Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:

Da fome já não se fala
--- é tão vulgar que nos cansa ---
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?

Do frio não reza a história
--- a morte é branda e letal ---
mas que dizer da memória
de uma bomba de napal?

E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
--- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
--- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!

Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Meu amor, meu amor
Meu amor meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.

Meu limão de amargura meu punhal a escrever
nós parámos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer.

Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento

este mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.

Cavalo à solta
Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.

Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.

Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.

Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.

Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.

Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.