domingo, 30 de maio de 2010

PASSEIO AO FLUVIÁRIO DE MORA

29 DE MAIO DE 2010
Pois, acordámos quase de madrugada para embarcarmos no ponto de encontro habitual, no Largo da Igreja de Tavarede. Quando lá cheguei com a minha mulher, já lá se encontravam muitos dos nossos de amigos, muitos já repetentes de muitos outros passeios, tal como nós. Ali também já se podia ver o autocarro da AVIC que nos iria transportar até ao nosso destino de hoje, o Fluviário de Mora. Mais alguns momentos se passaram e eis que chega o nosso organizador de sempre, o Tó Simões. A hora marcada para a saída, 07h30, foi respeitada tal como sempre tem acontecido.

Mas, um companheiro ainda faltava e esse ou tinha trocado as horas, o que já tem acontecido, ou como também é costume vem ligeiramente atrasado e foi o que aconteceu. O autocarro já estava em andamento quando finalmente aparece o Tó Lontro, pois é dele que estava a falar.
Iniciámos então o nosso passeio.

Ainda não tínhamos atravessado a ponte da Figueira quando o Tó Simões, ao microfone, nos deu conhecimento de que quatro lugares iam vazios, os de Manuel Margato e António Louro e respectivas esposas que infelizmente ficaram impedidos de nos acompanhar, pois o cunhado de ambos o Manuel Perpétuo, mais conhecido pelo Manuel “Feijão Verde” tinha falecido. Este, para além da amizade que alguns de nós tínhamos por ele, também muitas vezes fez parte dos nossos passeios. Assim, um minuto de silêncio foi feito em sua memória. Aqui lhe deixo também a minha homenagem.

Fizemo-nos finalmente à estrada e após alguns quilómetros lá aconteceu a necessária e curta paragem na área de serviço de Santarém, onde entre uns cafés e umas natas, desenferrujámos as línguas contando as últimas novidades que cada um tinha e que achou interessante para a ocasião.

Mais uma vez iniciámos a viagem para que a chegada a Mora se desse dentro do tempo previsto, perto das 11H15. Antes do almoço tivemos o tempo livre para uma curta visita à vila de Mora. Esta vila do distrito de Évora, Alentejo, é sede de um município subdividido em 4 freguesias: Brotas, Cabeção, Mora e Pavia. Estas terras foram doadas à Ordem de São Bento de Calatrava, em 1211. Posteriormente, em 1519, Mora recebeu foral por D. Manuel I.
De referir a visita que fizemos à Igreja Matriz e ao jardim, o qual foi comentado por todos, o prazer e o bem-estar que se sentia neste local. Foi inevitável fazer uma pequena comparação entre este local e o existente na Figueira, que alguém talvez por engano chamou de “jardim”. Bom, mas estas histórias ficam para mais tarde…

A hora marcada para o almoço, 12H00, chegou e aconteceu no Restaurante “O António”. Um restaurante tradicional alentejano, cuja ementa foi: enchidos (entrada), Sopa de Fogo, Carne Alentejana e sobremesa fria.
Como o tempo não pára, a hora de visita ao Fluviário, 14H00, já se aproximava há que reiniciarmos quanto antes a viagem. E uma vez mais cumprimos o horário. Alguns preliminares eram necessários, como o levantamento dos bilhetes já previamente comprados e uma pequena espera pela guia que nos iria conduzir pelo complexo. À hora marcada a visita então começou depois de o nosso grupo de 60 pessoas ser dividido em 2.
O Fluviário de Mora situa-se na freguesia de Cabeção, concelho de Mora, junto ao Parque Ecológico do Gameiro. Foi inaugurado em 21 de Março de 2007. O Fluviário tem o objectivo ambiental de repor espécies, algumas já extintas, outras em fase de extinção. Algumas necessitam de uma atenção particular de todos nós: são espécies de água doce já desaparecidas dos nossos rios, como o esturjão; outras em risco de extinção, como o pequeno saramugo; outras de vital importância para o equilíbrio dos ecossistemas: trutas, gambúsias, rãs ou lontras.
O Fluviário tem quatro componentes: lúdica, turística, científica e ambiental. Podemos de forma interactiva, conhecer na exposição multimédia o ciclo da água e a relação (boa e má) do Homem com os rios ao longo da História. Este projecto está a ser desenvolvido com várias parcerias, Câmara Municipal de Mora, Universidade de Évora e Oceanário de Lisboa. O Fluviário compreende 2.300 metros quadrados, nas margens da Ribeira do Raia, e constitui uma espécie de “Oceanário de água doce”, com um conjunto de aquários e espaços envolventes, permitindo observar as diferentes espécies animais e vegetais que vivem em rios. Isto é conseguido através de uma exposição de habitats naturais, aquáticos e terrestres, num percurso entre a nascente e a foz de um rio. Neste percurso estão distribuídos 500 exemplares de 55 espécies de peixes e de outros animais, sendo a primeira estrutura do género na Europa e a terceira em todo o mundo. Diversas espécies exóticas podem ser observadas no Fluviário, sendo as Piranhas Vermelhas as mais afamadas. Neste ano em que se comemora o Ano Internacional da Biodiversidade, e divulgando o nosso património natural de água doce, a Biodiversidade dos Rios Portugueses é o tema da actual exposição permanente no Fluviário, até Março do próximo ano.
Algumas das espécies que observámos foram: Achigã, Anaconda-amarela ou Sucuri, Barbo, Enguia-dinossauro, Boga-dos-rios, Bordalo, Cágado-mediterrânico, Chanchito, Dourada, Esturjão, Enguia, Lontra, Pacu-negro, Panjorca, Peixe-faca, Perca, Perereca-venenosa-de-faixa-amarela, Pimpão, Piranha-vermelha, Raia-curva, Rã-seta-venenosa, Saramugo, Truta…Acabada a visita, que foi do agrado de todos, partimos na direcção de Almeirim. Dentro da hora prevista, 18H00, estávamos em Almeirim, cidade do distrito de Santarém, sede de município e cujas freguesias são: Almeirim, Benfica do Ribatejo, Fazendas de Almeirim e Raposa. A ocupação humana da actual área do concelho de Almeirim é muito antiga. Terão sido a proximidade do rio Tejo e a riqueza natural os factores que terão contribuído para a instalação de homens nesta região. Existem vestígios da presença humana desde a pré-história até à época romana, por todo o vale do Tejo.
E como não podia deixar de ser, sempre que se vem a Almeirim aqui se tem de obrigatoriamente parar para apreciar uma Sopa de Pedra. É uma sopa típica da culinária de Portugal, em particular da cidade de Almeirim, considerada a “capital da sopa da pedra”.
E eram 18H00, quando alguns de nós nos sentamos a uma mesa de um dos muitos restaurantes para degustar uma “sopinha da pedra”.
Ao contrário do que o nome indica, a sopa de pedra é uma sopa com muitos ingredientes, em que a “pedra” é apenas o “pretexto”. Aparentemente, esta designação encontra-se em muitas culturas ocidentais e tem como base uma lenda ou fábula. A fábula: Um frade pobre, que andava em peregrinação, chegou a uma casa e, orgulhoso demais para simplesmente pedir comida, pediu aos donos da casa que lhe emprestassem uma panela para ele preparar uma sopa – de pedra... E tirou do seu bornal uma bela pedra lisa e bem lavada. Os donos da casa ficaram curiosos e, de imediato, deixaram entrar o frade para a cozinha e deram-lhe a panela. O frade colocou a panela ao lume só com a pedra, mas logo disse que era preciso temperar a sopa... A dona da casa deu-lhe o sal, mas ele sugeriu que era melhor se fosse um bocado de chouriço ou toucinho. E lá foi o unto para junto da pedra. Então, o frade perguntou se não tinham qualquer coisa para engrossar a sopa, como batatas ou feijão que tivessem restado da refeição anterior... Assim se engrossou a sopa “de pedra”. Juntaram-se cenouras, mais a carne que estava junta com o feijão e, evidentemente, resultou numa excelente sopa. Comeram juntos a sopa e, no final, o frade retirou cuidadosamente a pedra da panela, lavou-a e voltou a guardá-la no seu bornal... para a sopa seguinte!A hora marcada para a saída de Almeirim, 19H30, foi cumprida, como não podia deixar de ser. Durante o caminho de regresso, foram cantadas algumas canções e fados, assim como contadas algumas histórias. Assim se passou mais rapidamente o tempo do regresso às nossas casas e mais um passeio se realizou com o mesmo êxito organizativo do Tó Simões.
A hora de chegada foi normalmente cumprida: 21H30.


O próximo passeio já foi marcado para o dia 26 de Junho de 2010, cujo destino é um CRUZEIRO NO ZÊZERE.

Até lá!

sábado, 1 de maio de 2010

TRADIÇÕES

1º de MAIO

Um pote florido
O dia 1º de Maio para os tavaredenses foi sempre uma tradição bem enraizada e que se traduzia numa festa com cariz popular onde um rancho de raparigas e rapazes se deslocavam até a uma fonte que existia na Várzea de Tavarede. As raparigas com os potes enfeitados com as flores dos seus quintais, levavam consigo os rapazes que com elas ali dançavam e cantavam ao som de um grupo de músicos cá da terra, que com as suas violas, violinos, guitarras e bandolins dedilhavam a Marcha do 1º de Maio.

Eu e a minha mãe

A seguir um pequeno texto que retrata bem a festa deste dia, retirado de um artigo antigo:
"Beber, no alvor da madrugada do 1º de Maio água pura, gostosa e fresca, da fonte milagreira da Várzea de Tavarede - é da tradição que fornece saúde, felicidade, alegria e sorte - para o ano inteiro.
Por isso toda a gente das terras ao derredor da linda e risonha aldeia, se agrupa e junta na praxista manhã, no largo onde a bica rumoreja num fio cristalino. Não há moça de trabalho, que não consuma a derradeira noite de Abril, a florir o seu pote de barro vermelho - que é grande o despique em apresentar, caprichosamente enfeitadas, as cântaras airosas.
Ainda o céu é um crivo de estrelas e mal se laiva o nascente de uma ténue e branda claridade, já descem dos píncaros do cruzeiro, das azinhagas do Robim, da estrada de Mira - seguindo o caminho fácil e jeitoso da Várzea de Tavarede - ranchadas de gente moça e gárrula, cantando e bailando, entre risos e folgares."

Eu e a Mirita, na altura minha namorada

Nos dias de hoje a tradição já não é o que era…
O ar já não está impregnado com as cores e os perfumes das flores e com o cheiro do limonete.
Já não se ouvem os risos das raparigas que passavam a noite a enfeitar os seus potes!
Hoje em dia há apenas um ou outro grupo de pessoas que tentam juntar meia dúzia de pares formando um pequeno rancho e com ele dar a volta à Figueira.
Estes pequenos ranchos que ainda se vão formando para este dia, aproveitam a oportunidade para angariar algumas dádivas que irão ajudar nas despesas que sempre se fazem.
Há quem diga que é em nome da tradição que ainda se organizam estes ranchos.
Mas a minha opinião é contrária, a tradição verdadeira perdeu-se!
A primeira paragem do rancho era na fonte. Mesmo depois de desaparecer a Fonte da Várzea, o rancho passou a ir à Fonte de Tavarede, que ainda hoje existe. Hoje já ninguém se lembra de passar por ali.
Sinto saudades de ver os potes floridos a bailar nas cabeças das raparigas.
Tenho orgulho de ter também participado na década de 60, nos Ranchos do 1º de Maio de Tavarede.
Ainda tenho nos ouvidos as vozes das pessoas que diziam:

“Lá vai! Lá vai o Rancho do 1º de Maio, lá vão os potes floridos da Terra do Limonete!...”

Rancho do 1º de Maio do GMIT


Marcha do 1º de Maio

Só vós, ó belas, sabeis cantar!
Vossas gargantas trinando enfim
Ao longe, ao longe vão imitar
As lindas notas do bandolim…

O vosso canto suspira, alegre,
Alegres vossas canções,
Enquanto a orquestra entoa o canto
Para alegrar os nossos corações.

Viva o Maio! Viva o Maio!
Viva o Maio, trema o chão.
Vivam os quatro rapazes
Na manhã de S. João.

Viva a bela mocidade
Que festeja este dia!
Sede unidos p’ró futuro
P’ra gozar com alegria!