Por volta do meio-dia chegámos a Campo Maior. Optámos em primeiro lugar por procurar um local para almoçarmos e depois fazermos a visita às ruas enfeitadas desta vila.
Dedicada a São João Batista patrono de Campo Maior, é uma das festas mais extraordinárias de Portugal. São festas que não se realizam ciclicamente, mas quando o Povo entende.
As últimas Festas do Povo realizaram-se em 2004 e consistem na decoração das ruas de Campo Maior (
sobretudo no Centro Histórico) com flores de papel e outros objetos em cartão e papel, feitos pelos residentes de cada rua. Percorremos um mundo de esforços, de dedicação, de poesia, que se torna muito difícil descrever e transmitir. Foram meses e meses de luta, trabalho de entusiasmo sem limites dedicados á sua preparação.
Foram horas sem conta, roubadas quantas vezes ao justo descanso, que toda a gente de Campo Maior dedicou á preparação desta maravilhosa e inesquecível surpresa, desse admirável e fascinante jardim florido que surgiu perante os nossos olhos, como por encanto, ao raiar da aurora do dia 27de Agosto. Todos os milhares e milhares de flores: rosas, cravos, tulipas, hortências, glicínias, papoilas, etc., foram preparados com muito amor, carinho e grande espírito de vontade.
Foi um raro espetáculo que nos foi oferecido, que para além das maravilhosas ruas engaladas, também ouvimos algumas encantadoras e suaves melodias –
as célebres “
saias” – inspiradas em quadras soltas e acompanhadas de ritmo vivo e alegre com pandeiretas, que se cantavam nas ruas de Campo Maior.
A vila de Campo Maior foi fundada pelos Romanos e a sua incorporação no reino de Portugal deu-se com o Tratado de Alcanizes, de 1297, celebrado por D. Dinis, que lhe deu foral e reconstruiu as muralhas.
O castelo foi beneficiado nos séculos XVI-XVII, mas a explosão de 1732, quando um raio atingiu um paiol de pólvora, provocando uma explosão que arruinou a torre de menagem e as casas de mais de dois terços da população. Crê-se que os ossos das cerca de 800 pessoas existentes na Capela dos Ossos (1766), anexa à igreja matriz (séc. XVI-XVII), estejam relacionados com essa explosão.
Passeamos pelas ruas apreciando a vivacidade do pequeno comércio, descobrindo que a devoção a Santa Ana, na
Igreja da Misericórdia, leva as pessoas a oferecerem uma fita azul ou rosa pelo nascimento de um filho(a) ou admirando a fachada e o interior revestidos a mármore da
Igreja de São João Baptista (séc. XVIII). Procuramos ainda a
Casa do Assento (séc. XVIII), onde funciona o mercado, o edifício da
Câmara Municipal (séc. XVIII) e o
pelourinho, em que o habitual pilar é encimado por uma invulgar estatueta com traje do séc. XVIII simbolizando a justiça. Atravessando o rio Xévora pode-se visitar o Santuário de Nossa Senhora da Enxara, que está ligado a uma antiga lenda.
A Lenda de Nossa Senhora da Enxara: Reza a lenda que certo dia estava uma mulher a lavar roupa no rio, na companhia da sua filha que brincava. Ao se afastar para brincar, a criança voltou pouco depois com um brinco de ouro afirmando ter sido oferecido por uma senhora muito bonita. Quando voltaram ao local onde a menina encontrou a senhora, deparam-se com a imagem de Nossa Senhora sobre uma pedra redonda, que hoje está no Santuário. A população, ao saber do acontecimento, decidiu erguer uma capela a meio caminho, contudo todas as manhãs a imagem desaparecia para ser de novo encontrada no local original. Assim, a população decidiu construir um Santuário para albergar a imagem de Nossa Senhora da Enxara. Diz também o povo de Campo Maior que quando não havia água nem chovia, se realizava uma cerimónia onde os habitantes deitavam a pedra ao rio, para que a Nossa Senhora fizesse chover. Tal acontecia, procedendo-se então ao ritual inverso que consistia em retirar a pedra do rio, colocá-la novamente na Capela e sobre ela recolocar a imagem.
Ficámos com a vontade de voltar a Campo Maior, mesmo sem a Festa da Flor. Como não conhecíamos esta vila só podemos ganhar em vê-la no dia-a-dia para melhor se perceber da dimensão desta metamorfose que imaginamos acontecer sempre que acontece esta festa.
Após a visita, que foi muito apreciada e aplaudida por todos, rumámos para Badajoz.
“
Badajoz é a maior cidade e capital da província com o mesmo nome, na comunidade autónoma da Estremadura e localiza-se no sudoeste da Península Ibérica, junto à fronteira com a cidade portuguesa de Elvas. Distam 8 km Badajoz e Elvas que preparam o futuro para criar uma única cidade com o nome de Eurocidade Elvas/Badajoz. A sua História remonta à sua fundação em 875 pelos mouros e passando para a soberania de Castela em 1230. Foi ao longo dos séculos prejudicada pelas lutas entre Portugal e Espanha, tendo sido ocupada pelos portugueses em 1386 e quase completamente destruída num cerco em 1705. Dos monumentos mais relevantes destacam-se: Puerta de Palmas, Puente de Palmas, Alcazaba, Torre de Espantaperros, Catedral, Recinto abaluartado de Badajoz, Plaza Alta, Parque de Castelar e Giralda de Badajoz.”
Pernoitamos em Badajoz no
Hotel Rio Badajoz que está localizado na cidade moderna e em desenvolvimento na margem direita do Rio Guadiana que passa através de Badajoz e divide a cidade na área de antigo e moderno. O Hotel Rio Badajoz está localizado num enclave privilegiado, que liga Badajoz com Portugal. O Hotel tem um
Restaurante tradicional “O Pantry”, recomendado pelos guias de maior prestígio reconhecido e homenageado com prémios nacionais e gastronomia internacional. Aqui saboreamos o nosso jantar que nos aconchegou os estômagos para uma noite repousante que nos era muito desejada. A noite estava com uma temperatura muito amena, que convidava a um passeio relaxante. Foi o que um grupo de companheiros de viagem fez pelo espaço envolvente das duas margens do rio Guadiana. Já a noite estava um pouco avançada quando nos encaminhamos para o Hotel para finalmente fazermos o nosso descanso merecido.
Pelas 07H30, oferecido um pequeno-almoço não muito diversificado mas que nos começou a animar para o dia que provavelmente seria muito cansativo.
Dia 30
Às 08H30 em ponto estava o autocarro a sair de Badajoz, na direção de
Cáceres.
A História de
Cáceres remonta à Pré-história. Na zona de Calerizo existem várias escavações onde foram encontradas pinturas de mãos humanas com a particularidade de ter o dedo mindinho amputado. Mas foi, sem dúvida, no séc. I a.C., aquando da fundação romana que a cidade conheceu os primeiros tempos de prosperidade. No séc. V, os visigodos arrasaram a cidade e até ao século IX não se ouviu mais falar de Cáceres. Os muçulmanos aproveitaram a localização estratégica, na qual tinha assentado a colónia romana, para construir uma base militar para fazer frente aos cristãos vindos do norte durante a época da Reconquista. No séc. XII, devido ao avanço dos cristãos, a cidade foi fortificada com uma muralha de adobe. Esta não serviu de muito pois o rei Afonso IX, monarca do Reino de Leão, tomou a cidade anos depois a 23 de Abril de 1229, dia de São Jorge, que desde então é o padroeiro da cidade. Cáceres começa a transformar-se, construindo igrejas no lugar das mesquitas e palácios cristãos sobre os palácios muçulmanos. Com modificações desde o séc. XVIII, a cidade chega aos nossos dias quase sem alterações, sendo uma das cidades monumentais mais bem conservadas do Mundo.
A cidade de Cáceres foi considerada o
3º Conjunto Monumental Europeu em
1968 e
Património da Humanidade pela UNESCO em
1986. Foi por todo este conjunto de monumentos que procurámos os edifícios mais marcantes para os visitarmos: Catedral de Santa Maria, Igreja São Mateus, Igreja de Santiago e Igreja de São João; Palácio de Moctezuma, Palácio dos Golfines de Arriba, Palácio dos Golfines de Abajo, Casa del Sol e Palácio do Carvajal; Museu Provincial de Cáceres, Casa-Museu Guayasamín, Casa Pedrilla, Museu Vostell Malpartida e Museu Árabe Yusuf Al Burch; Arco de la Estrella y del Cristo, Torres de Sande, Torre de Bujaco e Torre das Cegonhas.
Aproximou-se a hora do almoço. A maior parte dos companheiros de viagem espalharam-se pelos vários restaurantes que existem à volta da Plaza Mayor.
Pelas 14H00, saímos de Cáceres a caminho de Marvão. Chegados à vila iniciamos uma breve visita à mesma.
Marvão é uma vila do distrito de Portalegre, situada no topo da Serra do Sapoio, a uma altitude de 860 metros. A vila e as montanhas escarpadas em que se localiza estão inscritas na lista de candidatos a
Património Mundial da UNESCO desde
2000. A sua História, estende-se desde o período romano, cujos rochedos de Marvão são utilizados como refúgio ou como ponto estratégico militar. A localidade foi conquistada aos muçulmanos por D. Afonso Henriques durante as campanhas de 1160/1166, tendo sido novamente tomada pelos mouros na contra-ofensiva de Almansor, em 1190. Em 1226, D. Sancho II dá foral à população e manda ampliar o castelo. Em 1226, D. Dinis disputa e apodera-se do castelo, que foi incluído no plano das suas reedificações militares e passou a ter uma grande importância estratégica nas guerras com castelhanos e espanhóis.
A nossa próxima paragem aconteceu em
Castelo de Vide. Ali estivemos 01H30, o que foi aproveitado, para além de fazer algumas visitas, também foi feito um lanche-ajantarado, para assim podermos fazer o caminho de regresso a casa sem perder muito tempo. As fotografias que se seguem foram tiradas no
núcleo do Sporting Clube de Portugal de Castelo de Vide, onde este grupo de companheiros esteve a reforçar os estômagos para aguentar a viagem até à nossa terra.
Castelo de Vide é uma vila do distrito de Portalegre. O carácter romântico da vila de Castelo de Vide, associado aos seus jardins, abundância de vegetação, clima ameno e proximidade da serra de São Mamede, tornou-a conhecida por "
Sintra do Alentejo" (esta designação é atribuída ao rei D. Pedro V). Os locais de interesse: Antiga Casa da Câmara (séc. XV), Casa Amarela (séc. XVIII), Casa de Matos (séc. XIII), Castelo medieval (séc. XIII), Fortificações renascentistas (séc. XVII), Paços do Concelho (séc. XVII), Pelourinho (séc. XVIII), Forte de São Roque (séc. XVIII), Judiaria (séc. XIV), Antiga sinagoga (séc. XIV), Burgo medieval (séc. XIII), Arrabaldes medievais (séc. XIV), Santuário de Nossa Senhora da Penha (séc. XVI), Igreja de Santa Maria da Devesa (séc. XVIII), Fonte da Vila (séc. XVI), Fonte da Mealhada (séc. XVII), Fonte de Martinho (séc. XVII), Fonte do Ourives (séc. XIX), Fonte do Montorinho (séc. XIX), Parque João José da Luz (Jardim Grande) (séc. XIX), Jardim Gonçalo Eanes de Abreu (Jardim Pequeno) (séc. XIX), Jardim Garcia de Orta (séc. XX), Jardim Miradouro Penedo Monteiro (séc. XX), Parque 25 de Abril (séc. XXI) e Parque Natural da Serra de São Mamede.
22H00 - Aconteceu a chegada a
Tavarede.
Desejamos manifestar a nossa satisfação e contentamento pela viagem que acabamos de realizar. Continuamos a recomendar as viagens organizadas pelo Tó Simões.
Estas viagens são feitas em grupo e por vezes é difícil compartilhar os mesmos gostos com todas as pessoas para realizar os passeios, escolher os restaurantes, ir às compras ou simplesmente conhecer os lugares escolhidos. Mas é claro que existem ótimos companheiros de viagem, com os quais compartilhamos interesses e maneiras de estar. É o que acontece com este nosso grupo, alguns de nós há já bastantes anos juntos.
Quando acabamos já ficamos com pena da viagem ter acabado.
E já estamos de olho na minha próxima viagem…
Até à próxima!