quinta-feira, 20 de novembro de 2014

PASSEIO AO “FESTIVAL DA CASTANHA” DE CARREZEDO DE MONTENEGRO

08 e 09 de Novembro de 2014

Sábado, 08
Às 08H00, saímos do Largo da Igreja de Tavarede. Iniciamos esta viagem, após termos comemorado 20 anos a passear juntos, o que aconteceu no passeio Mistério realizado no pretérito dia 05 de Outubro do presente ano.
Este passeio foi orientado pela esposa do organizador, Ilda Simões, já que o Tó Simões se encontrava doente.
Junto à Barragem da Aguieira, num café ali perto, fizemos a primeira paragem para uma primeira confraternização com todos os companheiros, aproveitando para um café e uma ida ao wc…
A seguir o nosso destino foi Vila Pouca de Aguiar, vila do Distrito de Vila Real. Conhecidas nos primórdios da nacionalidade como as terras de Aguiar de Pena, nome tirado do velho castelo roqueiro, assente num penedo colossal que seria uma das referências da região, com o nome de Aguiar advinha-lhe do facto de ser um povoado de águias. Património: Antas da Serra do Alvão, Castelo de Aguiar, Pelourinho de Alfarela de Jales, Estátua–Estela de Jales, Minas Romanas de Covas de Jales (Freguesia de Tresminas), Covas de Jales, Cidadelha de Aguiar, Igreja de Santa Eulália,  Barragem da Falperra – Alvão, Ponte do Arco – Barrela, Ponte da Ôla – Bragado,  Ponte Românica – Cidadelha, Ponte de Arame – Monteiros, Sepulturas Medievais, Moinhos, Relógios de Sol, Fontes de Mergulho, Alminhas, Canastros.
Fizemos um pequeno passeio que nos levou até à feira do cogumelo no Mercado Municipal, integrada na XIII Mostra Gastronómica. Pouco mais deu para ver já que começou a chover bastante e assim embarcamos no autocarro para seguir o passeio.
O nosso objetivo então foi Carrazedo de Montenegro, freguesia do concelho de Valpaços. Carrazedo vem de carrasco, espécie de carvalho. O motivo do determinativo «Montenegro» dado a Carrazedo será devido ao escuro da vegetação da serra da Padrela (monte negro). Património: Igreja de S. Nicolau, Capela do Mártir S. Sebastião, Solar do Coronel Tito Lívio Barreira e outras casas brasonadas, Capela de S. João Baptista, Capela de Santa Luzia, Cruzeiro da Torre, Capela e Cruzeiro de S. Sebastião, Capela de N.ª Senhora da Natividade, Santuário de N.ª Senhora dos Milagres, Cerco da Avarenta (Avarenta), Casa senhorial de Argemil., Gravuras rupestres do lugar de “As Portas”, Fontes (Fonte da Rua, Fonte do Prado, Fonte da Urze, Fonte da Portela).
A chegada a Carrazedo de Montenegro foi feita debaixo de um grande temporal: muita chuva, vento e frio. O nosso almoço foi combinado pelo Tó Simões e o Presidente da Junta de Freguesia. O repasto foi num pavilhão muito grande não totalmente fechado onde para além do piso estar totalmente molhado, o frio fazia-se sentir com bastante intensidade. O comer estava razoável e fomos servidos com muita simpatia, amenizando assim o nosso desconforto.
Após o almoço num pavilhão vizinho encontravam-se barraquinhas que vendiam produtos da região, onde fizemos compras.
Foi assim a nossa visita à XVIII Castmonte - Feira da Castanha 2014, com animação musical: banda de música, rancho folclórico, conjuntos musicais, grupo de bombos e concertinas serão uma constante, assim como a vertente desportiva, donde se destaca a montaria ao javali. Para este ano o Bolo de Castanha com 600 kg, a ser distribuído ao público na tarde de domingo, bem como o Concurso da Castanha e da Jeropiga.
Como novidade, haverá o Concurso de Doçaria da Castanha, que irá premiar quem inovar na produção de doces em que faça parte da composição o fruto que brota dos centenários soutos da região. Beynat, cidade francesa com a qual a vila de Carrazedo de Montenegro possui um protocolo de geminação, também estará representada no evento, por uma equipa que dará a conhecer vários outros produtos que poderão ter a castanha como base da sua confeção. Os visitantes poderão adquirir, além da castanha, produtos e doces confecionados com este fruto, vinho, azeite, folar, bolo podre, maçã, entre outros. Mais de uma dezena de restaurantes aderentes, irão servir o lombo de porco com castanhas, o bolo de castanha, entre outras especialidades gastronómicas deste concelho.

Então deixou de chover e foi assim que deixamos Carrazedo de Montenegro um pouco mais cedo do que estava previsto. Continuamos o nosso passeio até terras de Valpaços, cidade sede de município, criado em 1836 por desmembramento de Chaves. Os primeiros documentos escritos que citam Valpaços datam do séc. XII. Guerra da Patuleia, é o nome dado à guerra civil entre Cartistas e Setembristas na sequência da Revolução da Maria da Fonte. Foi desencadeada na sequência do golpe palaciano de 6 de Outubro de 1846, conhecido pela Emboscada, de um governo claramente cartista presidido pelo marechal João Oliveira e Daun, Duque de Saldanha. A 16 de Novembro, aconteceu a Ação de Valpaços, onde as forças governamentais do conde de Casal venceram as de Sá da Bandeira, comandante das forças da Junta. Esta guerra civil teve uma duração de cerca de oito meses. Segundo a lenda, participou neste conflito o famoso Zé do Telhado, que inclusivamente teria salvo a vida ao visconde de Sá da Bandeira, ele que até fora lanceiro da rainha antes de se tornar salteador!
Património: a igreja paroquial, muito ampla e de uma só nave. No interior, pode observar-se o arco cruzeiro que separa a capela-mor (onde se pode ver uma bonita imagem de Santa Maria Maior) do restante corpo do edifício; os solares da vila, dos quais o mais antigo é o solar dos Morgados da Fonte ou de "S. Francisco de Valpassos. Gastronomia: o Folar de Valpaços, o presunto, o salpicão, as linguiças, as alheiras, o cabrito assado ou estufado, o cozido à transmontana, a feijoada à transmontana, os milhos, o Pão de centeio, Couve penca, Batata de Trás-os-Montes, o mel as deliciosas amêndoas, a sopa de castanhas e o seu apreciado vinho.
Aqui já não chovia mas fazia um pouco de frio, mas podemos conhecer um pouco esta cidade.
A tarde já começava a cair ou melhor já anoitecia mais depressa do que era necessário.

Dirigimo-nos até a Mirandela, cidade do distrito de Bragança, situada nas margens do rio Tua e é chamada de Princesa do Tua. Caladunum era o antigo nome da atual cidade de Mirandela. Património: Ponte sobre o rio Tua; Ponte de pedra sobre o rio Tuela ou Ponte Românica sobre o rio Tuela ou Ponte de Torre de Dona Chama; Pelourinhos:  Abreiro,  Frechas,  Lamas de Orelhão, Mirandela e Torre de Dona Chama; Igrejas: de São Tomé de Abambres, de Santo André de Avantos, da Misericórdia de Mirandela e a de Guide; Paço dos Távoras, Solar dos Condes de Vinhais, Castelo de Mirandela, Castro de São Juzenda, Abrigos rupestres do Regato das Bouças ou o Castro de São Brás em Torre de Dona Chama. Gastronomia: Situada na Terra Quente, agricolamente rica, o azeite é produto chave na economia do concelho. Mas a alheira tem um papel preponderante no setor industrial da região, conhecida em todo o mundo e votada uma das Sete Maravilhas Gastronómicas de Portugal. Queijo de cabra transmontano (DOP), Queijo Terrincho (DOP), Carne de porco Bísaro Transmontano (DOP), Butelo de Vinhais (IGP), Alheira de Vinhais (IGP), Alheira de Mirandela (IG).
A chegada a esta cidade deu-se sem chuva. O frio continuava a estar presente.
O Grande Hotel D. Dinis ***, onde dormimos, está situado no coração da cidade de Mirandela e oferece vistas sobre o Rio Tua. Com uma localização conveniente, o hotel oferece acesso fácil para os destinos imperdível da cidade e fornece o melhor em serviços e amenidades. Com 129 (120 quartos + 9 Suites) quartos de alta qualidade e cada quarto é climatizado e dispõe de uma televisão. Tomamos conta dos nossos quartos no hotel. Descansamos um pouco e ainda antes do jantar tivemos tempo para dar uma volta pelas redondezas.
O jantar incluiu entradas (não faltou alheira), pão, sopa de legumes, prato principal de carne, sobremesa, bebidas; tudo estava muito bom. O serviço dos funcionários foi ótima.

Após uma noite bem repousada, acordámos com uma manhã fria mas sem chuva.
O pequeno-almoço foi diversificado substancial e saboroso.
Saímos do hotel, arrumamos as malas no autocarro e assim começamos o 2º dia de viagem.

Domingo, 09
Após pararmos no caminho para um café, o que aconteceu perto da barragem do Pocinho, com o rio Douro aos nossos pés.
Chegamos à Guarda, cidade situada no último contraforte Nordeste da Serra da Estrela, a 1056 metros de altitude, sendo a cidade mais alta de Portugal. A Guarda é conhecida como «A cidade dos 5 F's», a explicação mais conhecida e consensual (entre outras) diz que estes significam Forte, Farta, Fria, Fiel e Formosa. A explicação destes efes é simples: Forte: a torre do castelo, as muralhas e a posição geográfica demonstram a sua força; Farta: devido à riqueza do vale do Mondego; Fria: a proximidade à Serra da Estrela; Fiel: porque Álvaro Gil Cabral – que foi Alcaide-Mor do Castelo da Guarda e trisavô de Pedro Álvares Cabral – recusou entregar as chaves da cidade ao Rei de Castela durante a crise de 1383-85; Formosa: pela sua natural beleza.
Iniciamos a nossa visita à cidade dos 5 F’s, onde comprovamos um dos F – fria. Digo eu, horrorosamente fria.
Apesar disso visitamos a Sé Catedral da Guarda, erguida no seguimento do pedido de D. Sancho I ao Papa Inocêncio III para transferir a diocese de Egitânia para a nova cidade da Guarda. Da original construção, de estilo romântico, nada resta. Seria mandada construir por D. Sancho II uma segunda catedral, no local onde se situa a atual Igreja da Misericórdia, concluída no séc. XIV, mas mais tarde destruída.
A Sé da Guarda é um imponente edifício, que esmaga a Praça de Camões. Começou a ser construída por ordem de D. João I, em 1390, mas as obras só terminaram no século XVI. A imponência da Sé provém das duas torres, que fazem lembrar um castelo. As gárgulas são todas curiosas, com as suas grandes bocas escancaradas, viradas cá para baixo.
Mas o chamado “Cu da Guarda” bate-as a todas! É uma gárgula colocada num local recôndito, de difícil visão, na absidiola Sul, reflete uma atitude provocatória e de escárnio para com o reino vizinho, relembrando a histórica animosidade existente entre os dois reinos de Portugal e Castela.

“Cú da Guarda”, é uma gárgula que exibe um enorme ânus virado para Espanha. Embora existindo outros exemplares semelhantes no território português, esta é pelo seu realismo uma das mais interessantes de todo o conjunto e, à semelhança de outras gárgulas rabo-ao-léu, também aqui são visíveis os órgãos sexuais masculinos entre uns pormenorizados dedos dos pés. O autor é anónimo, mas sabendo-se da inimizade entre os reinos de Portugal e de Castela, não admira que o próprio bispo tenha aprovado a ideia - embora a Sé talvez não fosse o local ideal para esta brincadeira...
Em seguida visitamos a Igreja da Misericórdia é marcada pela sua verticalidade, evidenciada pelo contraste das paredes brancas com o volumoso e animado trabalho de cantaria - nos portais, janelas, baldaquino e cunhais. A frontaria da igreja é delimitada por duas esbeltas torres sineiras terminadas em balaustradas, com fogaréus nos ângulos, envolvendo os coruchéus moldurados de perfil bojudo e coroados por cataventos. Destacam-se ainda nas torres as suas altas ventanas, em arco de volta perfeita, seguidas inferiormente por dois óculos elipsoidais e duas janelas, sendo a última de pequenas dimensões e a primeira de sacada.
Como ainda faltava um pouco para a hora do almoço, passeamos pelas ruas da judiaria. O centro histórico da cidade da Guarda ainda conserva traços do antigo bairro judeu. As casas tinham, em tempos mais remotos, apenas um andar. A partir do século XIV, as casas dos comerciantes tinham duas portas: uma mais ampla que conduzia à loja e uma menor que era a porta da residência.
Porta do Sol era a porta de entrada para a antiga judiaria, marcada pela vivência de uma comunidade judaica do séc. XIII, onde os simbolos mágico-religiosos nas ombreiras das portas são uma presença constante.

Gastronomia: Caldo de Grão, Bacalhau à Conde da Guarda, Bacalhau à Lagareiro, Cabrito Assado, Morcelas da Guarda e Arroz Doce. Património: Igreja de São Vicente, Igreja da Misericórdia, Portas da cidade (do Sol, da Erva, Del Rei e Falsa), Torre dos Ferreiros, Torre de Menagem (Castelo da Guarda), Muralhas da cidade, Capela de Nossa Senhora do Mileu, Estação arqueológica da Póvoa de Mileu, Capela de São Pedro de Verona, Paço Episcopal, Paços do Concelho, Solar do Alarcão, Solar dos Póvoas, Antigos Paços do Concelho, Pelourinho da Guarda ou Cruzeiro da Guarda, Judiaria da Guarda, Casa do Alpendre, Casas dos Magistrados, Hotel Turismo da Guarda, Convento de São Francisco da Guarda ou Convento do Espírito Santo, Antigo Colégio do Roseiral, Complexo do ex-Sanatório Sousa Martins ou Hospital da Guarda, Chafariz de Santo André, Castro do Jarmelo, Castro de Tintinolho, Solar da Rua do Encontro, Cabeço das Fráguas, Anta de Pêra do Moço, Ponte antiga de Valhelhas, Pelourinho de Valhelhas, Igreja Matriz de Aldeia Viçosa.
Chegou então a hora do almoço. Dirigimo-nos para o Restaurante Aliança localizado no centro da Guarda, num edifício com 50 anos de idade, a 3 minutos a pé da Sé da Guarda e a 100 metros da Igreja da Misericórdia.

A ementa foi excelente: Entradas - Strudel de alheira, Chamusas, Rodelas de chouriço, etc.; Sopa de peixe; Naco de novilho; Arroz doce, Doce de castanha, etc….
Após este ótimo almoço, como ainda faltava algum tempo para partirmos e como o frio continuava a atrapalhar fomos até ao “Centro Comercial Vivaci”, local muito mais agradável em termos de temperatura.
Partimos então para o regresso a casa, mas ainda parámos no caminho para uma visita com “prova de queijos e compotas” na Quinta da Lagoa. Situada na vila de Canas de Senhorim, concelho de Nelas, a Quinta da Lagoa integra-se no Planalto Beirão, sendo constituída por áreas de pastagens envolvidas por floresta de pinheiros e carvalhos.
Atravessam-na ribeiros afluentes do rio Mondego e dela avista-se, em grande plano, a Serra da Estrela. Para a produção do Queijo Serra da Estrela Quinta da Lagoa só é utilizada a produção das suas ovelhas, da raça Serra da Estrela. O Requeijão Serra da Estrela D.O. é excelente acompanhado por diversos doces, mel ou simplesmente acompanhado por pão caseiro.
Marca de Certificação permite identificar um Queijo Serra da Estrela quando este não é adquirido no produtor, evitando que o consumidor seja enganado. A D.O.P. identifica um produto originário da sua Região de Produção, por isso apenas o Queijo Serra da Estrela pode ostentar esta designação no seu rótulo.

Após esta última paragem e com as compras já concluídas, finalmente o nosso destino foi Tavarede, onde chegámos perto das 20H30.