quinta-feira, 22 de abril de 2010

QUEM FAZ ANOS?

O 1º ANIVERSÁRIO DO TIAGO
Foi no dia 22 de Abril de 2009, pelas 20H05, que nasceu um bebé, o Tiago, que fez com que se cumprissem todos os sonhos dos pais, dos avós e de toda uma família. Transformou-se esse momento mágico, numa certeza que representou o princípio de toda uma vida que queremos que seja maravilhosa, onde possas crescer com muita saúde e enchas todos nós de muita alegria.
Faz hoje 1 ano que o mundo ficou mais bonito, que o dia teve uma cor especial, que o sol se iluminou com mais força e as estrelas brilharam com outra intensidade.
Porque o Tiago nasceu.
E hoje, passado um ano, tudo se repete.
Gostávamos de saber descrever os sentimentos que nos inundam.
Mas é muito difícil, tal é as alegrias que sentimos.
Neste teu primeiro ano de vida, estivemos muitas vezes juntos e foste como um raio de sol a dar cor e calor à nossa vida.

CHEGASTE
E eu senti que já éramos amigos…
Olhei-te sereno
E pensei o quanto eras pequeno!Afaguei-te com minhas mãos,
Para quê palavras?
Recordo-me com felicidade,
O dia, o mês e a hora em que nasceste.
E a noite amanheceu…

(Tal como me lembro de quando a tua mãe nasceu!)

Como é lindo o momento em que sabemos
que uma nova vida chegou.

O nosso Tiago nasceu!

O primeiro ano da tua vida.
Um ano que passou, UM ANO!
E tão depressa que ele passou!

Um ano que foi de amor,
De alegrias,
Dos sorrisos,
Das tropelias,Das descobertas…
A primeira gargalhada,
A primeira papa,
A tua primeira gatinhada…
O teu primeiro dente!
A tua primeira birra,
Os teus primeiros choros,
As tuas primeiras malandrices…
O teu infantário, a tua primeira escola,
E os teus primeiros colegas,
Os primeiros amigos!
Os teus primeiros passos!
(Agora alguns já sem ajuda…)
Tantas primeiras coisas!
E tantas emoções…

E agora o teu primeiro aniversário!
A tua primeira vela,
(Mas um dia hão-de ser muitas!)
Parabéns pelo teu primeiro aniversário Tiago!
E que a alegria de hoje não termine nunca.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

QUEM FAZ ANOS?

Roberto Carlos
Foi com a música dos anos 60/70 do século XX, que ainda hoje se ouve com agrado, que a minha geração dançou nos braços das suas namoradas e viveu os melhores anos da sua juventude. A década de 60 foi também de grande importância nos campos social, cultural, artístico e político tendo influência na formação dos intelectuais e pensadores de hoje. Esta década desde o seu início prometia grandes mudanças no comportamento, tendo começado pelo sucesso do Rock and Roll. Nessa época, Londres tornou-se o centro das atenções pois era considerada a cidade da moda, onde apareceu o grande fenómeno musical de todos os tempos, os Beatles. A moda masculina foi muito influenciada pelas roupas que os quatro de Liverpool usavam como as calças à “boca de sino”, as botas e sapatos de tacão alto e o cabelo de franja.
No Brasil, o programa Jovem Guarda, em 1965, fez sucesso na televisão e ditou a moda. Este programa foi apresentado por Wanderléa (de minissaia), Erasmo Carlos e Roberto Carlos de roupas coloridas, bota sem meia e cabelo na testa (como os Beatles).
Tenho uma grande admiração pelo trabalho de Roberto Carlos, pela dedicação, pela competência, pela perseverança que ao longo de todos estes a
nos tem demonstrado. Um rei de verdade. Tem músicas muito bonitas e é uma pessoa de um grande coração. É um ídolo! É o meu ídolo desde a minha juventude. As músicas dele sempre me emocionaram. É muito difícil destacar algum momento de maior sucesso na vida de Roberto Carlos. Ele esteve sempre no topo, ainda vende muitos discos e é o cantor brasileiro que mais vendeu discos (mais de 120 milhões de cópias no mundo inteiro), e os seus shows estão quase sempre esgotados.
Aproveito a passagem de mais um aniversário de Roberto Carlos para lhe fazer esta homenagem.


Roberto Carlos Braga nasceu no dia 19 de Abril de 1941, às 5 horas da manhã, pesando 2,250 Kg, medindo 42 cm, em sua casa, na Praça Dr. Luiz Tinoco nº. 33, em Cachoeiro de Itapemirim, Estado do Espírito Santo. É o quarto filho e o mais novo de Robertino Braga, relojoeiro e Laura Moreira Braga, costureira. Seus irmãos são Lauro Roberto Braga, Norma Braga e Carlos Alberto Braga.
Era ainda criança quando aprendeu a tocar violão e piano - a princípio com a sua mãe e, posteriormente, no Conservatório Musical de Cachoeiro

de Itapemirim. Incentivado pela mãe, cantou pela primeira vez num programa infantil na Rádio Cachoeiro, aos nove anos. Apresentou-se cantando o bolero "Amor y más amor". Como prémio pelo primeiro lugar, recebeu rebuçados.
A sua vida teve um grande percalço que o marca fisicamente para o resto da vida. Aos seis anos de idade, no dia da festa de São Pedro, que é o padroeiro da cidade de Cachoeiro do Itapemirim, ele foi atropelado por uma locomotiva a vapor e a sua perna direita teve de ser amputada até pouco abaixo do joelho. Roberto e a colega de escola Fifinha estavam na plataforma da estação. Quando o trem se aproximava, a professora puxou repentinamente a menina com medo que ela caísse. Roberto, que estava de costas para os trilhos, assustou-se e acabou por cair. O cantor usou muletas até os 15 anos, quando colocou a sua primeira prótese – essa parte de sua perna é mecânica.
Foi na segunda metade dos anos 50, que se mudou para Niterói. Seguindo a tendência juvenil da época, foi aqui que entrou em contacto com um novo ritmo musical, o Rock. Em 1957, formou com Arlênio Lívio, Trindade e Wellington o primeiro conjunto musical, The Sputniks. Foi nesta fase da sua vida profissional que conheceu Erasmo (Carlos) Esteves, aquele que se tornaria o seu maior parceiro musical. O grupo dos Sputiniks foi desfeito e Roberto iniciou a sua carreira a solo neste mesmo ano no Hotel Plaza, em Copacabana, cantando samba-canção e bossa nova.
Em 1965, Roberto Carlos começou a apresentar o programa Jovem Guarda, da TV Record, ao lado de Erasmo Carlos e Wanderléa. O programa popularizou ainda mais o movimento e consagrou o cantor, que se tornou um dos primeiros ídolos jovens da cultura brasileira.
Em 1967, a amizade Erasmo-Roberto seguia estremecida, embora os dois apresentassem - junto com Wanderléa - o programa "Jovem Guarda", na TV Record. Roberto Carlos compôs sozinho alguns sucessos que seriam lançados no LP “Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura”, trilha sonora do filme homónimo, lançado no ano seguinte. A relação entre Erasmo e Roberto Carlos voltaria ao normal por causa de "Em Ritmo de Aventura". Envolvido com diversos compromissos profissionais, Roberto não conseguia finalizar a letra da canção de “Eu Sou Terrível”. Então, ele pediu auxílio ao velho parceiro Erasmo Carlos, que o ajudou a finalizar a letra. Assim, a amizade e a parceria dos dois foram retomadas.
Em 1968, Roberto Carlos tornar-se-ia o primeiro e único brasileiro a vencer o Festival de San Remo (da Itália), com a canção "Canzone Per Te", de Sérgio Endrigo. Foi neste ano que se casou, em Santa Cruz de La Sierra (Blívia), com Cleonice Rossi, mãe dos filhos Roberto Carlos Segundo e Luciana. Em 1979, o casamento com Cleonice desfez-se, iniciando um romance com a actriz Mirian Rios.

Foi em 1982, que Roberto Carlos se deslocou a Portugal onde fez várias actuações. Um destes espectáculos foi realizado na Figueira da Foz, no Coliseu Figueirense, onde eu estive presente como não podia deixar de ser.
Em 1995, o cantor casou-se com a pedagoga Maria Rita Simões Braga. Em 1998, foi diagnosticado cancro em Maria Rita. Roberto Carlos teve de conciliar a gravação do disco anual e o apoio à esposa internada em São Paulo. Em 1999, agravou-se o estado de saúde de Maria Rita, seguido de sua morte em Dezembro deste mesmo ano.
Ao fim de anos de êxitos consecutivos, em 2009, o cantor iniciou sua tournée de 50 anos de carreira e 68 de idade num show na sua cidade natal, Cachoeiro de Itapemirim, no dia em completava 68 anos de idade, 19 de Abril. A apresentação foi realizada no Estádio do Sumaré, conhecido também como Campo Estrela. O show contou com cobertura de toda a mídia nacional e, inclusive, um canal de TV de Portugal. No dia 11 de Julho, o cantor fez u
m show em comemoração aos 50 anos de carreira, no Maracanã, Rio de Janeiro. O mais importante show da tournée que apresentou pelo país. Contou com participações especiais de Wanderléa e do cantor Erasmo Carlos, que protagonizou o momento mais emocionante da noite, interrompeu a canção “Amigo”, falou sobre a amizade que tinha com Roberto, terminou a música com Roberto, fê-lo chorar, e cantou outra música: “Sentado à beira do caminho”.
Roberto Carlos foi considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009.
É impressionante a sua discografia quando o ano passado comemorou ou seus 50 Anos de carreira:

Discografia
Compactos
1959 - João e Maria / Fora do Tom; 1960 - Canção de Amor Nenhum / Brotinho Sem Juízo; 1961 - Louco Por Você / Não é Por Mim; 1962 - Fim de Amor / Malena /Susie / Triste e Abandonado; 1963 - Splish, Splash / Baby, Meu Bem; 1964 - Parei Na Contramão / Na Lua Não Há; É Proibido Fumar / Minha História de Amor.

Álbuns
1961 - Louco por Você; 1963 - Splish Splash; 1964 - É Proibido Fumar; Roberto Carlos Canta A La Juventud; 1965 - Roberto Carlos Canta Para A Juventude; Jovem Guarda; 1966 - Roberto Carlos; 1967 - Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura; 1968 - O Inimitável; 1969 - Roberto Carlos; 1970 - Roberto Carlos; 1971 - Roberto Carlos; 1972 - Roberto Carlos; 1973 - Roberto Carlos; 1974 - Roberto Carlos; 1975 - Roberto Carlos; 1976 - San Remo, 1968 - Roberto Carlos; 1977 - Roberto Carlos; 1978 - Roberto Carlos; 1979 - Roberto Carlos; 1980 - Roberto Carlos; 1981 - Roberto Carlos; 1982 - Roberto Carlos; 1983 - Roberto Carlos; 1984 - Roberto Carlos; 1985 - Roberto Carlos; 1986 - Roberto Carlos; 1987 - Roberto Carlos; 1988 - Roberto Carlos Ao Vivo (1988); Roberto Carlos; 1989 - Roberto Carlos; Roberto Carlos; 1990 - Roberto Carlos; 1991 - Roberto Carlos; 1992 - Roberto Carlos; Roberto Carlos; 1993 - Inolvidables; Roberto Carlos; 1994 - Roberto Carlos; 1995 - Roberto Carlos; 1996 - Roberto Carlos; 1997 - Canciones Que Amo; 1998 - Roberto Carlos; 1999 - Mensagem; Grandes Sucessos; 2000 - Grandes Canciones; Amor Sem Limite; 2001 - Acústico MTV; 2002 - Roberto Carlos; 2003 - Para Sempre; 2004 - Para Sempre Ao Vivo; 2005 - Roberto Carlos; 2006 - Roberto Carlos: Duetos; 2008 - Roberto Carlos En Vivo; Roberto Carlos e Caetano Veloso e a música de Tom Jobim; 2009 - Roberto Carlos 50 Anos; 2010 - Roberto Carlos.

DVDs
2001 - Acústico MTV (DVD); 2004 - Para Sempre: Ao Vivo No Pacaembú (DVD); 2006 - Roberto Carlos: Duetos (DVD); 2008 - Roberto Carlos En Vivo (DVD); Roberto Carlos e Caetano Veloso e a música de Tom Jobim (DVD) - 2010 - Roberto Carlos.

Filmografia
1958 - Aguenta O Rojão; Alegria de Viver; Minha Sogra é da Policia. 1961 - Esse Rio que Eu Amo. 1966 - SSS Contra a Jovem Guarda. 1968 - Roberto Carlos em Ritmo de Aventura. 1970 - Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa. 1971 - Som Alucinante. 1972 - Roberto Carlos a 300 Quilómetros Por Hora. 1974 - Saravá, Brasil dos Mil Espíritos. 2007 - Person.

São muitas e lindas as composições de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Poderia dar exemplos de dezenas de canções que considero marcantes para mim. São quatro aquelas que quero destacar pois emocionalmente marcaram momentos de muito sentimentalismo na minha juventude. São elas: E por isso estou aqui (Olha), 1967; E não vou mais deixar você tão só, 1968; Oh meu imenso amor, 1969; e Tudo pára, 1981.


E Por Isso Estou Aqui
Olha dentro dos meus olhos

Vê quanta tristeza de chorar por ti, por ti
Olha eu já não podia mais viver sozinho
E por isso eu estou aqui
De saudade eu chorei e até pensei que ia morrer
Juro que eu não sabia
Que viver sem ti
Eu não poderia
Olha quero te dizer todo aquele pranto

Que chorei por ti, por ti
Tinha uma saudade imensa de alguém que pensa
E morre por ti
De saudade eu chorei e até pensei que ia morrer

Juro que eu não sabia
Que viver sem ti
Eu não poderia
Olha quero te dizer todo aquele pranto

Que chorei por ti, por ti
Tinha uma saudade imensa de alguém que pensa
E morre por ti

E não vou mais deixar você tão só
Se a vida inteira, você esperou,
Um grande amor e de triste até chorou,
Sem esperança de encontrar alguém
Fique sabendo, que eu também,
Andei sozinho e sem ninguém pra mim
Fiquei sem entregar o meu carinho
Se na tua estrada, não houve flor,
Foi só tristeza enfim
E em cada dia sem ter amor
Foi tudo tão ruim
Vou confessar então meu coração
Não quer mais existir, meus olhos vermelhos
Cansados de chorar querem sorri
Ah!Por isso foi que eu decidi,
Não fico nem mais um minuto aqui
Eu vou, buscar o meu amor, o meu amor
Eu nunca tive alguém, agora vou olhar você meu bem
Guarde o meu coração,
E nunca mais eu vou deixar você tão só
E nunca mais eu vou deixar você tão só
E nunca mais eu vou ficar também tão só


Oh, Meu Imenso Amor
Ah, se você me deixar
Não saberei mais viver
Eu te juro querida
Te darei minha vida
Farei tudo pra você ficar
Mas se você me entender
E aceitar meu amor
Eu viverei tão feliz
E direi
Oh! Meu imenso amor
Ah, se você me deixar
Não saberei mais viver
Eu te juro querida
Te darei minha vida
Farei tudo pra você ficar
Mas se você me entender
E aceitar meu amor
Eu viverei tão felizE direi
Oh! Meu imenso amor

Tudo Pára
Quando a gente fecha a porta tanta coisa se transforma
Tudo é muito mais bonito nessa hora
Entre os beijos que trocamos pouco a pouco nós deixamos
Nossas roupas espalhadas pelo chão
E é tão grande o amor que a gente faz
Que em nosso quarto já não cabe mais
Pelas frestas da janela se derrama pela rua
E provoca inexplicáveis emoções
Tudo pára quando a gente faz amor
Tudo pára quando a gente faz amor
Porque alguma coisa linda invade os corações lá fora
Tudo pára quando a gente faz amor
As pessoas se sorriem e se falam
Se entendem e se calam no fascínio desse instante
Passarinhos fazem festa nos seus ninhos
No momento em que sozinhos somos muito mais amantes
E é tão grande o amor que agente faz
Que pelas ruas já não cabe mais
Se eleva pelos ares, toma conta da cidade
E felicidade é tudo que se vê
Os sinais se abrem mas ninguém tem pressa
E o carteiro olhando o céu esquece até da carta expressa
Silenciam-se as buzinas, os casais fecham cortinas
E o mar se faz mais calmo por nós dois
E é tão grande o amor que a gente faz
Que até os absurdos são reais
Pára o bairro… e a cidade nessa hora tão feliz…
E é tanto amor que pára até o país
Tudo pára quando a gente faz amor

Tudo pára quando a gente faz amor
Porque alguma coisa linda invade os corações lá fora
Tudo pára quando a gente faz amor
Tudo pára quando a gente faz amor

Tudo pára quando a gente faz amor
Tudo pára, tudo pára
Tudo pára quando a gente faz amor
Tudo pára
Nota: A origem das informações para o texto e fotos foram retirados da net.

terça-feira, 13 de abril de 2010

QUEM FAZ ANOS?

O MEU ABRIL
Nasci em Abril!

E há 38 anos… estava a decorrer o ano de 1972, comemorei no dia 13 de Abril, tal como este ano, um dos meus aniversários. Ainda era um estudante. No
s corredores da minha escola falava-se em surdina, em grupos não muito grandes pois os empregados (contínuos) da altura tratavam de nos dispersar e não sabíamos porquê. Se estávamos na rua em grupo era quase certo sermos perseguidos pela polícia que nos fazia perguntas e que muitas vezes não entendíamos... Por vezes passavam pelas nossas mãos panfletos que tínhamos logo de esconder para ler mais tarde e não percebíamos porquê. E ouvíamos (ouvi) falar de liberdade e não sabíamos (não sabia) o seu significado…
Nunca estive ligado a nenhum movimento estudantil, mas recordo-me que "já se falava que algo estava para acontecer", isto em 1972.
Não pretendo nestas poucas linhas, procurar fazer alguma História, apenas e só escrever um capítulo da minha história.
Vai comemora-se mais um 25 de Abril, que aconteceu por causa da ausência de uma solução política para a resolução de um problema que deveria passar pelo fim da guerra colonial e que já era mais que uma certeza. Durante 13 longos anos foi sustentada uma guerra, onde perderam a vida, ficaram feridos ou estropiados milhares de jovens portugueses.

Era eu ainda um jovem estudante mas já com o futuro definido: ser militar.
Fui então a uma inspecção militar, num quartel do exército na Figueira da Foz onde me consideraram “apto para todo o serviço militar”. Passados poucos dias fui chamado para outra inspecção, agora como voluntário na Força Aérea Portuguesa (FAP), a qual decorreu em Lisboa, onde me informaram que também estava “apto para todo o serviço militar”.
Consta na minha Caderneta Militar que, “o resultado da inspecção sanitária da junta de recrutamento é – Apto para todo o Serviço Aeronáutico – alistado e incorporado em 21 de Junho de 1972”.

E assim comecei mais um Abril dos meus.
Comemoro mais um dos meus aniversários hoje dia 13 de Abril de 2010, 12 dias antes de outro 25 de Abril.
Há 36 anos estava eu a cumprir o meu serviço militar na Base Aérea Nº 5 de Monte Real, e tinha à minha responsabilidade a manutenção e operacionalidade dos Simuladores de Voo. No final do dia 24, apanhei o autocarro militar que me transportou até à Figueira como todos os dias acontecia.
Passaram 36 anos, mas o dia mantém-se ainda fresco na minha memória.
Fui acordado cerca das 8H30 da manhã do dia 25, pela minha mãe dando-me a notícia que havia uma revolução, que eu tinha adormecido e a hora do autocarro para a Base já tinha passado. Ainda mal acordado perguntei à minha mãe o que é que ela queria dizer com revolução? Ela também não me soube explicar!
Com alguma curiosidade, agarrei na minha bicicleta (naquela tempo não havia dinheiro para comprar carro) e dirigi-me para a Figueira até à Fonte Luminosa, em frente à Câmara. O que vi não me agradou muito, visto que eu era militar e devia já estar na minha unidade. Tanta gente! Parece que toda a Figueira se tinha deslocado para ali. Então comecei a ficar preocupado.
Regressei a casa e de imediato me fardei, e fui para a estação do caminho-de-ferro, tendo o cuidado de não passar por grandes aglomerados de pessoas.
Cheguei à estação de Monte Real e não tendo encontrado nenhum meio de transporte, não tive outro remédio se não ir a pé. Felizmente que perto do final da povoação, lá apareceu um autocarro militar que regressava de Leiria onde tinha ido levar os civis que trabalhavam na Base.
Ao entrar no aquartelamento deparei com grande alvoroço. Ainda não se sabia bem o que estava acontecer. Havia ainda dúvidas de que tudo aquilo fosse para a frente. Recebiam-se muitas informações contraditórias; havia tropas em movimento; tanques localizados em várias zonas de Lisboa; as rádios, diziam, estavam ocupadas; havia um comando que se dava pelo nome de MFA (Movimento das Forças Armadas); havia grande indefinição nas notícias.
Não se sabia o que estava acontecer. Ninguém sabia o que estava a acontecer. Toda a gente na Base estava confusa. Soubemos entretanto que o comandante tinha sido deposto e estava detido no seu quarto no edifício dos oficiais. Dizia-se que havia um novo comando, outro comandante.
Então já lá pelo entardecer, todos os militares entraram de prevenção e deram ordem para que cada um fosse levantar uma arma, uma G3, com munições. Fui integrado num grupo para fazer guarda no fim da pista de aterragem. As armas estavam obrigatoriamente carregadas com as respectivas munições e a nossa missão, era não deixar entrar ninguém naquela zona, onde havia uma estrada que ligava Monte Real à Marinha Grande. Muitas pessoas passavam por ali de carro e com a curiosidade pelo que estava a acontecer (?), pelas incertezas que ainda pairavam, paravam tentando descobrir algo.
Era “engraçado”, se é que nestas condições se pode dizer, mas quando as pessoas saiam do carro, bastava que nos levantássemos do local onde estávamos meio escondidos pelo capim e de arma em punho, para as pessoas regressarem apressadamente ao interior das suas viaturas e irem-se embora.
O dia chegou ao fim. Apesar de todas as incertezas, pois não se sabia o que iria acontecer no dia de amanhã, havia também uma certa euforia.

Podem perguntar: Para que é toda esta conversa?
É que eu nunca tinha respondido à pergunta “onde estava no 25 de Abril de 1974?”
Quando regressei ao aquartelamento, depois da missão cumprida, pus-me a meditar sobre os esforços feitos e que ia ouvindo, pelas forças políticas da oposição para mudar o regime. Senti uma esperança de que o que estava acontecer poderia trazer-nos um futuro diferente e melhor. Tantas perguntas, tantas dúvidas, me estavam a assaltar.
Será que a guerra em África iria finalmente acabar? Esta era sem dúvida uma das grandes perguntas que eu, nós os jovens deste país faziam. Mas o tempo iria responder a todas as perguntas que se faziam neste momento ainda confuso. No decorrer das horas os planos traçados foram cumpridos, com o apoio do povo e com a vitória alcançada aconteceu enfim a liberdade.
O sonho finalmente aconteceu.
Senti ter acontecido também uma revolução dentro de mim.
Depois foi a Festa! Vivi como todos aquela Festa!
“As Vozes de Abril”, ouviam-se sem censura.
Aquelas vozes que durante bastantes anos, naqueles tempos difíceis, nunca se calaram. O Povo cantava em Liberdade com eles.
Foi muito bonito!
Gosto de viver em Democracia e em Paz.
O 25 de Abril de 1974, foi ainda há pouco tempo, no final do século XX.
Estamos ainda no princípio do novo século XXI, e já algumas questões me ferem o pensamento:
- Será que já estamos cansados do tempo (ainda tão curto) que passou desde 1974?
- Será que a História recente que se escreveu, já está esquecida?
A nossa geração (a minha geração) viveu aqueles acontecimentos. As gerações seguintes não viveram aqueles acontecimentos…
E nós não estamos a conseguir contar a estas gerações, às novas gerações, o que vivemos e o que sentimos. O que representaram todas aquelas vivências.
Temos a obrigação de avivar memórias.
Não podemos permitir que se apaguem e que nos apaguem a memória deste passado ainda tão presente.

Há 36 anos as “Portas de Abril” abriram-se de par em par…
Já 36 anos foram passados…
E daqueles ideais que nortearam Abril o que é que nos resta?
Será que o 25 de Abril de 1974 foi apenas um SONHO?
Para mim o 25 de Abril, será sempre!

Faço hoje anos!
Quero lembrar José Afonso com esta canção que vem mesmo a propósito:

Canção De Embalar
Dorme meu menino a estrela d’alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será p’ra ti

Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar

Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d’alva o seu fulgor

Perde a estrela d’alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme qu’inda a noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O MEU LIVRO DE CABECEIRA

“LEITE DERRAMADO”
de Chico Buarque

Sempre tive o costume de ter à noite na minha mesinha de cabeceira um instrumento de leitura. Normalmente tenho um livro ou uma revista que me faz companhia, principalmente à noite, ao deitar.
Raramente me acontece não ter algo para ler, pois acho que quando isso acontece sinto um vazio e algo me fica a faltar.
Acabei de ler o livro de Chico Buarque, “Leite Derramado”.
Li-o do princípio ao fim, sem saltar uma palavra ou um capítulo.
A leitura no início não me saiu fluida e não me foi muito agradável.
Talvez porque o estilo e a estrutura narrativa não me fossemuito habitual.
Mas lá continuei esforçando-me por vezes um pouco na esperança de que aquela fragmentação do texto e a aquela alternância de temporalidades, me tivesse que criar a habituação para uma leitura mais reflexiva e com uma previsibilidade para mim por vezes não muito instantânea.
A narrativa por vezes é embaralhada, repetitiva, desarticulada, a que não nestava habituado, esta é a causa do meu incómodo de adaptação à leitura deste livro. Tenho a certeza que era esta a situação para que a minha leitura tivesse que ter algum tempo de adaptação.A sinopse deste livro pode ser relatada como a história de uma família decadente no aspecto social e económico. Uma família brasileira mas que poderia ser de qualquer lugar, como por exemplo de Portugal. O relato é feito por uma personagem, Eulálio, que se encontra no leito de um hospital, moribundo, esquecido, por vezes demente e que vai desenrolando a sua vida como um novelo, do seu âmago para a periferia. Um relato da sua vida a partir do fim…
É um monólogo que ele dirige à filha e às enfermeiras e outras pessoas…
Ficaram-me na memória dois nomes, obrigatoriamente o velho Eulálio e o de sua esposa Matilde.
Este romance fala também de algumas enfermidades que hoje as sociedades no geral apresenta: os favores e oportunismo políticos, preconceitos de vária ordem, corrupção, ambiente e natureza, marginalidade, falta de respeito para com o próximo…

Este é um estilo narrativo, para mim, não muito habitual.
Mas no fim gostei!