Sábado, 16 de Abril de 2016
ITINERÁRIO: Tavarede, Nazaré, Alcobaça,
Caldas da Rainha e Óbidos.
Distância entre Figueira da Foz e Óbidos: 91,63 km - Distância em linha reta; 116 km - Distância de condução; 1 hora 21 min. - Tempo de condução estimado.
Eram 09H30 e
os Mosqueteiros, saíram mais uma vez em
exploração, desta vez à Região Oeste.
No Oeste,
não há monotonia porque há um bocadinho de tudo: praia e natureza, locais
cheios de histórias para aprender, bom peixe e mariscos, legumes fresquíssimos,
fruta maravilhosa, pão que sabe mesmo a pão. A herança gastronómica do Oeste remonta à fundação do reino, e à
sabedoria ancestral dos monges dos conventos e mosteiros da região, de onde se
destacou a presença tutelar de Alcobaça, cuja tradição da doçaria conventual é
ainda hoje uma referência. No campo, da arte de “prantar” o pão, do cultivo do
vinho e da pesca, nasceram algumas das tradições gastronómicas mais
emblemáticas do Oeste, onde o peixe e os mariscos são reis. A gastronomia da região é variada: dos ricos pratos da “matança do porco”, ao cabrito no forno e ao coelho guisado com arroz,
passando pelas célebres caldeiradas e os suculentos e fresquíssimos pargos e
robalos de
Peniche e da Nazaré cozidos ou no forno, as enguias e amêijoas da Lagoa de Óbidos e os mariscos dos viveiros de Porto de
Barcas, onde, de entre outras iguarias, a lagosta
da Costa Atlântica, “suada”, é um manjar único. Influência da
cultura conventual, as trouxas, as lampreias
de ovos e as cavacas
das Caldas da Rainha, os pastéis de feijão de Torres Vedras ou os pães
de Ló do Landal, Painho e Alfeizerão complementam os sabores da doçaria
conventual de Alcobaça, que é a “jóia da coroa” deste paraíso gastronómico,
herdeira milenar do centro cultural que foi, e é, o Mosteiro. A “Pêra Rocha do Oeste” e
a “Maçã de Alcobaça”
são ex-libris da região que alcançaram já certificação e prestígio
internacional.
Nossa primeira paragem foi em Alcobaça.
Fica situada na confluência dos rios Alcoa e Baça,
pertencente ao distrito de Leiria, o concelho de Alcobaça conta com 18
freguesias, sendo o segundo concelho mais industrializado do distrito e um dos
mais populosos.
Aqui fomos em primeiro lugar recuperar as forças num café, mesmo
em frente ao Mosteiro.
Durante o percurso fomos invadidos por um som celestial. Alguém
cantava com uma voz fabulosa, um aglomerado de pessoas, quase na totalidade
estrangeiros, estavam maravilhados com um jovem que ali mostrava os seus dotes
vocais fantásticos. Ali ficamos também a desfrutar aquele momento. Eram dois contratenores:
Luís Peças & João Paulo Ferreira.
É de realçar que o tempo estava ótimo, não chovia e a temperatura
era amena.
Visitamos o célebre Mosteiro
cisterciense de Santa Maria fundado
em 1148 por D. Afonso Henriques. Neste mosteiro, encontram-se os túmulos de D.
Pedro e D. Inês de Castro. Reconstruído diversas vezes em vários estilos, desde
o gótico (primeira obra plenamente gótica erguida em solo português) ao
manuelino, este mosteiro é um dos mais belos monumentos do mundo, começado pelos monges de Cister.
Está
classificado como Património da Humanidade pela UNESCO e como Monumento
Nacional, desde 1910, IPPAR. Em 7 de Julho de 2007, foi eleito como uma das
sete maravilhas de Portugal. Os túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro
encontram-se no Mosteiro de Alcobaça. São duas verdadeiras obras-primas da
escultura gótica em Portugal, cuja construção se situa entre 1358 e 1367 e de
autoria desconhecida. Inês de Castro está representada com a expressão
tranquila, rodeada por anjos e coroada de rainha. A mão direita toca na ponta
do colar que lhe cai do peito e a mão esquerda, enluvada, segura a outra luva. D.
Pedro I está representado também com a expressão tranquila, coroado e rodeado
por anjos. Segura o punho da espada na mão direita, enquanto com a esquerda
agarra a bainha.
O Castelo de Alcobaça, encontra-se situado num outeiro
onde os visitantes têm uma vista soberba sobre toda a cidade e terras vizinhas.
Será provavelmente do período visigótico. No século VIII foi conquistado pelos
mouros. Tomou-o D. Afonso Henriques em 1148 também aos mouros, que o voltaram a
conquistar e destruir, sendo mais tarde reconquistado e reconstruído por El-Rei
D. Sancho I. Devido aos grandes terramotos de 1563 e 1755, sofreu grandes
estragos começando a degradar-se. Não tendo mais utilidade como
castelo, passou a ser prisão. No séc. XIX o município de Alcobaça vendeu as
pedras das suas muralhas à população para construção de habitações e outras
foram roubadas. Neste momento encontra-se em completa destruição, podendo mesmo
dizer-se em ruínas.
Já
tendo visitado algumas vezes Alcobaça, não sabia que nesta cidade existia um
castelo. Mas ali estava ele bem visível defronte ao mosteiro, por cima dos
telhados das casas. Que me perdoem os alcobacenses pela minha ignorância, mas
até aquele dia… foi assim.
O almoço
estava a chegar e os Mosqueteiros
já davam sinais de fraqueza.
Nazaré, foi o destino. A vila, é o atual espaço que aglutina
três antigos povoados, Pederneira, Sítio
da Nazaré e Praia da Nazaré e novos bairros da segunda metade do
século XX, como a Urbisol ou o Rio Novo, surgidos em consequência da expansão
natural dos três núcleos primitivos. Podem-se compram uns amendoins ou tremoços
às senhoras que ainda usam as tradicionais sete saias e apregoam constantemente
os quartos que têm para alugar ou, para quem goste, um peixe seco em cima de
umas redes na areia. Há muitos restaurantes com peixe fresquíssimo, mas a nossa
opção foi o Restaurante Marisqueira “O Luís”, fica no sítio da Nazaré em frente à praça de touros, no
caminho para o farol.
É um espaço agradável com uma grande variedade de peixe
fresco, de boa qualidade. Nas entradas constavam percebes, camarão, e
búzios.
Para os grandes apreciadores das variadas delícias que nos dá
o mar, há o aprimorado Barco de Marisco que vem para a mesa recheado com
Lagosta, Camarão Grelhado, Amêijoa, Sapateira, Ostras, Percebes, Canilhas e
Camarão Cozido.
Nós pedimos uns fantásticos robalos grelhados.
Após
o almoço, fomos ver a vista, do Sítio da Nazaré, que é simplesmente fantástica. Passamos pela Ermida da Memória - junto ao Miradouro do Suberco, no local onde,
em 1182 e segundo a lenda, N.ª Sra. da Nazaré salvou a vida a D. Fuas Roupinho,
ergue-se esta pequena Ermida mandada construir, em ação de graças, pelo nobre
cavaleiro. Todo o interior é revestido de painéis de azulejos dos séculos XVII
e XVIII, tendo a abóboda, ao centro, o pelicano, divisa de D. João II. À
entrada, de ambos os lados, lápides em mármore contam a lenda do milagre,
segundo a versão do cronista Frei Bernardo de Brito.
Mas
a nossa principal visita foi ao Forte de
S. Miguel (Farol da Nazaré), que se ergue em
posição dominante sobre a praia
da Nazaré, afamado e tradicional ponto de pesca, santuário e balneário.
Trata-se de um notável monumento militar maneirista, característico da defesa
da costa. Possui um baluarte em cada ângulo, ameias e frestas, dispondo de uma
original Praça de Armas no 2º piso.
Ali
disfrutamos das vistas para a Praia do Norte, onde o “Canhão da Nazaré” que canaliza
a ondulação do oceano Atlântico para ali, praticamente sem obstáculos,
proporcionando a criação de ondas com um tamanho fora do normal em comparação
com a restante costa portuguesa.
Mas
dali também avistamos uma praia espetacular, um
casario branco dos pescadores e enormes penhascos sobre um mar de um azul intenso.
Estava uma tarde cheia de sol e uma temperatura muito boa
para a época.
Os Mosqueteiros
estavam adorar o passeio.
Mas o nosso itinerário ainda não tinha chegado ao fim e Óbidos esperava-nos.
Óbidos,
é uma vila do distrito de Leiria, que guarda séculos de história entre as suas muralhas. Com um vasto
património de arquitetura religiosa e vestígios histórico-monumentais, a vila
de reis e rainhas foi, noutros tempos, local de preferência para descanso ou
refúgio das desavenças da Corte. D. João IV e D. Luísa Guerra, D. Pedro II e D.
Maria I, D. Leonor, D. Catarina de Áustria e D. Carlos, foram alguns dos
monarcas que passaram por estas terras deixando, de uma forma ou de outra,
marcas que a vila ainda hoje mantém. A origem da vila de Óbidos remonta ao
século I, à cidade de Eburobrittium.
Património: Castelo de Óbidos; Porta da Vila; Praça de Santa
Maria; Igreja de Santa Maria; Igreja da Misericórdia; Igreja de São Pedro;
Igreja de Nossa Senhora de Monserrate; Santuário do Senhor Jesus da Pedra;
Capela de S. Martinho; Igreja de S. Tiago; Aqueduto; Ermida de Nossa Senhora do
Carmo; Porta do Vale; Casa do Arco da Cadeia.
O XIV Festival Internacional de Chocolate, estava a decorrer desde 31 de Março
a 25 de Abril de 2016. O Festival traz
este ano uma edição com sabores refrescantes inspirados
na pureza da água. Numa incursão sobre o território, a Lagoa de
Óbidos toma vida em chocolate para surpreender os visitantes e alia-se às
novidades no mundo onde o cacau é ingrediente obrigatório, trazendo a mais
uma edição mil e uma formas de degustar,
trabalhar e apresentar esta iguaria, regressando ainda às suas
origens de fusão de cacau e água como bebida de eleição.
Nós
deliciámo-nos com uns pãezinhos com chouriço e uns fininhos para acalmar a sede
que se fazia sentir. Estava uma temperatura que até já fazia sede…
Para
finalizar o nosso lanche nada melhor que umas ginginhas em copos de chocolate,
a “cereja no topo do bolo”.
Mas
não quero deixar de sinalizar a Capinha
d'Óbidos, que é um bolo com mais de 130 anos que aconselho a provar,
uma receita partilhada na família Capinha entre gerações, um bolo que
segundo a tradição seria o bolo das noivas uma recordação de casamento, agora
serve também para ser provado por todos turistas e embaixadores. Amassado e
cozido no forno a lenha com carinho e entusiasmo pela ultima representante da
família Capinha mesmo à entrada da vila de Óbidos.
E foi assim
com esta iguaria “debaixo do braço”
que abandonámos esta vila medieval rodeada de muralhas preservadas,
com os seus monumentos, ruas tortuosas e pequenas casas brancas com janelas e
varandas cheias de flores.
O seu encanto manteve-se ao longo dos séculos: já em 1282, a
vila foi um dos presentes do rei Dom Dinis à sua noiva espanhola, Isabel de
Aragão.
Apesar da
tarde ainda estar com muito sol, ainda tínhamos de percorrer uns bons
quilómetros até a nossa casa.
Passamos
então pelas Caldas da Rainha, uma cidade conhecida
pela sua relação com a Rainha Dona Leonor e pelo fabrico de inúmeras peças
cerâmicas. Também conhecida por
“termas da Rainha”, foi procurada pela Rainha Dona Leonor, mulher de D. Manuel
I, no séc. XV, que ao usufruir das competências terapêuticas das águas termais
viu sarada uma ferida que há muito não cicatrizava, mesmo após os mais diversos
tratamentos. As Caldas da Rainha
possui um rico património que vale a pena conhecer.
Com muita pena nossa já não visitamos esta cidade. Fica para
uma próxima viagem.
Eram 21H30, chegámos à nossa Vila de Tavarede.
Este foi um grande passeio, digo eu!
Mas tenho a certeza que os outros 5 Mosqueteiros também o dizem!
Até à próxima viagem!