domingo, 30 de julho de 2017

Celebração


30 de Julho de 2017

39 anos juntos é um grande marco e merece uma celebração pela nossa união no dia que decidimos compartilhar juntos as nossas vidas, com alegrias e tristezas, descobrindo o nosso futuro e a nossa felicidade.

Quando alguém está feliz, o tempo passa voando.

O laço é o tradicional presente dado no 39º aniversário, mas eu optei por “enganar” a tradição e à minha maneira ofereço-te algo especial.

No começo tudo é maravilhoso, mas acredito que a vida em comum pode ser eternamente um começo, com respeito e compreenção um ao outro com a certeza que procuramos atingir juntos os mesmos ideais...

Esse dia tão maravilhoso merece ser celebrado diariamente!

Que venham bodas e mais bodas.


Parabéns pelo nosso dia!

sábado, 1 de julho de 2017

Os “MUSKETEYRUS” por Caminhos do Medieval e da Fé


20, 21 e 22 de Junho de 2017

DIA 20

O grupo dos “MUSKETEYRUS”, saiu de Tavarede pelas 08H00, em “miniautocarro” conduzido pelo Rui.

Passamos por Marinha das Ondas, vila do concelho da Figueira da Foz. Foi elevada a vila em 12 de Junho de 2009.

O nosso passeio continuou por Pombal, cidade do distrito de Leiria que foi elevada a cidade em 16 de Agosto de 1991.

Na continuação da nossa viajem encontramos Ansião, vila do distrito de Leiria.

Entretanto fizemos a nossa primeira paragem para um cafezinho e outras necessidades… em Alvaiázere, vila do distrito de Leiria, limitada a norte por Ansião, a nordeste e leste por Figueiró dos Vinhos, a sueste por Ferreira do Zêzere, a sudoeste por Ourém e a oeste por Pombal. O termo "Alvaiázere" derivará do árabe Al-Baiaz (o falcoeiro); terras do falcoeiro.
Aproveitamos a paragem para ver algum Património como o Pelourinho e o Coreto. Como curiosidade salienta-se a Gastronomia: Chícharo de Alvaiázere, Azeites do Ribatejo, Queijo Rabaçal.

Continuamos o nosso passeio e a próxima paragem foi a linda cidade de Tomar, do distrito de Santarém. A cidade foi construída de acordo com as regras dos Cavaleiros Templários, com quatro monumentos religiosos construídos em torno da cidade formando um crucifixo perfeito. O mais impressionante destes monumentos é o conjunto do Castelo de Tomar e o Convento de Cristo, Património Mundial da UNESCO, construído pelos Templários no século XII.





Os Templários, homens simultaneamente Cavaleiros, Guerreiros e Monges, tiveram um papel importante em todas as grandes épocas e batalhas de Portugal, desde a fundação do país com D. Afonso Henriques até aos Descobrimentos. Visitamos o belíssimo Convento de Cristo, fundado em 1160 pelo Grão-Mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários, D. Gualdim Pais, e ainda conserva memórias desses monges cavaleiros e dos herdeiros do seu cargo, a Ordem de Cristo, os quais fizeram deste edifício a sua sede. A Charola, oratório templário, transformada em Capela-Mor aquando da reconstrução ordenada por D. Manuel I, no séc. XVI. Valeu a pena ver o Convento apreciando as representações no portal renascentista, a simbologia da Janela Manuelina da Sala do Capítulo, os pormenores de arquitetura do Claustro Principal e as dependências ligadas aos rituais templários.

Acabamos esta visita maravilhados, mas um pouco cansados e desejosos de uma bebida fresca. Com uma temperatura a passar os 40ºC, retemperamos as forças na “Cafetaria do Castelo”, localizada no Terreiro Dom Gualdim Pais, junto ao Convento de Cristo. Na cafetaria há a venda de produtos como saladas, salgados, bolos e bebidas, mas também produtos tradicionais da região. Disponíveis aos visitantes estão vinhos das adegas do concelho, os doces e licores conventuais e ainda o artesanato ligado à cidade e aos templários. É claro que com estas alternativas saímos daquele local mais animados para continuarmos o nosso passeio.

E foi o que fizemos passando junto ao Parque do Mouchão, onde podemos ver a Roda do Mouchão, uma roda hidráulica em madeira, ex-libris da cidade que evoca os tempos em que os moinhos, os lagares e as áreas de cultivo ao longo do rio contribuíam para a prosperidade económica de Tomar.

Mas há ainda motivos de passeio nas proximidades, como Castelo de Bode, uma das maiores albufeiras do país, para onde nos direcionamos.
Chegados junto à albufeira eram já horas do almoço. A albufeira estende-se por muitos quilómetros, mas não foi por mero acaso que escolhemos para almoçar o Restaurante “O Sabor da Pedra”, que fica na localidade de Alverangel - São Pedro de Tomar. Foi numa pesquisa de restaurantes que descobrimos este espaço gastronómico.
Não foi fácil chegar ao restaurante situado nas imediações (cerca de 3 km) da barragem de Castelo de Bode, pois que apesar de as indicações colocadas na estrada ajudarem, para quem não conhece a região se torna mesmo assim complicado. Mas vale a pena pois quando chegamos encontramos um espaço muito acolhedor num ambiente pleno de natureza.
A decoração é de muito bom gosto, é bonita e com carisma. Junto às janelas da varanda envidraçada, podemos apreciar uma vista panorâmica para as águas do rio Zêzere e da barragem que é sem dúvida deslumbrante. Trata-se de um lugar diferente, a visitar sem hesitações.
A equipa Ana e Aristides, que nos recebeu foi excecional e com uma constante simpatia no atendimento, que nos marcou efetivamente de forma extremamente positiva.

Tal como nos é transmitido pela própria definição deste restaurante - A origem do nome “O Sabor da Pedra” significa a união entre a Natureza, a excelência dos produtos nacionais e a forma genuína de os confecionar.

Foi isso que sentimos com a gastronomia tradicional portuguesa que nos foi proporcionado experimentar.

Como entradas e por serem constituídas por vários sabores, penso que com as fotos que a seguir se podem visualizar melhor podemos perceber dos vários sabores que tivemos o privilégio de apreciar.



Dos diversos pratos principais escolhemos os seguintes:

Sável frito e açorda de ovas

Lúcio escalado na grelha, aromatizados com ervas e azeite, com migas e batata murro

Tranche de bacalhau na grelha com migas e bata a murro

As sobremesas escolhidas recaíram em melão fresco da região, seguido dos cafés e alguns digestivos.
Saímos confortados deste maravilhoso restaurante que dispõe de outros diversos espaços, jardim lounge, sala e salão rústicos com a presença de lareiras, garrafeira com loja de vinhos, parque privativo.

O nosso destino então, foi a Barragem do Castelo de Bode, para uma pequena visita. Estavam 44ºC em plena barragem.
Não foi por isso muito longa, como será de imaginar, a nossa presença na mesma. A barragem está situada nos concelhos de Tomar e Abrantes e pertence ao conjunto de barragens da bacia do rio Zêzere, constituindo uma das mais importantes e maiores do País. A sua albufeira estende-se ao longo de 60 quilómetros, numa paisagem de vales, serras, pinhais, com uma beleza cheia de natureza, onde se praticam diversas atividades náuticas, desportivas, de lazer e turísticas. Esta gigantesca reserva de água abastece a região de Lisboa num total de aproximadamente 3 milhões de pessoas. No meio da albufeira podemos ver a bonita Ilha do Lombo, onde se situa uma estalagem. Na área circundante existem outras estruturas turísticas e hoteleiras, como o Restaurante “O Sabor da Pedra”, onde acabamos de almoçar.

Após esta rápida paragem para tirar umas fotos seguimos o nosso caminho agora com destino a Abrantes.

Antes, porém, passamos por Mouriscas, uma aldeia inserida no meio de figueirais e olivais, freguesia do concelho de Abrantes. Mouriscas é ainda conhecida pela “terra da passa e da uva”, pela quantidade de figos secos e uvas de latada, características de todas as varandas frontais das casas. É considerada uma das aldeias mais rurais do concelho de Abrantes, onde predominam pequenos aglomerados populacionais de entre os quais se destacam: Carreira e Cascalhos. O lugar de Cascalhos é conhecido possuir uma das maiores oliveiras do país!
Estivemos aqui neste lugar para testemunharmos esta oliveira conhecida na aldeia por ter um tronco enorme e oco. É tão larga que os mais idosos costumam lá colocar uma mesa e jogar uma boa sueca dentro da árvore.
É conhecida de acordo com o Instituto para a Conservação da Natureza e das Florestas, como a árvore mais antiga de Portugal, com 3.359 anos, fazendo em Janeiro mais um aninho. Tem um perímetro de 11,2 metros na base e a cerca de 1,5m de altura chega a ter 6,5 metros de largura. Do tronco aos primeiros ramos vão mais de 3 metros. É uma árvore de interesse público, com uma classificação atribuída em Janeiro de 2007.

A oliveira mais antiga do país fica em Mouriscas, Cascalhos e nós estivemos junto dela. Para constar e comprovar a nossa presença tiramos fotografias que guardaremos com muita emoção.
Também nos vamos lembrar de que a temperatura ultrapassava os 40ºC, mas que com a ajuda de umas bebidas frescas que nos serviram no “café Dalila”, o café deste pequeno lugar de Cascalhos, nos deixou com mais força para continuarmos o nosso passeio.
O nosso destino foi Abrantes, cidade município limitada a norte por Vila de Rei, Sardoal e Mação, a leste por Gavião, a sul por Ponte de Sor e a oeste por Chamusca, Constância, Vila Nova da Barquinha e Tomar.

Já a tarde estava quase no fim, apesar de ainda haver muita luz do dia, quando chegamos a Abrantes.

Fizemos uma pequena paragem, apenas para descansarmos da temperatura que continuava muito perto dos 40ºC, no Aquapólis - Parque Urbano Ribeirinho, com amplos espaços verdes, campo de jogos, esplanadas, parque infantil, ciclovias e parque de merendas, mas que àquela hora se encontrava deserto.

Continuamos a viagem passando por Rio de Moinhos, Praia do Ribatejo, Constância e Tancos.

Chegamos a Vila nova da Barquinha, vila do Distrito de Santarém, limitada a norte por Tomar e Abrantes, a leste por Constância, a sul pela Chamusca, a sudoeste pela Golegã, a oeste pelo Entroncamento e a noroeste por Torres Novas. O concelho foi criado em 1836 por desmembramento do antigo concelho da Atalaia.

Foi nesta vila que reservamos o Hotel SOLTEJO, para pernoitar neste dia. Localizado numa área elevada de Vila Nova da Barquinha e proporciona uma vista única sobre a cidade, Rio Tejo e parque ribeirinho.
Apesar de possuir alguns serviços razoáveis, tivemos de imediato o desconforto de saber que não havia ar condicionado, o que indiciava uma noite mal dormida. A noite apresentou-se muito quente, na casa dos 20 e tais graus... dormimos muito mal…


DIA 21

Tomamos o pequeno-almoço (muito fraco) ainda no Hotel Soltejo, mas pedimos para fazermos as contas e anularmos a segunda noite.

Pelas 10H00 iniciámos o nosso passeio no “miniautocarro”, conduzido hoje pelo Zé Manel.

Na véspera já tínhamos contatado outro alojamento, que por acaso já conhecíamos há alguns anos atrás: A Casa do Patriarca, em Atalaia.

Antes de sairmos verdadeiramente para o nosso passeio do dia, fomos tomar conta dos respetivos quartos nesta casa de turismo rural. Este dia começou com altas temperaturas: 35ºC.

Saímos então de Vila Nova da Barquinha até à Golegã, vila do Distrito de Santarém, famosa pela Feira Nacional do Cavalo, que ocorre anualmente durante o mês de novembro. É sede de um município limitado a nordeste por Vila Nova da Barquinha, a leste e sueste pela Chamusca, a oeste por Santarém e a noroeste por Torres Novas e pelo Entroncamento. É rico o seu Património: Igreja Matriz ou Igreja de Nossa Senhora da Conceição; Quinta da Cardiga; Casa-Museu Carlos Relvas ou Casa-Estúdio de Carlos Relvas; Museu Martins Correia - Equuspolis; Paul Boquilobo.

Optamos pela visita à Casa-Museu Carlos Relvas ou Casa-Estúdio de Carlos Relvas, um espaço construído entre 1870 e 1875 para ser estúdio fotográfico - o primeiro do país, naquela época uma arte pioneira em Portugal. O Chalet, como é conhecido na Golegã, apresenta caraterísticas únicas a nível mundial. O palacete foi doado à câmara da Golegã pela família de Carlos Relvas, onde o próprio fez adaptações no imóvel, transformando-o também em sua habitação e atualmente com o seu restauro a traça respeitou a casa original, quando funcionava apenas como estúdio.

A Casa-Museu é um monumento importante da arquitetura do ferro, com a presença de estilos como o gótico e o mourisco.
A visita foi guiada por uma senhora/guia que mostrou muita segurança e saber em todas explicações que deu ao longo de todo o percurso, mas com excessivos pormenores das informações. Quando os conteúdos são muito exaustivos, a assimilação dos conhecimentos torna-se mais difícil de adquirir. O que na minha opinião não é totalmente negativo, mas pode esgotar a nossa paciência, ao ser tão minuciosa nas suas explicações.

Iniciamos a visita pelo primeiro piso onde nos foram mostradas amostras do laboratório; ali ao lado numa pequena sala assistimos a um pequeno filme que conta a história da casa e do seu proprietário.
Subimos ao piso superior, por uma escada vertical em caracol, de cobertura e paredes envidraçadas, numa galeria de ferro trabalhado, encontramos um espetacular estúdio onde a entrada de luz natural se regula através de cortinas brancas controlados por meio de fios e roldanas. Ali podemos apreciar vários espécimes de máquinas fotográficas, e o estúdio do autor.

Descemos novamente pela escada em caracol, agora até ao piso inferior, onde encontramos uma galeria para exposições, na altura estavam fotografias de paisagens.

Acabamos a visita no jardim, um espaço de grande beleza natural, com árvores de grande porte, onde podemos encontrar diversas espécies exóticas.

Gostamos imenso da visita que é única no género.

A nossa guia ainda nos fez o desafio de visitarmos a Casa dos Patudos, em Alpiarça, propriedade do filho de Carlos Relvas, o José Relvas.

O desafio foi aceite…

Curiosidades da história desta família extraordinária, com pequenos retalhos que fui descobrindo na net:

“Carlos Relvas (na Golegã) e José Relvas (em Alpiarça), pai e filho, têm uma história familiar que daria um extraordinário filme. A casa-ateliê de fotografia de Carlos Relvas, na Golegã, é um edifício lindíssimo de conteúdo relevante para a história da fotografia mundial. O lado escandaloso, porém, nunca é referido, o que está certo para a memória dos mortos que já não podem justificar-se, mas deixa a salivar o instinto mórbido do visitante. Carlos Relvas e os filhos existiram, sim, e um deles, José Relvas, foi o célebre republicano que viveu na Casa dos Patudos de Alpiarça, que fez parte do Diretório que preparou a implantação da República, e que a proclamou à varanda do Município de Lisboa, em 5 de Outubro de 1910.

Na coleção de milhares de negativos existentes na Casa-Museu da Fotografia da Golegã há muitas fotos da família Relvas.   Realmente é verdade essa história triste. Felizmente Carlos Relvas é mais conhecido pelo seu legado artístico que por ter sido um assassino, ter deserdado a filha mais velha e tê-la deixado a apodrecer a pedir numa igreja de Lisboa lá para os lados do Chiado. Clementina pagou caro o seu amor pelo Costa.”

“Há uma espécie de lenda sobre os amores da outra filha Clementina, algumas apontando para o facto de um servidor da Casa Relvas ter sido morto a seu mando por se ter relacionado com a infeliz rapariga. Parece que a sua vida não terá sido muito normal, contando-se a história de ser vista a pedir em Lisboa, mas são histórias que nunca foram confirmadas. O que parece ter de facto acontecido foi esta menina ter sido repudiada por seu marido.”

“Quanto aos nomes Relvas, há muitos... Mas de Carlos Relvas não há descendentes diretos. Os 3 netos filhos do Homem da República morreram todos uns menores, o maior pelo suicídio. A haver descendentes seriam apenas os seus netos filhos da filha mais nova Margarida Relvas Navarro (pelo casamento com Alberto Navarro, um médico do norte) que herdou todas as propriedades para os lados de Riachos/Torres Novas. José Relvas o republicano, separou-se do pai e saiu da Golegã para Alpiarça devido ao segundo casamento do pai. Carlos Relvas casou pela segunda vez a pouco mais de um ano da morte da sua mulher Dona Margarida Relvas, adorada pelo povo da Golegã. Esse 2º casamento odiado, com uma mulher já também viúva de outros casamentos, obrigou a partilhas em vida e a mais separações... Carlos Relvas transforma então a Casa-Estúdio em habitação e passa lá a viver com a segunda mulher. Finalmente essa mulher novamente viúva depois da morte de Carlos Relvas, destrói, vende ou faz desaparecer a maior parte do património fotográfico, nomeadamente os nus femininos de Relvas que deveriam ser numerosíssimos. Salva-se finalmente a ação da filha (apenas filha dessa segunda mulher) que herdou a Casa-Estúdio de Relvas e depois de anos de destruição e abandono, fez então uma doação do edifício à Câmara.”

Saímos da Golegã, passamos por Chamusca e Alpiarça e fomos almoçar a Almeirim, cidade do Distrito de Santarém, limitada a norte por Alpiarça, a leste e nordeste pela Chamusca, a sul por Coruche e Salvaterra de Magos, a oeste pelo Cartaxo e a noroeste por Santarém.
Tem um Património e Artesanato muito rico, mas foi por causa da Gastronomia que nos deslocamos até aqui. Não podia deixar de integrar o nosso almoço a Sopa da pedra, sopa típica em particular da cidade de Almeirim. Foi no restaurante Minhoto, que aconteceu o nosso almoço, que para além da célebre sopa também foi composto por sopa de peixe, chocos grelhados e chocos de coentrada.
Findo o repasto voltamos a Alpiarça, vila do Distrito de Santarém, que tem como Património: Casa-Museu dos Patudos, Estações arqueológicas da Quinta dos Patudos ou Tanchoal dos Patudos, Estação arqueológica do Cabeço da Bruxa, Quinta da Gouxa, Reserva Natural do Cavalo do Sorraia.

Visitamos então a Casa-Museu dos Patudos, rodeada de jardins, cujo fundador foi José Mascarenhas Relvas, que nasceu a   5 de Março de 1858 e faleceu a 31 de Outubro de 1929. José Relvas mandou edificar a Casa dos Patudos para dar uma morada condigna à sua coleção de arte e todas as artes tiveram o seu espaço neste “palácio”. Colecionador esclarecido e compulsivo José Relvas reuniu uma coleção eclética com destaque para a pintura, a azulejaria, as artes decorativas e têxteis.
Iniciamos a visita guiada pelo andar térreo onde apreciámos a cozinha e todos os utensílios que a compunham. Durante cerca duas horas visitamos inúmeras salas, recheadas/decoradas com imensas obras de arte. Entramos por um átrio com uma escadaria onde as paredes estão forradas de azulejos recortados, que ilustram a vida rural:

- sala Carlos Relvas: dedicada à figura do pai de José relvas, artista e cavaleiro, retratado numa tela de José Malhoa, ainda podemos ver peças de mobiliário, uma colcha de castelo Branco, pintura barroca e faianças, bem como exemplares em madeira estofada de anjos ou esculturas em talha.
- sala de arte sacra: é preenchida por diversas telas de assuntos religiosos, vários bustos, réplicas de esculturas em madeira policromada, figuras em barro pintado de presépios e uma maquete de um presépio.

Subimos depois ao segundo piso onde se encontram:

- salas dedicadas à família de José Relvas, com mobiliário, painéis de azulejos, porcelanas da companhia da Índias, arraiolos, sedas, e pinturas.

- sala de música, com exposições temáticas da escola italiana e espanhola.

- sala de aguarelas podemos apreciar obras de Rafael Bordalo Pinheiro, Alberto Sousa e Roque Gameiro.

Acabamos a visita um pouco cansados pela extensão desta casa, mas maravilhados e deslumbrados pela quantidade e qualidade das obras de arte que tivemos o prazer de apreciar e que enchem todo aquele espaço.

Iniciámos o nosso passeio de regresso a Vila Nova da Barquinha, mas no caminho passámos e parámos por Chamusca, onde nos refrescamos, pois, o tempo continuava muito quente.
Novamente na estrada passamos por Golegã e já lusco-fusco chegamos a Atalaia, onde jantamos no restaurante Stop.
Escolhemos para comer uns petiscos: pica-pau, moelas estufadas e lulas panadas; para beber: sangria e cerveja.


Fomos então descansar na Casa do Patriarca.

Este tipo de alojamento integra-se num espaço de Turismo de Habitação num Espaço Rural e está localizado em Atalaia, Vila Nova da Barquinha, inserido no Caminho de Santiago de Compostela.

À chegada fomos recebidos pelo casal proprietário de espaço, que se encontravam à nossa espera para nos dar as boas vindas.

Também fomos recebidos pela cadela boxer “Luna”, que logo nos acolheu e se tornou uma grande amiga, para a brincadeira…
Eu e a minha esposa já cá tínhamos estado há alguns anos e nunca mais nos tínhamos esquecido do carinho e simpatia que sentimos. Já nessa altura desejamos cá voltar um dia. O nosso desejo foi agora concretizado. Esta casa possui seis quartos e cada um tem um nome, quer baseado na decoração, quer em algum pormenor: Patriarca, Quinta, Namoradeiras, Saua Saua, Oriente, Almirante.
Como exemplo ficamos no quarto do Almirante, que segundo a discrição da própria casa “é um quarto muito amplo e tem uma cama de dossel, porque uma das janelas que possui é pequena e funda, e através dela se pode ver o ondular das folhas das tamareiras, lembrando uma zona tropical a ser atravessada por um navio. Toda a sua decoração é em função da marinha, incluindo o friso de azulejos pintados à mão, com cordas manuelinas. Um dos quadros chama-se Joana Rosa e foi oferecido pelo autor João Luís Pereira de Castro.”

Foi com grande satisfação e prazer que aqui pernoitamos neste espaço confortável e com um ambiente familiar.

DIA 22

A nossa curta estadia foi tão gratificante e acolhedora que quando saímos já sentíamos saudades deste lugar e com muita vontade de voltarmos em futuros passeios por estas bandas.

O passado da Casa do Patriarca é tão extraordinário e interessante que não posso deixar de transcrever a sua história existente no seu site:

“A Casa do Patriarca é uma casa senhorial que pertence a família há cinco gerações.”

Foi comprada aos Condes da Atalaia em 1892 por Dr. António Zagallo Gomes Coelho que era médico de Vila Nova da Barquinha, quando veio morar para a Atalaia com sua mulher Maria Luísa Covacich Lamas e alguns dos seus filhos, após a família da mulher ter vendido a Quinta da Cardiga.

A Casa do Patriarca desde a sua construção, que data de 1669: conforme o cronista Conde Lourenço Magalotti, a Atalaia e as suas cercanias mereceram esta descrição:” (…)Atalaia, fora da qual se vê por acabar um grande palácio quadrado de boa e nobre arquitetura, e que é do conde que tem por título o nome da dita povoação. Aqui os campos circunvizinhos não estão tão cultivados, mas em troca são maravilhosamente adequados a caçadas, sendo da esterilidade da terra abundante recompensa a multiplicidade dos animais que aí se encontram.” até à presente data sofreu muitas alterações. No entanto, a sua traça exterior manteve-se sempre inalterável.

Ao criar-se o Turismo Rural nesta casa, houve o cuidado de ter em atenção que ela continha toda uma história e tradição que não deveriam ser esquecidas, facto pelo qual os atuais proprietários têm vindo desde o início compilando toda a matéria referente ao historial, bem como de tudo o que com ela se relaciona.

Deste modo querendo homenagear o segundo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Manuel da Câmara, foi escolhido, aquando da criação do Turismo Rural o nome de Casa do Patriarca.

O Cardeal Patriarca nasceu nesta casa no início do ano da graça de 1686, tendo sido batizado no dia seis do mês de Janeiro do mesmo ano. Era filho do quarto Conde da Atalaia D. Luiz Manoel de Távora e de D. Francisca Leonor de Mendonça. Foi eleito Patriarca de Lisboa em 1754. e só voltou para a Atalaia para passar a última parte da sua vida com sua sobrinha, D. Constança Manuel, marquesa de Tancos, que na data do seu falecimento (1758) já herdara a Casa da Atalaia. Ficou a dever a sua sobrinha, a sua sumptuosa sepultura no lugar mais nobre da Igreja Matriz do seu senhorio, isto é, na parede do lado do Evangelho. Atualmente o seu túmulo encontra-se sob o altar-mor.

Foram o Cardeal Patriarca e o Marquês de Tancos Provedores alternativos da Casa de Misericórdia (1588), que tinha um hospital anexo para os caminheiros e uma Casa para todos os religiosos que iam de passagem e que ali quisessem pernoitar, e que se encontra face ao palácio.

Tendo sido uma casa brasonada, um dos brasões foi entregue a D. Duarte de Atalaya por volta de 1935, outro poder-se-á ver incrustado numa das paredes da junta de Freguesia da Atalaia, e outro ainda, pertença de um particular, que foi possível admirar no Museu Arqueológico de Vila Nova da Barquinha.

A Casa do Patriarca está inserida numa região privilegiada em belezas naturais e arquitetónicas, ou não se desse o caso de pertencer a uma zona templária, onde as demarcações dos terrenos eram feitas com marcos onde a cruz templária estava esculpida.

Lenda ou não, a única referência templária nesta vila, é uma mina que se encontra entre a Igreja Matriz da Atalaia e a Capela do Senhor Jesus da Ajuda, mais propriamente no alto do Picoto onde se julga ter existido a torre templária da Atalaia e que se diz estar ligada a Tomar (ao convento) e ao Castelo de Almourol. No entanto, e porque esta vila não é destituída de misticismo, por opção, aqui viveu durante alguns anos e aqui foi sepultado em 1997 um Grão Mestre da Ordem do Templo, que dedicou a sua vida ao ideal templário.

Elaborado por Casa do Patriarca
Atalaia-1998

Pela manhã, chegamos a uma sala de refeições bem iluminada e acolhedora e deparamo-nos com uma mesa muito bem arranjada e com muito bom gosto, preparada para nós os seis.
Ali tomámos um excelente pequeno-almoço com variedade de escolha: compota caseira muito boa, fiambre, queijo, manteiga, pão, pão de ló, gelatinas diversas, seleção de chás, leite, café, chocolate em pó, cereais, sumo de laranja, etc.


Depois do pequeno-almoço preparamo-nos para partir e assim continuarmos o nosso passeio.

Foi com grande prazer que pernoitamos nesta maravilhosa casa, muito confortável e com ótimas condições de conforto e sossego.

O local é lindíssimo cujo jardim apresenta pequenos pormenores deliciosos formados pelo verde exuberante da relva juntamente com as diversas árvores existentes; a sua pequena piscina bastante apetitosa, mas que infelizmente não tivemos o prazer de usufruir. Ficará para a próxima visita.
Tanto o casal anfitrião como o seu filho Luís Filipe (penso que é este o nome), são de uma gentileza, amabilidade, simpatia e cortesia que hoje em dia não é comum. A confiança que nos passaram para nos sentirmos como em nossa própria casa, ou seja, como se fossemos família, também não queremos deixar de salientar.

Não tendo mais adjetivos para tal receção só podemos dizer mais que tiveram uma disponibilidade permanente e uma preocupação inexcedível para que a nossa curta estadia fosse perfeita.

Despedimo-nos já com o sentimento amizade que só as boas pessoas nos fazem sentir, com muita pena de ali não permanecermos mais tempo e com o desejo de voltarmos um dia.

Saímos de Vila Nova da Barquinha no “miniautocarro” conduzido neste dia pelo Vitor.
O nosso passeio teve passagem por Zibreira, Minde, Mira de Aire vila do concelho de Porto de Mós, cujo Património faz parte o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, onde se situam as grutas naturais mais espetaculares entre as quais as de Santo António, que visitamos.


“Foram descobertas por acaso por dois homens que trabalhavam na Pedra do Altar, Porto de Mós, em 1955, as Grutas de Santo António fazem parte de um conjunto de grutas existentes na Serra de Minde, zona tão rica neste tipo de património, inserida no Maciço Calcário Estremenho.
A gruta ocupa uma área aproximada de 6 000m2 , tendo a sala maior 80 por 50m, com uma altura máxima de 43m. A temperatura dentro da gruta oscila entre os 16 e os 18ºC. Ao longo da gruta está presente uma iluminação especial, para realçar a beleza natural da gruta, com um fundo musical apropriado. Calcula-se que as grutas de Santo António existam há 50 mil anos, crescendo as estalactites e estalagmites à razão de um centímetro por cada século.”

Após a visita às grutas decidimos almoçar no restaurante A Gralha, antes de prosseguirmos viagem. E não podíamos ter feito melhor escolha.

De entre o vasto menu escolhemos: o bacalhau à Gralha, bacalhau com natas e o naco de vitela na pedra, que estavam muito saborosos.

Espaço é agradável e bastante acolhedor, situado no meio da serra e numa zona envolvente de grande serenidade.



O atendimento da colaboradora que nos recebeu, foi muito prestável e atencioso.

A boa disposição e a simpatia, deixou-nos boa impressão, pois notou-se o cuidado em saber se estava tudo do nosso agrado.

Satisfeitos reiniciamos a nossa viagem passando então por Porto de Mós, vila pertencente ao distrito de Leiria, município limitado a norte por Leiria e da Batalha, a leste por Alcanena, a sul por Santarém e Rio Maior e a oeste por Alcobaça.

Paramos para visitar o Castelo de Porto de Mós, também referido como Castelo de D. Fuas Roupinho, erguido sobre um outeiro, em posição dominante sobre a povoação, o seu nome está ligado ao de D. Fuas Roupinho, imortalizado nos versos de Luís de Camões e na lenda de Nazaré.

Acabada esta visita e novamente em movimento agora o nosso objetivo era Fátima, cidade com fama mundial devido ao relato das aparições da Virgem Maria reportadas por três pastorinhos desde 13 de maio até 13 de outubro de 1917.
Devido ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, situado no lugar da Cova da Iria, a cidade tornou-se num dos mais importantes destinos internacionais de turismo religioso, recebendo cerca de seis milhões de pessoas por ano.
O recinto onde se encontra o Santuário de Nossa Senhora de Fátima é um dos mais visitados do País, e em seu redor, podem-se ver uma série de monumentos e locais de interesse.

Fizemos a nossa visita ao recinto e Santuário. Cada um com a sua motivação: devoção, promessa ou busca de um ambiente espiritual e calmo.
Qualquer que fosse o motivo pessoal saímos todos de bem connosco e com a vida.

Passamos por Leiria e acabamos na Figueira da Foz.

Mas, como em tudo na vida, também esta viagem chegou ao fim.
Ainda aproveitamos o final do dia para nos juntarmos para fazermos um balanço do passeio.
Esta viagem durou 3 dias, que aproveitamos e transformámos em dias bem longos, mas as lembranças e os conhecimentos adquiridos vão durar muito mais.
Resta-nos tentar lembrar de tudo sobre a nossa viagem, para que possamos contar histórias.
A narrativa, assim como a viagem, não irá acabar nunca!

FIM

Por enquanto…