quarta-feira, 28 de novembro de 2012

PASSEIO ÀS ALDEIAS HISTÓRICAS DO DISTRITO DA GUARDA

24 e 25 de Novembro de 2012
Dia 24 pelas 08H00, num autocarro da AVIC, com o condutor Magalhães, iniciámos o nosso passeio, com uma manhã de nuvens por companhia e que nos trazia alguma apreensão. Já na zona da Aguieira, no restaurante “Lagoa Azul”, lá fizemos a nossa primeira paragem para um primeiro contato com os companheiros de viagem, tomarmos o pequeno-almoço e fazer algumas outras necessidades…
Sempre com as nuvens por companhia e mas mais confortados continuámos na direção da Serra da Estrela.

Segundo a Meteorologia a previsão do tempo para este dia era de chuva e as temperaturas máximas eram entre os 13ºC e 7ºC e as mínimas entre 10ºC e 4ºC. Não era nada animador.
Chegámos a Gouveia, bonita cidade serrana, situada na encosta ocidental da grande Serra da Estrela, a cerca de 700 metros de altitude, de onde avistámos um panorama maravilhoso sobre o Vale do Mondego e toda a maravilhosa natureza circundante. Fizemos uma paragem pelo caminho, bem perto da “Cabeça da Velha”, onde aproveitámos para tirar umas fotografias.
O tempo chuvoso teimava em não nos deixar descansados a apreciar toda aquela paisagem deslumbrante.
O nosso passeio continuou na direção de Manteigas que é uma vila que fica em plena cadeia montanhosa da Serra da Estrela. É no concelho de Manteigas que fica localizada a formação geológica das Penhas Douradas. Manteigas está localizada em pleno Vale Glaciário do Zêzere, que com a sua forma perfeita em 'U' é um dos melhores exemplos da modelação da paisagem pelos glaciares.
Aqui fizemos mais uma paragem para um saboroso café e tirar umas fotografias.
As Penhas Douradas foi o nosso destino seguinte, local assim designado devido á formação geológica aqui existente, na Serra da Estrela, a cerca de 1.300 metros de altitude, destacando-se pelos seus chalets e pela vista sobre o vale glaciar do rio Zêzere. A paisagem é dominada por grandes blocos graníticos. Perto das Penhas Douradas fica a barragem do Vale de Rossim, que se destina ao aproveitamento hidroelétrico e a atividades náuticas, praticadas nomeadamente no Verão.
Chegamos entretanto ao Mondeguinho, uma nascente situada na Serra da Estrela, no sítio de Corgo das Mós (ou ‘’Mondeguinho’’), freguesia de Mangualde da Serra, concelho de Gouveia, a uma altitude de cerca de 1525 metros, da qual é a origem do rio Mondego. É o rio português mais longo de todos os que têm o seu curso exclusivamente no nosso território com um comprimento total de 258 quilómetros. A origem do nome vem dos romanos chamavam Munda ao rio Mondego. Munda significa transparência, claridade e pureza.
O Mondego é certamente o rio português mais cantado por poetas desde tempos imemoriais. As primeiras referências remontam ao início do séc. XVI, passando por Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda, Luís de Camões, António Nobre, Eugénio de Castro, Miguel Torga, António de Sousa, António Nobre e Pedro Ayres Magalhães.
Bebemos uns goles daquela água fresca e cristalina, apesar do tempo húmido e fresco que nos envolvia e para um dia recordar não deixámos de usar as nossas máquinas fotográficas que fixaram todo aquele verde de líquenes que por aquele lugar abundava.
Como estávamos na hora do almoço e nos encontrávamos em plena Serra, a nossa preocupação do momento era encontrar um local, o menos húmido possível, para podermos aconchegar os estômagos e aquecer o corpo. Valeu-nos o conhecimento do nosso motorista Magalhães, que conhecia por ali um telheiro, para onde nos dirigimos para “piquenicar” os frangos assados e respetivos acompanhamentos que o nosso organizador Tó Simões nos arranjou para comer.
Lá aconchegar os estômagos, aconchegámos. Mas aquecer os corpos, só depois de entrarmos no autocarro… e lá continuámos o nosso passeio.
Próximo destino foi Belmonte, uma vila do Distrito de Castelo Branco, que recebeu foral de D. Sancho I em 1199. Esta vila está conotada com os Descobrimentos Marítimos Portugueses pelo fato de que o descobridor do Brasil no séc. XIV, o navegador Pedro Álvares Cabral, ter nascido em Belmonte. A comunidade de Belmonte abriga um importante facto da história judaica sefardita, relacionado com a resistência dos judeus à intolerância religiosa na Península Ibérica. Um grupo de judeus decidiram isolar-se do mundo exterior, cortando o contacto com o resto do país e seguindo suas tradições à risca.
Tais pessoas foram chamadas de "marranos", numa alusão à proibição ritual de comer carne de porco. Durante séculos os marranos de Belmonte mantiveram as suas tradições judaicas quase intactas, tornando-se um caso excecional de comunidade criptojudaica. Fizemos visitas ao Castelo, Igreja Matriz, Museu Judaico e Museu dos Descobrimentos. As visitas programadas no exterior foram feitas um pouco depressa por causa da chuva que teimava a não parar.
A chuva acompanhou-nos até a Sortelha, freguesia do concelho do Sabugal. Foi vila e sede de concelho entre 1288 e 1855. É hoje uma das aldeias históricas de Portugal.
O tempo então muito chuvoso, obrigava-nos a ser mais rápidos e desejosos de chegar à cidade da Guarda.
Guarda é uma cidade situada no último contraforte Nordeste da Serra da Estrela, a 1056 metros de altitude, sendo a cidade mais alta de Portugal. A nível ferroviário possui a linha da Beira alta, que se encontra completamente eletrificada permitindo a circulação de comboios regionais, nacionais e internacionais, constituindo "o principal eixo ferroviário para o transporte de passageiros e mercadorias para o centro da Europa" com ligação a Hendaye (França, via Salamanca-Valladolid-Burgos). Conhecida pela cidade dos 5 Fs, a sua origem tem várias explicações: Forte, Farta, Fria, Fiel e Formosa: Forte: a torre do castelo, as muralhas e a posição geográfica demonstram a sua força; Farta: devido à riqueza do vale do Mondego; Fria: pela proximidade à Serra da Estrela; Fiel: porque Álvaro Gil Cabral - que foi Alcaide-Mor do Castelo da Guarda e trisavô de Pedro Álvares Cabral - recusou entregar as chaves da cidade ao Rei de Castela durante a crise de 1383-85. Teve ainda Fôlego para combater na batalha de Aljubarrota e tomar assento nas Cortes de 1385 onde elegeu o Mestre de Avis (D. João I) como Rei; Formosa: pela sua natural beleza. Ainda relativamente ao 4º "F" da Cidade, é sintomática a gárgula voltada em direção a nascente (ao encontro de Espanha): um traseiro, em claro tom de desafio e desprezo. É comum ver turistas procurando essa Gárgula específica, recentemente apelidada de "Fiel". Outra explicação em que Júlio Ribeiro cantou a Guarda, vindo a nascer das suas quadras os 5 Fs: Feia, Farta, Fria, Fidalga, Feiticeira, cinco Fs que o poeta deixou “gravadas” por baixo das armas da cidade. A estes cinco viria a acrescentar-se um outro F de Falsa, atribuído ao facto de o Bispo, ao tempo das invasões de Castela (crise de 1383-85), ter facilitado a sua entrada no palácio, entregando-lhe as chaves.
Foi o “Hotel Vanguarda” que nos acolheu para um belo jantar e uma reconfortante dormida. Situa-se perto do centro da cidade da Guarda está localizado no ponto mais alto de Portugal, a 1000 metros de altitude. Num perímetro de cerca de 2 km encontrará estabelecimentos comerciais, restaurantes e bares. Dispõe de um restaurante com vista para a Serra da Estrela e de quartos com varanda privada, climatizados e decorados com cores quentes. O Restaurante D. Sancho, situado no piso superior, oferece uma vista panorâmica, uma ótima comida local num ambiente descontraído e com um serviço de mesa muito cuidado e atencioso por parte dos seus colaboradores. Com vista para as serras circundantes, o bar do hotel dispõe de uma lareira acolhedora.
Visto que o tempo continuava muito desagradável no exterior, algum frio e chuva abundante, foi nossa opção por ali ficarmos em alegre cavaqueira e convívio.
O dia 25, domingo, acordou com chuva abundante, o que nos entristeceu, pois nos iria dificultar as visitas que estavam programadas.
Para este dia a previsão do tempo não era muito animadora, com chuva e as temperaturas máximas entre os 11ºC e 8ºC e as mínimas entre 6ºC e 3ºC.
Após um abundante e ótimo pequeno-almoço, foi combinado sairmos às 09H00, no autocarro que nos iria levar para um passeio pela zona histórica. Infelizmente os monumentos estavam encerrados, como a Sé Catedral, para onde alguns de nós debaixo de chuva fomos tentar visitar. Como mais nada nos prendia nesta cidade da Guarda, o autocarro deu continuação ao nosso passeio.
O tempo continuava a não dar tréguas e Vila Maior, que estava prevista uma visita, decidimos não o fazer.
Mesmo com o tempo a não nos ajudar, não quisemos deixar de visitar Castelo Mendo, uma freguesia do concelho de Almeida e que foi vila e sede de concelho entre 1229 e 1855. Visitámos então o Castelo de Castelo Mendo: acredita-se que a primitiva edificação do castelo remonte à passagem do séc. XII para o XIII, sob o reinado de Sancho I de Portugal (1185-1211). A povoação recebeu Carta de Foral, passada por Sancho II de Portugal (1223-1248) em Vila do Touro, a 15 de Março de 1229. Nele se encontram referidos o castelo e seu alcaide à época, Mendo Mendes;
Aldeia de Castelo Mendo, Pelourinho de Castelo Mendo e Igrejas de Castelo Mendo. No século XX, o conjunto foi declarado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 2 de Janeiro de 1946. O edifício da antiga Casa da Câmara e Cadeia foi requalificado como espaço museológico. A ligação entre os dois espaços é feita através da Porta da Vila, em arco quebrado, onde se inscreve a pedra de armas de D. Dinis.
Como o tempo chuvoso continuava a não nos deixar, Leomil uma freguesia do concelho de Moimenta da Beira, também foi nossa opção não visitar.
Seguimos então até Castelo Bom, 7ª freguesia mais populosa do concelho de Almeida, no distrito da Guarda. Foi vila e sede de concelho durante mais de quinhentos anos. Visitámos o Castelo de Castelo Bom (A espada de Castelo Bom, encontrada cravada numa rocha, é um dos expoentes máximos da metalurgia do período do Bronze Médio/Final. A espada encontra-se exposta no Museu da Guarda), Pelourinho de Castelo Bom, Igreja de N.S. Assunção, Capela de São Martinho e Cruzeiro, Casa do Fidalgo, Solar do Largo da Igreja, Solar da Família Freire, Casa na Rua Direita, Calvário, Alminhas, Fonte Romana, Fonte Cerdeira, Chafariz e Barrocos. O tempo aqui deu-nos um pouco de tréguas e esta visita foi feita sem pressas, saboreando todo aquele ambiente acolhedor e desfrutando aquelas paisagens envolventes.
Mas o tempo passava depressa e a hora do almoço já não vinha longe.
Almeida era nossa próxima paragem, uma vila do Distrito da Guarda. Recebeu foral de D. Dinis em 1296. A sua toponímia tem tradução literal do árabe: «Terra Plana». Fica em Terras de Riba-Coa, dominada por fortalezas, planaltos e vastas paisagens, junto ao rio Coa que corre de sul para norte, desaguando no rio Douro. Visitámos algumas ruas dentro das Muralhas da Fortaleza desta vila, por onde podemos ver e visitar alguns monumentos. A visita a esta vila foi de opção livre. Alguns de nós já conhecíamos esta vila por visitas anteriores. Mas o Museu Militar, foi uma novidade que muitos de nós não conhecíamos. Optámos então por fazer uma visita a este local o que foi uma surpresa agradável.

Cumprindo o horário estipulado, chegou a hora do almoço no Restaurante “A Muralha”, um empreendimento situado à entrada da Histórica Vila de Almeida, com lotação para 150 pessoas. É uma unidade hoteleira familiar constituída por dois irmãos em 5 de Agosto de 1989 para colmatar o vazio existente, para bolsas mais modestas. Está equipada com Residencial, Cafetaria e Restaurante. É detentor de uma grande e variada ementa, a qual abraça os pratos regionais, pratos de caça, e os pratos da casa. Foi um ótimo almoço com um agradável acolhimento.
Optámos também por não fazer a visita a Pinhel, visto o tempo continuar a não nos ajudar e a tarde estar a começar rapidamente a escurecer.
Celorico da Beira ficou para trás e o nosso objetivo foi no momento Canas de Senhorim, onde se situa a Quinta da Lagoa. Numa sala com vista para a Serra da Estrela, saboreamos os produtos feitos nesta Quinta. Em seguida parece que ninguém resistiu em comprar os diversos artigos que ali em exposição se encontravam.
Pelas 09H00, chegamos a Tavarede, onde a chuva já não estava à nossa espera.
Desejamos encontrarmo-nos numa próxima viagem que em princípio só se realizará para o próximo ano de 2013.

Nota: Nesta altura já foi aprovado o Orçamento de Estado para 2013, que de certeza irá ser muito duro para todos e condicionará, como é de prever, as nossas futuras viagens.

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