CAMPO MAIOR
26 e 27 de Agosto de 2015
Dia 26: às 08H00 partimos do Largo da Igreja de
Tavarede em autocarro da AVIC, conduzido pelo já habitual e experiente
motorista Magalhães, que nos levou
com a sua já reconhecida competência até à vila de Campo Maior.
Pelo caminho ainda
fizemos uma paragem numa área de serviço. Entretanto já muito perto de Campo
Maior deu entrada no nosso autocarro uma guia turística de nome Elizabete, que
nos acompanhou nesta nossa visita a esta região alentejana.
Cerca das
12H00 chegamos à entrada da vila de Campo Maior onde o autocarro foi
encaminhado para um local de estacionamento. Aqui foram compradas as entradas
(pulseiras) que dariam acesso ao interior da vila de Campo Maior.
Esta vila do Distrito
de Portalegre do Alto Alentejo, possui
um castelo que foi reedificado por D.
Dinis em 1310 e no séc. XVII e XVIII foram
levantadas fortificações tornando Campo Maior numa importante praça-forte do
país. Possui outro património importante como a Capela dos
ossos, a Igreja Matriz
e o Povoado
Pré-Histórico de Santa Vitória.
Após a nossa entrada na vila decidimos
almoçar num dos restaurantes que por ali estavam montados. Escolhemos um vindo
de Penafiel, serviu-nos um bacalhau de cebolada e filetes de peixe, tudo muito
saboroso.
Após o nosso repasto começamos a nossa
“viagem” pelas cerca de ‘100’ ruas
enfeitadas. Este foi o motivo da nossa visita a
esta vila, as Festas do Povo,
dos Artistas ou das Flores para
ver a ornamentação das ruas maioritariamente no Centro Histórico. Este
ano de 2015, a Associação das Festas,
constituída pelos “Cabeças de Rua”,
votou e escolheu a rosa como a flor
oficial. Sob o mote “Portugal em Flor”,
esta vila alentejana novamente organizou as famosas Festas, uma tradição
centenária com uma beleza única e projeção nacional e internacional. Segundo foi noticiado, cerca de 7500
voluntários, decoraram 99 ruas
inscritas com flores de papel numa extensão de cerca de 10 quilómetros. Para este enfeite das ruas são usadas flores de papel
e outros objetos em cartão e papel, feitos artesanalmente pela população.
Estas festas têm por base o culto a S. João Baptista, constituído
padroeiro de Campo Maior desde o séc. XVI. Começando a tradição
de decorar as ruas no ano 1909. A origem destas Festas, está relacionada com a
afamada Festa dos Tabuleiros em Tomar que remonta ao séc. XIII, festas em
honra do Espírito Santo. Conta-se que um casal de Campo Maior que visitou a
Festa dos Tabuleiros, admirado com a beleza das ruas ornamentadas para o
Cortejo dos Tabuleiros no centro histórico de Tomar, resolveu juntamente com os
seus vizinhos ornamentar a sua rua (Rua Nova). Esta celebração, por tradição,
só acontece quando o povo assim o desejar, dado que a realização da mesma
depende maioritariamente do voluntariado e da força de vontade dos habitantes
de Campo Maior - Campomaiorenses. A preparação das
festas é realizada autonomamente por cada rua, sendo mantido em segredo o
trabalho desenvolvido em cada uma delas.
Soubemos entretanto que se tinha realizado ontem pela manhã,
no Salão Nobre dos Paços do Concelho, uma cerimónia oficial onde foi entregue o
dossiê da candidatura das Festas do Povo de Campo Maior a Património Cultural Imaterial da
Unesco. O dossiê foi simbolicamente entregue ao presidente da Câmara
Municipal de Campo Maior, Ricardo Pinheiro, por António Ceia da Silva,
presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo, o organismo que lidera
a candidatura.
Pelas 18H00 saímos da
vila, já com a visita terminada onde experimentámos a sensação de passar
debaixo daquelas ruas engalanadas, valorizando uma arte ancestral de
transformar o papel em flores, garantindo assim a defesa da tradição.
Saia um
copo que está calor!
Seguimos em direção a
Elvas, onde iríamos jantar (ficámos admirados) antes de tomarmos
conta dos nossos quartos num Hotel situado em Badajoz.
Jantámos então no “Caipirão”,
que é um restaurante brasileiro situado em Elvas, com sala para 200 pessoas, e
parque privativo. Segundo o site deste restaurante, o principal objetivo da sua
administração será proporcionar aos seus clientes momentos de boa gastronomia…
Penso
que a agência de viagens que
nos preparou esta estadia tem a culpa toda daquilo que menos bem nos foi
apresentado. Mas a ementa apresentada que deixa algo a desejar, é responsabilidade
do restaurante em causa, pois aceitou este tipo de serviço: a sopa,
estava agradável; o prato de carne (fatias assadas) embora também
razoável, não era nada de recomendar – não tivemos nenhuma alternativa a este
prato: nem peixe, nem ovos, nem…; a sobremesa, foi um pudim de
supermercado que nos foi servido já destapado, sem podermos verificar a data da
sua validade (isto é ilegal) – não havia fruta; quanto ao vinho
apresentado não era correspondente aos rótulos das garrafas onde foi servido
(soubemos que o mesmo era espanhol(?); não tenho nada contra os espanhóis, mas
então o Alentejo já não tem vinho que se beba?); finalmente quem quis café
teve de o pagar do próprio bolso. Inacreditável!
Finalmente, saímos na direção de Badajoz onde era o nosso
hotel. Por aquilo que já tínhamos passado lá fomos bastante apreensivos, em
relação à qualidade do mesmo.
O nosso receio não era em vão. À primeira vista o Hotel Cervantes instalado num
edifício elegante e histórico na Praça de San Andrés, não era de facto aquilo que desejávamos e estávamos habituados.
Nem todos os companheiros de viagem ficaram neste hotel. Os
que ficaram, tiveram diversas sortes: uns tinham os quartos limpos, outros nem
por isso; alguns quartos tinham toalhas e sabonetes, outros não; a água não
estava quente; algumas camas tiveram que ser feitas de novo, pois não estavam
limpas; as televisões nos quartos não estavam em condições, etc… A nossa guia
“Beta”, estava a passar um mau bocado. Ninguém merece passar por aquilo que a
sua “agência” lhe estava a fazer. Depois de uma chegada um pouco atribulada, lá
houve alguma acalmia. Penso que toda a gente descansou dentro do possível.
Dia
27: No dia seguinte, soubemos que os nossos companheiros
que tinham pernoitado noutro local, estavam satisfeitos pois ficaram em
instalações novas. Pelo menos alguns ficaram satisfeitos!
Mas as surpresas (negativas)
não tinham acabado pois que o nosso pequeno-almoço não era no hotel, como
normalmente acontece, mas sim no mesmo restaurante onde ontem tínhamos jantado:
Restaurante Caipirão, em Elvas. A ementa foi “fabulosa”: pão com manteiga, algumas (poucas) fatias de fiambre e
queijo, compotas e café com leite. Uma ementa de se tirar o chapéu…
Enfim, Vila Viçosa esperava-nos. Vila Viçosa é uma vila, no Distrito de Évora, região do Alentejo
Central. Foi em Vila Viçosa que se mantiveram os duques de Bragança durante séculos até à Proclamação da
República. É em Vila Viçosa que se encontra a imagem original de Nossa Senhora
da Conceição, padroeira e rainha de Portugal, no Santuário Nacional. Contudo,
na década de 1930, com a
exploração dos mármores e abertura do Paço
Ducal de Vila Viçosa para
turismo, Vila Viçosa começou a modificar-se até aos dias de hoje.
Chegados
a esta Vila, fizemos algumas visitas divididas por grupos: uns fizeram uma
pequena prova de vinhos e enchidos, com guia Beta; outros visitaram o Museu dos
Coches; e outros, onde me incluí o Paço Ducal.
O Paço Ducal de Vila Viçosa, monumento
situado no Terreiro do Paço da vila e foi durante séculos a sede da sereníssima Casa de Bragança, importante família
nobre fundada no séc. XV, que se
tornou na casa reinante em Portugal,
quando em 1 de Dezembro de 1640 o 8º Duque
de Bragança foi aclamado Rei de
Portugal (D. João IV). Após
a proclamação da república, em 1910, o Palácio de Vila Viçosa, bem
como todos os bens da Casa de Bragança, permaneceram na posse do Rei D. Manuel
II, por serem bens familiares do Rei e não do Estado. Em 1933, na sequência das disposições
testamentárias de D. Manuel II, o Palácio integrou a Fundação da Casa de Bragança, que
abriu as suas portas ao público, como museu. Nessa época o Paço recebeu ainda
grande parte dos bens móveis, obras de arte e a preciosa biblioteca do rei
exilado. O Palácio apresenta uma grande coleção de obras de arte (pintura,
mobiliário, escultura, etc..), sendo particularmente nobres as salas do
primeiro piso, de que são exemplos as Salas da Medusa, dos Duques (com retratos
de todos os duques até ao séc. XVIII, no teto) e de Hércules. Permanecem
particularmente vivas no palácio as memórias dos dois últimos reinados, como se
pode observar nos aposentos régios e nos inúmeros exemplares da obra artística
do rei D. Carlos (aguarelas e pastel). A cozinha apresenta uma das maiores coleções
de baterias de cozinha, em cobre.
Nota crítica: Dá-se um certo
realce à Biblioteca e a armaria – que agora não faz parte
da visita ao Paço Ducal. Quem o quiser fazer terá de tirar outro bilhete para
visitar aquela secção do Paço.
Nas antigas cocheiras está instalada
uma secção do Museu Nacional dos
Coches, também quem quiser visitar estas instalações necessitam de comprar
outro bilhete.
Dentro do Paço Ducal
existem outras salas agora ocupadas com exposições temporárias. Quem as quiser
visitar terá de adquirir mais ingressos.
Acho que é uma
exploração abusiva; aqui a cultura fica muito cara.
Após aquelas visitas fomos até ao Santuário
de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa é também conhecido por Solar da
Padroeira, por nele se encontrar a imagem de Nossa
Senhora da Conceição, padroeira de Portugal. A igreja Matriz de Vila Viçosa, situa-se dentro dos muros
medievais do castelo da vila, não se sabe a data exata da sua fundação, sendo já
assinalada na época medieval. Segundo a tradição, a imagem da padroeira terá
sido oferecida pelo Condestável do Reino, D.
Nuno Álvares Pereira, que a terá adquirido em Inglaterra.
A mesma imagem teve a honra de, por provisão régia de D. João IV, referendada em cortes gerais,
ter sido proclamada Padroeira de Portugal, em 25
de Março de 1646. A partir de então não mais os
monarcas portugueses da Dinastia
de Bragança voltaram a colocar a
coroa real na cabeça. A notável imagem, em pedra de Ançã, encontra-se no
altar-mor da igreja, estando tradicionalmente coberta por ricas vestimentas
(muitas delas oferecidas pelas Rainhas e demais damas da Casa Real). Ainda em 6 de Fevereiro de 1818 o Rei D. João VI concedeu nova benesse ao Santuário,
erigindo-o cabeça da nova Ordem
Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, agradecendo à Padroeira a
resistência nacional às invasões
francesas. Neste Santuário nacional estão sediadas as antigas Confrarias de
Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e dos Escravos de Nossa Senhora da
Conceição. O Papa João Paulo II visitou este Santuário durante a sua
primeira visita a Portugal, em 14 de Maio de 1982.
Há uma grande peregrinação anual ao Santuário de Vila Viçosa que se celebra
todos anos a 8 de Dezembro, dia
da solenidade da Imaculada
Conceição, Padroeira Principal de Portugal. Nossa Senhora da Conceição de Vila
Viçosa foi também declarada padroeira da Arquidiocese
de Évora.
Junto a este Santuário, está o túmulo de Florbela Espanca, situado mesmo à porta do cemitério
de Vila Viçosa (no interior da muralha). Florbela
Espanca é uma das mais reconhecidas poetisas portuguesas, natural de Vila
Viçosa. Durante a sua tumultuosa vida não teve grande reconhecimento como
poetisa, tornando-se famosa pelas circunstâncias da sua morte (um suicídio),
que levou ao aumento do interesse na sua obra. Hoje a sua sepultura atrai
inúmeros admiradores de todos os países.
Chegou então a hora do almoço, eram 13H00. Já a caminho de Estremoz,
encontramos o Restaurante “O Afonso”.
Finalmente um restaurante com um pouco de comida alentejana; uma sopa com
hortaliça, bastante apetitosa e que se podia repetir; um prato de carnes
grelhadas, com abundância e bem apaladada; sobremesa composta de um pudim caseiro;
vinho alentejano, finalmente. Uma boa refeição num restaurante agradável e com
um atendimento simpático.
Após o
almoço, rumámos a Estremoz que é uma cidade do Distrito de Évora, região do Alentejo Central, conhecida pelas
suas jazidas de mármore branco, o chamado Mármore de Estremoz. A exploração do
mármore de Estremoz tem uma origem muito antiga, como comprova o Templo romano de Évora, que contém
mármore originário de Estremoz. Está também presente no altar-mor da Catedral de Évora. A Estremoz foi
concedida a distinção de «Notável Vila», atribuída pelos reis de
Portugal a muitas das suas vilas; foi elevada à categoria de cidade em 1926. Património: Capela de D. Fradique de Portugal, Casa do Alcaide-Mor, Castelo de Evoramonte, Claustro do Convento das Maltesas ou Claustro da Misericórdia de Estremoz, Conjunto Monumental da Alcáçova de Estremoz, Capela da Rainha Santa Isabel, Castelo de Estremoz, Torres da Couraça, Muralhas Medievais, Porta da Frandina, Porta de Santarém, Capela de Nossa Senhora dos Mártires, Igreja de São Francisco,
compreendendo o túmulo de Esteves Gatuz, Padrão da Batalha
do Ameixial, Pelourinho de Estremoz, Portas e Baluartes da 2ª linha de fortificações (séc. XII), Porta de Évora, Porta de Santa Catarina, Porta de Santo António, Porta dos Currais, Villa lusitano-romana de Santa Vitória do Ameixial ou Villa de Santa Vitória do Ameixial.
Chegados a Estremoz, as visitas eram
livres e assim cada um pode usufruir do seu tempo como bem entendeu. O grupo onde
me incluí, ficou a confraternizar à sombra de uma esplanada e a
refrescarmo-nos, a tarde estava quente.
A nossa guia “Beta”, despediu-se de
nós pelas 17H30. Como crítica e sem por em causa o trabalho dela, que fez o que
tinha de fazer e bem e mais não podia, não sei para que foi que serviu a sua
presença. A nossa viagem acontecia da mesma maneira com ou sem guia. O que
aconteceu de negativo foi tudo culpa da agência de viagens. A Beta, nome porque
ela gostava de ser tratada, esteve metida em sarilhos e ninguém merece a
situação em que a meteram. Desejo-lhe a maior sorte na sua vida profissional,
mas não será numa agência destas. Ainda hoje não sei bem o nome dessa agência
mas penso que será “Viagens Portugal”… será? Eu quero esquecê-la!
Então fomos nós que nos despedimos de
Estremoz.
Pelas 19H30, fizemos a última paragem
técnica em Almeirim, onde degustámos
uma bela Sopa da Pedra. Um final de
passeio ideal.
Pelas 22H30, chegámos
a Tavarede.
Desejámos como sempre
que chegasse outro passeio para outros momentos de amizade e confraternização.
Até à próxima!
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