quarta-feira, 8 de setembro de 2010

MUSEU DA ELECTRICIDADE

Eu e a minha esposa fizemos esta visita ao Museu da Electricidade, pois já há algum tempo o queríamos fazer. Concretizou-se agora.

O Museu está instalado no edifício Central Tejo, que funcionou como central eléctrica de inícios do século 20 a meados dos anos 1970. A sua arquitectura destaca-se pelos materiais - vidro, ferro e tijolo vermelho - e pelos grandes janelões.
No interior estão visíveis caldeiras de alta pressão e máquinas de produção eléctrica. Há também uma galeria dedicada à arte contemporânea portuguesa.
A Fundação EDP associa-se às comemorações do Centenário da República com a exposição internacional POVO - People.
A pergunta, «O que é o povo?» serviu de linha orientadora a esta exposição que propõe ao público/povo de hoje várias respostas possíveis através de uma nova reflexão visual, estética, simbólica, sociológica e política sobre a génese e a evolução do conceito de POVO. O povo é sereno; o povo é quem mais ordena; ganharás o pão com o suor do teu rosto; casas do povo; se isto não é o povo, onde é que está o povo?; queres fiado, toma… são alguns dos slogans e dizeres que grafitam os espaços do Museu da Electricidade, nos quais se exploram arquivos de som e de imagem, obras de pintura, escultura, desenho, fotografia, vídeo e cinema, textos literários, memórias e testemunhos populares e eruditos. Através do recurso a novas tecnologias, a exposição assume as características de uma «instalação» em permanente interactividade com o PÚBLICO – POVO. A Kameraphoto, colectivo de fotógrafos independentes, foi convidada a criar um mural dinâmico de fotografia.
Dentro do espaço pertencente ao Museu da Electricidade, visitámos outra exposição: Os Carros dos Presidentes - O Motor da República.
Os Carros dos Presidentes saem de museus e garagens e reúnem-se para contar a história e as histórias que protagonizaram ao serviço da instituição presidencial.
Cerca de 15 veículos que estiveram ao serviço dos Presidentes da República. São cerca de quinze veículos, dos hipomóveis aos Cadillac e Rolls Royce, desde aparatosos carros antigos, objecto de curiosidade e colecção, aos modelos mais recentes ainda hoje em funções.
Um encontro de veículos e um encontro com a história. Através do automóvel, dos seus usos e representações, o visitante percorre os 100 anos da República Portuguesa, numa exposição composta por quatro núcleos: "Do Hipomóvel aos Pioneiros"; "O Estado Novo e as Viaturas de Aparato"; "A Democratização das Viaturas Presidenciais" e "O Presidente da República e as Forças de Segurança".
Com textos, fotografias e filmes de enquadramento, a exposição Os Carros dos Presidentes apresenta não só um valioso conjunto de exemplares automobilísticos que fazem o gosto de apreciadores e conhecedores deste meio de transporte, como constitui uma oportunidade, para os curiosos da história, de relembrar os 18 Presidentes da República e os seus mandatos.






terça-feira, 7 de setembro de 2010

VERÃO EM LISBOA

1º Dia - A partida de Tavarede e chegada a Lisboa
Hoje o dia começou para mim e para minha mulher mais cedo – 5 horas da madrugada. Fizemos os últimos preparativos para a nossa visita a Lisboa, até cerca das 6,30 horas, altura em que chamo um táxi para nos levar ao terminal de autocarros na Figueira da Foz donde o Expresso nos levou até à capital. Pontualmente saímos às 7 horas. A chegada a Lisboa também é feita como sempre dentro da hora prevista, 9,45 horas. Para trás deixamos na nossa casa, o nosso companheiro e amigo já devidamente tratado, o cão Joni.
No terminal de autocarros de Sete Rios apanhámos um táxi que nos levou até aos Restauradores. Depois foi um saltinho até à Rua das Portas de Santo Antão, em frente ao Coliseu dos Recreios e ao lado do Teatro Politeama, onde fica a Residencial Florescente, local utilizado para as nossas estadias em Lisboa (e já lá vão uns bons anos). É uma Residencial agradável e com quartos de boas dimensões, decorados com bom gosto, limpos, ar condicionado, muito silenciosos e com casas de banho muito boas e limpas.

Ao pequeno-almoço apesar de simples podemos, para além de um bom ambiente, saborear pão, compotas, frutas em calda, cereais, carnes frias, queijo, manteiga, cujo acompanhamento pode ser com café, leite ou sumos.
A localização é excelente, mesmo no coração da cidade, a Baixa Pombalina, uma área de grande interesse turístico de Lisboa.
Qualquer um dos funcionários é educado, atencioso e sempre pronto para dar qualquer informação necessária; em especial, o sr. António e o sr. Carlos que formam uma equipa muito simpática.

Após fazermos a nossa apresentação, deixámos a mala numa arrecadação da residencial, visto que o nosso quarto ainda não estava disponível. E como o tempo tem de ser aproveitado lá fomos fazer o nosso reconhecimento pela cidade.

Como um dos objectivos que tinha era adquirir algum material para as minhas colecções de moedas e de selos, dirigimo-nos para o edifício da Polux, onde alguns desses artigos esperava adquirir.
Entretanto estava-se a aproximar a hora do almoço e a nossa escolha recaiu no Restaurante “A Lota”, já nosso conhecido de outras visitas anteriores.
Após o almoço fomos tomar conta do quarto na residencial.
Em seguida o nosso objectivo foi a Baixa Pombalina. E se Lisboa é toda linda, o ambiente na baixa é espectacular. Fervilha constantemente com gente. São milhares de pessoas que desfrutam de toda aquela zona da Rua Augusta num grandioso convívio intercultural e internacional. É raro ouvir-se a língua de Camões. Aquela zona pedonal e comercial vive num ritmo absorvente de culturas e da vida lisboeta. É emocionante este estar e este saber estar…
Nós gostamos deste ambiente!

A Baixa é o centro de Lisboa que se localiza sobre as ruínas provocadas pelo terramoto de 1755. Trata-se de uma zona que após a sua reconstrução apresenta uma forma muito quadriculada e linear.
Esta zona da baixa é também a zona comercial e de ócio por excelência, com os seus teatros, restaurantes e monumentos. Em suma é uma área onde se encontram numerosas coisas para ver, apreciar e fazer.
O Terreiro do Paço / Praça do Comércio foi a nossa próxima prioridade visto não termos ainda estado neste espaço após terem acabado as suas obras de requalificação. O objectivo desta intervenção penso que foi atingido, sendo ele a preservação do valor simbólico, histórico e monumental, desta que é uma das maiores praças da Europa e em simultâneo a “porta de entrada” espectacular da cidade de Lisboa. Na Praça do Comércio procurou-se manter e valorizar os principais elementos arquitectónicos que caracterizam a praça e contribuem para a tornar única a nível nacional, e uma das mais excepcionais a nível internacional: a grande dimensão do espaço (cerca de 35.500 m2), aspecto que lhe confere o seu carácter monumental e que a coloca entre as maiores praças da Europa; a sua unidade arquitectónica; a sua caracterização enquanto Praça de Poder, reconhecível não apenas nas suas dimensões, mas também por via dos seus elementos escultóricos e para-arquitectónicos (Cais das Colunas); o eixo monumental reconhecível no alinhamento Arco da Rua Augusta – Estátua Equestre de Dom José – Cais das Colunas; a simetria entre as fachadas Nascente e Poente e a assimetria resultante da oposição entre a fachada do Arco da Rua Augusta e a ausência de fachada a Sul aberta ao Tejo. As fachadas nascente e poente são balizadas pelos dois torreões; a centralidade simbólica da estátua real; as arcadas; a relação de proximidade com o rio e o carácter monumental da entrada na Praça, a partir do rio, através do Cais das Colunas.

Tivemos então conhecimento de que pelas ruas em diversos locais e em determinadas horas estava a acontecer um evento o “LISBOA MÁGICA – Street Magic World Festival”. A partir de então este também foi um dos nossos interesses.
A tarde foi-se passando e chegou a hora do jantar. Na Rua das Portas de Santo Antão podemos encontrar muitos restaurantes e o que escolhemos, por ser também já nosso conhecido foi o Restaurante “O Churrasco”, especializado em grelhados, com um toque da cozinha argentina. Fica situado muito próximo do Teatro Politeama, apresentando uma decoração simples e um serviço atento. Recomendo este restaurante a todos aqueles que quiserem apreciar um bom grelhado.

Depois do jantar caminhámos pelas ruas da baixa até ao Cais das Colunas. Ali ficámos juntamente com centenas de pessoas que por ali também saboreavam aquela noite de verão amena, amena, amena…
A grande dificuldade era conseguir ouvir falar português!

2º Dia - Roteiro dos Centros Comerciais
O pequeno-almoço por volta das 10 horas, juntamente com muitos outros hóspedes (mais um local onde não se ouvia falar português), deu início a mais um dia para visitar Lisboa.
Hoje o dia foi destinado para dar uma volta pelos Centros Comerciais. Tirámos passes do Metro para um dia e lá fomos por baixo do chão, iniciando o nosso passeio para o “Colombo”. O nosso almoço foi neste espaço no Restaurante “O Páteo do Colombo”. O serviço e o atendimento é do melhor.
Em seguida rumámos até ao “Vasco da Gama”, onde nos deliciámos ao lanche, com uns crepes na “Maison des Crepês” e uns refrescos que a tarde estava quente.
Não podíamos passar sem percorrer o Parque das Nações e de nos sentarmos nos seus jardins frescos, desfrutar aquele rio Tejo e todo aquele ambiente deste grande ex-libris de Lisboa.

A tarde já estava a declinar e mais uma vez usámos o Metro para nos levar novamente até à Baixa de Lisboa, onde o jantar nos esperava desta vez no Restaurante “Cervejaria dos Restauradores”.

A nossa noite foi passada deambulando pelo Chiado, um dos locais onde decorria o Festival Lisboa Mágica. Já que estávamos tão perto o nosso passeio nocturno continuou até ao Bairro Alto. Este é um dos bairros mais típicos e pitorescos de Lisboa, com ruas estreitas e íngremes, ladeadas por edifícios antigos. É uma das zonas mais procuradas na noite lisboeta por várias gerações que aqui encontram os bares e tasquinhas, tal como as típicas casas de fado. As ruas escuras, estreitas, estavam com gente que conversava, bebia e ria. Os bares estavam cheios mas a concentração fazia-se, principalmente, no meio da rua, agora sem circulação automóvel. Apesar da fama não nos sentimos inseguros. Ali mais a baixo no Largo Camões, a polícia estava presente em grande número, interventiva e muito atenta. Sentia-se bastante a sua presença.

Assim a noite foi passada e só nos estava a faltar um bom descanso.
3º Dia - Arredores de Lisboa

A manhã começou com um simples mas retemperador pequeno-almoço, fornecido pela residencial onde estamos hospedados.
Mas Lisboa esperava-nos lá fora. E Lisboa é uma cidade muito interessante para visitar percorrendo e desfrutando as suas ruas, os seus edifícios emblemáticos, a sua baixa histórica, sendo uma autêntica maravilha utilizar o eléctrico. Podemos chegar aos lugares mais emblemáticos de Lisboa de autocarro ou de eléctrico, como, a Catedral, Belém, o Tejo, a Praça do Comércio, o Mosteiro dos Jerónimos e as Praças.

Pois foi o famoso eléctrico 15, que faz o trajecto entre a Praça da Figueira e Algés que hoje utilizámos. Apanhámo-lo na Praça da Figueira. Foi óptimo calcorrear as ruas neste eléctrico passando pela Praça do Comércio, Cais do Sodré, Alcântara até Belém: jardins de Belém, o Largo da Princesa, os Jerónimos e o CCB.
Lá chegámos a Belém!
Ainda tínhamos algum tempo para visitar algo antes do almoço.
Atravessámos parte dos Jardins de Belém na direcção da ponte aérea onde nos encaminhámos para o Museu da Electricidade.

No cimo da passagem aérea vislumbramos as fundações, fantásticas, daquilo que será o novo Museu dos Coches, edifício, que ocupará 15.177 metros quadrados. O novo edifício - de linhas direitas, envidraçado do lado poente (virado para a Praça D. Afonso de Albuquerque) - disporá de uma área de apoio à manutenção dos coches, restaurantes e apoio ao visitante.
Chegámos ao Museu da Electricidade para visitar as suas exposições.
Depois destas visitas dirigimo-nos para o CCB, mas no caminho passámos pelo recinto, junto ao rio, onde se estava a disputar o Campeonato Europeu de Futebol de Praia onde Portugal conquistou o título europeu ao derrotar a equipa da Itália, por 3-2.

Chegámos ao CCB e o almoço foi a nossa prioridade no restaurante “Quadrante”. Em seguida e depois de aproveitarmos a pausa do almoço para descansar continuámos a nossa visita. O Museu José Berardo esperava-nos. Quando acabámos de o visitar, apreciar e fotografar as exposições que lá encontrámos, fizemos a viagem de regresso até ao Terreiro do Paço.

Neste espaço rejuvenescido de Lisboa esperava-nos mais duas exposições:
- Corpo - Estado, Medicina e Sociedade no tempo da I República.
- Viajar - Viajantes e turistas à descoberta de Portugal no tempo da I República.

Concretizámos a visita a estas exposições.
A tarde estava maravilhosa. A actual temperatura estava amena. O calor já estava mais suave. A Rua Augusta a esta hora já estava sem sol e apetecia por ali andar a passear, e de certo modo conviver com as centenas de pessoas que por ali andavam, penso que quase todas turistas. Continuava a ser difícil ouvir falar em português.

Mas tínhamos acabado de transpor o Arco da Rua Augusta e eis que à nossa direita aí está o MUDE – Museu do Design e da Moda, onde entrámos também para uma visita. Após concluída a visita, tinha chegado a hora para o jantar e retemperar um pouco o corpo. Mais uma vez optámos por comer no Restaurante “O Churrasco”. Acabado o repasto não deixámos de aproveitar a última noite desta estadia em Lisboa. Mais uma vez fomos até ao Terreiro do Paço, sentámo-nos junto ao Cais das Colunas para descansar, apreciar aquele rio Tejo, o Cristo Rei, a Ponte 25 de Abril e tudo o mais que na noite se poderia apreciar.
Eram muitas as pessoas que por ali passeavam e outras que por ali descansavam. E tão pouco português por ali se ouvia. Tão bem que ali nos sentíamos: observando, ouvindo, conversando tanta coisa que em casa durante o resto do ano por vezes não temos oportunidade e tempo para o fazer.

A temperatura, essa, convidava a continuar por ali.
A noite já ia avançada quando sem muita vontade decidimos ir descansar.

4º Dia - A partida de Lisboa e a chegada a Tavarede

Iniciámos a manhã como todos dias temos feito: um duche refrescante seguido de um aconchegante pequeno-almoço.

Lisboa é uma cidade ideal para o ócio, a sua economia gira em torno de entre outras coisas e sectores, o turismo. Mas o turismo de Lisboa não é só visitar uma das cidades culturais mais importantes do mundo, é visitar também uma cidade que respira teatros, museus, cinemas, exposições, salas de espectáculos… É por isso que nós gostamos de visitar de vez em quando Lisboa.

Sem pressas revisitámos a Baixa Pombalina, absorvemos os cheiros, as gentes, as línguas, para que mais tarde quando regressarmos à nossa casa, podermos levar todas essas emoções e sensações na lembrança. Chega a nossa hora do almoço que desta vez foi no restaurante “Sol Dourado”, que fica ali também nas Portas de Santo Antão.
Agora o tempo só nos permitia descansar um pouco, o que fizemos na sala de visitas da residencial, até à hora em que um táxi nos levou até ao terminal de autocarros em Sete Rios. Lá chegou o nosso Expresso que nos levou até à Figueira da Foz.

Até à próxima LISBOA!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO TAVAREDENSE

A BILHA QUEBRADA
de
Heinrich von Kleist

O nosso Director Cénico Fernando Romeiro, deu-me a conhecer a provável peça de teatro para ensaiar este ano de 2010 na SIT.
Assim, para que os interessados possam começar a tomar contacto com este dramaturgo alemão Heinrich Von Kleist e com a sinopse da “A Bilha Quebrada”, aqui deixo um apontamento.

A acção da peça passa-se numa aldeia holandesa e inicia com os moradores à espera do desembargador. Quando ele chega, conduz o julgamento sobre a quebra da bilha de estimação que pertence a uma moradora do local. Durante o processo, o juiz da localidade, usa de várias estratégias para conquistar o amor da filha da dona do objecto. No desfecho da peça, quando se descobre quem foi o provocador do incidente, o juiz é desmascarado.

Como curiosidade, A Bilha Quebrada foi encenada pela primeira vez por Goethe, resultando um fracasso memorável.Bernd Heinrich Wilhelm von Kleist, nasceu em Frankfurt an der Oder, na Prússia, a 18 de Outubro de 1777 e faleceu em Berlim-Wannsee em 21 de Novembro de 1811. Foi um poeta, romancista, dramaturgo e contista alemão. É conhecido pela sua comédia “A Bilha Quebrada”, pela tragédia “Pentesiléia” e pelo seu conto “Michael Kohlhaas”.
O escritor é visto como um precursor do drama moderno por conta da atenção detalhada dispensada às causas reais das crises emocionais de seus personagens. É de realçar que as suas narrativas curtas tiveram grande influência na obra de Franz Kafka, que nutria por Kleist grande admiração.
É um escritor de grande destaque na literatura alemã, não havendo conhecimento de que ele tenha exercido influência ou suscitado repercussão no âmbito das literaturas de língua portuguesa. Segue uma pequena lista com algumas traduções de suas obras em Portugal:
- Anfitrião: uma comédia segundo Molière. Trad. de Aires Graça e Anabela Mendes. Lisboa: Cotovia, 1992.
- A bilha quebrada. Trad. de Berta Silva. TEP - Teatro Experimental do Porto/Teatro Sá da Bandeira, Porto, 1958, CENDREV, Évora.
- Michael Kohlhaas – O rebelde. Trad. Egipto Gonçalves. Lisboa: Antígona, 2004.
- A Marquesa de O.../ O Terramoto no Chile. Trad. José Miranda Justo. Lisboa: Antígona, 1985.
- A Marquesa D'O... e outras estórias. Trad. Cláudia Cavalcanti. Rio de Janeiro: Imago, 1992.
- Pentesileia. Trad. Rafael Gomes Filipe. Porto: Porto Ed., 2003.
- O Príncipe de Homburgo. Versão port. de Goulart Nogueira. Lisboa: Ed. Contraponto, s. d. (Coleção Teatro de Bolso).
- Sobre o teatro de Marionetas e outros escritos. Trad. de José Miranda Justo. Lisboa: Antígona, 2009.

sábado, 4 de setembro de 2010

PASSEIO A VILAR DE PERDIZES

CONGRESSO DE MEDICINA POPULAR
Cerca das 07H30 saímos do Largo da Igreja de Tavarede num autocarro da AVIC iniciando assim mais um passeio organizado pelo Tó Simões, agora com destino para Vilar de Perdizes, ao Congresso de Medicina Popular.

Desta vez e infelizmente o organizador Tó Simões não nos pode acompanhar por motivos de saúde. Fui eu que o substituí com as suas orientações para que tudo corresse bem.

Pelas 10H00 fizemos a primeira paragem em Braga para o café e cavaqueira com os companheiros e amigos de viagem. Foi uma curta visita a esta cidade cheia de cultura e tradições, onde a História e a religião vivem lado a lado com a indústria tecnológica e com o ensino universitário. É a mais antiga cidade portuguesa e uma das cidades cristãs mais antigas do mundo; fundada no tempo dos romanos como Bracara Augusta, conta com mais de 2000 anos de História como cidade.

Após 45 minutos nesta cidade saímos na direcção de Vilar de Perdizes onde chegamos pelas 13H00.
Dirigimo-nos para o Restaurante “O Cabaço”, onde almoçamos num espaço simples de uma esplanada (telheiro). A ementa foi constituída por pratos da cozinha regional barrosã e com um atendimento simpático. O almoço foi constituído por uma sopa de legumes; de dois segundos pratos à escolha: feijoada à transmontana ou carne assada; de diversas sobremesas à escolha; tudo regado com um bom vinho da região e água; de café e digestivo

VILAR DE PERDIZES, dista cerca de 15 quilómetros da sua sede de concelho, Montalegre, junto à serra do Larouco. Encontra-se situada na zona raiana, muito próximo da vizinha Espanha. A origem do nome de Vilar de Perdizes decompõe-se em duas partes “Vilar” advém do nome que designa uma vila agrária e “Perdizes”, pela razão de que nesta freguesia abunda espécie cinegética. S. Miguel é o padroeiro desta aldeia. O povoamento desta freguesia recua até à época proto-histórica, como o atesta o Castro da Mina, que é anterior ao povoamento romano. A paróquia de S. Miguel de Vilar de Perdizes foi criada no século XII e englobava Sto. André, Solveira e Meixide. Vilar de Perdizes foi comenda. Em 1841 integrou o concelho de Ervededo, passando para o concelho de Montalegre, até aos dias de hoje, após a extinção daquele em 1853. O rei D. João VI concedeu a esta freguesia o direito de realizar feira no dia 15 de cada mês, mas nos finais do século XIX, deixou de se fazer.

Vilar de Perdizes é uma terra onde o mistério e o espiritismo fez escola. Todos os anos se realiza o Congresso de Medicina Popular, impulsionado pelo Padre Fontes, que muito contribuiu para a divulgação da Freguesia. Realiza-se no 1º fim-de-semana de Setembro. O envolvimento do Padre Fontes nestes acontecimentos, sendo ele um padre católico, levou a que o bispo tenha proibido em 1994 a realização do VIII Congresso. Há nesta aldeia, tipicidades etnográficas frases do quotidiano que expressa o dia-a-dia das pessoas; com saudações, ditos populares, crenças, superstições, rituais ligados à morte e ao casamento, rezas para o mau-olhado, e para o encosto. É uma terra cheia de tradições e peculiaridades.

Há milhares de anos, o Homem, ao observar a Natureza idealizava, tirava conclusões e construiu teorias, que o fez entender aos poucos o funcionamento do mundo. Assim, apareceram as primeiras teorias médicas relacionando as relações que poderiam existir entre as forças da natureza e a evolução do indivíduo. Nos dias de hoje, tecnicamente a nossa evolução proporciona-nos utilizar uma medicina preventiva. Controlamos o meio em que vivemos, agindo sobre a nossa estrutura biológica.
A um nível mais “secreto”, por vezes um pouco “proibitivo”, encontramos as medicinas populares, suportadas por médicos “caseiros”.

Na conhecida aldeia de Vilar de Perdizes, concelho de Montalegre, no norte de Portugal, está a decorrer o XXIII Congresso de Medicina Popular, com a presença do seu fundador e principal figura, Padre Fontes, e que por estas alturas atrai para aquela aldeia muita gente interessada nas práticas e superstições populares relacionadas com o quotidiano do nosso povo. Trata-se, sem dúvida, de um acontecimento anual único, sendo oportunidade excelente para tomarmos contacto com alguns aspectos da cultura e mentalidade popular, fora todos os aproveitamentos comerciais e manipulatórios, que se podem observar, e que são inevitáveis neste tipo de evento.

Actualmente Vilar de Perdizes entra na moda das notícias televisivas por apadrinhar um evento sócio-cultural que é o Congresso de Medicina Popular. Admira que alguns, ditos intelectuais, lancem farpas ao dito como se estivéssemos ainda no século VI, do São Martinho de Dume, a combater pagãos e as heresias dos maniqueístas e arianos… Na realidade o que se deseja é o querer alcançar os saberes (no campo da farmacologia, da medicina e das tradições) dos nossos avós! As gentes de Vilar continuam a acarinhar as ervas com que se fazem mezinhas, defumatórios, infusões e chás que nos debelam as dores do corpo e nos dulcificam as dores do espírito!

À semelhança dos anos anteriores, no recinto da escola primária, estão instalados stands para venda de produtos naturais e “consultórios” que prometem cura para todo o tipo de maleitas.
Chás naturais, óleos aromáticos, remédios contra a inveja, poção de amor, pós de pirilimpimpim, congressos, a rota do contrabando, e até a etnografia,.., são apanágio de mais um evento, que para alguns é apenas uma curiosidade, mas para outros é a procura da resolução dos seus problemas quotidianos.
O sagrado e o profano misturam-se aqui: bruxos, ervanários, curandeiros, exorcistas, médiums, cartomantes, quiromantes, endireitas, padres, sociólogos, psicólogos, psiquiatras, médicos e ainda jornalistas reúnem-se para discutir e dissertar sobre os problemas que preocupam a saúde dos portugueses ou de alguns portugueses. Dissertam e apresentam soluções. Os curandeiros fornecem as suas receitas para curar toda a espécie de males.
Tal como ficou combinado anteriormente no autocarro, saímos às 17H00 de Vilar de Perdizes em direcção a Lamego, onde chegámos como previsto às 19H00.
Nesta cidade onde se está a festejar até ao dia 9 de Setembro as festas em Honra de Nossa Senhora dos Remédios, ficámos cerca de 45 minuto
s para lanchar/jantar.
A cidade de Lamego é já bastante conhecida pela maior parte dos participantes neste passeio, pois que já algumas vezes aqui pernoitámos e não só…
Pelas 18H00, saímos de Lamego iniciando a nossa viagem de regresso a Tavarede onde chegámos às 22H30.

Num dos vários telefonemas que recebi do Tó Simões para saber como estava a decorrer o passeio, ele pediu-me para agradecer a participação de todos, enviando também um abraço. Este pedido foi transmitido a todo o autocarro. Todos os participantes enviaram por sua vez ao Tó Simões também um grande abraço, assim como o desejo de umas rápidas melhoras.

Até ao próximo passeio!

domingo, 1 de agosto de 2010

SOCIEDADE DE INSTRUÇÃO TAVAREDENSE

GRUPO DE CANTIGAS DE TAVAREDE
31 de Julho de 2010

Com o objectivo de promoverem os produtos portugueses, nasceu um projecto cujo nome é “Dons de Portugal”.
É assim que os “Dons de Portugal” em colaboração com a “Mesa do Centro 2010”, estreiam este projecto no Centro do País, o mesmo será dizer aqui na Figueira da Foz.
Os produtos escolhidos para o arranque deste projecto são o AZEITE e o ARROZ.

O programa para este evento é diversificado, distribuído por alguns fins-de-semana: 30, 31 de Julho e 1 de Agosto; 6, 7 e 8 de Agosto; e 13 e 14 de Agosto, sempre no horário das 18 às 24h00.
Este evento tem a colaboração da Associação das Colectividades do Concelho da Figueira da Foz (ACFF) e realiza-se nos jardins do Palácio Sotto Mayor.

O nosso Grupo de Cantigas de Tavarede, da Sociedade de Instrução Tavaredense, também esteve presente neste projecto cantando algumas das suas canções.
É de lamentar que por falta de publicidade ou por outro motivo qualquer, que desconheço, muito poucos espectadores estavam presentes, o que me entristece e desmotiva para participar no futuro em situações idênticas.
Nos jardins onde decorre o evento, para além da animação ainda podemos encontrar alguma gastronomia e podem ser visitados os diversos stands que dão a conhecer alguns produtos relacionados com o Arroz e Azeite, podendo também eventualmente serem comprados.
E assim mais uma vez participámos num projecto, com muita disponibilidade como sempre, gratuitamente como é habitual e com um sentimento de indiferença por parte da organização, pois não a sentimos presente, como um elemento de coordenação e de apoio.
Na minha opinião no mínimo devia estar alguém que nos dissesse apenas: obrigado pela vossa presença!