11 a 14 de Setembro de 2012
Mais uma vez e sempre um regresso a Lisboa é desejado por mim e minha esposa. Lisboa é sempre novidade, é sempre surpresa.
Terça-feira 11,pelas 07H00 da manhã saímos da Figueira da Foz, a caminho de Lisboa, onde chegámos pelas 09H45, ao terminal de autocarros de Sete Rios. Pelas 10H00, demos entrada na nossa já habitual Residencial Florescente, situada nas Portas de Santo Antão, onde fomos calorosamente recebidos pelo senhor António, e mais tarde pelo seu colega senhor Carlos, o que acontece sempre que faço uma visita a Lisboa. São dois funcionários da receção que mostram sempre uma grande cordialidade e sempre disponíveis para uma agradável conversa. É o nosso hotel de eleição! Ali sentimo-nos como em casa.
Como a hora do almoço estava a chegar, optámos por comer no restaurante “Pérola”, que pertence a esta residencial Florescente. O seu menú apresenta um conjunto de sabores Portugueses, num ambiente agradável e requintado e uma equipa muito simpática e profissional. Escolhemos Filetes de Pescada Dourados com Arroz e Frutos do Mar e Salmão Grelhado com um acompanhamento diversos legumes. Estavam os dois pratos excelentes. As sobremesas com uma apresentação muito especial, não deixam ter sabores extravagantes e muito agradáveis, as escolhas foram crepes de chocolate e gelado – divinal.
Estava muito quente a temperatura (33ºC), mas com os devidos cuidados começamos o nosso “regresso” a Lisboa fazendo algumas visitas a alguns locais que para nós são quase obrigatórios. As novidades são sempre constantes. Ainda não conhecíamos o renovado Terreiro do Paço, com alguns dos ministérios transformados em restaurantes, esplanadas, lojas e a “casa de banho mais sexy do mundo” a praça nobre de Lisboa mudou. E os novos espaços do Terreiro do Paço são:
Ginginha do Carmo: pequeno quiosque na entrada da praça, em frente ao histórico café Martinho da Arcada. A ginjinha é a marca, mas também há café, licores, chocolate quente, chá gelado e refrescos de laranja ou limão.
Museu da Cerveja: no início das arcadas fica o primeiro restaurante que é também um museu com a história da cerveja em Portugal. As são especialidades: bifes, petiscos e marisco. Há visitas guiadas ao museu e provas de cerveja. Ministerium: é um espaço de comida rápida, bar e café. NoSolo Itália: é um dos restaurantes italianos mais conhecidos do país com uma espaçosa sala interior e esplanada onde poderá saborear uma pasta ou uma pizza de inspiração italiana. Can the Can: restaurante onde se servem conservas e enlatados de alta qualidade, interpretados de forma gourmet e associados as receitas tipicamente portuguesas. Não faltam as sardinhas e a cavala e há noites de fado! Populi: restaurante onde se servem pratos internacionais inspirados na tradição portuguesa, tendo o risotto uma das especialidades mais conhecidas. Como sobremesa dizem que tem o "Melhor Gelado de Chocolate do Mundo"? Lust: é a discoteca Lust Lisbon. Charme, com festas temáticas e DJ’s de renome. E a casa de banho mais sexy do mundo: é agradável de se visitar e foi a Renova criou esta melhor casa de banho pública que alguma vez se viu, que é também é uma loja da marca. É aberta a todos os que passam pelo Terreiro de Paço, os compartimentos não têm distinção de sexo, são todos adequados a pessoas com mobilidade reduzida, são insonorizados e limpos sempre depois de cada utilização. O lavatório é comunitário e… amarelo! Já a decoração é marcada por muitos rolos de papel higiénico colorido e exposições flash de artistas nacionais. A utilização tem um valor simbólico mas pode-se levar um rolo colorido para casa!
Como se pode ver Lisboa tem sempre coisas novas para se ver.
Assim chegou o jantar que nos levou até a um restaurante churrasqueira, muito conhecido, económico e com muitos variados e saborosos pratos, ali também nas Portas de Santo Antão. Aproveitamos a ótima temperatura para um passeio noturno pela Baixa até ao Chiado.
O dia seguinte chegou e que começou com reconfortante duche logo seguido de um excelente café-da-manhã, em regime de buffet, com uma grande variedade de comida. A manhã já estava a meio e o calor já se fazia sentir, cerca 34ºC era a previsão para hoje, quarta-feira 12. O nosso objetivo hoje era a visita a dois museus.
A primeira foi à Casa dos Bicos ou Casa de Brás de Albuquerque, casa construída em 1523, a mando de D. Brás de Albuquerque, filho natural legitimado do segundo governador da Índia portuguesa. A fachada está revestida de pedra aparelhada em forma de ponta de diamante, os "bicos", sendo um exemplo único de arquitetura civil. Os "bicos" demonstram uma clara influência renascentista italiana. Com o terramoto de 1755 destruiu tendo desaparecido algumas partes deste edifício. A família Albuquerque vendeu-a em 1973, tendo até então sido utilizada como armazém e como sede de comércio de bacalhau. Na Casa dos Bicos funciona hoje a Sede da Fundação José Saramago, acolhendo a biblioteca do escritor prémio Nobel da Literatura.
A Fundação José Saramago pretende que este emblemático edifício seja um espaço público em que se celebrem exposições, recitais, conferências, cursos, seminários, de modo que as suas dependências sejam colocadas ao serviço da cultura. A Casa está aberta ao público, pondo assim termo a um largo período em que nem os lisboetas nem os turistas podiam apreciar os vestígios de épocas passadas que se albergam no piso térreo: um conjunto de estruturas que remonta às primeiras ocupações do espaço, um troço importante da muralha fernandina, tanques romanos de base quadrangular, destinados à salga e conserva de peixes. O edifício é de propriedade municipal, cedido, mediante protocolo assinado em Julho de 2008, à Fundação por um período de 10 anos. A fundação vai viver dos direitos de autor da obra do escritor, que morreu a 18 de Junho de 2010, e do trabalho que se for fazendo nesta instituição. Parte da biblioteca pessoal de Saramago está agora guardada neste edifício, e será possível aceder ao resto dos seus livros (o essencial continua na sua biblioteca em Lanzarote), a partir de equipamento eletrónico. A Casa dos Bicos tem ainda disponíveis áreas de trabalho para investigadores que estejam a estudar e a organizar o espólio. No terceiro andar, além da biblioteca e do auditório existe um espaço dedicado ao político e ex-primeiro-ministro português Vasco Gonçalves (1922-2005). Saramago e Vasco Gonçalves eram amigos e o escritor respeitava muito o político e não queria que a sua biblioteca se dispersasse depois da sua morte.
Na Fundação José Saramago, assinalando o centenário do nascimento de Jorge Amado, visitámos uma exposição dedicada ao escritor brasileiro e a relação de amizade entre o Nobel português e o autor brasileiro.
Nesta nossa visita adorámos ver os livros todos pelas paredes, ver as fotos, os rascunhos, a medalha do Nobel e sentir José Saramago.
Seguimos o nosso caminho para uma visita ao Museu do Fado.
Mas como a hora do almoço tinha chegado, foi isso que fizemos num restaurante com esplanada que encontrámos pelo caminho. O nosso prato principal foram uns “choquinhos grelhados”, que estavam uma delícia. Acabado o repasto lá seguimos para a visita ao Museu do Fado, inaugurado a 25 de Setembro de 1998, e consagrado ao universo do fado e da guitarra. O museu localiza-se no bairro de Alfama. O edifício do museu foi outrora uma estação elevatória de águas, a Estação Elevatória do Recinto da Praia. Este espaço cultural é atualmente uma referência entre os espaços culturais de Lisboa. Conta com uma exposição permanente, um espaço de exposições temporárias, um centro de documentação, uma loja temática, um auditório, um restaurante e a Escola do Museu, onde são ministrados cursos de guitarra portuguesa e de viola de Fado, e onde é possível frequentar um seminário para letristas. A Escola disponibiliza igualmente um gabinete de ensaios para intérpretes. Na exposição encontramos objetos ligados à canção de Lisboa (instrumentos, troféus, discos, partituras), o célebre quadro “O Fado”, de José Malhoa bem como obras de Rafael Bordalo Pinheiro, Constantino Fernandes, Cândido Costa Pinto, João Rodrigues Vieira, Júlio Pomar, entre outros artistas portugueses. Durante a visita existe um conjunto de postos de consulta interativa documentando a história do Fado, que nos possibilitou a consulta das biografias de centenas de personalidades ligadas ao Fado. Tivemos também a ajuda ao longo do percurso museológico, de um áudio-guia que nos permitiu a audição de várias dezenas de fados, cantados pelos respetivos fadistas.
Gostámos. É um museu que se deve visitar, ali é-nos oferecido a histórica do nascimento, desenvolvimento e renascimento e a expansão do Fado que é Património Imaterial da Humanidade.
A tarde já ia adiantada e o calor ainda apertava, mas no caminho ainda deu para uma passagem pelo porto de Lisboa onde 3 cruzeiros estavam ancorados, só para tirar umas fotografias. Tivemos a sorte de ali mesmo à nossa frente estar o “Celebrity Eclipse”, considerado por alguns profissionais dos cruzeiros como “um dos navios mais bonitos” do mundo. Está caraterizado como “uma verdadeira obra de arte flutuante”, em que “o luxo, o design espetacular e o serviço excecional são os pilares a bordo”. É de salientar que começou a operar apenas há cerca de um mês. O Celebrity Eclipse é um navio de 315 metros de comprimento e 37 metros de largura, com uma ocupação máxima de 2850 hóspedes e 1450 tripulantes. Prima pela animação, pela relva natural no último deck aparada diariamente, pela garrafeira, pela biblioteca, até ao ginásio e Spa (onde podem ser realizados tratamentos de acupunctura, únicos em navios de cruzeiros).
Depois de termos desfrutado os olhos com esta maravilha, só restava refrescarmo-nos e ter um pouco de descanso antes do jantar. Depois mais um pequeno passeio pela Baixa foi a nossa opção, antes de nos irmos deitar.
Quinta-feira 13, começou com um refrescante duche, seguido de reconfortante pequeno-almoço. Decidimos neste dia tirar um bilhete diário no metro, para nos podermos movimentar à vontade. Visitámos o Centro Comercial Colombo, onde almoçámos, seguimos depois até ao Centro Comercial Vasco da Gama. Antes porém fomos até à nova estação do metro do Aeroporto, que ainda não conhecíamos. É sem dúvida muito bonita, com uma decoração constituída por algumas figuras de Portugal do século XX, criadas pelo cartoonista António. Gostámos!
E assim, estava a chegar ao fim o nosso dia. Mais um dia com muito calor, mas que não nos apoquentou por termos optado por passá-lo prioritariamente em locais frescos. O jantar chegou e depois o passeio pela Baixa e Chiado foi a opção, pois esta seria a última noite neste regresso a Lisboa.
Assim, após uma noite descansada o dia seguinte, sexta-feira 14, iniciou com o duche matinal habitual, para depois o pequeno-almoço bastante reforçado nos preparar para o resto dia que iria acabar já em casa. Antes porém lá fomos arrumar a mala para abandonarmos o quarto 211, da Residencial Florescente.
O restante da manhã foi gasta em pequenas visitas que ainda nos faltava fazer.
Visitámos a Exposição “A Sardinha é nossa!”, na Fundação Millennium BCP - Núcleo Arqueológico, na Rua Augusta. Ali está exposta uma seleção de quase duzentas sardinhas que participaram no concurso Sardinhas Festas de Lisboa’12, lançado no âmbito das Festas pela EGEAC. Participei também neste concurso com duas sardinhas, mas infelizmente não tive a sorte de ter nenhum dos meus trabalhos expostos. Sim, é preciso sorte! Sorte e talvez mais alguma coisa… Sou suspeito para dizer que qualquer das minhas sardinhas poderiam estar junto às outras e porque não, no lugar de outras que por ali estavam. Mas… Diz a organização que “O sucesso deste evento pode medir-se pelas 3526 propostas recebidas no concurso deste ano, que consagram a sardinha como ícone das Festas de Lisboa e o talento de todos os que vivem intensamente a cidade e as suas festas populares.”
A seguir, também na Rua Augusta, visitámos o MUDE – Museu do Design e da Moda. A exposição permanente dá a conhecer a evolução do design ao longo do século XX, formada por mobiliário, moda e pequenos objetos, coloca em diálogo as várias expressões existentes na coleção, permitindo uma perspetiva histórica. O programa de exposições temporárias fomenta uma dinâmica cultural geradora de fluxos de públicos diversificados, promovendo ainda a co-produção com outras instituições congéneres. Sendo assim, o tema desta exposição é “Tesouros da Feira da Ladra”, que apresenta cerca de 250 artefactos em nove grandes categorias, que correspondem às principais ações e necessidades do Homem, como bater, agarrar, cortar, moldar, espalhar, proteger... Ao ver estes artefactos sentimos curiosidade, interesse, fascínio e surpresa, até que consigamos reconhecer a sua finalidade.
As horas passaram e a hora do almoço mais uma vez chegou.
Chegou também a hora da partida. Às 15H45, do terminal de autocarros de Sete Rios, saímos na direção da Figueira da Foz onde chegámos pelas 18H45.
Até ao próximo regresso a Lisboa!
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