Auto da Serração da Velha
ou
“Auto do Cravo com Cheiro a Canela”
23 de Março de 2013
Realizou-se no dia 23 de Março de 2013, pelas 21.30 horas, a tradicional Serração da Velha ou (este ano) o Auto do Cravo com Cheiro a Canela, que como o nome indica teve um cheirinho brasileiro.
Esta atividade realiza-se em Tavarede, já há muitos anos. Não me recordo a altura em que comecei a colaborar nesta realização.
Mais uma vez lamento que esta nossa atividade que já é tradição, nunca tenha sido acompanhada pela comunicação social. Foi o que aconteceu novamente este ano.
Mas não é por isso que deixamos de cumprir a tradição e este ano mais uma vez, foi “serrada a velha” que este foi uma “menina”. A freguesia de Tavarede voltou a reunir-se, para ouvir o que agora a “menina Gabriela Castanha Pilada” a Velha, deixou em testamento”, aquecendo com o calor do convívio, esta fria e chuvosa noite já de Primavera, mas que aqueceu principalmente os ânimos das muitas pessoas que acompanharam o cortejo nas ruas e encheram a sala do Teatro da SIT.
O cortejo teve início, no Pavilhão da SIT (como todos os anos acontece) tendo seguido pela rua A Voz da Justiça, até ao Largo da Igreja, onde ali muito perto fica o “Tasco do Etelvino”, onde se foi buscar (para passear!?) a “Menina Gabriela”, que ali estava a ter um encontro escaldante com o “Tonico Bastos”, e ali estavam com umas atitudes… e foi terminar na Sala de “Audiências” do Teatro da SIT.
“EDITAL DE CONVOCAÇÃO DE GABRIELA CASTANHA PILADA
Vimos através do presente edital,
……………………………………
Convocar Gabriela Castanha Pilada,
…………………………………….
Rapariga, entraste na porta errada,
Seu Nacib vai dar-te um sermão!
És uma “menina” chanfrada
Tens de tomar uma decisão…
O “Bar Vesúvio” não é aqui
ETELVINO, diz-se um grande amigo,
…………………………………….
Nesta noite em primeira convocação
Vens à bruta e de livre vontade,
Visando este passeio com abnegação
Até à nossa querida coletividade.”
O cortejo foi acompanhado com uma salada musical executada pela desafinadíssima Orquestra Sinfónica da Outra Banda, que se fez ouvir em dois minutos de silêncio, com a Mula da Cooperativa, em desrespeito da gozada “menina Gabriela”.
Durante o tribunal as personagens foram desfilando, acusando ou defendendo a “menina”, sempre com a intenção de levarem alguma coisa…
Dr. Ezequiel (Contra-Regra): Jorge Filipe
Coronel Ramiro (Juiz): António Dinis
Coronel Amâncio (Regedor): José Alberto Cardoso
Gabriela (Velha): João Miguel Amorim
Jerusa (Médica): Manuel Lontro
Malvina (Enfermeira): Eng. Branco
Maria Machadão (Sobrinha): Miguel Feteira
Zarolha (1ª Criança): David
Aurora (2ª Criança): Joel
Coronel Jesuíno (Advogado de Acusação): António Simões Baltazar
Nacib (Testemunha): António Barbosa
Coronel Coriolano (Advogado de Defesa): António Bento
Tonico Bastos (Escrivão): José Manuel Cordeiro
Mundinho (Ajudante de Escrivão): Victor Azenha
Fagundes (1º Carrasco): Artur Correia
Filó (2º Carrasco): Luís Dias
Contra-Regra: João Pedro Lemos Amorim
Cenários: Henrique Correia
Já no final o Coronel Ramiro - Juiz dá a última palavra à Velha:
…………………..
CORONEL RAMIRO
GABRIELA CASTANHA PILADA,
Julgada por avareza,
Antes de ser condenada,
Quer fazer a sua defesa?
GABRIELA
Peço perdão, senhor Coronel.
Eu já estou arrependida
De nunca ter feito nada aceitável.
Tenho saudades da vida.
Antes da condenação,
Só peço mais um momento,
Para que Tonico Bastos
Leia o meu TESTAMENTO.”
No seu TESTAMENTO, a desditosa velhinha, espalhou pelas pessoas da sua "amizade" o seu “riquíssimo” espólio, esperando assim satisfazer os desejos de alguns tavaredenses. Assim e finalmente o Escrivão e o seu Ajudante leram o tão aguardado Testamento:
“Aos 23 dias do mês de Março,
Na presença do Coronel Ramiro,
Eu, GABRIELA CASTANHA PILADA,
Meu Testamento assim digo:”
…………………….
Acabado de ler o testamento, então o Escrivão pergunta, roncando, já meio fatigado de voz:
“Que castigo ela merece
Dizei-me, senhores, meus?
Rifamo-la na quermesse,
Ó pomo-la a encher pneus?
(Dizem todos os participantes:)
Serre-se a velha
Força no serrote
Serre-se a velha
Dentro do caixote!”
Na execução da infortunada menina, foi visto esta, heroicamente fazer a entrega do seu tão maravilhoso e apetecível corpo, às mãos mimosas dos piedosos e bondosos carrascos, que serraram a RÉ, LÁ ao SOL, sem DÓ, nem outra nota de qualquer piedade.
E assim mais um ano foi cumprida esta tradição já muito antiga em Tavarede.
Após o “Julgamento, morte e fuga… da menina Gabriela”, todos os participantes se reuniram para conviver num animado repasto composto de um variado e abundante conjunto de artigos especialmente confecionados para dar ao dente e regado com algumas bebidas vigorosas.
Só nos resta fazer desejos de para o ano cá estarmos para cumprir mais uma vez a tradição.
Quem cá esteve gostou!
Quem cá não esteve e depois soube teria ficado com pena…
Cá vos esperamos para o ano!
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