terça-feira, 1 de maio de 2018

À Descoberta do Centro Histórico da Cidade do Porto

6 a 18 de Abril de 2018

1º DIA
Eram 06h33, quando saímos da Estação Ferroviária da Figueira da Foz, num combóio suburbano até à Estação de Coimbra B. Cerca das 07h45 apanhamos o Alfa Pendular que nos transportou até à Estação de Porto-Campanhã pelas 08h44. Pelas 08h56, saímos num combóio sub-urbano até à Estação Porto-São Bento onde chegamos pelas 09h00.

Estação Ferroviária de Campanhã
É uma interface das Linhas do Norte e Minho, situada na Freguesia de Campanhã, e que serve a cidade do Porto. É considerada a principal estação ferroviária da Região Norte do país e foi inaugurada em 21 de Maio de 1875. Funciona como a principal gare do Porto para os comboios de longa distância, sendo também utilizada por serviços regionais e suburbanos.

Estação Ferroviária de São Bento
Está ligada à Estação de Campanhã por uma via dupla, com cerca de 2,7 km de extensão. É uma das estações ferroviárias mais bonitas de Portugal, situada na Praça de Almeida Garrett, tendo o edifício influência francesa e inaugurada em 5 de Outubro de 1916. O átrio principal da estação revestido de azulejos, numa superfície de cerca de 551 metros quadrados, com cenas históricas: Torneio de Arcos de Valdevez (painel Batalha de Arcos de Valdevez), a apresentação de Egas Moniz com os filhos ao Rei Afonso VII de Leão e Castela, no século XII, a entrada de D. João I e de D. Filipa de Lencastre no Porto (painel Entrada de João I no Porto), em 1387, a Conquista de Ceuta, em 1415, e a vida tradicional campestre (painéis Vistas e Cenas Rurais); um friso colorido (História dos Transportes) dedica-se à evolução dos transportes em Portugal, concluindo com a inauguração dos caminhos de ferro. Chegamos, apreciamos e tirámos algumas fotos a esta maravilhosa Estação Ferroviária.

Passeio pelo Centro Histórico e Foz do Douro
O Centro Histórico do Porto está classificado como Património Cultural da Humanidade desde 1996, que consiste por uma zona urbana com origens medievais, incluindo territórios das antigas freguesias da Sé, de São Nicolau, da Vitória e de Miragaia.

O Centro Histórico de Porto é todo ele muito aproximado, cheio de ladeiras e miradouros. Por isso decidimos percorre-lo a pé, respirando a sua atmosfera única e descobrir cada pedaço, com descontração, deixar apaixonarmo-nos pela cidade e pela sua arquitetura.

Iniciámos então a nossa estadia saindo da Estação para a Praça Almeida Garrett, onde retemperamos as forças com um ótimo pequeno almoço na pastelaria “Sabores da Invicta”.
Ali perto encontramos a Rua Mouzinho da Silveira por onde seguimos até à Rua de Belomonte, um arruamento na freguesia de São Nicolau da cidade do Porto. O arruamento foi buscar o nome a um cruzeiro localizado no fim da rua, antes de chegar ao largo de São João Novo: o padrão de Belmonte. Palacete de Belomonte, também conhecido como Casa dos Pacheco Pereira, é uma casa apalaçada da primeira metade do século XVIII. Presentemente, está aqui instalado um dos núcleos da Escola Superior Artística do Porto. Nesta rua também podemos encontrar o Teatro de Marionetes. Este arruamento inicia na Rua de Ferreira Borges, termina no Largo de São João Novo.

Continuamos pela Rua Ferreira Borges, onde encontramos o Mercado Ferreira Borges, um edifício histórico construído em 1885, substituindo o Mercado da Ribeira.
O Mercado Ferreira Borges é utilizado para exposições e feiras de âmbito cultural, nesta altura sem atividade.
Entramos no Jardim do Infante, assim denominado devido à estátua encimada pela figura do navegador Infante D. Henrique. Lateralmente ao jardim está situado o Palácio da Bolsa.
Continuamos a descer na direção da Ribeira e fomos visitar a Igreja de S. Nicolau em estilo misto neoclássico e barroco, que teve origem numa pequena ermida do século XIII.
A fachada tem um frontão com um nicho, com a imagem calcária do padroeiro; o interior de uma só nave, é coberto com abóbada em tijolo; o retábulo, em talha dourada rococó; e na sacristia, encontram-se várias obras de arte e valiosas peças de ourivesaria; o adro gradeado é para proteger as sepulturas existentes.

Ao sairmos desta Igreja vemos logo em frente a Igreja da Ordem de S. Francisco, estilo gótico com reminiscências do estilo românico, cuja construção foi iniciada no século XIV.
É notável pelo seu conjunto de talha dourada barroca do século XVIII. Nos séculos XV e XVI várias famílias importantes do Porto foram patronos dos Franciscanos, financiando várias das capelas laterais. Os melhores trabalhos artísticos aconteceram na primeira metade do século XVIII, em que a maior parte das superfícies interiores: paredes, colunas, capelas laterais e telhado - foram revestidas com talha dourada barroca. Em 1833, as instalações conventuais anexas à igreja foram destruídas por um incêndio, tendo o claustro em ruínas sido arrasado para a construção da Bolsa Comercial do Porto, um exemplo notável da arquitetura neoclássica do século XIX.
A fachada principal da igreja apresenta uma fantástica rosácea gótica, única decoração original. Ao longo do século XVII são construídos vários retábulos: o de São Brás; o da capela de Nossa Senhora dos Anjos; o da confraria de São Brás e São José; o da Capela de Nossa Senhora da Conceição, dedicado à Árvore de Jesse; o da Capela de Santo António; os de Nossa Senhora do Socorro e Nossa Senhora da Rosa; os da Anunciação da Nossa Senhora, de Nossa Senhora da Encarnação e dos Santos Mártires de Marrocos; e o de Nossa Senhora da Soledade.
Saímos desta Igreja e fomos visitar a Casa do Despacho e Igreja dos Terceiros de São Francisco.
A Casa do Despacho foi construída em meados do século XVIII, para alojar serviços da Ordem Terceira de São Francisco. No piso subterrâneo situa-se o cemitério dos Irmãos. A Igreja, iniciada em 1795, foi a primeira em estilo neoclássico do Porto.
Acabada esta visita eram quase 12h00 e fomos até à Rua de Belomonte, para fazermos o chek-in no Belomonte Apartments, existente num edifício do século XVII, cujos estúdios combinam vigas originais e paredes de pedra com um design moderno.
Esta propriedade tem 7 quartos, os nossos foram: Belomonte, Escada e Artes, equipados com casa de banho e kitchenette.
Depois de tomarmos conta dos apartamentos estava na hora do almoço. Por sugestão da colaboradora do Belomonte Apartments escolhemos o Restaurante “O Caraças”, ali perto na Rua das Taipas, Miragaia.
Este restaurante fica numa rua antiga, a fachada é bastante discreta e até passa despercebida se não estivermos com atenção. O espaço é pequeno, a luminosidade é pouca, mas o suficiente, para podermos apreciar as paredes de granito e os móveis antiquados. Se não fosse recomendado pela boa comida, poderíamos provavelmente desistir. Este é sem dúvida um restaurante típico do Porto. Ainda por cima a sala pequena, estava cheia. Uma das moças que estava no atendimento foi simpatiquíssima e logo que conseguiu lá nos encaixou numa mesa. A ementa é composta por poucos pratos diários com comida caseira de ótima qualidade e sempre feitos na hora. Nós escolhemos uns rojões que estavam muito saborosos. Ficamos também surpreendidos com as sobremesas.

Fomos conquistados não só pela comida deliciosa e fartura da mesma, como também pela simpatia, boa educação e competência da D. Luísa e as suas duas filhas. Não quero deixar passar o pormenor de um bonequinho que se encontrava meio despercebido em cima de um móvel, que tinha um letreiro que dizia: “…AS BATATAS FRITAS SÃO DO CARAÇAS!!”
Então não é que são mesmo do Caraças?! Nós até as repetimos!!!!

Recomendamos a quem passe pelo Porto e por aquela zona, que não deixe de conhecer este restaurante. Não se vai arrepender. Podemos dizer que ficamos clientes deste espaço, apesar de estarmos de passagem, mas se um dia por ali passarmos não deixaremos de entrar. 
A simpatia da D. Luísa, não só se mostra pela ida às mesas e conversar com os clientes, como também por nos sugerir irmos ao pátio das traseiras para tirarmos fotografias a um trecho da Muralha Fernandina que ali se pode ver muito perto.
Satisfeitos pelo acolhimento deste Restaurante “O Caraças”, que foi do caraças, reiniciámos o nosso passeio entrando novamente na Rua de Belomonte até à Rua Ferreira Borges, onde se encontra o Instituto do Vinho do Douro e do Porto e o Palácio da Bolsa ou Palácio da Associação Comercial do Porto, que fomos visitar.
Foi construído entre 1842 e 1910, com uma mistura de estilos arquitetónicos: neoclássico oitocentista, arquitetura toscana e neopaladiano inglês. Sede da Associação Comercial do Porto, serve agora para os mais diversos eventos culturais, sociais e políticos da cidade.
Fizemos a visita guiada que durou cerca de meia hora, com início no antigo claustro do Convento de S. Francisco, hoje Pátio das Nações e terminou no Salão Árabe.
Este é um salão com grande destaque, podendo dizer-se que a visita termina com a chave de ouro. O salão é constituído por estuques do século XIX legendados a ouro com caracteres arábicos que preenchem as paredes e teto da sala, construído ao estilo árabe e inspirado no Palácio de Alhambra, em Granada, é a sala mais bonita do edifício. Aqui se prestam homenagens a chefes-de-estado que visitam a cidade.
Ao sairmos do Palácio da Bolsa ainda nas escadas exteriores podemos apreciar o bonito Jardim do Infante. Descemos e encaminhamo-nos na direção da Casa do Infante, quase logo ali em frente, para uma visita. Tivemos, porém, a desilusão de não podermos fazer essa visita visto estar fechado. Foi uma pena pois que é um dos edifícios mais antigos da cidade do Porto. É um museu dedicado ao Infante D. Henrique, patrono dos descobrimentos portugueses, e é tido como o local do seu nascimento.

Descemos pela Rua da Alfândega, em direção ao rio, ao Cais da Estiva, encontramos à direita, uma pequena capela a que dá o nome de Capela da Senhora do Ó, mas cuja invocação é à Nossa Senhora da Piedade. Em tempos antigos, a imagem de Nossa Senhora do Ó estava numa capela existente na parte de cima da porta da Ribeira da Muralha Fernandina. Depois da sua demolição, a imagem foi levada para a Ca­pela de Nossa Senhora da Piedade, tendo o povo a partir de então a chamar-lhe Capela da Se­nhora do Ó.
No Cais da Estiva, era onde descarregavam os barcos que iam para a França e a Flandres. Este Cais, junto às ruas da Fonte Taurina e da Reboleira, é das mais antigas artérias da cidade e foi durante muitos anos o lugar de embarque e desembarque de pessoas e mercadorias. Como curiosidade e pelo que li em textos, soube que era deste “Cais que nos finais do século XIX, começos do século XX, embar­cavam, em frágeis veleiros, os emigrantes que iam para o Brasil. Foi dali que partiu, numa certa manhã de março de 1852, o va­por Porto com destino a Lisboa. Tendo sido surpreendido por um violento temporal, por alturas da Figueira da Foz, retrocedeu e tentou entrar novamente no rio Douro, mas acabou por encalhar mesmo à entrada da barra, naufragando. O balanço foi trágico. Morreram 66 pessoas”.
Na continuação do nosso passeio chegamos à Praça da Ribeira, um largo histórico, considerada uma das mais antigas praças da cidade, a Praça e o Cais da Ribeira já eram mencionados em cartas régias de 1389. Atualmente a Praça da Ribeira é um lugar de visita obrigatória, onde podemos encontrar muitos restaurantes e espaços de animação noturna.
Nesta praça encontramos o Postigo do Carvão, a única das 18 portas e postigos das Muralhas Fernandinas construídas no século XIV, que sobreviveu até aos nossos dias e que fazia a ligação da Rua da Fonte Taurina ao Cais da Ribeira, onde atracavam os barcos no rio Douro.
Também vimos as Alminhas da Ponte, são um “baixo relevo em bronze realizado em 1897 pelo escultor Teixeira Lopes, pai e que eternizou o dia 29 de Março de 1809 no qual centenas de pessoas, fugindo das tropas do Marechal Soult que atacavam a cidade sob ordens de Napoleão, faleceram na travessia da Ponte das Barcas. O peso e a aflição da população em fuga originaram o afundamento da ponte que ligava as duas margens do rio Douro. Hoje em dia, os cidadãos depositam velas acesas e flores nas Alminhas da Ponte para lembrar a tragédia”.
A tarde estava com muito sol e com uma temperatura um pouco alta, o que pedia um pouco de descanso e beber algo fresco.
Foi o que fizemos! Numa das esplanadas que por ali encontramos, escolhemos a “A Velha Tinha Um Gato”.
O refresco chegou-nos por meio de uma Garrafa de Vinho Verde fresco, uns finos e água, consoante os gostos, não é?
Mas porque estávamos a descansar, aproveitamos para aconchegar o estômago (estava na hora do lanche) com uma tábua mista.
Não sei se por causa do calor, se por outros motivos, alguns companheiros aproveitaram para “emparvoar”…
Esta esplanada fica em frente ao Chafariz almadino com estátua de São João Batista. Um monumental Chafariz da Rua de São João, que teve o seu ressurgimento na década de 1980, quando fizeram intervenções arqueológicas no local, pondo a descoberto um chafariz do século XVII. Foi assim reconstruído no local original, e foi colocada uma peça escultórica cujo autor é José Rodrigues, conhecida por Cubo da Ribeira. A 24 de junho de 2000 foi inaugurada, no nicho da Fonte da Praça da Ribeira, uma estátua de São João Baptista, do escultor João Cutileiro.
A seguir continuamos o passeio pelo Cais da Ribeira e encontramos o Cais dos Guindais, uma zona da Ribeira mais próxima da Ponte de D. Luís.
A Ponte D. Luís I é uma ponte em estrutura metálica com dois tabuleiros, com 395 metros de comprimento e 8 metros de largura. Tem um arco que é ainda hoje considerado o maior arco do mundo em ferro forjado. Foi construída entre os anos 1881 e 1888, ligando as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia. Théophile Seyrig, sócio de Gustave Eiffel, é o responsável por esta Ponte Luís I.
Esta ponte veio substituir a antiga ponte pênsil que existia no mesmo local.
Admiramos os Pilares da Ponte Pênsil. A Ponte D. Maria II, era uma ponte suspensa que ligava as duas margens do Rio Douro. “Reza a história que esta ponte, tremia como varas verdes e que foi essa falta de segurança que ditou a sua curta existência, de 44 anos, iniciada numa abertura à pressa por causa da ocorrência de grandes cheias no Porto. Foi desativada em 1887 e substituída pela Ponte D. Luís I. Os dois pilares em pedra, em forma de obelisco, são tudo o que resta da histórica travessia”.
Por ali estivemos ainda durante algum tempo, absorvendo aquele ambiente único, apreciando a paisagem, descansando os membros e também o olhar por aquelas águas do rio Douro.
Ao longe vimos os Funicular dos Guindais, uma atração para os visitantes apreciarem vistas panorâmicas sobre o rio Douro, os encantos da cidade velha e as atrações do cais.
Também tivemos que ficar só a ver, neste passeio, o Teleférico de Gaia e as Caves e Adegas de Vinho do Porto, do outro lado do rio, em Vila Nova de Gaia.
Ficarão para outra altura estas visitas.
Estava a aproximar-se a hora do jantar. Regressamos pelo Jardim do Infante e por trás do Mercado Ferreira Borges, no Largo de São Domingos, escolhemos o Restaurante “Picota”. Não foi uma escolha feliz. A ementa era vulgar, a comida não era nada especial e chegou à mesa quase fria. Não recomendamos.
O dia seguinte seria longo e cansativo. Fomos para os nossos aposentos no Belomonte Apartments, onde fizemos o balanço deste dia e a preparação do próximo. A seguir veio o descanso… até amanhã!

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