2º DIA
Pelas 09H00 saímos dos apartamentos e tomámos o pequeno-almoço na Confeitaria São Domingos.
Iniciámos então o nosso passeio pela pitoresca Rua Belomonte, até à Rua das Taipas é um arruamento nas freguesias de Vitória, São Nicolau e Miragaia, referenciado num documento de 1512, como "Rua da Porta do Olival das Taipas". No séc. XIV, em tempos medievais, a cidade do Porto era protegida pelas Muralhas Fernandinas esta rua chamava-se Rua do Olival e ia até a uma das portas da Muralha. Em finais do século XV houve por aqui peste e a Câmara do Porto decidiu “entaipar” a rua para que a doença não se espalhasse. Por isto mudou de nome, passando a chamar-se Rua das Taipas. Nesta rua tem marcas do tempo como: lojas e oficinas por baixo e casas em cima; as tascas e os pequenos restaurantes com comida tradicional.
Mais acima encontramos a Rua de São Bento da Vitória e encaminhamo-nos pela Rua de São Miguel onde avistamos a Igreja de Nossa Senhora da Vitória.
Antes de entrarmos na igreja deparamo-nos com o Miradouro da Vitória com uma das vistas mais espetaculares para admirar, de um só local, uma variedade de locais de referência da cidade. Daqui podemos apreciar a Igreja dos Grilos, o Palácio da Bolsa, a Sé Catedral, o rio Douro e a outra margem de Vila Nova de Gaia.
Seguidamente entramos na Igreja de Nossa Senhora da Vitória situada num terreno que pertenceu à Judiaria do Olival. Ficou concluída por volta de 1539. Foi restaurada no século XVIII depois de um violento incêndio. Dessa época possui excelentes trabalhos de talha: dos altares, dos púlpitos e da sanefa do arco cruzeiro. Num dos altares existe uma imagem de Nossa Senhora da Vitória, talhada em madeira por Soares dos Reis, exceto o rosto encomendado a um santeiro local.
Estávamos então na Rua de São Bento da Vitória, onde se encontra o Mosteiro de São Bento da Vitória, localizado no Morro do Olival. A visita a este monumento só se faz uma vez por dia e a hora é incompatível com o tempo que tínhamos de gerir.
Seguimos com o nosso passeio até ao Largo Amor de Perdição, onde encontramos a Fonte da Porta do Olival, encostada ao Edifício da ex-Cadeia e Tribunal da Relação, atual Centro Português de Fotografia, desde 1997, que tem como missão salvaguardar, valorizar e promover o património fotográfico. Visitamos este núcleo museológico permanente e as suas exposições temporárias.
Este edifício também é conhecido como Cadeia da Relação, onde existiu em tempos idos a Cadeia e o Tribunal da Relação do Porto. A antiga Cadeia de Relação está intimamente ligada à figura de Camilo Castelo Branco, que ali esteve encarcerado por duas vezes, a segunda vez com Ana Plácido, ambos encarcerados pelo crime de adultério durante mais de um ano (01.10.1860 a 16.10.1861). Foi aqui que o autor português escreveu a sua obra mais popular, “Amor de Perdição” – daí o nome dado ao largo fronteiriço deste edifício.
Saímos dali e seguimos até à Torre dos Clérigos e Igreja de São Pedro dos Clérigos, para visitarmos.
A Igreja e Torre dos Clérigos é um notável conjunto arquitetónico, considerado o ex-libris da cidade. O conjunto localiza-se no topo da Rua dos Clérigos, entre as ruas de São Filipe Néri e da Assunção. Integra três elementos principais: a Igreja dos Clérigos, a Torre dos Clérigos e a Casa da Irmandade. Este conjunto é um dos mais notáveis exemplos do estilo tardo-barroco em território português e encontra-se classificado como Monumento Nacional desde 1910. A Igreja e a Torre estão unidas pela Casa da Irmandade, que desde 2014, após a sua musealização, está aberta ao público.
Iniciamos a nossa visita fazendo o percurso pela Casa da Irmandade, onde existe o Museu, constituído por espaços: a Casa do Despacho, a Sala do Cofre, o Cartório, e a antiga enfermaria, onde podemos apreciar e maravilharmo-nos com coleções de escultura, pintura, mobiliário e ourivesaria. A enfermaria foi convertida num espaço expositivo distribuído por três salas: Núcleo da Paixão, Viagem das Formas e Imagens de Cristo.
Estas salas de exposição encontram-se ao longo duma galeria que circunda toda a nave, possibilitando observar a igreja no seu todo. As várias janelas existentes permitem a entrada de luz, que realça o esplendor da talha dourada, presente na igreja, criando um belo jogo de cores com o mármore.
A cúpula apresenta o brasão de armas da Irmandade dos Clérigos, sobressaindo dois púlpitos e duas grades, quatro altares laterais: o do Santíssimo Sacramento, Nossa Senhora das Dores, Santo André Avelino e São Bento.
Começamos então a subida a mais de 75m de altura, seis andares, subindo 225 degraus até chegar ao topo da Torre dos Clérigos. A vista é deslumbrante, são momentos únicos, uma perspetiva panorâmica de 360°, sobre toda a cidade do Porto. Uma visita imperdível.
No final desta visita já no exterior deu para se visitar algumas casas comerciais de recordações. Estava uma temperatura de verão.
Cansados com os corredores e escadas percorridas sentamo-nos numa das esplanadas ali existente, descansamos e refrescámo-nos.
Mas, a hora do almoço chegou e voltamos novamente à Rua de São Bento da Vitória, onde se situa a Taberna D’Avó, local que nos foi recomendado por ter boa comida caseira. Acertamos em cheio!
Escolhemos Bacalhau Zé do Pipo, servido em postas generosas, com natas, purê de batatas e um bom azeite. Simplesmente divinal!
Também pedimos Bacalhau Assado na Brasa e Arroz de Bacalhau com Bolinhos de Bacalhau, comida excelente e muito bem servidos. O comer estava muito saboroso.
Ficamos muitos satisfeitos com o serviço impecável da empregada que era muito simpática. Resumindo: boa comida, bom atendimento e o vinho tinto da casa também era muito bom.
No coração do centro histórico do Porto, em edifício centenário, a Taberna é um espaço bem conseguido, onde combina o granito a madeira e a decoração tradicional portuguesa. O restaurante embora pequeno é aconchegante e com uma decoração típica das tascas portuguesas que o torna num espaço charmoso. Tem a originalidade de ter moedas incrustadas nas paredes. Adoramos o restaurante! Saímos satisfeitos e com vontade de voltar!
Decidimos que íamos comer lá ao jantar.
Fomos então até ao Jardim de João Chagas popularmente conhecido por Jardim da Cordoaria, localiza-se no Campo Mártires da Pátria. O jardim encontra-se nas proximidades da Torre dos Clérigos, do Centro Português de Fotografia e do Hospital Geral de Santo António.
No espaço do jardim estão as estátuas "Rapto de Ganimedes" (1898); "Flora" (1904); "Ramalho Ortigão" (1909); "António Nobre" (1926); e "Treze a rir uns dos outros" (2001).
Com o Centro Português de Fotografia nas nossas costas, visitamos no cruzamento entre a Praça de Carlos Alberto e a Rua do Carmo, a Igreja do Carmo ou Igreja da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo. De estilo barroco/rococó, foi construída na segunda metade do século XVIII, entre 1756 e 1768, pela Ordem Terceira do Carmo. Esta igreja está geminada com a Igreja dos Carmelitas, do lado oeste, constituindo um volume único, embora se diferenciem as duas igrejas. Foi classificada como Monumento Nacional a 3 de Maio de 2013, em conjunto com a Igreja dos Carmelitas adjacente. A Igreja dos Carmelitas fica à esquerda e a da direita é a Igreja do Carmo.
A fachada lateral da Igreja do Carmo está revestida por um grandioso painel de azulejos, representando cenas alusivas à fundação da Ordem Carmelita e ao Monte Carmelo.
A Igreja dos Carmelitas ou Igreja dos Carmelitas Descalços, começou a ser construída em 1616 e ficou concluída em 1628. A decoração do interior só viria a ficar pronta em 1650.
O interior da Igreja dos Carmelitas é de planta de cruz latina, com uma única nave, com seis capelas laterais e um nártex na entrada. Destaca-se a excelente talha dourada, de estilo barroco e rococó, nas capelas laterais e no altar-mor.
Visitamos também a Casa Escondida da Ordem do Carmo que se situa entre a Igreja das Carmelitas e a Igreja do Carmo sendo mencionada nalguns roteiros turísticos do Porto como a casa mais estreita da cidade. Ainda hoje, e apesar dos seus 250 anos de existência, é desconhecida pela maioria dos habitantes do Porto. A estreita casa tem origem no facto de que uma igreja não podia ter paredes meias com outra. Nela residiram alguns capelães da Igreja e em determinadas situações e por períodos de tempo mais curtos, artistas e médicos contratados para a execução de trabalhos para a Ordem e seu hospital. Nas últimas décadas ali viveu o Sacristão e sineiro da Igreja.
Depois da visita a estas duas igrejas, fomos até à Rua das Carmelitas onde se situa a conhecida Livraria Lello & Irmão ou Livraria Chardron.
Em virtude do seu ímpar valor histórico e artístico, a Lello tem sido reconhecida como uma das mais belas livrarias do mundo. Em 1881, foi fundada a Sociedade José Pinto de Sousa Lello & Irmão, mais tarde designada de Livraria Lello & Irmão (1919).
O edifício, construído em 1906 ao estilo Neogótico. No interior da Livraria merecem especial atenção a decoração em gesso pintado a imitar madeira, a escada de acesso ao piso superior - uma das primeiras construções de cimento armado do Porto, bem como o grande vitral existente no teto, o qual ostenta o monograma e a divisa da Livraria Decus in Labore.
As escadarias da Lello também são conhecidas por ser a inspiração da livraria onde Harry Potter conheceu Gilderoy Lockhart no livro "Harry Potter e a câmara dos segredos", já que J.K. Rowling chegou a morar na cidade do Porto.
A partir de 23 julho de 2015 a entrada na livraria passou a estar sujeita a um pagamento inicial (4€), descontado na compra de um livro. O pagamento deste valor destinou-se a conter o número elevado de turistas e também a custear obras de conservação e restauro.
Em consequência da aplicação desta taxa, em apenas três meses, as vendas da Lello triplicaram.
Acabada esta visita descansamos um pouco numa esplanada de um café em frente à Livraria Lello.
Depois passamos novamente pelo Jardim da Cordoaria, atravessamos a alameda ladeada por enormes plátanos.
Ali tiramos algumas fotos aproveitando o conjunto de estátuas com o nome “Treze a rir uns dos outros” que por ali se encontram.
No final deste jardim deparamo-nos novamente à nossa frente com o Centro Português de Fotografia, situado em pleno Largo do Amor de Perdição.
Aqui tiramos mais algumas fotografias junto à estátua de Camilo Castelo Branco.
Um pouco de brincadeira… não fui o único, mas não tenho fotos dos outros…
E porque estávamos já perto da hora de jantar, iniciámos o regresso à Rua de São Bento da Vitória onde fica a Taberna D’Avó, para ali procedermos ao repasto reconfortante da noite.
Como já sabíamos, o espaço não é muito grande como tal o ideal seria reservar ou chegar muito cedo. Pois nem uma coisa nem outra fizemos.
Resultado, esperamos cerca de meia hora.
Mas a qualidade dos produtos e a confeção dos pratos, uma cozinha típica da região, fez com que a espera não fosse sacrifício.
Combinamos entre todos que se iriam degustare vários petiscos: tábua mista, punheta de bacalhau, chouriço/moira, pimentos padron, pataniscas e para a sossega um caldinho verde.
Tábua mista, quase completa…
Chouriça/moira, a faltar quanto baste…
Pataniscas de bacalhau, ainda quase completas…
Pimentos “padron”, só duas amostras…
Punheta de bacalhau, só com muita sorte ainda se vê qualquer coisa…
Caldo verde, felizmente ainda intacto, para a “sossega”…
Os adjetivos para definir a comida já foram descritos ao almoço, não havendo necessidade de o repetir.
(Por isso a dificuldade de tirar as fotos com os pratos completos!)
Um dia voltaremos!
Recomendamos o restaurante para os amantes da boa culinária portuguesa.
Regressamos aos nossos apartamentos para fazermos o balanço do dia e preparação do próximo. Depois o descanso dos viajantes…
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