quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Passeio a Barcelona - IV

4º DIA - 5ª feira

O dia começou tranquilo, tomámos o pequeno-almoço pelas 09H00, sem pressa e saímos do hotel cerca das 09H30 na direção da Plaça Sant Jaume.
Iniciámos o nosso passeio pelo bairro gótico, que é o núcleo mais antigo da cidade, parte da Ciutat Vella (Cidade Velha) e o seu centro histórico.
Passamos pelo Arco Gótico, que é uma ponte de pedra em arco localizada na Carrer del Bisbe e une a Casa dos Cónegos e o Palau de la Generalitat.
É um dos ex-libris deste local e pelo seu interesse é bastante fotografada pelos turistas. A arquitetura da ponte e suas esculturas são incríveis. Figuras encapuzadas, anjos e caveiras ornamentam o arco.
Pelo caminho passamos pelo Arcebispado de Barcelona até ao largo onde se situa a Catedral de la Santa Cruz e Santa Eulalia, em estilo gótico e sede do arcebispado. Não visitámos a Catedral porque já o tínhamos feito no nosso primeiro dia em Barcelona.
Embrenhámo-nos por este bairro medieval pitoresco, com suas ruas estreitas.
Foi uma viagem no tempo, um mergulho na história da capital catalã.

Dirigimo-nos então, para a Plaça del Catalunya para comprar bilhetes do autocarro turístico, para o 3º dia de visitas, especialmente para percorrermos a Rute Verde, para visitarmos a Sagrada Família e o Tibidabo.
Eram perto das 11H00 da manhã, quando saímos no autocarro.
Por volta das 12H00, chegámos à paragem da Sagrada Família. Aproveitamos para tirar fotografias, muitas fotografias, ao exterior.

Como tínhamos a entrada marcada para as 15H15/15H30, decidimos procurar um local para almoçarmos.
A nossa escolha recaiu no Restaurante Aitor, na calle Sardenya, bem perto da Sagrada Família.
Tradição basca, no Restaurante Aitor!
Ótimo ambiente com decoração agradável e acolhedora, menu tradicional e boa caña (cerveja). Serviço simpático, rápido e educado. Almoçámos satisfeitos com a escolha.

Um pouco de história
O Temple Expiatori de la Sagrada Família é uma das obras mais emblemáticas do génio do modernismo catalão Antoni Gaudí. O projeto original da Sagrada Família, no estilo neogótico, foi feito pelo arquiteto Francisco de Paula del Villar (1828-1901). Em 1883, aos 31 anos, Gaudí assumiu a obra e esteve a frente dela até a data da sua morte, em 1926. Gaudí não abandonou a obra da Sagrada Família durante 43 anos, nos quais pensou e repensou o projeto do templo. Gaudí queria que o templo fosse um grande monumento a Deus, mas também um ponto de referência em Barcelona. Quando herdou o projeto original, Gaudí construiu a cripta e começou o trabalho na abside e no claustro. Porém, a chegada de uma grande doação anónima levou o arquiteto a abandonar o projeto neogótico para criar um novo projeto, grandioso e inovador. Em 1892 Gaudí começou a trabalhar na fachada do Naixement (Natividade). Muito mais tarde, em 1911, elaborou o projeto da fachada da Passió (Paixão). Em 1923, a solução definitiva para as naves e as cobertas ficou pronta. Na verdade, só a partir de 1914, Gaudí passou a se dedicar por completo ao templo. Essa dedicação total de Gaudí à Sagrada Família está presente no fato de não existirem outras obras importantes de sua autoria nos últimos 12 anos de sua vida. Seu comprometimento com a obra foi tal que passou a morar no templo, durante os últimos meses da sua vida. Gaudí morreu em 10 de junho de 1926, três dias depois de ter sido atropelado por um autocarro. Foi enterrado na capela del Carme, na cripta do templo. Gaudí sabia que não veria a conclusão da Sagrada Família. As obras avançavam muito devagar e o artista já tinha afirmado “outros virão depois de mim. O que é necessário é conservar sempre o espírito da obra.”
Após a morte de Gaudí, a direção da obra foi transferida para Domènec Sugrañes, seu íntimo colaborador, que tocou a construção até 1938. Depois vieram outros colaboradores de Gaudí, que tiveram contato direto com o arquiteto. A partir de 1984 Jordi Bonet Armengol é o responsável pela obra, tentando respeitar sempre a ideia original de Gaudí. Em 7 de novembro de 2010, o papa Bento XVI consagrou o templo, que foi declarado Basílica menor.
Às 15H00, dirigimo-nos para a entrada da Sagrada Família, onde tivemos acesso à hora marcada.
Fomos visitar a Sagrada Família!
Entramos no templo pela Fachada da Natividade, que fica no Carrer de la Marina.
Podemos observar formas orgânicas e também elementos como: folhas, animais e frutas. Nas laterais da porta central, há tartarugas na base das colunas. Esta fachada foi terminada ainda antes da morte de Gaudí e tem tem três portas:
Porta de la Caritat (da Caridade), no meio, estão representadas cenas do nascimento de Jesus. No alto da coluna aparece a estrela do Natal, a Anunciação, e a coroação da virgem em um nível superior;
Porta de l’Esperança, na esquerda, é dedicada a São José e aparece também a matança dos santos inocentes e a fuga para Egito.
Porta de la Fé, na direita, aparece o jovem São José trabalhando, a visita de María a Isabel e a apresentação de Jesus ao templo. A mão com o olho no meio representa a Divina Providência, o Deus que tudo vê.

É emocionante e surpreendente o exterior deste imponente templo da Sagrada Família, mas o seu interior impressiona. Quando entramos ficámos maravilhados com a quantidade, dimensão e colorido dos vitrais.
O principal representa a ressurreição e os laterais simbolizam santos e santuários. As colunas descomunais onde se apoia o templo são como troncos de árvores, por onde os raios de sol se infiltram como numa floresta.
Gaudí novamente se inspirou na natureza combinando harmoniosamente o estético e o funcional. O claustro da Sagrada Família é diferente de todos os outros que já vi.
Podia ficar horas na Catedral e penso que não me cansava de admirar cada recanto, cada pormenor que aparece sempre diferente dos outros. É impossível ver tudo. Tive a sensação que vi muito, mas também que não vi quase nada. Não tive vontade de ir embora. Valeu cada minuto!
Saímos para o exterior, mas ainda dentro do recinto do templo, pela Fachada da Paixão, que fica virada para a Carrer Sardenya. Ela foi toda construída depois da morte de Gaudí, por Josep Maria Subirachs (falecido em abril de 2014), no seu estilo pessoal, mas inspirando em Gaudí.
Nesta fachada podemos ver guerreiros cujas cabeças lembram muito as chaminés de La Pedrera e imagens representando os últimos dias da vida de Jesus. As seis colunas onde se apoia a fachada foram inspiradas nos troncos das gigantescas sequoias americanas. A Fachada da Glória fica no Carrer Mallorca, ainda está em construção. As portas desta fachada já estão no lugar, com frases do Pai Nosso em 50 idiomas diferentes.
Desta zona do exterior podemos contemplar e admirar as torres existentes. Quando o templo estiver acabado haverá 18 torres: uma para cada apóstolo, quatro para cada evangelista e os zimbórios de Jesus e da Virgem Maria. A torre mais alta, a de Jesus, terá 172 metros de altura.
Saímos com muita pena do monumento, com a certeza de que visitar Barcelona e não ver a Sagrada Família, seria um pecado imperdoável.

Apanhamos então o autocarro que nos levou até à paragem do Tibidabo.
Ali atravessamos a Pl. John F. Kennedy, até Av. Tibidabo onde apanhamos o autocarro nº 196, até à entrada do Funicular del Tibidabo, datado de 1901. Já estávamos dentro do funicular quando se começou a ouvir trovoada que trouxe chuva em abundância. Dois funcionários vieram avisar-nos de que só podíamos partir quando a “tormenta” parasse.
Passada cerca da meia hora, lá fomos montanha a cima a bordo do Funicular.

Tibidabo é uma montanha que domina a paisagem de Barcelona, com 512 metros, o ponto mais alto da Serra de Collserola, também conhecido por “montanha mágica”. Tem uma encosta íngreme a noroeste que nos proporciona maravilhosas vistas sobre a cidade e o litoral.
Ali existe um Parque de Diversões, uma Torre de Collserola e uma Igreja Católica, o Templo do Sagrado Coração, no topo da montanha, todos os três visíveis de quase toda Barcelona.
O Parque de Diversões, inaugurado em 1899, é o mais antigo da cidade e tem a maior parte das atrações originais, muitos dos quais datam do início do século XX, como: o Avião, um dos primeiros simuladores de voo impulsionado pela própria hélice, o Museu dos Autômatos, com mais de 40 peças dos séculos XIX e XX, o la Talaia, uma estrutura com mais de 90 anos que eleva seus visitantes a 50 metros de altura e uma montanha-russa.
O Templo do Sagrado Coração é um edifício monumental de estilo neogótico coroado por uma estátua de bronze do Sagrado Coração, que levou 60 anos para ser construída. O templo é um conjunto de duas partes: em baixo fica a capela da cripta e em cima a igreja principal.
Para entrar tivemos que subir umas escadas.
No seu interior podemos ver pinturas e murais decoram as paredes e as capelas, com diversas cenas sobre a vida e morte de Jesus.
Em seguida pela parte de fora do templo subimos mais umas escadas até ao miradouro, onde tivemos uma vista fabulosa de Barcelona, das povoações próximas e da montanha de Montserrat. Neste patamar ainda podemos visitar a Cripta.
A Torre de Collserola forma o “nó” das telecomunicações da Catalunha, reunindo 100% da televisão e 95% das emissoras de rádio de Barcelona.
Concluindo: o Tibidabo é um lugar agradável de visitar e admirar Barcelona, com uma vista espetacular do mar, montanha e cidade.
Acabada a visita dirigimo-nos para o Funicular para fazer o percurso de regresso. Engano nosso. Veio um funcionário avisar-nos de que este meio de transporte se encontrava avariado e para nos dirigirmos à bilheteira para sermos ressarcidos da importância a que tínhamos direito, ou seja, 24,60€. 
Por indicação de umas senhoras que ali trabalhavam, apanhámos um autocarro até à Plaça Catalunya que nos custou 18,00€. Poupámos assim 6,60€.
Da Plaça Catalunya passando pelas Ramblas até à Carrer Ferran onde fica o nosso hotel foi rápido. Depois de descansarmos um pouco, fomos jantar no Restaurante Miró, existente no hotel.
Estava tudo muito bem confecionado e com muito gosto.
O serviço foi muito eficiente e simpático por parte dos dois funcionários presentes.
Em particular o senhor Fernando Fernandez, que foi muito amável e atencioso desde a explicação dos pratos, da escolha do vinho, até a sobremesa. Impecável.
Esta foi a última noite que passámos em Barcelona.
Depois do jantar fomos passear pelas Ramblas, onde milhares de turistas caminhavam, absorvendo a atmosfera e a desfrutar de atividades dinâmicas e animadas. É um lugar muito divertido, com muitos prédios históricos e lugares interessantes. Esta é uma parte de Barcelona que vale muito a pena conhecer.
Entretanto chegou a hora de descansarmos. O dia seguinte previa-se ser muito cansativo. Era o dia da nossa viagem de regresso a casa, onde iríamos chegar, provavelmente a uma tardia.

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