quarta-feira, 5 de junho de 2019

Passeio às Terras de Vodra

20 – 21 – 22 de Maio de 2019

1ºDIA
Novamente o grupo os “Musketeyrus”, se juntou para mais um passeio.
Agora o grupo é constituído por mais um casal, passando assim para 8 elementos.
Às 08H00 saímos de Tavarede.

A primeira paragem aconteceu em Penacova, vila do distrito de Coimbra. Penacova também é conhecida como a Capital da Lampreia. Existem vários locais importantes para se visitar como o Mosteiro de Santa Maria de Lorvão ou simplesmente Mosteiro do Lorvão que se localiza na freguesia de Lorvão.
Foi um importante mosteiro e centro de produção de manuscritos iluminados no século XII, servindo depois como mosteiro feminino da Ordem de Cister. Depois da extinção das Ordens Religiosas em Portugal no século XIX, viu novo uso já no século XX como hospital psiquiátrico, o Hospital Psiquiátrico do Lorvão, encerrado em 2012. O Mosteiro do Lorvão encontra-se classificado como Monumento Nacional desde 1910. A nossa intensão era visitar este mosteiro, mas estava encerrado da parte da manhã. Foi com muita pena que recebemos esta informação.
Para alguma consolação entramos na Pastelaria “O Mosteiro”, situado mesmo em frente ao mosteiro, onde podemos encontrar e degustar, alguma da herança gastronómica conventual, como: nevadas, pastéis, queijinhos e muitos outros “pecados”, a que não podemos resistir.



Ainda na vila de Penacova, fomos obrigados a parar para apreciar as belas paisagens que podemos desfrutar do miradouro.

Continuamos a nossa viagem, agora mais satisfeitos…

A passagem por Carregal do Sal, vila do distrito de Viseu, deixou-nos mais enriquecidos por um bocado de história que tivemos conhecimento, com alguma ligação à nossa cidade da Figueira da Foz. Carregal era o nome de um antigo lugar do concelho de Currelos. Ficou conhecido como “do Sal” em consequência das grandes salinas que aí mandou fazer Francisco Lucas de Melo Pais do Amaral (7.05.1752 - 6.04.1819), da Casa de Santar (Melo Pais do Amaral, depois condes de Santar). Aproveitando a situação do lugar junto à estrada que então era a grande via de comunicação entre os distritos de Viseu e Coimbra, Francisco Lucas de Melo Pais do Amaral mandou instalar em terrenos que aí tinha herdado umas grandes salinas, que abasteciam toda a região. Este negócio, que se manteve propriedade dos seus descendentes durante quase 200 anos, consistia em mandar vir o sal da Figueira da Foz, em barcos, pelos rio Mondego e rio Dão, até Carregal, onde ficava em grandes depósitos, no lugar que por isso se chamou de Salinas, nos limites da povoação, onde Francisco Lucas de Melo Pais do Amaral mandou, aliás, erguer a casa do mesmo nome, hoje o Museu Municipal Manuel Soares de Albergaria.

Fizemos depois uma paragem com um pequeno passeio em Nelas, uma vila do distrito de Viseu. O município é limitado a nordeste pelo município de Mangualde, a sueste por Seia e Oliveira do Hospital, a oeste por Carregal do Sal e a noroeste por Viseu. 
Iniciamos este pequeno passeio pela zona histórica de Nelas, passando pela Estátua ao Escanção Por Bem Servir, em bronze, representando um escanção alto e esguio, tem cerca de 1,5 metros de altura e está assente num bloco de granito, no Largo General José de Tavares.

Como o relógio não pára tivemos que seguir o nosso passeio em direção de Canas de Senhorim, vila do concelho de Nelas, onde parámos. A mais antiga fonte documental relativa a Canas de Senhorim aparece, em 1155, num texto que celebra um escambo entre Soeiro Mendes e sua mulher com o Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. O seu património é importante, mas no momento o nosso objetivo primordial era conhecer da sua gastronomia, para o qual nos dirigimos ao Restaurante Zé Pataco, na Rua do Comércio, onde almoçámos.
Este é um dos excelentes templos da região que nos revelou algumas experiências gastronómicas excelentes, merecedor da nossa especial atenção. Este espaço é constituído por um restaurante, um salão para eventos e um jardim com interessantes recantos. O restaurante é constituído por duas salas, numa delas aconteceu o nosso almoço, cujas paredes são construídas por “enormes blocos de granito e os tetos, totalmente forrados a madeira, assentam sobre uma complexa estrutura de traves, também utilizada para suportar o extenso conjunto de candeeiros de ferro forjado. Sobre as portas, existem cortinados de cores garridas - vermelho, amarelo e verde –, quase como que a representar as cores nacionais”.
Sentámo-nos numas cadeiras e com mesas de madeira rústica, cobertas por toalhas impecavelmente brancas. Já sentados e descontraídos podemos ler o cardápio constituído por um extenso rol de opções.
Como entradas tivemos à nossa disposição diversos tipos de pão - centeio, sementes e broa e a verdadeira morcela ou chouriça beirã e um bacalhau desfiado. Quanto ao prato principal este local típico possui um enorme leque de pratos de carne e peixe. As doses são generosas e a qualidade excelente. Deu para degustarmos: arroz de tamboril c/gambas, chocos grelhados, Chanfana na púcara e cabrito no forno.
Na lista de vinhos, tem especial relevo a região demarcada do Dão. O vinho da casa, produzido na Quinta do Sobral, em Santar, é encorpado e de sabor acentuado, foi o escolhido para acompanhar com prazer esta nossa experiência gastronómica. Quanto às sobremesas, optámos por: pera bêbeda, queijo da serra com marmelada e outros doces caseiros.
Salientamos a excelente qualidade dos produtos, numa culinária simples, competente e com certeza uma boa relação preço-qualidade.

Ao sairmos fomos descobrir um jardim com interessantes recantos, com uma relva bem tratada e com imensas flores. Ali nos sentámos um pouco a desfrutar deste espaço muito agradável, aproveitando também para tirarmos algumas fotos para recordarmos o local mais tarde.
Mas o tempo passa depressa e mais uma vez estávamos de partida.

Chegamos a Seia, uma cidade do distrito da Guarda. Seia é, juntamente com Covilhã e Manteigas, um dos concelhos que partilham o ponto mais elevado de Portugal Continental, a Torre da Serra da Estrela, com 1.993 metros de altitude e o segundo ponto mais alto de todo o país, apenas atrás da Montanha do Pico, nos Açores. Seia está situada na vertente ocidental da serra da Estrela e fica a 550 m de altitude. A primitiva ocupação humana do local da atual Seia remonta à época pré-romana, quando da fundação de uma povoação pelos Túrdulos, por volta do século IV a.C., denominada como Senna.

Mesmo à entrada de Seia, entramos na Estrada Municipal (EM522), onde pouco depois encontramos a Quinta de Vodra, um alojamento de turismo rural, onde pernoitamos duas noites. A Quinta de Vodra, está situada a 3 km da cidade de Seia, no sopé poente do Parque Natural da Serra da Estrela.
Esta quinta é propriedade da família Ferrão, ou seja, da Conceição (São), minha ótima e amiga colega e do seu marido António, uma simpatia. Tomámos conta dos nossos quartos, situados na Casa da Eira. Eu e a minha esposa ficámos maravilhosamente bem instalados no quarto 6. Os nossos amigos e companheiros de viagem também ocuparam os respetivos aposentos, próximos uns dos outros, tendo também ficado muito satisfeitos com a sua estadia.
Não posso esquecer, conhecemos o Faísca, o cão lá da quinta e parece muito acarinhado pelos hóspedes. Para nós foi muito simpático e um bom anfitrião.

A casa possui uma sala de estar e jantar comum com lareira, televisão e cozinha proporcionam a oportunidade de socializar e conversar com os outros hóspedes.
Este espaço de convívio serviu logo para descansarmos e conversarmos um pouco com a dona da casa, São Ferrão, uma simpatia sempre.
Depois de assentarmos “arraiais” e tomarmos um pouco de conhecimento do meio que nos rodeia, deslocamo-nos até Seia, para um pequeno passeio de reconhecimento, antes do jantar.

Visitámos a Capela de São Pedro e Igreja da Misericórdia.

A Capela de São Pedro localiza-se no centro da cidade de Seia, ao lado da Igreja da Misericórdia e da Fonte das Quatro Bicas. À sua frente ergue-se o Solar dos Botelhos que, assim como a capela, também é decorado com três belas janelas manuelinas.
O templo remonta ao período românico, tendo sido objeto de reforma em meados do século XVI e de alguns acrescentos posteriores, que lhe conferiram o aspeto atual. No século XIX o templo foi desafeto ao culto religioso, sendo posteriormente utilizado como um armazém. Encontra-se classificado como Monumento Nacional. Em 1948 a capela foi reaberta para cerimónias religiosas, passando a ser usada como capela mortuária a partir da década de 1980. De modestas dimensões, apresenta planta quadrangular. Da sua frontaria, simples, mas bem aparelhada, destaca-se a torre sineira. O interior da capela é coberto por uma abóbada de berço polinervurada, com um fecho central moldurado por florão, inscrevendo-se no centro deste uma Cruz de Cristo. As nervuras são pontuadas por quatro fechos menores, formando um jogo elegante de linhas arqueadas e círculos escultóricos. Esta cobertura repousa em mísulas, decoradas com relevos que mostram duas máscaras antropomórficas, uma cabeça de ave e uma coroa. O frontal do altar apresenta parte do revestimento em azulejos hispano-árabes do século XVI; no espaço que compreendia a estrutura retabular subsistem alguns vestígios de afresco.

A Igreja da Misericórdia e Casa do Despacho foi construída em 1772, substituindo o primitivo templo da irmandade, de edificação quinhentista. A confraria, fundada em 1771, havia erigido no último quartel do século XVI a sua primeira igreja, com casa de despacho e jardim.
No entanto, em 1771 o então provedor, Francisco Machado de Fontes, mandou edificar, a expensas próprias, uma nova igreja, de raiz, em terrenos anteriormente comprados pela irmandade. O templo é composto pelos volumes da nave e da capela-mor, mais baixa e estreita, à qual se adossa a sacristia, à direita, e a torre sineira, edificada em 1816, à esquerda. A fachada principal, de gosto barroco, é delimitada por cunhais com fogaréus, apresentando no primeiro registo portal abaulado, encimado por janela de sacada com varandim e guarda de ferro. Esta é ladeada por duas janelas de peito. O conjunto do frontispício é rematado por frontão contracurvado, ao centro do qual foi colocado o escudo da irmandade. O interior, de nave única, possui coro-alto, tribuna e púlpito. Antecedendo a capela-mor, foi edificado o presbitério, com retábulos colaterais de talha dourada, no mesmo estilo do retábulo-mor. Cerca de 1810, a igreja da Misericórdia passou a desempenhar as funções de matriz, uma vez que a igreja paroquial de Seia estava completamente arruinada. Em 1964 foi proposta, pela irmandade, a remodelação do templo, cujas obras decorreram entre 1968 e 1974. Esta obra deu origem a algumas alterações no interior da igreja, segundo projeto da autoria do arquiteto António Portugal.

Chegou, entretanto, a hora do jantar. O restaurante escolhido foi-nos recomendado pela nossa anfitriã da quinta. No final do repasto não saímos defraudados. Foi uma ótima escolha. Foi no restaurante O Borges que jantámos, perto da Igreja da Misericórdia e Biblioteca Municipal no centro da cidade.
Ambiente acolhedor, decorado com alfaias agrícolas. Como entradas de relevo, foram-nos servidos enchidos da regionais.
Da ementa, escolhemos o prato mais afamado da casa "Joelhinhos de porco com arroz de feijão". Excelente comida.
Para além deste prato também nos foi servido um prato de bacalhau que também não desiludiu. Este restaurante foi um excelente local onde se pode fazer uma maravilhosa degustação. Adorámos a especialidade da casa: joelhinho de porco no forno com arroz de feijão, que estava divinal.
Este restaurante é muito bom com uma cozinha tradicional, ambiente acolhedor e com uma equipa muito atenciosa, simpática, sob a liderança do sr. Borges, não ficando atrás da sua equipa. Quando estávamos de saída ainda conversámos com a esposa do sr. Borges, que tal como o marido mostrou amabilidade e acolhimento. Muito simpática.
Escrevemos uma mensagem no livro de honra do restaurante, que foi assinado pelo grupo.

Regressámos à Quinta de Vodra para descansarmos da jornada do dia.

Mas antes de nos recolhermos aos respetivos aos aposentos, convivemos ainda durante algum tempo na sala comum, em conversa amena, fazendo uma retrospetiva do dia e preparando o dia seguinte. As senhoras ainda se divertiram com jogos de mesa como o loto.
Os homens deslocaram-se até à sala de jogos, onde se divertimos com: Setas, Ténis de mesa, Bilhar; e até houve quem andasse em Passadeira Rolante.
Então já no ponto recolhemo-nos finalmente aos aposentos, para um descanso mais que merecido.

2ºDIA
Começámos o dia, na Quinta de Vodra, com um pequeno almoço com tudo a que temos direito: sumo de laranja natural, pão fresco, compotas caseiras, queijos locais, charcutaria e fruta.
Saímos da Quinta de Vodra, uma ponte de partida ideal para explorar a Serra da Estrela, a maior cadeia de montanhas de Portugal continental, uma zona de paisagem integrada no Parque Natural da Serra da Estrela.

De Seia começámos a subir a Serra a caminho de Manteigas.
Mas pelo caminho encontrámos uma pequena fonte de onde jorra água muito fria e transparente. Junta a ela numa placa incrustada na parede, está gravado: “Mondeguinho - nascente do Rio Mondego”. Pois é verdade, é ali que tem início o nosso rio Mondego, o nosso maior rio nascido em Portugal. Parámos para desfrutar deste lugar. Metemos as mãos naquela água fria e transparente, mas não tivemos coragem de a beber porque uma outra placa mais pequenina nos dizia que aquela água não era controlada. Enfim, limitámo-nos a tirar umas fotografias para mais tarde recordar. Também estas paragens são ótimas para esticar um pouco as pernas e neste local para respirar u pouco de ar puro.
Seguimos depois viagem na direção de Manteigas, uma vila que juntamente com Covilhã e Seia, um dos concelhos que partilham o ponto mais elevado de Portugal Continental, a Torre da Serra da Estrela. Manteigas está localizada em pleno Vale Glaciário do Zêzere, que com a sua forma perfeita em 'U' é um dos melhores exemplos da modelação da paisagem pelos glaciares.

Parámos para tomar um café para retemperarmos as forças e seguirmos o nosso passeio.

Pelo caminho decidimos visitar a povoação do Sameiro que dista de Manteigas 6 Km. O nosso interesse deveu-se a alguma leitura feita anteriormente sobre a história do local que se confunde com a lenda e a ficção.
Foi também nesta área que deteve a Ordem de Malta importantes bens. Razão pela qual o brasão de armas ostenta a cruz oitavada daquela importante e antiquíssima Ordem Religiosa e Militar. Abordámos um habitante e natural do local, tentando saber sobre a história e locais possíveis de visitar, mas não conseguimos nenhuma informação. Desconhecia de tudo sobre o antigamente. Apenas num sítio, uma espécie de miradouro nos mostrou o local onde ficavam: a Igreja Matriz, a Capela de Santa Eufémia e a Fonte de São João Batista.

Desconsolados, abandonamos a povoação, cientes, pelo que vimos, que tudo o que era histórico tinha desaparecido. Era um local descaraterizado.

Passámos por outras povoações: Vale de Amoreira, Valhelhas e Vale Formoso, antes de chegarmos à vila de Belmonte, onde parámos, para visitar e fazer o nosso almoço.

A história da vila remonta ao século XII e recebeu foral de D. Sancho I em 1211. Belmonte está ligada aos Descobrimentos marítimos Portugueses, porque foi aqui que nasceu o descobridor do Brasil no século XV, o navegador Pedro Álvares Cabral.
Foi em Belmonte que uma comunidade judaica sefardita se estabeleceu, relacionada com a resistência dos judeus à intolerância religiosa na Península Ibérica. Estes decidiram isolar-se do mundo exterior, cortando o contacto com o resto do país e seguindo suas tradições à risca. Foram por isso chamados de Marranos, uma alusão à proibição ritual de comer carne de porco. Em 2005 foi inaugurado na cidade o Museu Judaico de Belmonte, o primeiro do género em Portugal, que mostra as tradições e o dia-a-dia dessa comunidade.
Estava um dia bastante quente.

Foi um bocado cansativo, por aquele motivo, procurarmos um lugar para almoçar.
A nossa escolha foi o restaurante Fio de Azeite Taberna, fica no centro histórico de Belmonte, mesmo em frente ao pelourinho da vila, localizado no Largo do Pelourinho e ao lado dos Paços do Concelho.

Os petiscos portugueses são a base do restaurante Fio de Azeite, ao estilo de taberna, com o serviço numa esplanada.
Optámos em partilhar, com os Menus para Dois:
- Menu Taberna com tiras de porco com manteiga de ervas, queijos da região, misto de chouriça e morcela; alheira de caça e batata frita;
- Menu Fio de Azeite com grelhada de vitela, porco, frango e camarão; batata frita; salada e três molhos.
- Espetada de frango com molho de caril.
Entre as sobremesas, escolhemos: Requeijada de Belmonte e Morangos ao natural.
A comida foi ótima e o atendimento foi muito simpático, tanto pelo sr. Manuel como pela colaboradora que nos atendeu, tornando esta experiência gastronómica especial.
Era nossa intensão visitar o Museu Judaico, mas não estava aberto nem por perto estava ninguém para o fazer.
Depois de percorrermos umas casas de artesanato, fomos até ao Castelo de Belmonte.
Visitámos o Castelo de Belmonte, situado no Largo do Castelo, sobre um monte rochoso a uma altitude de 650 metros. Ficou conhecido por ter sido a residência da família Cabral, incluindo o famoso navegador Pedro Álvares Cabral.

A sua construção integra estilos arquitetónicos, como românicos, góticos, manuelinos e setecentistas. Junto do Castelo, podemos ver a Capela de Santo António e a Capela do Calvário, ambas encerradas.
A data da sua construção, pode ter sido que tenha sido no Séc XII a mando de D. Sancho I para defesa da povoação a quem o mesmo rei havia concedido carta de foral em 1199.
O Castelo de Belmonte tem um traçado ovalado irregular, em pedra granítica, e a sua torre de menagem é de planta quadrada adossada pelo exterior, com 3 pisos, possuindo porta de acesso nos 1º e 2º pisos. A fachada principal do castelo, que fica orientada para o Sul, encontra-se rasgada por um portal de arco de volta perfeita. No cimo desse arco podemos observar esculpida uma esfera armilar e o brasão de armas dos Cabral. No interior do castelo, a característica mais notória é o edifício civil manuelino semidestruído de 2 pisos, edifício esse que constituía o Solar dos Cabrais. O acesso ao Castelo é feito através de uma entrada em L.
No pano da muralha, podemos destacar não só as várias seteiras, mas também a famosa janela manuelina.
A fachada principal do Castelo de Belmonte, orientada para o Sul, é rasgada por um portal de arco de volta perfeita, encimado por uma esfera armilar e pelas armas dos Cabral.
Terminada a visita ao castelo, saímos de Belmonte e passámos por Orjais, Teixoso, Canhoso, S. Martinho e Covilhã.

Logo á saída da Covilhã parámos na povoação de Cantar-Galo, freguesia extinta em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada à freguesia de Vila do Carvalho. O nome, assaz curioso, deve-se a um ribeiro muito antigo aqui existente, e que se chama exatamente Cantar-Galo. Entrámos numa pequena tasca onde nos refrescámos, pois, o tempo estava um pouco quente.
O ambiente deste recinto chamo-nos a atenção porque existiam vários elementos alusivos ao Sporting Clube de Portugal. Confessou-nos o senhor que estava atrás do balcão, que seria o dono, que era do Sporting. Clubites à parte pedimos a informação sobre o património local: Capela de São Vicente de Paulo; Casa Brasão; Ponte de Cantar-Galo; Pedra do Urso. Apenas foi possível visitarmos a Capela de São Vicente de Paulo.

Novamente em andamento, começámos a subir a Serra da Estrela, que atinge o seu ponto mais elevado, com 1993 metros de altitude e denominado Torre, por onde passámos. Mas para completar os 2000 m foi construída uma torre de 9 m.
Tivemos contato com a neve que ali ainda se acumulava em pequenas quantidades mais ou menos dispersas. É ali que nascem três rios: Mondego, Zêzere e o Alva.

Iniciámos a descida da serra até que chegámos à aldeia do Sabugueiro (alt. 1120 m), por vezes denominado a aldeia mais alta de Portugal, no entanto esta designação não é correta, uma vez que existem aldeias que atingem altitudes superiores: Sendim (alt. 1155 m), Pitões das Júnias (alt. 1140 m), Gralheira (alt. 1130 m) e Panchorra (alt. 1120 m). Nesta aldeia do Sabugueiro, onde parámos por pouco tempo, reza a história que esta freguesia surgiu a partir de um aglomerado de cabanas de pastores que aproveitavam os pastos para as suas ovelhas e cabras. Localizada a meio caminho do ponto mais alto, a aldeia é conhecida pelos seus recursos naturais, entre os quais as quedas de água e pelas vistas de uma vegetação serra única. Embora o turismo e o comércio constituam as principais atividades económicas das suas gentes, os usos e costumes de antigamente marcam, ainda, o ritmo diário da aldeia.

Saímos do Sabugueiro na direção de Seia. Estava na hora do jantar.

Escolhemos, pelos comentários positivos que encontramos na net, o restaurante Camelo.
Neste restaurante podemos encontrar uma cozinha regional, que segundo o seu site, já com diversos prémios em concursos gastronómicos. Foi fundado em 1935 pelos pais do sr. Jorge Camelo, que embora já não seja proprietário, vem ao restaurante, conversar com os clientes e ajudar na escolha dos pratos.
Pareceu-nos que era um senhor afável, brincalhão e um anfitrião no antigamente, quando ainda era proprietário do restaurante.
Mas atualmente a sua constante ida às mesas torna a sua presença um pouco exagerada, comprometendo, não só a nossa privacidade gastronómica como também o serviço dos profissionais. Ainda assim, o sr. Camelo sugeriu-nos o bacalhau com broa e amêndoa à Camelo, uma das especialidades da casa.
Para além deste prato também escolhemos: filetes de polvo com arroz de feijão e lulas grelhadas com verdura e batatas cozidas.
As nossas expetativas foram goradas, porque o prato de bacalhau, estava muito gorduroso e por sugestão do sr. Camelo, fomos quase obrigados a pôr amêndoa ralada com alguma abundância. No geral a comida não nos agradou.
Já sem a presença do sr. Camelo, apreciamos o atendimento dos funcionários, que foi muito bom, que nos sugeriram as seguintes sobremesas: puré de maçã com amêndoa, baba de camelo com amêndoa e leite creme com açúcar queimado - boa qualidade.
A decoração deste restaurante é a clássica, mas é bastante confortável e muito asseado.

A noite acabou na Quinta de Vodra, o nosso “quartel-general”, onde chegámos muito cansados, pois o dia foi longo, mas muito rico em termos de visitas e consequentemente de conhecimentos.
Ainda nos sentámos um pouco no salão comum para fazermos o rescaldo dia e preparar o dia seguinte.

3ºDIA
Amanheceu o dia, na Quinta de Vodra, e o pequeno almoço maravilhoso a que já nos tinham habituado, mais uma vez não nos dececionou, com as compotas caseiras, os diversos queijos e saboroso pão. 5 estrelas.
Chegou a horas das despedidas da Quinta de Vodra, ou seja, dos seus proprietários: da Conceição (São) e António Ferrão.
Agradecemos a hospitalidade com que nos receberam, mostrando assim terem um coração do tamanho do mundo. Adoramos o espaço interior onde descansámos, os quartos que eram muito bonitos e confortáveis, assim como o salão comum, onde podemos conversar em pleno sossego e tomámos aqueles pequenos almoços maravilhosos com produtos caseiros, que saboreámos e que até hoje ainda não esquecemos. Apreciámos o espaço exterior: as casinhas, o sossego, os sons da natureza e sem dúvida do Faísca.
Desfrutámos do espaço desportivo, onde nos sentimos bem. Sentimo-nos em casa com a simpatia com que fomos recebidos e nos sentirmos sempre confortáveis. Adorámos a quinta.
Tirámos as últimas fotos com os proprietários antes de partirmos da Quinta de Vodra.
Atravessámos Seia e seguimos na direção de Nelas, Canas de Senhorim, Pinheiro, Campo de Besteiro e Janardo.

Chegámos ao Caramulo é uma vila que fica na Serra do Caramulo. Foi a única vila portuguesa planeada de raiz. O Caramulo foi criado em 1921 e foi a primeira vila do país a dispor de saneamento básico e eletricidade. Foi promovido a vila em 01 de Fevereiro de 1988. Nasceu para cuidar dos tuberculosos, mas com a progressiva erradicação da doença e os novos tratamentos, a estância foi desativada e aos poucos foram sendo encerrados e abandonados os 19 sanatórios que acolhiam doentes de todo o país.

Visitámos o Museu do Caramulo, fundado nos anos cinquenta pelos irmãos Abel e João Lacerda. Abel de Lacerda, apaixonado pela arte, mandou construir um edifício, para expor uma coleção de objetos de arte constituída por 500 peças de pintura, escultura, mobiliário, cerâmica e tapeçarias, que vão da era Romana até Picasso. João de Lacerda, apaixonado por automóveis, mandou construir outro edifício anexo ao primeiro, para expor 100 automóveis e motos, de modo que todos os veículos pudessem sair facilmente, para exibição e conservação. Este museu - hoje Fundação Abel e João de Lacerda - é proprietária dos dois museus de Arte e Automóveis. O museu é constituído por diversas salas de exposição:

- da Coleção de Arte - iniciada em 1953, por iniciativa de Abel de Lacerda, sob o lema da generosidade, a coleção de arte do Museu do Caramulo é hoje constituída por ofertas de colecionadores e artistas contemporâneos de renome como Salvador Dali, Pablo Picasso, Chagall, Fernand Léger ou Jean Lurçat, e de consagrados pintores nacionais, como Vieira da Silva, Grão Vasco, Silva Porto, Columbano e Amadeo de Sousa Cardoso, passando ainda por artistas flamengos como Frei Carlos, Quinten Metsijs, Isembrant, Jacob Jordaens ou franceses como Hyacinthe Rigaud, Frans Pourbus, Raoul Dufy.

- da Coleção de Automóveis, Motociclos e Velocípedes - que João de Lacerda inicia quando encontra, um certo dia, um Ford T em estado de quase sucata. Por sugestão do Presidente Américo Thomaz, a quando de uma visita ao Museu do Caramulo, decide expor a sua coleção, cria aquilo que fica conhecido como o Museu Automóvel do Caramulo, desde 1959. Muitos dos automóveis expostos atualmente têm uma relação com a História de Portugal. Na coleção automóvel exposta permanentemente no museu pode observar-se o mais antigo automóvel ainda em funcionamento em Portugal, o Peugeot de 1899;
o Bugatti 35B, em que Lehrfeld estabeleceu, em 1931, o recorde do quilómetro lançado, a mais de 205 km/h;
o Mercedes-Benz blindado e o Cadillac que estiveram ao serviço do Prof. Doutor Oliveira Salazar;
o Pegaso Sport, oferecido pelo General Franco ao Presidente Craveiro Lopes; o Chrysler Imperial da PIDE que protagonizou a "Fuga da Prisão de Caxias"; o Renault que foi pertença do conselheiro João Franco; o Rolls-Royce que serviu a Rainha Isabel II, o Presidente Eisenhower e o Papa João Paulo II nas suas visitas a Portugal ou o Fiat oferecido ao Dr. João de Lacerda, pelo presidente do Grupo Fiat.

- da Coleção de Miniaturas e Brinquedos Antigos, abriu ao público, em Março de 2004. É uma exposição permanente, conta com mais de 4000 peças e cobre quase um século da história do brinquedo e do colecionismo, mostrando a evolução do brinquedo e das miniaturas através das suas várias fases e materiais (lata, plástico, massa, ferro, etc.).
A variedade das temáticas cobre áreas como aviação, comboios, barcos, automóveis e transportes terrestres, militares e guerra, pistas de ação, jogos e ficção científica, não esquecendo os brinquedos de origem portuguesa.

Terminamos a visita e a hora para almoçarmos, sem darmos por isso, chegou.

Informámo-nos de locais para fazermos a nossa refeição e depois de alguma pesquisa encontramos o Restaurante Montanha.
Situado em plena Serra do Caramulo, na rua do Clube, trata-se de uma casa rural de pedra, cujo restaurante é no primeiro andar, cujo aceso é feito por uma bonita esplanada com relvado, árvores e plantas.
O local é lindo desde a entrada no edifício à sala de jantar tudo é bem conseguido. Sala é acolhedora e confortável.
Como entradas foi-nos apresentado: Enchidos Regionais – Chouriça, Morcela, Moira, Alheira e Queijo da Serra; e Cogumelos Shitake.
Quanto ao prato principal escolhemos: Bacalhau à Lagareiro e Arroz de Pato. 
Depois vieram as sobremesas: Mousse de Café, Melancia e Molotof.
Este restaurante para além de ser muito acolhedor, a comida é bem confecionada e a música ambiente é muito agradável, dos anos 60, 70 e 80. O atendimento é ótimo. Recomendamos este restaurante. Vale apena fazer uma visita.
Saímos do Caramulo a caminho das nossas casas.
O regresso foi feito pela Costa Nova que tem como ex-libris os "palheiros" - casas com listas verticais ou horizontais intercaladas e coloridas em frente à ria de Aveiro, antigos armazéns de materiais de pesca, ou armazéns de salga da sardinha, atualmente transformados para residências balneares.
Já ao final da tarde chegámos à vila de Tavarede.

E assim finalizámos mais um passeio, onde a harmonia e convívio entre todos foi e será sempre a base dos nossos encontros, onde partilhamos os nossos valores, compartilhamos momentos e desenvolvemos a amizade.

Este passeio acabou. Que venha o próximo.

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