sábado, 13 de julho de 2019

REVISITANDO O PORTO - I

25, 26 e 27 de Junho de 2019

DIA 25 - Saída às 07H40 da Figueira da Foz no comboio Suburbano até Coimbra B, donde saímos às 08H45, no Alfa Pendular, para o Porto Campanhã, onde chegámos por volta das 10H00. A seguir entramos num outro comboio até à Estação de São Bento, com uma duração de perto de 5 min.
O nosso grupo “Musketeyrus” desta vez foi composto pelos casais: Mirita/Zé Manel, Madalena/Vitor e Cristina/Ramiro.
A Estação ferroviária de São Bento é um local onde existiu o convento de São Bento de Avé-Maria. No início do século XX foi transformado pelo arquiteto Marques da Silva na estação que hoje conhecemos. Composta por elementos de vidro e ferro fundido, é no painel de azulejos, no átrio, que está a zona mais carismática: vinte mil azulejos cheios de história, pintados por Jorge Colaço e que ilustram a evolução dos transportes e cenas da vida quotidiana portuguesa.

Para mantermos o hábito, fomos tomar o pequeno-almoço na Pastelaria “Sabores da Invicta”, situada na Praça Almeida Garrett. Um espaço muito simpático e acolhedor, com uma grande variedade de produtos de pastelaria e um atendimento muito atencioso. Possui uma grande e agradável esplanada, onde fizemos a nossa pequena refeição, constituída por croissants, rissóis, bolo de bacalhau, sumos, chás, vinho branco e cafés.
Já recompostos descemos a rua das Flores até ao Largo de São Domingos, onde aproveitámos o tempo para no Palácio das Artes visitarmos a exposição de Pablo Picasso, "Pablo Picasso - Suite Vollard", uma coleção constituída por 100 gravuras da autoria de Pablo Picasso, que está pela primeira vez em exposição em Portugal e que integra gravuras desenhadas pelo artista catalão entre 1930 e 1937, sendo considerada uma das mais importantes do século XX. A sua vinda ao Porto constitui uma oportunidade rara de conhecer a coleção completa de Picasso, que apenas alguns museus do mundo detêm, nomeadamente o National Gallery em Washington, o British Museum em Londres, o MOMA em Nova Iorque e o Museu Nacional de Pablo Picasso em Paris.
No final da visita, como parte integrante da experiência e incluído no bilhete, fomos convidados a provar um cálice de Vinho do Porto no espaço Taylor's Lounge, no Palácio das Artes.

Chegaram as 12H00, hora marcada para sermos recebidos no Belomonte Apartaments, situada na Rua de Belomonte. Esta é uma acomodação situada num edifício com estilo original do Porto. Fica a cerca de 350 metros da Torre dos Clérigos; junto do Palácio da Bolsa e do Mercado Ferreira Borges; muito perto do centro histórico da cidade de Porto.
Depois de fazermos o check-in reiniciámos a nossa visita pela cidade do Porto, dirigimo-nos até à Rua das Taipas onde fica o Restaurante “O Caraças”, o escolhido para o nosso almoço.
É um negócio familiar gerido num ambiente simples, a condizer com uma ementa da cozinha caseira. A relação de qualidade/preço é tão boa, que é difícil não continuar a querer lá voltar. Foi isso que fizemos porque já o ano passado lá tínhamos estado. Esta casa não tem um menu fixo, e os pratos do dia são de comida caseira, sempre variados, excelentes e o preço praticado é razoável.
A nossa ementa foi constituída por: vitela assada no forno e filetes de pescada, as sobremesas: doce da casa, tarte de lima e abacaxi. O ambiente é acolhedor e o serviço é simpático e muito eficiente, feito principalmente pelas filhas da dona do restaurante, uma senhora muito simpática que se desdobra pelas mesas a falar com os clientes.
Existe neste restaurante um terraço nas traseiras com vistas para o rio e donde se pode ver um trecho da Muralha Fernandina.

Acabado o almoço saímos para a rua das Taipas, onde podemos apreciar ainda algumas fachadas das casas enfeitadas com decorações alusivas ao S. João, que na noite anterior, por estas bandas tinha sido comemorado com grande animação, como é tradição na cidade do Porto.
A Rua das Taipas é uma rua nas freguesias de Vitória, São Nicolau e Miragaia. O nome é referenciado documentalmente em 1512, como "Rua da Porta do Olival das Taipas", bem como em 1534, deriva do emparedamento da rua na sequência de um surto de peste.

Subimos a Rua das Taipas e cortando pela Rua de S. Miguel vemos à nossa frente a Igreja de Nossa Senhora da Vitória, que visitámos. Edificada em 1755, por iniciativa do bispo D. Frei António de Sousa, para substituir o antigo templo, as obras terminaram em 1769. Esta igreja foi bastante afetada durante o Cerco do Porto e por um incêndio que deflagrou em 1874 e que destruiu o altar-mor. Destaca-se no seu interior as talhas dos altares, dos púlpitos e da sanefa do arco cruzeiro. A escultura da Virgem do altar-mor é da autoria do escultor Soares dos Reis, exceto o rosto encomendado a um santeiro local.

Ao lado desta Igreja encontramos um Miradouro Particular, conhecido por Miradouro da Vitória, onde ficamos ali a apreciar a belíssima vista sobre a cidade do Porto. Valeu a pena ficarmos ali a admirar a bonita panorâmica sobre o rio, o casario da Vitória que fica em baixo e os seus telhados, a zona ribeirinha de Vila nova de Gaia e as caves do vinho do Porto, a Serra do Pilar, a Sé Catedral e o Paço Episcopal e a Ponte D. Luís I...
Estes dois pontos turísticos ficam localizados na Rua de São Bento da Vitória situada na freguesia de Vitória, incluída no Centro Histórico do Porto.
Nesta rua podemos encontrar o Mosteiro de São Bento da Vitória, para onde nos deslocámos para nos informarmos do horário de visitas.
Depois logo de seguida encontra-se a Taberna d’Avó, que era nossa intensão marcar o nosso jantar. Desilusão, encontrava-se encerrada para férias.
Continuamos o nosso passeio até à outra extremidade da rua e aqui deparamo-nos com a Fonte da Porta do Olival. Nesse local passava a Muralha Fernandina e a Porta do Olival, que dava acesso a esta zona da cidade. Por aqui podemos ver edifícios emblemáticos como o que recebe hoje o Centro Português de Fotografia, mas que no século XVIII foi construído para abrigar a Cadeia da Relação, onde esteve preso numa sela do último piso, o famoso escritor português Camilo Castelo Branco.

Depois podemos contemplar o Jardim da Cordoaria, denominado de Jardim João Chagas, é um espaço único na cidade do Porto.
Centrado neste espaço de repouso, podemos conhecer não só o jardim, mas também alguns espaços, particularmente importantes na cidade do Porto, e que se encontram na envolvente do jardim: a Torre dos Clérigos, o pastel bacalhau com queijo. Mas este lindíssimo local não era para ser explorado hoje, só amanhã.

Descemos pela rua Dr. Barbosa Castro, onde estivemos a apreciar uma cascata de S. João, a Cascata do Calvário. As cascatas são uma tradição da cidade do Porto, um orgulho e um meio de cooperação entre pessoas que vivem em cada rua e em cada bairro.
Em frente a esta cascata, do outro lado da rua, despertou-nos curiosidade uma casa com vestígios de fogo. Não era mais que um edifício setecentista, característico da reforma urbanística dos Almadas, onde nasceu João Baptista de Almeida Garrett, a 4 de Fevereiro de 1799, e onde viveu até 1804. A meio do primeiro andar foi colocado, pela Câmara Municipal do Porto, em 1864, um medalhão oval, em gesso, decorado com festões de folhas de louro, contendo uma inscrição em homenagem à memória do escritor.
Estranhamente esta casa, um mês depois da Câmara Municipal anunciar adquirir o edifício que já se encontrava devoluto para ali nascer o Museu do Liberalismo, foi consumida pelas chamas.

No fim desta rua encontramos uma outra, a Rua das Virtudes, onde existe o restaurante Torreão, que possui um pequeno parque de estacionamento com um miradouro por onde espreitámos para ver o rio Douro, agora noutra perspetiva.
Por esta rua, encontramos o Chafariz da Rua das Taipas e entramos na Rua das Taipas, que nos levou para a visita à Casa do Infante ou Casa da Rua da Alfândega Velha que é um museu e um dos edifícios mais antigos da cidade.
A Casa do Infante é assim designada por aí ter nascido Henrique o Navegador. É um complexo de edifícios que foram sendo construídos para albergar os serviços da Coroa no Porto. A sua história remonta a 1325, quando o rei D. Afonso IV mandou construir o 'Almazem' régio, contra a vontade do Bispo, então senhor do Burgo. O edifício foi objeto de um processo de reabilitação e musealização e hoje oferece um conjunto de valências diversificadas: Museu; Arquivo Histórico Municipal; Biblioteca de Assuntos Portuenses; Sala Memória; Sala de exposições e Auditório.
O Museu integra o Centro Interpretativo 'O Infante D. Henrique e os Novos Mundos', onde se dá a conhecer o Infante D. Henrique percorrendo diacronicamente a sua iconografia até à contemporaneidade e revisitando os principais marcos dos Descobrimentos Portugueses, com destaque para o papel da cidade e das gentes do Porto; a ocupação Romana, constituída pelos vestígios das construções romanas dos séculos IV-V ; a Alfândega Régia, criada por D. Afonso IV em 1325; e a Casa da Moeda, que iniciou o seu funcionamento em 1369.
No fim desta visita descemos mais um pouco para uma visita à Ribeira. Este é um dos locais mais antigos e típicos da cidade Porto, junto ao Rio Douro, faz parte do Centro Histórico do Porto, Património Mundial da UNESCO.

Como estávamos à espera, toda esta zona estava repleta de turistas, não só para apreciarem a vista maravilhosa do rio Douro e das suas margens, como também porque é onde se concentram muitos bares e restaurantes. Aproveitámos para nos refrescarmos numa esplanada situada na popularmente também conhecida por praça do cubo.
Continuámos o nosso passeio pela ribeira até aos Pilares da Ponte Pênsil, uma obra da firma francesa Claranges Lucotte e Cª, abriu ao público em 1843, dando cumprimento à necessidade da construção de uma ponte permanente que fizesse a ligação entre Porto e Vila Nova de Gaia.
Dizia-se, no entanto, que a ponte tremia como 'varas verdes', pelo que esta insegurança ditou a sua curta existência, de 44 anos. Acabou por ser desativada em 1887 e substituída pela Ponte de Luiz I. Atualmente restam apenas dois pilares em pedra, em forma de obelisco.
Junto à Ponte Luiz I, encontrámos um banco vago e ali nos sentámos, não só a descansar como também a apreciar todo aquele movimento humano, veículos e barcos que constantemente sulcam o rio carregados de turistas.
Já com algum ânimo restaurado subimos uma curta rua até à Praça Infante D. Henrique, onde podemos ver o Monumento ao Infante D. Henrique, da autoria de Tomás Costa, a estátua foi realizada em 1894. Compõe-se de vários grupos escultóricos. No cimo, a estátua do Infante, tendo junto, um globo terrestre. No sopé, vêem-se dois grupos alegóricos: uma Vitória conduzindo dois corcéis e dois tritões, representando o triunfo das navegações portuguesas; e uma figura feminina simbolizando a Fé das Descobertas. Possui, ainda, baixos-relevos junto ao pedestal, representando a tomada de Ceuta e o Infante no Promontório de Sagres.

Estava quase na hora do jantar e o local escolhido foi a Taberna de Santo António, vizinha do Passeio das Virtudes, sita na esquina da rua do mesmo nome com a Rua do Dr. Barbosa de Castro, locais por onde já tínhamos andado de tarde. O local é pequeno, mas como chegámos muito cedo, um bocado antes das 19H00, hora de abertura da Taberna, marcámos mesa.


A decoração, fora do comum, consiste em diversos instrumentos musicais e capas de álbuns, que cobriam as paredes de granito, com mesas e cadeiras simples sem grandes decorações. À hora certa entrámos e a sala encheu-se rapidamente. O serviço foi simpático, sempre muito atencioso e a refeição excelente: prego especial, bacalhau com broa, arroz de povo e pernil no forno. Gostamos da casa, a repetir quando um dia voltarmos ao Porto.
Para acabarmos a noite em beleza, decidimos passear um pouco para não irmos de imediato para os apartamentos e tentar antes fazermos a digestão.
O dia correu muito bem e cumprimos tudo aquilo que estava planeado.

Mas a noite ainda não tinha que acabar sem que umas gotas de chuva não tivessem que cair. Enfim, não nos no afetou pois que estávamos perto dos aposentos e assim fomos obrigados a recolher um pouco mais cedo que o previsto. O descanso merecido ia começar. Boa noite!

Sem comentários:

Enviar um comentário