quarta-feira, 6 de março de 2019

PASSEIO AO VIII FESTIVAL GASTRONÓMICO DA CHANFANA DA LOUSÃ

27 de Fevereiro de 2019

Marcámos para as 10H00 a saída para este nosso passeio até à Lousã.
Desta vez o nosso grupo foi composto por oito elementos, distribuídos por dois carros: um pertencente ao Rui e o outro ao Ramiro.
No automóvel do Rui Monteiro foi a sua esposa Isabel e o casal Zé Manel e Mirita. No veículo do Ramiro foi a respetiva esposa Cristina e o casal Vítor e Madalena Azenha.

Chegámos à vila da Lousã cerca das 12H00.
Tivemos algum tempo para dar um passeio até chegar a hora (13H00), para concretizar o principal objetivo de nos deslocarmos até esta região tão acolhedora, com a marca “Terras da Chanfana” que envolve os concelhos da Lousã, Vila Nova de Poiares, Miranda do Corvo e Penela.
É de salientar que este ano é a primeira edição depois de a Mesa Terras da Chanfana ter conquistado a distinção das 7 Maravilhas.
A Chanfana é um prato de origem popular tradicional de Portugal.

Tradicionalmente, a chanfana é um prato à base de carne de cabra, assada com vinho tinto, alho, louro e outros condimentos em caçoilas de barro preto, no forno de cozer a broa de milho. Habitualmente a chanfana era uma comida das ocasiões festivas dos povos da serra da Lousã, que só matavam a cabra – “mealheiro do serrano” – quando o animal já velho não podia dar mais leite, nem parir mais cabritos.

“Mas a história deste prato de chanfana, tem várias versões no seu aparecimento, das quais nenhuma é totalmente aceite, pois que sendo histórias populares estas carecem de fundamento histórico. Alguns registos apontam para o seu aparecimento aquando das Invasões Francesas no início do século XIX, na região centro, mais precisamente nos distritos de Viseu e Coimbra.
- Uma versão:  prato foi inventado pelas monjas do Mosteiro de Semide que, para evitar que os franceses lhes roubassem os rebanhos, mataram os animais e os cozinharam; e tendo os franceses envenenado as águas, as monjas utilizaram vinho para a sua confeção.
- Outra versão: as freiras desse mesmo mosteiro durante as invasões napoleônicas, em que os soldados teriam confiscado todos os animais para alimentação, sobraram apenas os velhos, considerados imprestáveis para alimentação, e teriam cozido as partes de cabras e bodes velhos em vinho.
- A chanfana é referenciada em escritos desde o séc. XVII (Miguel de Cervantes, Bocage, Nicolau Tolentino, Miguel Torga, entre outros), que referiam a esta iguaria como um prato pouco usado e aparecido do povo que tinha menos poder económico pelo que aproveitavam tudo o que poderia originar uma refeição, ou seja, tudo que tinham em casa: a cabra – que já não dava leite nem cabritos; o vinho – da própria adega; o louro; o alho; o azeite e o toucinho do porco.”

À parte estas histórias, bastantes importantes para nossa cultura geral, estava na hora de nos dirigirmos para o Restaurante escolhido para o nosso repasto, que foi a Casa Velha, “um restaurante amplo e acolhedor situado em pleno centro da cidade de Lousã. O nome foi herdado das instalações originais, que eram, efetivamente, uma "casa velha". Agora, a família proprietária está de pedra e cal num espaço novo, com excelentes condições, onde ainda se sente a atmosfera rústica, mas o que domina é, efetivamente, o profissionalismo e a simpatia.
De fato comprovámos integralmente o conteúdo deste texto que é do próprio restaurante.

A nossa ementa foi muito mais reduzida do que aquela que o restaurante tem disponível, mas foi também “recheada dos tais sabores irresistíveis”, que passou principalmente pela Chanfana à Moda da Lousã, que estava divinal, um verdadeiro manjar dos deuses.
Uma das nossas companheiras que não é apreciadora deste pitéu, problema dela, optou por uns Filetes de Bacalhau Fresco que segundo ela também estava uma delícia.

A qualidade da comida que nos foi apresentada foi tão boa que também não quero deixar de referir as entradas: Manteiga de Ervas do nosso Quintal, Azeitonas Temperadas com Alho, Azeite, Laranja, Limão e Tomilho, Favinhas com Chouriço Tostado e Cogumelos da Casa Velha.

Não podia deixar uma referência às sobremesas: Tigelada da Lousã, Tarte de Requeijão com Compota Caseira de Frutos Vermelhos, Pudim de Ovos à Antiga, Queijo da Serra com Compota Caseira de Frutos Vermelhos.
Quando chegámos fomos bem recebidos e encaminhados de imediato para a nossa mesa previamente reservada. O ambiente é muito agradável e o serviço foi exemplar. Todos os empregados foram simpáticos, muito atentos e sempre rápidos quando solicitados. Já conhecíamos este restaurante em anteriores visitas e sempre nos deixaram satisfeitos e com vontade de lá voltar.
É um Restaurante para fixar e experimentar sempre que possamos fazer uma passagem por esta região. Recomendamos uma visita!
Depois dum ótimo almoço e para que o nosso dia continuasse a ser um acontecimento digno de um passeio cheio de convívio e amizade, nada como um pequeno salto até à zona das Aldeias do Xisto, para podermos fazer uma visita pelo menos a uma das 27 aldeias, distribuídas por 16 concelhos, situadas em 4 regiões: a Serra da Lousã (12), a Serra do Açor (5), o Zêzere (6) e o Tejo-Ocreza (4).
Com o intuito de dar uma informação mais completa, aqui deixo o nome de todas as Aldeias e onde estão mais especificamente situadas:
- No concelho de Arganil: Benfeita e Vila Cova de Alva;
- No concelho de Castelo Branco: Martim Branco e Sarzedas;
- No concelho da Covilhã: Sobral de São Miguel;
- No concelho de Figueiró dos Vinhos: Casal de São Simão;
- No concelho do Fundão: Barroca e Janeiro de Cima;
- No concelho de Góis: Aigra Nova, Aigra Velha, Comareira e Pena;
- No concelho de Lousã: Candal, Casal Novo, Cerdeira, Chiqueiro e Talasnal;
- No concelho de Miranda do Corvo: Gondramaz;
- No concelho de Oleiros: Álvaro;
- No concelho de Oliveira do Hospital: Aldeia das Dez;
- No concelho da Pampilhosa da Serra: Fajão e Janeiro de Baixo;
- No concelho de Pedrógão Grande: Mosteiro;
- No concelho de Penela: Ferreira de São João;
- No concelho de Proença-a-Nova: Figueira;
- No concelho da Sertã: Pedrógão Pequeno;
- No concelho de Vila de Rei: Água Formosa.

Saímos então serra acima, com uma paisagem admirável. As mimosas pintavam toda aquele verde com tons de amarelo.
A 10 km da Lousã, com um acesso muito facilitado pois não é necessário fazer nenhum desvio, encontramos a aldeia do Candal, na vertente ocidental da serra onde é refrescada pela Ribeira do Candal. A maioria das construções da aldeia dispõe-se na encosta exposta a nascente, outras dispõem-se ao longo das outras encostas, todas convergindo para um mesmo ponto onde também se encontram as linhas de água. Esta é uma aldeia onde podemos desfrutar de uma belíssima vista sobre o vale depois de subirmos as suas ruas inclinadas. O nome Candal poderá estar associado à arte de trabalhar a pedra. “Cantar a pedra” poderá ter originado “candar” e depois Candal, ou seja, o local onde se canta a pedra. A história desta aldeia é comum às histórias das restantes quatro Aldeias de Xisto do concelho da Lousã. A fixação da população nestas aldeias serranas terá ocorrido a partir da segunda metade do séc. XVII ou pelo início do séc. XVIII. Até então a ocupação seria apenas sazonal, na primavera e verão, nomeadamente relacionada com atividades pastorais. 
Atualmente Candal é talvez a mais desenvolvida das aldeias serranas e talvez das mais visitadas, isto porque está situada mesmo à beira da estrada nacional e assim com uma acessibilidade mais privilegiada.
Mesmo à entrada podemos encontrar a Loja da Aldeia, gerida por um grupo de artesãos locais, onde podemos descobrir peças únicas de artesanato tradicional ou contemporâneo, para além de diversas iguarias serranas como os licores, os enchidos ou o mel, pão, queijo e doces à moda antiga.
Aqui podemos confortar o estômago com delícias regionais e saborear alguns licores.
A senhora que nos acolheu neste espaço, conversou connosco respondendo sempre com muita simpatia, lá nos foi elucidando de todas as dúvidas e deu-nos a conhecer o espaço “Restaurante Sabores da Aldeia”, onde um dia poderemos usufruir de um alugar tão acolhedor, que nos ficou na memória para uma futura visita à serra.

Esta Aldeia de Candal tem uma paisagem de sonho, com algumas ruínas e muitas casinhas, uma já reconstruídas outras ainda cobertas com musgos e diversas verduras caraterísticas, encobertas com a vegetação e o arvoredo. A subida terá de ser feita com muita calma e com a intenção da descoberta, na descida deparamos com uma encosta de casario em xisto, onde se adivinha muito esforço humano para as construir, é obrigatório parar e disfrutar...parece uma imagem irreal.

Chegados ao fim deste passeio só podemos mostrar emoção por visitar esta aldeia e com uma grande admiração ao nos interrogarmos de como era a vivência dos seus primeiros habitantes e como seria os meios e as dificuldades por que passaram.
Chegou a hora do regresso.
Com o aproximar da primavera as acácias abrem-se em flores amarelas que perfumam o ar. Já na subida e agora na descida da serra chamou-nos a atenção a quantidade de destas árvores que adornam a estrada e pintam de amarelo toda aquela verdura que enche as encostas da serra. Como era obrigação fiz algumas fotografias, com o automóvel em andamento, isto porque eu estava como pendura, para assim deixar registado todo aquele espetáculo de cor.

Atravessamos novamente a vila da Lousã na direção de Coimbra.
A nossa última paragem foi já em Tentúgal na Pastelaria A Pousadinha para podermos aconchegar mais um pouco as nossas barrigas com uns queijinhos frescos, pastéis e queijadas de referência deste estabelecimento.
Entretanto o tempo foi passando e chegou a hora de regressarmos às nossas casas.


Desejando que o próximo passeio, seja muito em breve.

Sem comentários:

Enviar um comentário