27 de Fevereiro de 2019
Marcámos
para as 10H00 a saída para este nosso passeio até à Lousã.
Desta
vez o nosso grupo foi composto por oito elementos, distribuídos por dois carros:
um pertencente ao Rui e o outro ao Ramiro.
No
automóvel do Rui Monteiro foi a sua esposa Isabel e o casal Zé Manel e Mirita.
No veículo do Ramiro foi a respetiva esposa Cristina e o casal Vítor e Madalena
Azenha.
Chegámos
à vila da Lousã cerca das 12H00.
Tivemos
algum tempo para dar um passeio até chegar a hora (13H00), para concretizar o
principal objetivo de nos deslocarmos até esta região tão acolhedora, com a
marca “Terras da Chanfana” que envolve os concelhos da Lousã, Vila Nova de
Poiares, Miranda do Corvo e Penela.
É
de salientar que este ano é a primeira edição depois de a Mesa
Terras da Chanfana ter conquistado a distinção das 7 Maravilhas.
A Chanfana
é um prato de origem popular tradicional de Portugal.
Tradicionalmente, a chanfana é um prato à base de
carne de cabra, assada com vinho tinto, alho, louro e outros condimentos em
caçoilas de barro preto, no forno de cozer a broa de milho. Habitualmente a chanfana
era uma comida das ocasiões festivas dos povos da serra da Lousã, que só
matavam a cabra – “mealheiro do serrano” – quando o animal já velho não podia
dar mais leite, nem parir mais cabritos.
“Mas a história deste prato de chanfana,
tem várias versões no seu aparecimento, das quais nenhuma é totalmente aceite,
pois que sendo histórias populares estas carecem de fundamento histórico.
Alguns registos apontam para o seu aparecimento aquando das Invasões Francesas
no início do século XIX, na região centro, mais precisamente nos distritos de
Viseu e Coimbra.
- Uma versão: prato foi inventado pelas monjas do Mosteiro
de Semide que, para evitar que os franceses lhes roubassem os rebanhos, mataram
os animais e os cozinharam; e tendo os franceses envenenado as águas, as monjas
utilizaram vinho para a sua confeção.
- Outra versão: as freiras desse mesmo mosteiro durante as
invasões napoleônicas, em que os soldados teriam confiscado todos os animais para
alimentação, sobraram apenas os velhos, considerados imprestáveis para
alimentação, e teriam cozido as partes de cabras e bodes velhos em vinho.
- A chanfana é referenciada em escritos desde o séc. XVII (Miguel
de Cervantes, Bocage, Nicolau Tolentino, Miguel Torga, entre outros), que referiam
a esta iguaria como um prato pouco usado e aparecido do povo que tinha menos
poder económico pelo que aproveitavam tudo o que poderia originar uma refeição,
ou seja, tudo que tinham em casa: a cabra – que já não dava leite nem cabritos;
o vinho – da própria adega; o louro; o alho; o azeite e o toucinho do porco.”
À
parte estas histórias, bastantes importantes para nossa cultura geral, estava
na hora de nos dirigirmos para o Restaurante escolhido para o nosso repasto,
que foi a Casa Velha, “um restaurante amplo e acolhedor situado em
pleno centro da cidade de Lousã. O nome foi herdado das instalações
originais, que eram, efetivamente, uma "casa velha". Agora, a família
proprietária está de pedra e cal num espaço novo, com excelentes condições,
onde ainda se sente a atmosfera rústica, mas o que domina é, efetivamente, o
profissionalismo e a simpatia.”
De fato
comprovámos integralmente o conteúdo deste texto que é do próprio restaurante.
A nossa
ementa foi muito mais reduzida do que aquela que o restaurante tem disponível,
mas foi também “recheada dos tais sabores irresistíveis”, que passou
principalmente pela Chanfana à Moda da
Lousã, que estava divinal, um verdadeiro manjar dos deuses.
Uma das
nossas companheiras que não é apreciadora deste pitéu, problema dela, optou por
uns Filetes de Bacalhau Fresco que
segundo ela também estava uma delícia.
A qualidade
da comida que nos foi apresentada foi tão boa que também não quero deixar de
referir as entradas: Manteiga de Ervas do
nosso Quintal, Azeitonas Temperadas com Alho, Azeite, Laranja, Limão e Tomilho,
Favinhas com Chouriço Tostado e Cogumelos da Casa Velha.
Não
podia deixar uma referência às sobremesas:
Tigelada da Lousã, Tarte de Requeijão com Compota Caseira de Frutos Vermelhos,
Pudim de Ovos à Antiga, Queijo da Serra com Compota Caseira de Frutos Vermelhos.
Quando
chegámos fomos bem recebidos e encaminhados de imediato para a nossa mesa
previamente reservada. O ambiente é muito agradável e o serviço foi exemplar.
Todos os empregados foram simpáticos, muito atentos e sempre rápidos quando
solicitados. Já conhecíamos este restaurante em anteriores visitas e sempre nos
deixaram satisfeitos e com vontade de lá voltar.
É um Restaurante
para fixar e experimentar sempre que possamos fazer uma passagem por esta
região. Recomendamos uma visita!
Depois dum
ótimo almoço e para que o nosso dia continuasse a ser um acontecimento digno de
um passeio cheio de convívio e amizade, nada como um pequeno salto até à zona
das Aldeias do Xisto, para podermos
fazer uma visita pelo menos a uma das 27 aldeias, distribuídas por 16 concelhos,
situadas em 4 regiões: a Serra da Lousã (12), a Serra do Açor (5), o Zêzere (6)
e o Tejo-Ocreza (4).
Com o
intuito de dar uma informação mais completa, aqui deixo o nome de todas as
Aldeias e onde estão mais especificamente situadas:
- No
concelho de Arganil: Benfeita e Vila Cova de Alva;
- No
concelho de Castelo Branco: Martim Branco e Sarzedas;
- No
concelho da Covilhã: Sobral de São Miguel;
- No
concelho de Figueiró dos Vinhos: Casal de São Simão;
- No
concelho do Fundão: Barroca e Janeiro de Cima;
- No
concelho de Góis: Aigra Nova, Aigra Velha, Comareira e Pena;
- No
concelho de Lousã: Candal, Casal Novo, Cerdeira, Chiqueiro e Talasnal;
- No
concelho de Miranda do Corvo: Gondramaz;
- No
concelho de Oleiros: Álvaro;
- No
concelho de Oliveira do Hospital: Aldeia das Dez;
- No
concelho da Pampilhosa da Serra: Fajão e Janeiro de Baixo;
- No
concelho de Pedrógão Grande: Mosteiro;
- No
concelho de Penela: Ferreira de São João;
- No
concelho de Proença-a-Nova: Figueira;
- No
concelho da Sertã: Pedrógão Pequeno;
- No
concelho de Vila de Rei: Água Formosa.
Saímos então
serra acima, com uma paisagem admirável. As mimosas pintavam toda aquele verde
com tons de amarelo.
A 10 km da Lousã, com um acesso muito facilitado
pois não é necessário fazer nenhum desvio, encontramos a aldeia do
Candal, na vertente ocidental da serra onde é refrescada pela Ribeira do
Candal. A maioria das construções da aldeia dispõe-se na encosta exposta a
nascente, outras dispõem-se ao longo das outras encostas, todas convergindo
para um mesmo ponto onde também se encontram as linhas de água. Esta é uma
aldeia onde podemos desfrutar de uma belíssima vista sobre o vale depois de
subirmos as suas ruas inclinadas. O nome Candal poderá estar associado à arte
de trabalhar a pedra. “Cantar a pedra” poderá ter originado “candar” e depois Candal,
ou seja, o local onde se canta a pedra. A história desta aldeia é comum às
histórias das restantes quatro Aldeias de Xisto do concelho da Lousã. A fixação
da população nestas aldeias serranas terá ocorrido a partir da segunda metade
do séc. XVII ou pelo início do séc. XVIII. Até então a ocupação seria apenas
sazonal, na primavera e verão, nomeadamente relacionada com atividades
pastorais.
Atualmente Candal é talvez a
mais desenvolvida das aldeias serranas e talvez das mais visitadas, isto porque está situada mesmo à
beira da estrada nacional e assim com uma acessibilidade mais privilegiada.
Mesmo à
entrada podemos encontrar a Loja da Aldeia, gerida por um grupo de artesãos
locais, onde podemos
descobrir peças únicas de artesanato tradicional ou contemporâneo, para além de
diversas iguarias serranas como os licores, os enchidos ou o mel, pão, queijo e
doces à moda antiga.
Aqui
podemos confortar o estômago com
delícias regionais e saborear alguns licores.
A senhora
que nos acolheu neste espaço, conversou connosco respondendo sempre com muita
simpatia, lá nos foi elucidando de todas as dúvidas e deu-nos a conhecer o
espaço “Restaurante Sabores da Aldeia”, onde um dia poderemos usufruir de um
alugar tão acolhedor, que nos ficou na memória para uma futura visita à serra.
Esta Aldeia
de Candal tem uma paisagem de sonho, com algumas ruínas e muitas casinhas, uma
já reconstruídas outras ainda cobertas com musgos e diversas verduras
caraterísticas, encobertas
com a vegetação e o arvoredo. A subida terá de ser feita com muita calma e com
a intenção da descoberta, na descida deparamos com uma encosta de casario em
xisto, onde se
adivinha muito esforço humano para as construir, é obrigatório parar e
disfrutar...parece uma imagem irreal.
Chegados ao
fim deste passeio só podemos mostrar emoção por visitar esta aldeia e com uma
grande admiração ao nos interrogarmos de como era a vivência dos seus primeiros
habitantes e como seria os meios e as dificuldades por que passaram.
Chegou a
hora do regresso.
Com o
aproximar da primavera as acácias abrem-se em flores amarelas que perfumam o
ar. Já na subida e agora na descida da serra chamou-nos a atenção a quantidade
de destas árvores que adornam a estrada e pintam de amarelo toda aquela verdura
que enche as encostas da serra. Como era obrigação fiz algumas fotografias, com
o automóvel em andamento, isto porque eu estava como pendura, para assim deixar
registado todo aquele espetáculo de cor.
Atravessamos
novamente a vila da Lousã na direção de Coimbra.
A nossa
última paragem foi já em Tentúgal na Pastelaria A Pousadinha para podermos
aconchegar mais um pouco as nossas barrigas com uns queijinhos frescos, pastéis
e queijadas de referência deste estabelecimento.
Entretanto o
tempo foi passando e chegou a hora de regressarmos às nossas casas.
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